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DEFINIÇÃO DE VIOLÊNCIA
“Uso intencional de força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si próprio,
contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade que resulte ou tenha
possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de
desenvolvimento ou privação.”
● Materiais:
o Secreção vaginal
o Secreção anal
o Sêmen, secreções e ou fluidos depositados na pele ou outras regiões do
corpo
o Vestígio subungueal
o Cabelo e pelo
o Vestes e objetos com possível presença de sêmen e/ou outros fluidos
biológicos
o Células da mucosa oral (amostra referência)
PREVALÊNCIA DE IST E VIOLÊNCIA SEXUAL
● Dentre mulheres que sofreram violência sexual, 16 a 58% delas adquirem pelo
menos uma IST
● Risco de infecção depende de:
o Tipo de violência sofrida (vaginal, anal ou oral)
o Número de agressores
o Tempo de exposição (única, múltipla ou crônica)
o Ocorrência de traumatismos genitais
o A idade e a susceptibilidade da mulher
o Condição himenal
o Presença de IST ou úlcera genital prévia
o A exposição a secreções sexuais e/ou sangue
o A carga viral do agressor
o Início precoce da profilaxia ARV, quando indicada
CUIDADOS
● A profilaxia das IST não virais está indicada nas situações de exposição com
risco de transmissão, independentemente da presença ou gravidade das lesões
físicas e idade
o Doenças que podem ser evitadas: gonorreia, sífilis, infecção por
clamídia, tricomoníase e cancro mole
● Algumas IST virais, como herpes simples e papilomavirus humano (HPV) ainda
não possuem profilaxias específicas
● Vaginose bacteriana não é considerada uma IST
● Não deverão receber profilaxia (individualizar):
o Os casos de violência sexual em que ocorra exposição crônica e repetida
– situação comum em violência sexual intrafamiliar
o Quando ocorra uso de preservativo, masculino ou feminino, durante
todo o crime sexual
PROFILAXIA DAS ISTS NÃO VIRAIS
PROFILAXIA DA HEPATITE B
● Está indicada em casos de violência sexual com exposição ao sêmen, sangue ou
outros fluidos corporais do agressor
● Vítima não vacinada ou cm vacinação incompleta: vacinar ou completar a
vacinação
● Imunoglobulina humana anti-hepatite B:
o Não se recomenda o uso rotineiro de IGHAHB, exceto se a vítima for
suscetível e o responsável pela violência seja HBsAg reagente ou
pertencente a um grupo de risco (pessoas que usam drogas, por
exemplo)
o Quando indicada, a IGHAHB deve ser aplicada o mais precocemente
possível – até, no máximo, 14 dias após a exposição.
PROFILAXIA HEPATITE C
● Apesar de o risco de transmissão do HCV estar mais relacionado às exposições
percutâneas, a transmissão sexual desse vírus é possível, principalmente em se
tratando de práticas sexuais traumáticas, presença de doença ulcerativa genital
e proctites relacionadas a IST
● Em exposições com paciente-fonte infectado pelo vírus da hepatite C e
naquelas com fonte desconhecida, está recomendado o acompanhamento da
vítima.
● Período de incubação da hepatite C dura em média 7 semanas (variando entre
2 a 24 semanas)
● Mais de 75% dos casos agudos são assintomáticos, sendo necessária a
investigação laboratorial para o diagnóstico
● O diagnóstico precoce da soroconversão possibilita o tratamento na fase aguda
da infecção pelo HCV, com o objetivo de reduzir o risco de progressão para
hepatite crônica, principalmente nos pacientes assintomáticos
ESQUEMA PREFERENCIAL PARA PROFILAXIA DA INFECÇÃO PELO HIV
● O risco de transmissão em casos de violência sexual está entre 0,8 e 2,7%.
● O primeiro atendimento após a exposição ao HIV é uma urgência. A PEP deve
ser iniciada o mais precocemente possível, tendo como limite as 72 horas
subsequentes à exposição
● Tenofovir (TDF) + Lamivudina (3TC) + Dolutegravir (DTG) -> a duração da PEP é
de 28 dias
ACONSELHAMENTO À PACIENTE
● Considerar os possíveis impactos de um resultado positivo e identificar
alternativas de apoio familiar e social
● No caso da investigação do HIV, é necessário reforçar que os resultados iniciais,
quando negativos, não são definitivos devido à possibilidade de janela
imunológica e não dispensam realização de exames futuros nos períodos
indicados
● Levando em consideração a possibilidade de uma infecção, deve ser reforçada
a necessidade do uso do preservativo (masculino ou feminino) em todas as
relações sexuais
● Orientar o não compartilhamento de seringas e agulhas nos casos de uso de
drogas injetáveis
● Enfatizar a contraindicação de doação de sangue, órgãos, tecidos ou esperma
● Reforçar a importância de evitar a gravidez
ACONSELHAMENTO À PACIENTE LACTANTE
● Mulheres em situação de violência sexual que estejam amamentando deverão
ser orientadas a suspender o aleitamento durante a quimioprofilaxia
antirretroviral, pela possibilidade de exposição da criança aos antirretrovirais
(passagem pelo leite materno) e para evitar o risco de transmissão vertical
● Em tais situações, deve-se orientá-las no sentido da interrupção temporária da
amamentação. Durante o período de janela imunológica, pode-se realizar
extração e descarte do leite. Exame de controle (12ª semana após início da
PEP) com resultado HIV não reagente autoriza a reintrodução do aleitamento
materno
PREVENÇÃO DA GRAVIDEZ NÃO PLANEJADA
● Risco de gravidez entre 0,5 e 5%, considerando-se a aleatoriedade da violência
em relação ao período do ciclo menstrual
● A gravidez decorrente de violência sexual representa, para grande parte das
mulheres, uma segunda forma de violência
ANTICONCEPÇÃO DE EMERGÊNCIA (AE)
● Indicação: mulheres e/ou adolescentes (com sinais de puberdade e não
estejam na menopausa) + violência sexual (contato certo ou duvidoso com
sêmen). Independentemente do período do ciclo menstrual em que se
encontrem
● Considerar o estado de orientação e concentração da pessoa, em função do
trauma causado pelo abuso
● Desnecessária se:
o A mulher estiver usando regularmente método anticonceptivo de
elevada eficácia no momento da violência sexual (anticoncepcional oral
ou injetável, esterilização cirúrgica ou DIU)
o Caso de coito oral ou anal
● Mecanismo de ação:
o Na 1ª fase do ciclo menstrual:
⮚ Altera o desenvolvimento dos folículos, impedindo a ovulação
ou a retardando por vários dias
o Na 2ª fase do ciclo menstrual (após a ovulação):
⮚ Atua modificando o muco cervical, tornando-o espesso e hostil,
impedindo ou dificultando a migração sustentada dos
espermatozóides do trato genital feminino até as trompas em
direção ao óvulo
● Não existe “efeito abortivo” com o uso de AE:
o AE impede somente a fecundação
o Não existem indicadores de que a AE exerça efeitos após a fecundação,
altere o endométrio, prejudique a implantação, ou que resulte na
eliminação precoce do embrião
● Todos os esquemas deverão ser iniciados o mais precocemente possível,
preferencialmente em até 72h e, excepcionalmente, até 120h (5 dias) após a
violência sexual
● A eficácia da AE é elevada:
o AE pode evitar, em média, 3 de cada 4 gestações que ocorreriam após a
violência sexual
o As taxas de falha em função do número de horas entre a violência
sexual e sua administração
ALTERNATIVAS FRENTE A GRAVIDEZ DECORRENTE DE VIOLÊNCIA SEXUAL
● É direito dessas mulheres e adolescentes serem informadas da possibilidade de
interrupção da gravidez
● Da mesma forma e com mesma ênfase, devem ser esclarecidas do direito e da
possibilidade de manterem a gestação até o seu término, garantindo-se os
cuidados pré-natais apropriados para a situação. Receber informações
completas e precisas sobre as alternativas após o nascimento, que incluem a
escolha entre permanecer com a futura criança e inseri-la na família, ou
proceder com os mecanismos legais de doação
ASPECTOS LEGAIS
CONSENTIMENTOS
● Segundo o Código Penal Brasileiro é imprescindivel o consentimento por escrito
da mulher para a realização do abortamento em caso de violência sexual, que
deve ser anexado ao prontuário médico
● O Código Civil estabelece que, a partir dos 18 anos, a mulher é considerada
capaz de consentir sozinha para a realização do abortamento
● A ausencia dos pais ou responsável não deve impedir o atendimento á
adolescente pela equipe de saúde em nenhuma consulta
● Quando houver indicação de um procedimento invasivo, como no caso do
aborto, torna-se necessária a presença de um dos pais ou o responsável,
excluindo-se as situações de urgência
● Havendo desejo de continuidade da gravidez pela adolescente e discordância
de pais ou responsáveis que desejam o aborto, o serviço deve respeitar o
direito de escolha da adolescente e não realizar nenhum encaminhamento ou
procedimento que se oponha a sua vontade
● Em casos onde haja posicionamentos conflitantes, onde a adolescente deseja a
interrupção da gravidez e a família não deseja, e estes não estejam envolvidos
na violência sexual, deve ser buscada a via judicial, através do Conselho Tutelar
ou Promotoria de Justiça da Infância e da Juventude, que deverão, através do
devido processo legal, solucionar o impasse
● Procedimento ao aborto legal:
o Menores de 18 anos grávidas com direito ao aborto legal, devem ser
acolhidas e esclarecidas sobre o seu direito à escolha da opção do
abortamento, sendo necessária a autorização de responsáveis ou
tutores para a solicitação do procedimento
o Menores de 14 anos, necessitam adicionalmente de uma comunicação
ao Conselho Tutelar e acompanhamento do processo, com sua
solicitação de agilização
● O consentimento do representante legal também é necessário se a mulher, por
qualquer razão, não tiver condição de discernimento e expressão de sua
vontade (deficientes mentais)
OBJEÇÃO DE CONSCIÊNCIA
● O médico deve exercer a profissão com autonomia, não sendo obrigado a
prestar serviços profissionais a quem ele não deseje, salvo na ausência de outro
médico, em casos de urgência, ou quando sua negativa possa trazer danos
irreversíveis ao paciente
● Também é direito do médico recusar a realização de atos médicos que, embora
permitidos por lei, sejam contrários aos ditames de sua consciência
● No entanto, é vedado ao médico: descumprir legislação específica nos casos de
transplante de órgãos ou tecidos, esterilização, fecundação artificial e
abortamento conforme o artigo 15 do cap. III.