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Representações e imaginários acerca do "outro" e como isso pode ser

percebido em nossos dias

Para falar-se do conceito do “outro” também devemos falar do “eu” e


isso nos leva diretamente para falar sobre o etnocentrismo e relativismo
cultural, o etnocentrismo nos é definido através da antropologia como a
superioridade de uma cultura sobre outra, em contrapartida o relativismo
cultural vem com a ideia de que grupos diferentes, têm visões diferente, modos
de vida diferente porém, nenhum se sobrepõem ao outro. Para tanto também
deve-se pensar como as representações e imaginários culturais estão
relacionados a essa visão, principalmente quando falamos do etnocentrismo.
Quando fala-se dessa ideia etnocêntrica, onde uma classe se sobrepõe a
outra, nos mostra exatamente a realidade em que vivemos e vem sendo
vivenciada a muito tempo, desde a colonização dos povos indígenas, onde se
foi ignorado sua cultura, sobrepondo uma cultura europeia e ainda hoje muitas
pessoas têm preconceitos em relação a essa população, os caracterizando
como atrasados, nisso se pode ver outro ponto que a antropologia coloca, o
etnocentrismo traz consigo a negação do “outro”, o pondo em posição de
inimigo ,que leva ao ataque de várias formas, negando as subjetividades,
existindo uma dificuldade de ver além do eu .
Essas ideias são construídas com o passar do tempo através de
representações imaginárias e isso é algo muito amplo, a própria nação pode
ser caracterizada como imaginada, podemos ver isso no livro “comunidades
imaginadas” de Benedict Anderson, ele caracteriza a nação, através da
antropologia, como uma comunidade imaginada, isso porque as relações de
pertencimento se dão através de gostos comuns, de construções sociais,
apesar de seus membros nem ao menos se conhecerem, essas construções
se dão muito através da mídia, por poderes e gestões políticas, na qual o
indivíduo cria um sentimento de pertencimento a determinada comunidade, isso
pode levar a muitos resultados, como preconceitos em geral, racismo,
xenofobia entre outros, a ideia de que só aquilo que se vive é o real, o que está
fora disso não serve, podemos ver isso quando se tem imigrantes, as reações
das pessoas são diversas e algumas dizem que eles vão querem trazer
costumes deles, vão “contaminar o país”, demonstrando a dificuldade de ver
além de si mesmo, do lugar onde se constitui como indivíduo, o outro não
existe, nada além dele faz sentido.
Um dos piores resultados do etnocentrismo é sem dúvidas o governo
nazista de Hitler, onde ele queria uma ração ariana pura, colocando-a como
sendo superior as demais, dessa forma os outros deveriam ser extintos. Além
desses fatores dentro da sociedade, vemos a soberania das classes sociais de
poder aquisitivo mais elevado sobre os grupos mais vulneráveis, do poder que
é posto em mãos de determinados grupos.
Com relação ao que foi dito, não pode-se deixar de falar sobre a
construção das identidades que estão relacionadas ao território e a cultura, o
território vai muito além de o lugar onde se está, de questões políticas, ele se
relaciona totalmente a construções simbólicas, como religiões, costumes, que
fazem com que o indivíduo se sinta pertencente a algum lugar, que vão
formando nossa identidade, dentro disso muitas vezes esses fatores podem ser
carregados de uma carga “segregadora”, dentro de uma ideia de que o espaço
onde vivo não deve ser invadido pelo outro, onde temos novamente a mídia
que tenta a todo custo padronizar costumes, formas de agir, de vestir, até de
comportar-se, com uma tentativa de homogeneização, ignorando as
especificidades de culturas, povos , no Brasil e no mundo.
Entende-se assim a importância dessa discussão e o incentivo da
alteridade, ou seja, como forma de enxergar o outro, como podemos ver
através de relativismo cultural, que permite enxergar determinada cultura de
forma imparcial, tendo a sensibilidade de aceitar o outro, e entender que existe
uma lugar além do “eu”, começando com o “olhar” que a antropologia põem, de
ver e ir além do “eu, assim olhar as culturas como iguais, não sobrepondo uma
à outra, entendo que cada grupo social tem sua realidade, não dá para perceber
o “outro” fazendo comparação com o “eu”. Portanto vê-se que de fato é
necessário o olhar mais abrangente, sair do etnocentrismo e ir além do próprio
eu e ver que existe muito a aprender, que fora do “eu” existe um mundo de
possibilidade, de ideias, de culturas de formas de viver, como um bom exercício
para enxergar “o outro”.

Referência

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