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Vitimização de crianças e adolescentes – Maus-

tratos perpetuados por familiares ou conhecidos


contra a integridade física, psicológica de crianças
e adolescentes

LUIZ HENRIQUE AGUIAR


PSICOLOGIA JURIDICA - UNIP 1/2016
Violência, aspectos sociais e históricos
 Violência, essa íntima desconhecida
 Banalizada na cotidiano, entranhada nos meios de comunicação – NATURALIZADA

 BORDIEU, ARENDT: Nos acostumamos, acomodamos e perdemos a capacidade crítica

 Ultimos 60 anos: Violência contra crianças estudada como um problema efetivo por diversas áreas do
saber – medicina, psicologia, ciências sociais, direito, etc

 Pesquisas indicam ser um problema mundial – faz parte das culturas e permeia todas as classes
sociais

 Seu enfrentamento demanda politicas publicas articuladas e intervenções que trabalhem


necessariamente com as famílias
Identificação das violências
 Hospitais e óbitos de crianças
 Discrepância entre as sinais de violências e as versões apresentadas por pais

 Sinais que demandam investigação:


 Demora em buscar atendimento;
 Historia repetida de “acidentes” domésticos;
 Atrasos no desenvolvimento que não se explicam por causas orgânicas;
 Traumas na região anal e genital;
 Fraturas em crianças menores de 3 anos;
 Doenças crônicas sem tratamento – SINDROME de MUNCHAUSEN
 Criança fora da escola;
 Queimaduras e lesões internas;
 Ausência de contato físico com a criança – pode indicar comprometimento no vínculo.
LEI Nº 13.010, DE 26 DE JUNHO DE 2014
 Art. 1o A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), passa a vigorar acrescida dos seguintes
arts. 18-A, 18-B e 70-A:

“Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento
cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da
família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa
encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los.

Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se:


I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente
que resulte em:
a) sofrimento físico; ou
b) lesão;
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de tratamento em relação à criança ou ao adolescente que:
a) humilhe; ou
b) ameace gravemente; ou
c) ridicularize.”
LEI Nº 13.010, DE 26 DE JUNHO DE 2014
“Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os responsáveis, os agentes públicos executores
de medidas socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de crianças e de adolescentes,
tratá-los, educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou degradante
como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo
de outras sanções cabíveis, às seguintes medidas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade do
caso:

I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família;


II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado;
V - advertência.

Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo
de outras providências legais.”
Notificação das violências
 ECA (1990)
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos
seus direitos fundamentais.

Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-
tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da
respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais.

 Código de Ética do Psicólogo


Art. 2º – Ao psicólogo é vedado: a) Praticar ou ser conivente com quaisquer atos que caracterizem negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade ou opressão;

Art. 13 – No atendimento à criança, ao adolescente ou ao interdito, deve ser comunicado aos responsáveis o
estritamente essencial para se promoverem medidas em seu benefício
Notificação das violências
 Ministério da Saúde: Ficha de Notificação de Violências

 Definição de caso: Considera-se violência como o uso intencional de força física ou do poder, real ou em
ameaça , contra si próprio , contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade que resulte ou tenha
possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação.

 Em casos de suspeita ou confirmação de violência contra crianças e adolescentes, a notificação deve ser
obrigatória e dirigida aos Conselhos Tutelares e autoridades competentes (Delegacias de Proteção da
Criança e do Adolescente e Ministério Público da localidade), de acordo com o art. 13 da Lei no 8.069/1990 -
Estatuto da Criança e do Adolescente.

 Esta ficha atende ao Decreto-Lei no 5.099 de 03/06/2004, que regulamenta a Lei no 10.778/2003, que institui
o serviço de notificação compulsória de violência contra a mulher, e o artigo 19 da Lei no 10.741/2003 que
prevê que os casos de suspeita ou confirmação de maus tratos contra idoso são de notificação obrigatória
Identificação das violências

 Como favorecer a revelação das violências em um contexto ético???

 Deve procurar estabelecer um vínculo de confiança, empatia;

 Manter uma investigação pormenorizada e atenta ao não-verbal;

 Respeito ao tempo da vítima para fazer a revelação, é preciso respeitar sua sequência temporal e eventuais
contradições;

 As questões de investigação devem ser neutras e esclarecedoras;

 Também há a necessidade de proteger a criança ou adolescente de qualquer tipo de retaliação por parte
dos familiares e/ou agressores.
Proteção Social Especial - SUAS
 Voltada para situações em que os direitos sociais, coletivos e individuais estão ameaçados
e/ou violados por omissão ou ação de pessoas ou instituições.

 Famílias, por circunstâncias pessoais e culturais, não estão garantindo a proteção básica para seus
membros

 Direitos de seus membros – crianças, adolescentes, idosos, pessoas deficientes, mulheres – se


encontram violados e/ou ameaçados,

 Demandam intervenções especializadas, interdisciplinares, verticalizadas e específicas.

 Ações integradas com órgãos de garantias dos direitos fundamentais


Média complexidade
 Serviços de atendimento a famílias e indivíduos com seus direitos violados, mas cujos
vínculos familiares e comunitários não foram rompidos.

 Devem oferecer: acolhida, acompanhamento individual e grupal, desenvolvimento de


convivência familiar e comunitária e de processos facilitadores para construção de projetos
pessoais e sociais

 atendimento psicossocial, conforme as características etárias dos usuários e a situação de


risco vivenciada

 CREAS – Centros de Referencia Especializados de Assistência Social


Alta Complexidade:
 Atuam naquelas situações em que, com relação aos vínculos sociofamiliares, o indivíduo está
afastado do convívio familiar e exige intervenção que garanta a proteção integral para indivíduos
e famílias

 moradia, alimentação, cuidados higiênicos, proteção em instituições de abrigamento provisório/temporário


e resgate dos vínculos familiares e comunitários;

 exemplo: atendimento integral institucional, casa lar, república, casa de passagem, albergue, famílias
substitutas e famílias acolhedoras.

 Abrigos e Albergues
O atendimento psicossocial no CREAS
 Planejamento da intervenção
 pressupõe a inserção de práticas de outros campos e o envolvimento de diversos profissionais, de
áreas diferentes

 Acolhimento, atendimentos individuais, grupos, visitas domiciliares etc

 Estudo de caso
 O estudo de caso é uma estratégia metodológica fundamental para a realização das ações no CREAS e
para o planejamento das ações

 Atendimento em rede institucional


Vitimização de crianças e adolescentes – Maus-
tratos perpetuados por familiares ou conhecidos
contra a integridade física, psicológica de crianças
e adolescentes

LUIZ HENRIQUE AGUIAR


PSICOLOGIA JURIDICA - UNIP 1/2016

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