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CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Tipos de negligência
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No dicionário, negligência quer dizer desleixo, descuido, desatenção,
menosprezo, preguiça, indolência. Mas nem o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA) nem o Código Penal tipificam a negligência familiar.
Segundo especialistas, a negligência pode ser entendida como uma
situação de constante omissão para com a criança ou adolescente que
coloque em risco seu desenvolvimento.
Direitos fundamentais
O que diz a Constituição Federal:
Art. 227 - É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à
criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
O que diz o ECA:
Art. 5º - Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma
de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão,
aos seus direitos fundamentais.
Ausência e abandono
Essa falha de cuidado pode abarcar diversos aspectos, desde a negligência
em relação aos direitos básicos, como fornecer educação, alimentação,
higiene e remédios, mas também pela falta de afeto.
Casos em que as crianças recebem toda a assistência material, mas não o
apego maternal ou paternal, estão sendo tratados pelo Judiciário como
“abandono afetivo”. São pais e mães que só trabalham e não estão
presentes na vida dos filhos, cuidados apenas por babás ou parentes, por
exemplo.
A negligência pode ocorrer também em residência de casais separados,
em que um dos pais deixa de conviver com o filho. O ECA prevê multas
para pais que descumprem os deveres do poder familiar, como sustento,
guarda e educação dos filhos.
Por não haver uma conduta específica definida por lei, cada situação vem
sendo analisada individualmente. Em decisão recente, o Superior Tribunal
de Justiça (STJ) obrigou um pai a pagar à filha indenização de R$ 200 mil
por abandono afetivo.
"Amor não pode ser cobrado, mas afeto compreende também os deveres
dos pais com os filhos. [...] A proteção integral à criança exige afeto,
mesmo que pragmático, e impõe o dever de cuidar", entendeu o ministro
Marco Buzzi.
Crime
Já se a violação atinge um patamar mais grave, pode ser enquadrada pelo
Código Penal como abandono de incapaz ou como maus-tratos.
O que diz o Código Penal:
- Não há crime específico de negligência familiar ou abandono afetivo.
Decisões sobre danos morais ocorrem na área cível.
Abandono de incapaz
Se dá quando o menor é deixado sem cuidados. Uma única vez é
suficiente. Exemplo: criança deixada em local ermo, sem proteção ou
vigília.
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda,
vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se
dos riscos resultantes do abandono. Pena: detenção, de 6 meses a 3
anos.
Maus-tratos
Há uma exposição de perigo à vida ou saúde. Exemplo: criança deixada
dentro de um carro fechado, sob sol forte, correndo risco de morte.
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua
autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino,
tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados
indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado,
quer abusando de meios de correção ou disciplina. Pena - detenção, de 2
meses a 1 ano, ou multa.
Prevenção e omissão
O ECA diz ainda que é dever de todos prevenir qualquer tipo de violação
aos direitos da criança e adolescente, sendo obrigatório fazer a denúncia,
sob risco de pena para omissão.
Art. 70 - É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação
dos direitos da criança e do adolescente.
Quem deixa de denunciar uma violação contra crianças e adolescentes,
tendo conhecimento, pode responder criminalmente:
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível, à criança
abandonada ou extraviada (...); ou não pedir, nesses casos, o socorro da
autoridade pública. Pena: detenção, de 1 a 6 meses, ou multa.
Cuidados de acompanhamento
Uma equipe de médicos, outros profissionais de saúde e assistentes
sociais tentam lidar com as causas e os efeitos da negligência e do
abuso. Esta equipe trabalha com o sistema legal para coordenar a
assistência à criança. A equipe ajuda os familiares a compreender as
necessidades da criança e os ajuda a acessar recursos locais. Uma
criança cujos pais não podem pagar por serviços de saúde, por
exemplo, pode se qualificar para receber assistência médica pública.
Outros programas comunitários e governamentais podem proporcionar
assistência com alimentos e abrigo. Pais com problemas de abuso de
substâncias ou de saúde mental podem ser encaminhados para
programas de tratamento apropriados.
Remoção do lar
O objetivo essencial da Delegacia de Proteção à Criança e ao
Adolescente é fazer com que a criança retorne a um ambiente familiar
seguro e saudável. Dependendo da natureza do abuso e de outros
fatores, as crianças podem ir para casa com seus parentes ou podem
ser retiradas de casa e colocadas com parentes ou em ambientes de
acolhimento, em situações em que os cuidadores têm a capacidade de
proteger a criança de sofrer mais abuso. Esta situação é
frequentemente temporária, até que se possa obter moradia ou
emprego para os pais, por exemplo, ou até se estabelecer um regime
de visitas residenciais regulares por um assistente social. Infelizmente,
é comum a recorrência de negligência e/ou abuso.