Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto
Departamento de Educação, Informação e Comunicação Curso de Pedagogia Disciplina: História da Educação Docente: Prof. Dr. Sérgio César da Fonseca
Trabalho - avaliação Nome: Lia Matheus Furlan Número USP: 13750940
1. A educação jesuítica e a série Anne With an E
Tema da aula: formadores da pedagogia e da escola moderna
Produção a ser relacionada: série Anne With an E, episódios 3 e 4 da 3a temporada
Características e endereço da produção a ser relacionada: série canadense estreada em
2017 e baseada na coleção de livros “Anne of Green Gables”, disponível na Netflix (https://www.netflix.com/search?q=anne%20with%20an%20e&jbv=80136311)
Na aula sobre os formadores da pedagogia e da escola moderna, estudamos
sobre os jesuítas e o seu método pedagógico de catequização como aprimoramento educacional. A partir do Ratio Studiorum, os padres jesuítas conseguiram estabelecer uma metologia ao ensino da gramática, da retórica, da filosofia e da teologia, em uma tentativa de propagar a fé cristã a partir de colégios religiosos. Nesse sentido, é possível estabelecer uma relação entre a educação e os colégios jesuítas e a escola residencial criada na terceira temporada da série Anne With an E, cujo objetivo era “resolver” a questão “selvagem” dos indígenas em meio à sociedade canadense do século XIX, ensinando-os ideais (cristãos) de civilidade. Assim, ambos os sistemas de ensino se caracterizam pela utilização de métodos rígidos e regrados, pelo confinamento dos alunos e pelo ensino da língua, de novos conhecimentos sociais e, sobretudo, da religião, visando um suposto enriquecimento intelectual através da catequização, quando, na verdade, estavam atuando sobretudo a favor da expansão e da monopolização cultural e religiosa do catolicismo.
2. A educação natural de Rousseau e o curta-metragem Alike
Tema da aula: a criança no centro do processo educativo
Produção a ser relacionada: curta-metragem Alike
Características e endereço da produção a ser relacionada: curta-metragem espanhol com
duração de 8 minutos, produzido em 2015 por Daniel Martínez Lara e Rafa Cano Méndez, disponível no YouTube (https://www.youtube.com/watch?v=K4Foovfdb-E)
Na aula sobre a criança no centro do processo educativo, estudamos sobre a
proposta de educação natural de Jean Jacques Rousseau, a qual permeava ideais iluministas de progresso e liberdade. Para o filósofo, o processo educativo deveria ser livre e natural, deixando a criança aprender livremente através da exploração dos seus sentidos para que, assim, ela se fortaleça e aprenda a lidar com a vida no futuro, exercendo sua virtude e liberdade. Desse modo, a pedagogia de Rousseau propagava o respeito à criança e a compatibilidade entre as necessidades e capacidades infantis e os cuidados do adulto, podendo, então, ser relacionada ao curta-metragem Alike ao promover uma crítica quanto à alguns valores e métodos educativos em relação ao demasiado papel influente e controlador da escola e do adulto para com a criança. Assim como a filosofia rousseauniana, o curta-metragem estimula uma reflexão a respeito da liberdade no meio social, permeando importantes questões pedagógicas ao colocar em evidência o enrijecimento dos sistemas sociais (de ensino) que impedem a criatividade e a liberdade da criança através, também, do controle do adulto.
3. A influência da imprensa e a série Bridgerton
Tema da aula: A descoberta da infância
Produção a ser relacionada: série Bridgerton, episódio 1 da 1ª temporada
Características e endereço da produção a ser relacionada: série estadunidense estreada em 2020 e baseada na coleção de livros de mesmo nome, disponível na Netflix (https://www.netflix.com/search?q=brid&jbv=80232398)
Na aula sobre a descoberta da infância, estudamos sobre a origem e o
desenvolvimento do ideal moderno de infância, enquanto uma construção social e histórica de uma fase da vida que apresenta características próprias. Duas grandes instituições sociais contribuíram para essa nova percepção da criança: a escola e a imprensa. A primeira favoreceu o destaque das particularidades infantis, explicitando cada vez mais suas diferenças de linguagem, vestimenta e comportamento em relação aos adultos. Já a segunda, facilitou a divulgação desse novo modo de pensar, uma vez atuando como fonte de registro e disseminação de informações e conhecimentos. Da mesma maneira, a imprensa faz-se muito presente e primordial durante toda a série Bridgerton, especialmente no primeiro episódio, em que uma nova autora começa a escrever sobre as fofocas da alta sociedade de Londres do século XIX. Por isso, é possível relacionar o papel da imprensa na construção do ideal moderno de infância com o seu papel na série, no que diz respeito a propagação de informações e ao constante papel influenciador da opinião social quanto aos modos de pensar e agir, ao que é socialmente aceito e ao novo que está surgindo, assim como fez com o conceito de infância junto à escola em meados do século XVIII.
4. Os sistemas disciplinares de Foucault e a música Another Brick in the Wall
Tema da aula: a escola e a formação dos sistemas disciplinares
Produção a ser relacionada: música Another Brick in the Wall, Part Two
Características e endereço da produção a ser relacionada: música de autoria da banda
britânica Pink Floyd, lançada em 1979, com áudio e clipe disponíveis no YouTube (https://www.youtube.com/watch?v=HrxX9TBj2zY)
Na aula sobre a escola e a formação dos sistemas disciplinares, estudamos sobre
as relações de poder e disciplina de acordo com Michel Foucault e as suas atuações nas diversas instituições sociais, como nas escolas. Em meio ao contexto industrial e urbano dos séculos XVIII e XIX, a educação integrava-se junto aos processos das relações de produção, oscilando entre instrução e disciplina. As escolas padronizaram suas metodologias de ensino, impondo, ordenando, repartindo e repetindo conteúdos e atividades sobre os alunos. Assim, as características dessa metodologia pedagógica são comparáveis às críticas presentes na música Another Brick in the Wall, uma vez que ela condena essa educação autoritária e opressora, que reproduz relações do sistema industrial. Nesse sentido, as relações sociais de poder e disciplina abordadas por Foucault são, também, alvo de críticas na música e no clipe escolhidos do Pink Floyd em relação à educação escolar contextualizada, enquanto uma maneira de oprimir, controlar, dominar e humilhar os alunos, ao invés de estimulá-los.
5. A infância pobre e o filme The Invention of Hugo Cabret
Tema da aula: os sistemas disciplinares e a infância pobre
Produção a ser relacionada: filme The Invention of Hugo Cabret
Características e endereço da produção a ser relacionada: filme estadunidense com
duração de 126 minutos, estreado em 2011 sob a direção de Martin Scorsese e baseado no livro de mesmo nome, disponível, também, no Amazon Prime Video (https://www.primevideo.com/region/na/detail/0KRDQQXIHISTK2MWSHIWWWLV 27/ref=atv_sr_fle_c_Tn74RA_1_1_1? sr=11&pageTypeIdSource=ASIN&pageTypeId=B01M3R80TG)
Na aula sobre os sistemas disciplinares e a infância pobre, estudamos sobre as
relações de disciplina e poder, sobretudo na forma de mecanismos de dominação, exercidos sobre a criança, principalmente pobre, em contextos de marginalização. No filme, Hugo Cabret é um menino pobre e órfão, que vive sozinho na França no começo do século XX e que precisa, constantemente, se esconder, fugir e roubar alimentos e peças mecânicas para sobreviver e para tentar consertar um robô criado pelo seu falecido pai, morto em um incêndio. Assim, o filme, além de apresentar um emocionante enredo sobre a história do cinema, desenvolvido através da resolução de mistérios e aventuras no decorrer da narrativa, também é possível de ser relacionado aos estudos da aula explicitada há pouco, uma vez que contextualiza a história e a situação marginalizada de Hugo enquanto vítima do sistema disciplinar opressor perante crianças pobres e excluídas socialmente. Além disso, também é possível destacar tanto no filme quanto nas discussões na aula, a temática do confinamento infantil, o qual apreende e acaba por instruir as crianças órfãs pobres para o trabalho, como peças produtivas perdidas.