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IDENTIDADE SOCIOCULTURAL

Origem do conceito de “Identidade”

“Identidade” é um conceito muito utilizado para pensar a diferença. A princípio, a identidade era pensada em
fragmentos, tais como, identidade social, identidade étnica, identidade racial, ou seja, era relacionada à autoimagem
de um grupo.

A partir da década de 1970, o termo identidade ganhou outra conotação, porque foi relacionado à intensa
fragmentação social produzida pelos avanços do capitalismo na sociedade. Por exemplo: a) as migrações
internacionais, que aumentaram drasticamente, refletindo na presença de diferentes etnicidades em um mesmo
território; b) a presença das religiões transnacionais; c) o surgimento de vários movimentos políticos ligados a
questões étnicos-raciais; e d) o surgimento de movimentos políticos com base na identidade de gênero e na
orientação sexual.

A partir da década de 1990, as discussões e as críticas sobre o conceito de cultura foram retomados, com os
antropólogos classificados como pós-coloniais, que afirmavam que o conceito de cultura, principalmente aquele
empregado nas teorias antropológicas norte-americana e europeia, desencadearam uma discussão estereotipada
das sociedades e dos grupos. Nesse cenário, o conceito de identidade ganhou força na disputa conceitual e, pouco a
pouco, foi ficando mais interessante para pensar as diferenças em um mundo globalizado, pois traz a identidade
enquanto transitória, fluida, nunca pronta ou acabada, dando conta da complexidade dos dias atuais.

O avanço tecnológico das formas de comunicação tornou o mundo muito mais conectado, aproximando as relações,
e que, graças à globalização, as ideias produzidas em um lugar se espalham pelo mundo, sendo esse processo
também responsável por essa sensação de fragmentação.

Essa nova realidade fragmentada possibilitou o surgimento de um novo conceito, que pensava as diferenças além
dos conceitos de cultura e etnicidade, já que o conceito de etnicidade tem por referência algum tipo de ancestralidade
comum, imigrantes, populações indígenas, negras etc., de forma que outras diferenças não tinham mais essa
conotação e não estavam respaldadas. “Por meio de qual conceito poderíamos pensar as diferenças não
atreladas às ancestralidades comuns?”

Definição de “Identidade”

O conceito de identidade não pressupõe uma ancestralidade comum, mas uma prática social, ou seja, uma
experiência de vida é suficiente para produzir identidade entre grupos e pessoas. A identidade sempre deve ser
entendida como algo transitório, nunca como algo acabado, é sempre um processo em construção. Esse conceito é
indispensável para pensar a diferença nas sociedades atuais, em que a fragmentação dos modos de vida foi
ampliada, criando múltiplas possibilidades aos indivíduos.

No conceito de identidade não existe a preocupação com estabilidade, nem com a ideia de completude. Dessa forma,
os sujeitos podem moldar sua identidade pessoal a partir de várias identidades, combinando e compartilhando várias
experiências identitárias, tais como: a) um grupo de homossexuais, em busca de direitos familiares e na luta contra o
preconceito; e b) um grupo de religiosos budistas, que desenvolvem uma identidade a partir da prática do budismo.

Analise a citação abaixo, do sociólogo Stuart Hall:


Notamos que de acordo com Stuart Hall, a identidade pode conter tanto aquilo que escolhemos, quanto aquilo que
não escolhemos, ou seja, a parte da vida que não controlamos é fundamental para a formação da identidade.

Desse modo, a exclusão racial, a discriminação sexual e a intolerância religiosa, são fatores sociais que as pessoas
não controlam, mas que podem moldar suas identidades, e elas comportam tanto nossas heranças culturais quanto
novas formas de pensar o mundo imerso na globalização.

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