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CURSO TÉCNICO EM SAÚDE

BUCAL

DISCIPLINA: Cuidados Cirúrgicos e Pós-Cirúrgicos


CH: 60h

EMENTA: Estudo de temáticas e práticas que articulam a produção do


conhecimento na grande área da Clínica Cirúrgica, com treinamento em serviço
supervisionado, objetivando adquirir conhecimentos básicos sobre as
patologias cirúrgicas, além da aquisição do manejo prático nas diversas
situações clínico-cirúrgicas. Atendimentos ambulatorial, emergencial e de
enfermaria. Princípios da cirurgia oral. Anamnese e exames complementares.
Processo de reparo ósseo e de tecidos moles. Técnicas cirúrgicas. Acidentes e
complicações.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................................... 03

TSB DEVE VERIFICAR ANAMNESE......................................................................... 05

BIOSSEGURANÇA NAS CIRURGIAS ODONTOLÓGICAS..................................... 05

DESCARTE DE MATERIAIS....................................................................................... 06

BIOSSEGURANÇA NA ODONTOLOGIA: 12 MEDIDAS QUE DEVEM SER 06


ADOTADAS NA CLÍNICA...........................................................................................

SUPORTE EM CASOS DE EMERGÊNCIAS.............................................................. 12

ORIENTAÇÕES GERAIS PRÉ-OPERATÓRIAS PARA CIRURGIA BUCAL EM 12


CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO SOB ANESTESIA LOCAL............................

ASSISTÊNCIA NO PÓS-OPERATÓRIO..................................................................... 12

ORIENTAÇÕES GERAIS PÓS-OPERATÓRIAS PARA CIRURGIA BUCAL EM 12


CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO SOB ANESTESIA LOCAL............................

LEITURA COMPLEMENTAR I................................................................................... 16

CIRURGIA ODONTOLÓGICA EM GRÁVIDAS........................................................ 17

CIRURGIA ODONTOLÓGICA EM PACIENTES HIPERTENSOS........................... 18

CIRURGIA ODONTOLÓGICA EM PACIENTES DIABÉTICOS.............................. 20

AS 4 FASES APÓS A CIRURGIA ODONTOLÓGICA............................................... 22

COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS DAS EXTRAÇÕES DENTÁRIAS E 24


FATORES ASSOCIADOS..................................................................................

LEITURA COMPLEMENTAR II.................................................................................. 36

PRÉ-OPERATÓRIO: ORIENTAÇÕES PARA PACIENTES SUBMETIDOS A 41


CIRURGIA BUCAL SOB ANESTESIA GERAL OU SEDAÇÃO NO
HOSPITAL....................................................................................................................

REFERÊNCIAS.............................................................................................................. 45
INTRODUÇÃO

No pré-operatório de procedimentos cirúrgicos médicos e odontológicos são muito

comuns a ansiedade e o medo por parte dos pacientes. No pós-operatório, a presença

frequente de reações adversas, como dor e edema, pode contribuir para uma experiência

odontológica traumática. Dúvidas quanto ao uso de medicamentos, também são

questões rotineiras que requerem uma atenção especial por parte do profissional (LIN et

al., 2017).

Neste cenário, monitorar um paciente é de suma importância para otimizar o tratamento,

minimizar os efeitos de reações adversas e garantir a confiança e conforto do paciente.

Nos procedimentos odontológicos mais invasivos, a dor constitui um importante

componente em resposta à injúria tecidual e o seu devido controle e da inflamação pós-

operatória, deveria ser de grande preocupação por parte dos cirurgiões dentistas.

Priorizar a pesquisa clínica na prática cirúrgica, também é

extremamente relevante, pois o estabelecimento desse controle promove conforto e

bem-estar ao paciente nas fases trans e pós-cirúrgica (ANDRADE, 2014; PINHEIRO,

2004; THOMSON, 1995).

A dor aguda pós-operatória é uma resposta normal à intervenção cirúrgica e é uma das

causas de recuperação tardia e do uso de medicações de resgate após a cirurgia. Outro

ponto importante é o aumento do risco de contaminação da ferida, levando ao aumento

da morbidade. Além disso, todos esses fatores podem ser determinantes na redução da

satisfação do paciente (LOVICH-SAPOLA et al., 2015).


Apesar da principal função do TSB ser ajudar o cirurgião-dentista no
atendimento, não é sobre isso que vamos falar no artigo de hoje. O assunto
deste texto é sobre o papel do TSB na cirurgia, ou seja, o que o Técnico em
Saúde Bucal pode e não pode fazer no momento da cirurgia odontológica.

O papel do TSB na cirurgia é essencial, pois é um momento delicado que exige


total atenção e cooperação de toda a equipe. Diante disso, o Técnico em
Saúde Bucal tem funções específicas na cirurgia odontológica. Portanto, o
papel do TSB na cirurgia é deixar o paciente ciente dos exames e do que deve
ser feito antes da cirurgia. Bem como tirar todas as dúvidas do paciente sobre a
cirurgia.

Outro papel do TSB na cirurgia é o preparo da equipe e do ambiente cirúrgico.


Além de realizar a higienização e depois o descarte dos materiais utilizados,
apoiar o cirurgião-dentista em casos de emergência e repassar os cuidados do
pós-operatório ao paciente.

O TSB também é responsável por tranquilizar o paciente sobre a cirurgia. Afinal


é normal que o paciente fique ansioso ou com medo da anestesia e da cirurgia
em si. Por isso o Técnico em Saúde Bucal tem um papel tão importante na
cirurgia odontológica.

Quando o TSB cumpre essas funções na cirurgia, o dentista realiza o


procedimento com mais segurança e as chances de sucesso são maiores. Por
essa razão, é muito importante que o Técnico em Saúde Bucal tenha formação
na área.

Para que procedimentos cirúrgicos sejam realizados da melhor maneira


possível é necessária a cooperação de diversos profissionais. Cirurgias, sejam
elas médicas ou odontológicas, oferecem riscos. Estes podem ser minimizados
com a atuação de bons profissionais atuando nas intervenções.

Os principais atores das intervenções são os pacientes e os cirurgiões


dentistas, no caso das cirurgias odontológicas. Mas como já falamos, elas
são procedimentos que requerem diversos profissionais, uma equipe.
A equipe de um cirurgião dentista geralmente é composta pelo Técnico de
Saúde Bucal (TSB), Auxiliar de Saúde Bucal (ASB) e do instrumentador
cirúrgico. Cada um deles com a sua função específica durante as cirurgias
odontológicas.

Você sabe qual o papel do TSB durante os procedimentos? Neste artigo vamos
lhe mostrar como este profissional é essencial. Confira:

TSB DEVE VERIFICAR ANAMNESE

Na chegada dos pacientes para a realização de cirurgias odontológicas é


necessária a verificação dos procedimentos pré-operatórios. Cabe ao Técnico
de Saúde Bucal esta atividade de questionar o paciente quanto o seu preparo.

O paciente deve estar de posse dos exames pré-operatórios. Caso haja a


necessidade de jejum, da ingestão de remédios anteriores, o TSB deve fazer
toda esta verificação, para deixar o paciente pronto para as cirurgias
odontológicas.

Além disso, o TSB exerce função importante em relação a confiabilidade do


paciente quanto ao procedimento que será realizado. Caso ainda haja dúvidas
quanto às cirurgias odontológicas, o Técnico deve estar pronto para saná-
las.

BIOSSEGURANÇA NAS CIRURGIAS ODONTOLÓGICAS

As cirurgias odontológicas devem ocorrer em um ambiente totalmente


higienizado e seguro. Tanto para o paciente que passará pelo procedimento,
quanto para a equipe que está o realizando.

Para isso é necessária a realização de um protocolo de biossegurança. Todos


os profissionais envolvidos nas cirurgias odontológicas devem ter
conhecimento e estar aptos à aplicação deste protocolo.

Enquanto o instrumentador cirúrgico em odontologia realiza a higienização da


paramentação do procedimento, o TSB procede com os uniformes da equipe
(máscaras, luvas e roupas privativas) e do ambiente cirúrgico (portas fechadas,
ar condicionado em funcionamento). Um trabalho em sincronia agilizará
as cirurgias odontológicas.
DESCARTE DE MATERIAIS

O Técnico de Saúde Bucal acompanhará todo o procedimento cirúrgico e ficará


à disposição do cirurgião dentista quando necessário. Durante as cirurgias
odontológicas são utilizados os instrumentos, que serão posteriormente
higienizados, mas também materiais que serão descartados.

Este descarte adequado deve ser realizado pelo TSB, que estará atuando para
minimizar os agentes contaminantes.

ASSISTA AO VÍDEO: https://www.youtube.com/watch?v=vSamWpxOUe0

BIOSSEGURANÇA NA ODONTOLOGIA: 12
MEDIDAS QUE DEVEM SER ADOTADAS NA
CLÍNICA

A biossegurança na odontologia sempre foi parte fundamental do sucesso e do


bem-estar de colaboradores e pacientes. Contudo, no contexto do Coronavírus,
ela se tornou ainda mais importante. Nesse momento, é preciso reforçar os
cuidados relacionados à segurança sanitária e evitar a contaminação do vírus.

Existem normas e regras capazes de ajudar nesse sentido. Ao segui-las, é


possível garantir que seu negócio prospere enquanto segue todas as medidas
necessárias para proteger os envolvidos nele.

Se você deseja entender mais sobre o assunto, não deixe de conferir as


informações deste artigo!

Biossegurança para a clínica

Garantir a tomada dos devidos cuidados e a segurança de todos os envolvidos


no convívio da clínica é parte de um trabalho conjunto. Em outras palavras, os
colaboradores devem tomar as devidas medidas para que, além das boas
práticas de proteção costumeiras, o risco de transmissão do Coronavírus
também seja minimizado.

Nesse sentido, o Manual do Conselho Federal de Odontologia elaborou uma


série de recomendações. Elas se dividiram entre quatro grandes grupos
frequentadores do ambiente, incluindo a clínica.

É essencial que todos se certifiquem que o espaço que recebe a equipe e os


pacientes esteja em conformidade com os ideais de biossegurança na
odontologia. Para isso, é preciso tomar cuidados.

1. Padrões

É necessário ter, na clínica, máscaras cirúrgicas, álcool em gel 70% e lenços


descartáveis de fácil acesso. Dessa forma, tanto os colaboradores quanto os
pacientes tendem a garantir a devida higienização e prevenção. Além disso,
também é importante contar com pias e sabonete líquido para a lavagem das
mãos.

Durante o atendimento os colaboradores precisam utilizar os devidos


Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Luvas, máscara, avental e óculos
podem estar inclusos entre eles — a depender da necessidade em questão.
Finalmente, é imperativo realizar o devido descarte de seringas, agulhas e
demais materiais potencialmente contaminantes.

2. Alertas visuais

É fundamental que as recomendações a serem seguidas por todos estejam


visíveis em alertas. Eles podem ser placas espalhadas pelo consultório ou
papéis impressos. O que importa, na verdade, é que as medidas de
biossegurança na odontologia estejam claras aos que frequentam o espaço.
3. Cuidados e limpeza

Recomenda-se a minimização da produção aerossol. Nesse sentido, é


importante que a sucção de saliva, os raio-x intraorais e o uso de seringa
tríplice, por exemplo, sejam procedimentos realizados com o devido apoio e
com o máximo de distanciamento possível.

Além disso, a limpeza do ambiente clínico também se mostra extremamente


relevante. É interessante desinfetar superfícies com constância, usando uma
das seguintes substâncias, de cima para baixo e de dentro para fora:
 hipoclorito de sódio 1%;
 quaternário de amônio 7 a 9%;

 ácido peracético;

 álcool 70%.

4. Barreiras mecânicas

Locais que contam com a ativação manual de mais de uma pessoa, como
botões, alças de refletores, pontas de unidades de sucção, braços de cadeira,
encostos etc, devem ser protegidos com barreiras mecânicas. O plástico PVC é
um bom aliado nesse sentido.

5. EPIs

Cada colaborador deve atentar aos EPIs que melhor satisfazem suas
necessidades de biossegurança na odontologia, segundo o Manual. Os
principais itens disponíveis incluem:
 protetores faciais e óculos;
 máscaras N95, PFF2 ou cirúrgicas, a depender do caso;

 aventais impermeáveis ou jalecos;

 luvas;

 pijamas e roupas cirúrgicas etc.


Essas são as recomendações gerais e voltadas à clínica como um todo. A
seguir, vamos conferir normas específicas para os grupos de pacientes,
dentistas e demais colaboradores.

Biossegurança para os dentistas

É imperativo que os profissionais prezem pela própria segurança. Como


consequência, eles também protegerão seus pacientes. As principais medidas
para isso incluem cuidados diários e atenção aos pormenores durante o
atendimento.

6. Paramentação

Uma vez que é comum que os dentistas estejam a menos de 1 metro dos
pacientes, é necessário que eles usem luvas específicas ao procedimento que
será realizado, máscara, avental, óculos ou protetor facial e, se cabível, gorros
e pro-pés. Ademais, suas mãos devem ser constantemente asseadas com
água, sabão e álcool 70%.

7. Rotina

Alguns cuidados devem ser tomados assim que o especialista chega à clínica
odontológica. O primeiro é a desinfecção dos sapatos em um tapete voltado
para isso. Em seguida, é preciso verificar sua temperatura, remover qualquer
ornamento e desinfetar bolsas ou objetos que entrem no espaço. Finalmente, é
preciso se equipar com os devidos EPIs e seguir as recomendações acima.

8. Desparamentação

Também é preciso ter atenção com a remoção do EPÌ e descarte de objetos


descartáveis. Ao final, é recomendada a higienização de todo rosto e, é claro,
das mãos.

Biossegurança para a equipe auxiliar

Os colaboradores que amparam o dentista durante as consultas também


precisam tomar cuidados especiais. Isso é dito tanto em relação a si mesmos
quanto aos pacientes e demais envolvidos na consulta.
9. Profissionais de apoio

A recomendação, nesse caso, varia em relação à distância entre os


especialistas e os pacientes. Os que ficam a menos de 1 metro devem seguir
as mesmas recomendações dos dentistas. Já os da recepção, atendimento e
segurança precisam prezar pelo distanciamento social e constante higienização
das mãos.
Finalmente, os que realizam a limpeza e higiene ambiental necessitam da
completa proteção dos EPIs, além de adicionar a eles as botas e as luvas
impermeáveis e longas.

10. Rotina

Aqui, cabem os mesmos cuidados descritos por parte do dentista. A mudança


se dá na adaptação dos EPIs ao caso.

11. Desparamentação

É recomendado o mesmo procedimento destinado aos profissionais


de odontologia.

Biossegurança para o paciente


Finalmente, mas não menos importante, os que contam com os serviços da
clínica também precisam seguir algumas medidas relacionadas à
biossegurança na odontologia. É essencial que eles sejam orientados pela
equipe. Confira!

12. Ao chegar na clínica e na consulta

Os pacientes devem usar a máscara e tossir e espirrar no cotovelo dobrado.


Também é relevante que eles apostem em higienizar as mãos e evitem tocar
superfícies, bem como o próprio rosto. Sua temperatura deve ser medida. No
caso das mulheres, é recomendado evitar ornamentos e prender os cabelos.
Ao chegar no local, é importante que os pacientes relatem se estiver sentindo
qualquer desconforto respiratório ou sintoma do Coronavírus. Caso a resposta
seja positiva, é preciso isolá-los. As devidas recomendações de higiene devem
ser avisadas. Além disso, se possível, é recomendado o oferecimento de pro-
pés e gorros.
Caso seja realizada alguma cirurgia, é importante realizar a antissepsia pré-
operatória. Ao sair da consulta e do espaço o paciente, deve ser orientado a
remover proteções descartáveis com cuidado e descartá-las corretamente.
As medidas de biossegurança na odontologia recomendadas pelo Manual do
Conselho Federal de Odontologia estão válidas durante todo o período da
pandemia. É importante respeitá-las e disseminá-las. Assim, todos se sentirão
seguros durante as consultas e aproveitarão seus resultados! A PANDEMIA
NÃO ACABOU! Ninguém pode prever o comportamento das mutações do
vírus. Os cuidados deverão ser mantidos!
SUPORTE EM CASOS DE EMERGÊNCIAS

No caso de situações fora do planejado ocorrerem durante as cirurgias


odontológicas, o Técnico atuará como apoio do cirurgião dentista e do
instrumentador cirúrgico. Estamos falando de intervenções, e durante elas
podem ocorrer imprevistos.

MAIS ORIENTAÇÕES

ORIENTAÇÕES GERAIS PRÉ-OPERATÓRIAS PARA CIRURGIA


BUCAL EM CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO SOB ANESTESIA
LOCAL
1. Alimentação
Se sua cirurgia é pela manhã, a principal recomendação é de que você não
compareça em jejum. Você poderá sentir-se mal, ter uma hipoglicemia durante
o atendimento ou até desmaiar. Procure se alimentar bem, tome seu café
normalmente, apenas evite os excessos. Se sua cirurgia for pela tarde, almoce
normalmente e também evite os excessos, principalmente as comidas muito
gordurosas de difícil digestão.

2. Medicações de uso contínuo


Normalmente as medicações diárias para pressão arterial, o diabetes e o
colesterol, não deverão ser suspensas para a cirurgia e devem ser tomadas
como de costume. Mas lembre-se das orientações do seu cirurgião quanto a
alguma exceção. Porém as medicações para “afinar” o sangue devem ser
adequadamente suspensas pelo seu médico para realização da cirurgia. Isso é
bastante sério e deve ser conversado com seu cirurgião.

3. É necessário um acompanhante no dia da cirurgia?


Sim, sem dúvida é melhor estar acompanhado. Pode ser alguém da família, um
motorista de confiança ou um amigo(a). Mesmo que essa pessoa não possa
permanecer todo o tempo do atendimento na clínica, ela deverá acompanhar o
paciente desde a saída até em casa.

4. Dirigir carro ao final da cirurgia?


Não é indicado. Mesmo que você não tome nenhum sedativo para a cirurgia e
se sinta bem e consciente, você estará operado. Durante a direção poderá
haver um sangramento ou até um mal estar por queda de pressão arterial pós
cirurgia, e isso levar a um acidente. Dirigir após a cirurgia pode ser interessante
apenas em casos de procedimentos bastante simples e com o consentimento
de seu cirurgião.

5. O que devo ter em casa para me alimentar depois da cirurgia?


Você deve se preparar comprando frutas para fazer sucos, verduras para fazer
sopas, e sorvete também será bem indicado. A alimentação nos primeiros 03
dias de pós operatório serão de dieta liquidificada fria ou gelada. Portanto
sucos, caldos, sopas, milk-shakes e sorvetes, serão bem vindos. Bebidas
isotônicas prontas para hidratar ou a própria água de côco, também estarão
indicados. Normalmente após 03 dias,é possível voltar lentamente a mastigar,
comidas moles como massas, verduras cozidas, peixes e carne moída. Mas
sempre observe a orientação direta dada pelo seu cirurgião, pois há casos em
que a dieta liquidificada é necessária por mais tempo.
ASSISTA AO VÍDEO: https://www.youtube.com/watch?v=Shd9iS1Z634

ASSISTÊNCIA NO PÓS-OPERATÓRIO

Todo procedimento cirúrgico requer cuidados posteriores a sua realização.


Cabe ao TSB repassar estes cuidados aos pacientes. Cuidados com a
alimentação, repouso, a utilização de medicamentos e compressas, a correta
higienização do local em que a cirurgia foi realizada. Um bom TSB indica os
procedimentos necessários.

Vimos neste artigo que é imprescindível a presença do Técnico de Saúde


Bucal durante a realização de cirurgias odontológicas. Durante todos os
passos do procedimento, este profissional conta com um papel fundamental.

. ORIENTAÇÕES GERAIS PÓS-OPERATÓRIAS PARA


CIRURGIA BUCAL EM CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO SOB
ANESTESIA LOCAL
1. Primeira e importantíssima recomendação para os pacientes que se
submetem a cirurgia bucal: não fazer bochechos ou enxagues bucais por
pelo menos 48 h

O coágulo de sangue formado sobre a ferida da cirurgia na boca necessita de


até 48hs para ficar mais estável e não sair com uma lavagem bucal. Caso o
paciente bocheche e o coágulo se dilua e seja removido, a ferida poderá ficar
desprotegida e voltar a sangrar ou se expor à infeção. Essa recomendação é
ainda mais importante quando falamos de extrações dentárias.
2. A escovação dentária deve ser realizada 02 vezes ao dia, iniciando no
primeiro dia de pós operatório, mas de forma delicada, evitando a área
operada
A escovação deve existir, entretanto deve focar nos dentes, evitando assim
áreas da mucosa ou gengiva que estejam operadas. Recomenda-se colocar
pouca pasta dentes na escova nos primeiros dois dias para evitar a
necessidade de fazer bochechos. A higiene adequada é fundamental para um
bom pós-operatório confortável e livre de infeção

3. A partir do terceiro dia usar enxaguantes e colutórios bucais para


bochechos prescrito pelo seu cirurgião
Do terceiro dia em diante, os bochechos podem ser iniciados como auxílio nA
higiene. Normalmente são prescritos de bochechos 02 ou 03 vezes ao dia com
soluções de clorexina a 0,12% em soluções vendidas em farmácias por marcas
conhecidas. Essas soluções devem ser prescritas pois o uso irregular traz
efeitos colaterais.

4. O uso de gelo deve ser feito nas primeiras 48 horas, sempre na face ou
seja, por fora da boca, envolto em um pano ou plástico por 15 minutos,
com intervalos mínimos de 30 minutos ( o gelo não protegido poderá
queimar sua pele!)                                   
A partir do momento final da cirurgia o uso do gelo estará indicado.
Normalmente é feito na face,  na região da cirurgia. O gelo tenderá a gerar uma
contração dos vasos da região, diminuindo a formação do “inchaço” que estará
por vir nos 03 primeiros dias, além de ajudar no combate a dor. Entre o
segundo e o terceiro dia o gêlo não fará mais tanto efeito pois o edema já não
terá tanta foça de formação, e entrará num processo de estabilidade ou de
diminuição. Normalmente nesta fase, após 03 dias, alguns cirurgiões
recomendam compressas mornas, eu não recomendo isso aos meus
pacientes.

5. Alimentação no pós operatório deve ser normalmente líquida ou


liquidificada, e fria ou gelada pelo menos nos primeiros 03 dias                     
Deve-se evitar mastigar coisas duras que exijam esforço da musculatura
mastigatória. O outro motivo não menos importante é de que se correrá o risco
desse alimento mais consistente ser acidentalmente pressionado contra a
ferida cirúrgica. Isso além de dor, trará outras complicações. Quanto a
temperatura dos alimentos , é sabido que a inflamação esperada na área da
cirurgia vai se instalar durante os 03 primeiros dias. Dessa forma não é nada
interessante nós colocarmos mais calor em algo que está se inflamando,
devemos sim colocar coisas neutras(frias) ou geladas para minimizar a
inflamação. Entretanto não está recomendado o uso de gelo dentro da boca,
muito menos chupar o gelo.

6. O repouso pode ser de 03 dias em casa e a suspensão do esforço físico


pode ser de 07 a 10 dias.
Tudo vai depender do tipo da cirurgia realizada e de muitos outros fatores para
essa recomendação ser mais precisa. Normalmente no pós operatório de um
extração dentária descomplicada, o repouso pode ser de apenas 24 h com
relação ao trabalho ou a escola. Entretanto o parâmetro para  uma recuperação
em casa de uma cirurgia de remoção de siso é outro e deve ser em média 03
dias em casa, pois haverá inchaço e desconforto para o paciente. Os mesmos
parâmetros vão se aplicar quanto a exercícios físicos.

7. O que pode acontecer se for fazer exercícios ainda SE recuperando de


uma cirurgia bucal?
Pode desencadear dor, inchaço e até uma hemorragia. O exercício vai levar a
um aumento da frequência cardíaca, da pressão arterial e do metabolismo do
corpo de uma maneira geral. Isso certamente aumentará a atividade
inflamatória na área operada. Muitas vezes essas complicações só vão surgir
após o exercício quando o indivíduo entra em repouso, “quando esfria o
sangue”, normalmente à noite. Dessa forma siga a recomendação de seu
cirurgião, e como dica no primeiro dia de volta aos exercícios, faça metade do
seu treino e observe como se sentirá à noite. Dessa forma poderá dosar sua
volta às atividades físicas com mais segurança.
ASSISTA AO VÍDEO:https://www.youtube.com/watch?v=ZW8NznekmVQ
LEITURA COMPLEMENTAR I

Cirurgia Odontológica
Seja para fazer a extração de algum dente ou para um tratamento estético, as
perguntas sobre o procedimento são bem recorrentes nos consultórios.

Se vai doer, as contraindicações, quanto tempo vai demorar ou se vai ser


preciso tomar uma anestesia são algumas dessas dúvidas que os dentistas
ouvem constantemente.

O QUE É A CIRURGIA ODONTOLÓGICA?


Trata-se de um procedimento cirúrgico, feito em ambiente ambulatorial
(no próprio consultório) e com uso de anestesia local.
Outra é com anestesia feita por médico anestesista que vem até ao consultório.
Nesse caso, são para cirurgias muito longas, para pacientes que fiquem muito
ansiosos ou para aqueles que tenham dores crônicas de ATM ou na coluna.
Esse tipo de cirurgia envolve extração de sisos e de outros dentes por
diversos motivos, como cárie, doença periodontal e fraturas dentárias.
Além da remoção de dentes condenados, a cirurgia é feita também para
colocação de implantes, cirurgias gengivais, remoções de cistos ou tumores e
drenagem de abcessos.

Em resumo, as cirurgias odontológicas têm por objetivo recuperar a saúde e o


bem-estar do paciente.

CASOS EM QUE É INDICADA A CIRURGIA ODONTOLÓGICA

Feita a avaliação pelo dentista, a cirurgia odontológica pode ser


indicada. Extração de dentes, como os sisos, é um dos casos em que uma
cirurgia odontológica é necessária.

Também há casos de cirurgias mais complexas, como fratura óssea, remoção


de lesões cancerígenas e cirurgias corretivas de face. Porém, essas devem
ocorrer em ambiente hospitalar, e não em consultórios.

No caso da cirurgia para extração de dentes, como os sisos (terceiros


molares), depende de diversos fatores:

►se o paciente consegue fazer boa higienização na região;


►presença de lesão de cárie;

►doença periodontal (o dente pode já ter uma perda óssea considerável);

►mau posicionamento na arcada;

►necessidade de tratamento endodôntico (tratamento de canal). Nesse caso,


sem previsão de sucesso devido à dificuldade de acesso ao dente.

Além disso, dentes de leite e dentes permanentes podem ser condenados


por diversos motivos. Assim, é indicada a exodontia (extração) desses
elementos afetados.
Cirurgia com anestesia geral ou local?

Outra dúvida de muitos pacientes é sobre a anestesia. Na verdade, o termo


“anestesia geral” não é correto para a odontologia em consultório.

Muitas cirurgias odontológicas podem ser feitas em ambulatório, desde


uma simples intervenção até a extração de dentes e colocação de implantes.

Cirurgias mais complexas (cabíveis ao especialista Buco Maxilo Facial) como


fratura óssea, remoção de lesões cancerígenas e cirurgias corretivas de face
devem ser feitas necessariamente em ambiente hospitalar.

Para essas ocasiões hospitalares, o paciente poderá ser submetido a anestesia


geral, porém, em consultório, nunca será.

Pacientes de alto risco (problemas cardíacos graves, diabetes


descompensada, problemas neurológicos ou outra instabilidade
sistêmica) também podem ser indicados a ser operados em ambiente
hospitalar para um melhor acompanhamento.

A cirurgia ambulatorial permite o acompanhamento de um médico anestesista


para auxiliar no processo cirúrgico, onde ele administra medicações
intravenosas durante o procedimento (podendo ser antibióticos, analgésicos,
corticóides e também sedativos).

CIRURGIA ODONTOLÓGICA EM GRÁVIDAS


Em relação às contra-indicações, há muitas dúvidas sobre as pacientes
grávidas. Bom, elas podem, sim, passar por cirurgias odontológicas.
Porém, é preferível que sejam feitas apenas em casos urgentes.
As cirurgias estéticas não são recomendadas, pois para a cirurgia é
preciso uso de anestesia local. Por ser um procedimento sem urgência, não
é adequado expor a paciente e o bebê à substância anestésica sem
necessidade.

O primeiro trimestre de gravidez é o momento mais delicado da gestação e


durante esse período é preciso evitar a ingestão de medicamentos, anestesia
local e também exposição radiológica.

Após esse período crítico, e se a gravidez não tiver problemas, a gestante pode
ser submetida a procedimentos cirúrgicos com anestesia local.

CIRURGIA ODONTOLÓGICA EM PACIENTES HIPERTENSOS

Além das grávidas, pacientes hipertensos também têm dúvidas sobre a


possibilidade de fazer ou não cirurgias odontológicas.

Eles precisam necessariamente estar em dia com o acompanhamento


cardiológico e com a medicação controlada para que a pressão arterial e os
demais problemas cardíacos estejam estáveis.

O paciente estável através de medicação contínua pode ser submetido a


cirurgias odontológicas sem problemas. Existem anestésicos locais
específicos para esse tipo de condição.

Porém, o paciente descompensado ou que faz uso de medicação


anticoagulante precisa obter um laudo médico cardiológico com a autorização
para que o procedimento possa ser feito.

Poderá ser necessário suspender algum tipo de medicação para a realização


do procedimento, mas quem decidirá será o cardiologista.

Em alguns casos, o paciente precisa realizar a cirurgia em ambiente hospitalar


devido ao risco que apresenta sua saúde.

CIRURGIAS DE ENXERTO
As cirurgias de enxerto podem variar entre, basicamente, osso e tecido
gengival. Cada paciente pode necessitar de um tipo de enxerto e de uma
certa quantidade. Portanto, não existem caraterísticas específicas para todos
os pacientes.
Enxerto ósseo é indicado para a ocasião que precisamos de osso e o
paciente não tem mais. Isso pode ter sido consequência de uma doença
periodontal que gerou perda óssea, de algum cisto removido ou até mesmo da
perda de um dente.

Nossos dentes tendem a manter a quantidade óssea ao redor dele. Porém,


quando o perdemos o corpo tende a reabsorver o osso que sustentava aquele
dente perdido e aquela área apresentará um “defeito ósseo”.

CIRURGIA ODONTOLÓGICA EM PACIENTES DIABÉTICOS

E com relação aos pacientes diabéticos? Esses podem passar por uma cirurgia
odontológica?

A notícia para esse tipo de paciente é boa.

Os diabéticos bem compensados e controlados podem se submeter a


cirurgias odontológicas sem dificuldades ou complicações.

Porém, esse perfil de paciente precisa ter mais atenção e ter mais cuidado no
período de cicatrização. O uso de antibióticos é imprescindível para esses
pacientes de modo que fique controlada um possível infeção.
CUIDADOS ANTES E DEPOIS DE UMA CIRURGIA ODONTOLÓGICA

Agora que você já sabe o que é uma cirurgia odontológica e em quais casos é
indicado o procedimento, vamos apresentar os cuidados antes e depois de
uma cirurgia desse tipo.

Após a cirurgia, surgem as dúvidas quanto aos cuidados pós-operatórios. A


principal é se o paciente poderá levar a vida normal depois do procedimento e
quanto tempo vai demorar até estar 100% recuperado.

O primeiro cuidado que se deve ter antes de se submeter a uma cirurgia


odontológica é informar ao dentista todos os medicamentos que faz uso.

É importante avisá-lo dos problemas de saúde atuais e os já curados, como


alguma reação alérgica durante procedimentos odontológicos, hemorragia em
uma cirurgia no passado, problemas de cicatrização ou uma queloide extensa
em uma região pós-cirúrgica.

Informar o histórico familiar também é importante para que o dentista possa


prever qualquer problema.

AS 4 FASES APÓS A CIRURGIA ODONTOLÓGICA

Sobre os cuidados após a cirurgia, podemos citar o seguinte cronograma:

1. Primeiras 48 horas (Fase gelada – até o 2º dia seguinte à cirurgia)

►Manter a gaze colocada no local da cirurgia sob pressão por 40 minutos


para evitar sangramento;

►Evitar cuspir com frequência;

►Manter repouso (evitar esforços físicos);

►Ao deitar, manter a cabeça mais elevada que o resto do corpo;

►Colocar bolsa de gelo na face, sobre a região operada, por 20 minutos a


cada hora;

►Ingerir alimentos frios ou gelados, de preferência sem resíduos, evitando


líquidos gaseificados;
►Evitar cigarros ou bebidas alcoólicas;

►Após a alimentação, fazer higiene bucal (cuidadosamente) com água


gelada, evitando bochechos;

►Em caso de sangramento, umedecer uma gaze esterilizada com água


gelada e morder no local durante 20 minutos. Caso não ceda, ligar
imediatamente para o consultório ou comparecer a um hospital na rede de
emergência;

►Tomar medicação prescrita. Em caso de complicações, comunicar-se


imediatamente com o consultório ou comparecer a um hospital em caso de
emergência;

2. APÓS 48 HORAS (FASE MORNA – ATÉ A RETIRADA DOS PONTOS)

►Iniciar bochechos leves após as refeições, com Periogard, 2x/dia (pela


manhã e à noite), conforme prescrição;

►Iniciar compressas com água morna sobre a região operada durante 20


minutos, 4-6 vezes ao dia. Caso o local ainda apresente algum sangramento,
adiar o início dessas compressas;

►Avançar gradativamente para alimentos mais consistentes e mastigue


sempre do lado oposto ao da cirurgia ou na frente, no caso de ter sido
operado dos dois lados.

3. CONTROLE PÓS-OPERATÓRIO

►O ideal é retornar para retirar os pontos 7 dias após a cirurgia. Porém, o


tempo certo pode variar caso a caso e será definido pelo dentista.

4. APÓS A RETIRADA DOS PONTOS

►Nos casos de dentes retidos (sisos), é comum a permanência de uma


abertura no local da cirurgia, principalmente na parte inferior. Mesmo em
outras cirurgias bucais, isso é frequente. Mas não deve haver preocupações,
pois a área cicatriza normalmente.

►Mantenha os bochechos por mais de 10 dias;

RESUMINDO...
Em resumo, a cirurgia odontológica é indicada nos casos de extração de
dentes por diversos motivos, como cárie, doença periodontal e fraturas
dentárias. Fratura óssea, remoção de lesões cancerígenas e cirurgias
corretivas de face também são outros motivos.

É necessário a anestesia local para os procedimentos que são feitos em


consultório odontológico. A anestesia geral é para casos mais complexos, que
são normalmente feitos em hospitais.

Pessoas diabéticas, hipertensas ou grávidas podem passar por esse tipo de


cirurgia. Apenas no caso das gestantes, é preferível que as cirurgias sejam
feitas somente em casos urgentes.

COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS DAS EXTRAÇÕES DENTÁRIAS E


FATORES ASSOCIADOS

As exodontias constituem uma parte significativa da atividade clínica do Médico


Dentista.

A partir do século XVII, em que o consumo de açúcar refinado se tornou


comum, aumentaram as cáries dentárias, as dores de dentes e as
necessidades de extração dentária. Desde a Idade Média até durante o século
XIX, os mais variados e originais tratamentos para os problemas dentários
foram utilizados, desde sangrias à prescrição de fígado de lagarto e sapos
verdes. Assim, foram surgindo os “cirurgiões-dentistas” que em feiras e
mercados, acompanhados de música e malabarismos realizavam as extrações
dentárias e eram avaliados pelo público que assistia pela sua capacidade de
ser o mais atraumático possível nestas intervenções.

Atualmente, o número de dentes presentes e dentes com indicação para


extração são indicadores da qualidade de vida de uma população. Estudos
baseados na população norte-americana definem que pacientes de raça negra
ou de baixo estatuto socioeconómico têm uma maior ausência de peças
dentárias e mais necessidade de realizar exodontias. Estudos semelhantes na
população australiana partilham das mesmas conclusões, acrescentando que
pode dever-se ao fato de nesses grupos populacionais existirem menos
cuidados preventivos e de manutenção, predominando os dentes perdidos.
Os principais motivos que conduzem um dente à exodontia são a cárie e a
doença periodontal. Numa população escocesa, os autores concluíram que o
número de exodontias tem vindo a decair. Nos pacientes mais jovens o motivo
para extração que tem vindo a destacar-se é a ortodontia, diminuindo a
percentagem de exodontias por cárie. A doença periodontal também tem vindo
a afirmar-se mais prevalente como motivo de extração, uma vez que os dentes
são mantidos na cavidade oral durante mais tempo com tratamentos
restauradores e endodônticos.

Na maioria dos casos a exodontia é uma intervenção simples que, quando


efetuada de forma competente e cuidadosa em pessoas sãs apenas causa um
mal estar leve e passageiro, com uma cicatrização rápida e sem sequelas.
Apesar disso é inevitável que ocorram, em alguns casos, complicações
associadas a este ato clínico. Alguns autores consideram estas complicações
raras, enquanto outros sugerem que se podem apresentar em 20% das
exodontias realizadas.

As complicações das exodontias podem ser classificadas como imediatas,


quando ocorrem no momento da intervenção, ou mediatas, quando ocorrem
tardiamente. Estas podem estar relacionadas com os diferentes passos do
procedimento operatório, seja com a anestesia ou a extração em si, e até
mesmo relacionadas com condições pré-existentes do paciente.

Antes de considerar a exodontia a história clinica é primordial, avaliando as


patologias sistémicas e terapêutica medicamentosa entre outros pormenores.
Pacientes com patologias cardiovasculares, patologias hematológicas,
pacientes irradiados na zona cervicofacial, patologias neurológicas, doenças
endócrinas ou dependências de álcool ou outras substâncias implicam
cuidados e atitudes específicas no âmbito cirúrgico, dependendo da gravidade
do problema em questão. Existem pacientes com algumas susceptibilidades às
quais deve ser dada a devida atenção. Em pacientes com idade avançada
existem habitualmente alterações cardiovasculares, há uma maior fragilidade
óssea e uma predisposição aumentada a sofrer possíveis efeitos adversos dos
anestésicos e traumatismos cirúrgicos, além de frequentemente se
encontrarem polimedicados. Em Portugal aponta-se para uma média de cinco
ou mais fármacos utilizados por idoso. Destacam-se aqui os fármacos com
alteração na coagulação, que segundo indicado na literatura, a sua prescrição
aumenta em cerca de 10% ao ano nos pacientes idosos. Nas pacientes
grávidas devem evitar-se, sempre que possível, intervenções no primeiro e
último trimestre de gestação devido à fragilidade fetal inicial e ao risco de
induzir um parto prematuro no final do tempo gestacional.

As complicações imediatas gerais são normalmente causadas pelos


anestésicos ou pela ansiedade e medo do paciente face à intervenção a
decorrer. A mais comum das complicações gerais é por isso a síncope
vasovagal. No entanto, as complicações imediatas são geralmente de caráter
local podendo estar relacionadas com os dentes, com as estruturas ósseas,
com os tecidos moles, com a inervação ou com as estruturas adjacentes. As
complicações relacionadas com os dentes são bastante comuns, desde
fraturas do próprio dente, do dente adjacente ou antagonista ou um erro no
dente a extrair. Podem também ocorrer fraturas das estruturas ósseas
adjacentes ao local a ser intervencionado, desde uma fratura da tábua alveolar,
passando por fratura da tuberosidade até fraturas da mandíbula. Em termos
dos tecidos moles, a utilização descontrolada e desregrada do material
cirúrgico pode conduzir a feridas, lacerações ou queimaduras quando estão
envolvidos instrumentos motorizados. As lesões nervosas são geralmente de
caráter sensitivo, podendo ocorrer lesões do tipo motor quando originadas pela
técnica anestésica. Por ordem de frequência os nervos mais afetados são o
nervo alveolar inferior, mentoniano, lingual, palatino anterior e infraorbitário. As
lesões são causadas por compressões ou seções dos trajetos nervosos,
podendo os seus efeitos ser passageiros ou permanentes, dependendo do tipo
de lesão. Outras complicações imediatas relativamente frequentes são o
deslocamento do dente para outras zonas anatómicas como o seio maxilar ou
o pavimento da boca e a luxação da articulação temporomandibular (ATM).
Para cada uma destas complicações há especificidades de prevenção e
tratamento, no entanto para todas elas é importante a utilização de uma técnica
correta e controlada, precedida de um correto estudo do caso antes de se
iniciarem as manobras cirúrgicas e utilizando o instrumental cirúrgico
adequado.

As complicações mediatas podem surgir horas ou dias após a exodontia.


Também se dividem nas de caráter local e geral. As complicações mediatas
locais são várias, desde alveolite, abcessos, celulite, trismus, hemorragias,
equimoses, hematomas, edemas, alterações da ATM e quistos residuais. As de
caráter geral são raras podendo ocorrer, entre outras: bateremias e
septicemias, tromboflebites, hiperglicemias, crises hipertiróideas,
descompensações cardíacas, hepatite e SIDA, entre outras.

Uma cicatrização normal de um alvéolo pós extração pode ser dividida em


cinco fases: a formação do coágulo sanguíneo, a organização do coágulo, a
substituição por tecido conjuntivo, a substituição do tecido conjuntivo por tecido
ósseo imaturo e finalmente a formação de tecido ósseo maduro.

Devido à exodontia, surge uma hemorragia que é travada pelos mecanismos


normais de coagulação. Na cascata de coagulação os componentes
necessários, denominados fatores, estão presentes na forma de percursores
inativos de enzimas proteolíticas e cofatores e são ativados sequencialmente
por proteólise. A cascata de coagulação pode ser dividida na via intrínseca, que
é iniciada pelo dano ou alteração no sangue independentemente do contato
com tecido lesado, ou na via extrínseca, cuja ativação ocorre com a exposição
a fatores derivados de tecido lesado. Ambas as vias resultam na ativação do
fator X que converte a protrombina em trombina, que por sua vez catalisa a
formação de fibrina a partir do fibrinogénio.

O segundo processo presente na coagulação é a ativação plaquetária. As


plaquetas possuem receptores de superfície que modelam a sua ativação e
adesão. Quando há lesão num vaso sanguíneo as plaquetas aderem
rapidamente aos tecidos endoteliais expostos, especialmente o colagénio, e
esta interação provoca a sua ativação. Este processo traduz-se na modificação
da forma das plaquetas com exposição dos fosfolípideos de carga negativa e
de receptores glicoproteicos, GPIIb/IIIa, e síntese e libertação de vários
mediadores que estimulam a agregação de mais plaquetas. A agregação
plaquetária envolve a ligação de fibrinogénio aos receptores GPIIb/IIIa de
plaquetas adjacentes. O agregado de plaquetas funciona como um tampão
hemostático que interrompe a hemorragia mas que, devido à sua fragilidade,
pode ser removido pela corrente sanguínea. Nesta fase existe então um
coágulo constituído por uma rede de fibrina que aprisiona plaquetas e outras
células sanguíneas.

Dois ou três dias após a exodontia, este coágulo inicia a sua organização com
o crescimento de fibroblastos no espaço alveolar e proliferação de novos vasos
sanguíneos. Esta angiogénese tem o seu pico máximo no oitavo dia, e é de
extrema importância para a correta cicatrização da ferida.

Por volta do quinto ao sétimo dia inicia-se a formação óssea com finas
trabéculas de tecido conjuntivo imaturo. Simultaneamente inicia-se a
reepitelização da ferida, desde a margem gengival e que pode demorar até 35
dias após a intervenção. A epitelização devolve a proteção de barreira da
mucosa e a partir desse momento todos os processos de restabelecimento dos
tecidos se podem desenvolver.

O tecido conjuntivo começa então a ser substituído por tecido ósseo


trabeculado, com atuação de condroblastos e osteoblastos, que vão
mineralizando a loca óssea.

O osso imaturo formado vai finalmente sendo substituído por osso devidamente
maturado, apesar de não repor na totalidade a forma óssea anterior. O
processo de reabsorção óssea natural depois de uma exodontia atinge o seu
máximo cerca de 3 meses após a intervenção, sendo que a remodelação
óssea é um processo permanente na vida do paciente.

A dor é um sintoma comum após uma exodontia e carateriza-se por uma


experiência sensorial e emocional desagradável podendo estar relacionada ou
não com dano tecidular. Geralmente é uma dor de intensidade leve a
moderada, que pode ser resolvida com um analgésico ou anti-inflamatório, e
que cede no espaço de 48 horas. No entanto, em procedimento mais
complexos a dor pode ser mais exacerbada, sendo necessário administrar
medicação com maior efeito. O paciente deve ser instruído acerca da
possibilidade de existir dor, e quando esta aumenta com o passar do tempo,
deve ser feito um exame clínico para excluir patologias como a alveolite.
Autores sugerem que a administração prévia de um fármaco com efeito
analgésico reduz a ocorrência de dor pós-operatória, tanto em pacientes
adultos como em crianças, pelo que pode ser considerado como procedimento
de rotina. A falta de higiene oral e o fato de fumar após uma extração cirúrgica
parecem aumentar a dor experimentada pelo paciente.

Vários autores consideram a alveolite como a mais frequente complicação pós-


operatória.
Segundo Donado, a alveolite é a principal causa de dor entre o segundo e
quinto dia após uma exodontia. A sua caraterística principal é a dor aguda e
intensa que provoca sendo classificada como alveolite seca ou supurada.

A etiologia desta condição não está ainda bem definida, podendo sofrer
influência dos efeitos dos anestésicos locais, do traumatismo operatório ou de
infeções adjacentes. No entanto, entende-se que a alveolite é a consequência
de uma perturbação da cicatrização do alvéolo.

Outros autores consideram ser um estado necrótico do processo alveolar,


causado pela ausência de vasos sanguíneos, proliferação capilar e de
formação de tecido de granulação, o que não permite a organização do
coágulo sanguíneo provocando a sua desintegração.

A alveolite seca é um processo inflamatório agudo, não purulento, que se


carateriza pelo seu aparecimento tardio (2 a 4 dias após exodontia) com uma
dor intensa, constante e irradiada e ausência dos sinais típicos da inflamação
(tumor, calor, rubor). Habitualmente a dor é exacerbada com a mastigação e
impede a atividade normal do paciente e o sono. No exame do alvéolo pode
estar presente um odor fétido, observam-se as paredes ósseas desnudadas,
com uma tonalidade esbranquiçada e sensível ao contato. A sua localização
preferencial é na mandíbula, na zona de pré-molares e molares, o que é
justificável pelas caraterísticas anatómicas e vasculares desta área. O osso é
denso e as corticais espessas, associadas a um tipo de vascularização terminal
que diminuem a capacidade do organismo de ativar e deslocar para o local as
células e fatores do sistema imunitário. É mais frequente nas extrações de
terceiros molares inclusos.

Na primeira fase da alveolite seca existe um aumento da atividade fibrinolítica


local, que tem como consequência a transformação do plasminogénio em
plasmina e atua na dissolução da fibrina que forma o coágulo. Este processo
pode ser favorecido por outros fatores gerais e locais. Pacientes com
imunodeficiências, sob tratamento prolongado com corticóides ou consumo
elevado de bebidas alcoólicas apresentam um risco acrescido para
desenvolverem alveolite seca. É também referida na literatura uma associação
com os anestésicos locais, uma vez que os seus efeitos tóxicos e
vasoconstritores diminuem o aporte sanguíneo ao osso. No entanto, diferentes
autores contrariam esta ideia e consideram que os anestésicos não
desempenham um papel preponderante na ocorrência de alveolite. O trauma
operatório está documentado como mais um fator que pode favorecer esta
complicação uma vez que a força excessiva ou aquecimento com peças de alta
rotação podem lesar as trabéculas ósseas e septos interradiculares, ficando
mal regularizados e mal vascularizados, favorendo a necrose óssea. É ainda
de salientar o papel da saliva, uma vez que normalmente está dotada de
tividade fibrinolítica. Alguns autores referem que o efeito fibrinolítico da saliva é
inibido depois de uma intervenção cirúrgica, o que representaria um
mecanismo de preservação do coágulo e favorecimento da cicatrização. Sem
este fator inibitório existe um aumento da taxa de plasmina salivar que pode
conduzir a um quadro de alveolite seca. O comportamento do paciente após a
cirurgia é um fator de grande relevância. A utilização de colutórios ou
movimentos vigorosos de sução podem deslocar o coágulo do alvéolo,
impedindo o correto processo de cicatrização.

O hábito tabágico e utilização de anticoncepcionais provocam a vasoconstrição


e favorecem assim a alveolite. Contudo, será a conjugação de vários dos
fatores mencionados que mais frequentemente conduzirão ao aparecimento de
alveolite seca, em detrimento de um fator isolado.

Uma teoria alternativa é a influência de microrganismos nesta patologia. Essa


hipótese é sustentada na literatura pelo fato de terapia antibateriana
aparentemente reduzir a incidência de alveolite, e por existir uma contagem
superior de batérias nos alvéolos afetados. As batérias Atinomyces viscous,
Streptococcus mutants e Treponema denticula têm vindo a ser associadas ao
quadro de alveolite por atrasarem o processo de cicatrização em modelos
animais.

O tratamento da alveolite foca-se mais no alívio dos sintomas do que na


resolução do problema, uma vez que o próprio ciclo de regeneração do osso
resolverá o quadro. Este processo poderá demorar 2 a 3 semanas. A utilização
de analgésicos está indicada mediante a severidade da dor. A utilização de
antibióticos é controversa, não estando comprovada a sua necessidade para
acelerar a cicatrização do alvéolo. A nível local deve proceder-se à limpeza da
cavidade com soro fisiológico, sem exercer pressão excessiva, de forma a
eliminar detritos depositados no alvéolo. A curetagem está contra-indicada uma
vez que apenas aumenta a área de osso exposto e a dor. A colocação de
eugenol através de uma gaze ou algodão no alvéolo favorece o alívio da
sintomatologia em cerca de 5 minutos. Esta pode ser repetida diariamente ou
de dois em dois dias até existir uma diminuição da sintomatologia, mas não
deve ser mantida depois disso já que pode exercer um efeito de corpo
estranho. Deve manter-se o alvéolo o mais limpo possível fazendo irrigações
com clorohexidina, cloreto de sódio ou peróxido de hidrogénio diluído.

É descrito na literatura que a aplicação de um gel de 0,2% de clorohexidina


após a exodontia é a melhor forma de prevenção de uma alveolite. Diferentes
esquemas de aplicação são referidos, desde uma aplicação isolada após a
exodontia até aplicação de 12 em 12 horas durante sete dias podendo o gel ser
substituído por um colutório com concentração de 0,12% no mesmo esquema
posológico. Existem também estudos que referem que o uso de tetraciclina
tópico após a extração diminui a ocorrência de alveolites e conduz a uma
alteração da microbiota da zona, diminuindo a proporção de microrganismos
anaeróbios, no entanto aumenta o número de microrganismos multi-
resistentes. 20, 22, 23

Espera-se uma evolução favorável de uma alveolite seca em 7 a 10 dias. Caso


não se verifique deve-se considerar a possibilidade de osteomielite.

A alveolite supurada tem uma apresentação distinta, sendo que uma das
diferenças é a dor que é menos intensa e não espontânea. A alveolite
supurada é resultante de uma infeção do coágulo e do alvéolo que pode
proveniente de reações a corpo estranho a espículas ósseas, restos de dentes
fraturados ou fragmentos de restaurações de dentes vizinhos que
permaneceram no alvéolo.

Ao exame clínico visualizam-se os bordos do alvéolo edemaciados, com o


interior preenchido com um tecido de granulação hemorrágico e com
exsudação purulenta.

O trismus é uma complicação que se apresenta com relativa frequência em


exodontias cirúrgicas, mas não é tão comum em exodontias convencionais.
Carateriza-se pela incapacidade de normal abertura de boca induzida por um
espasmo muscular que se produz devida à inflamação originada pela
intervenção cirúrgica. Também a dor pós-operatória pode ser causa de trismus
por via reflexa, causando uma contração de proteção que limita a função dos
músculos. A administração inadequada de anestesia especialmente no
bloqueio do nervo alveolar inferior seja por má técnica, administração de
substâncias impróprias ou quantidades exageradas, a infeção ou a lesão da
ATM podem contribuir para o quadro de trismus.

O tratamento consiste na aplicação de calor no local e administração de


analgésicos caso exista dor, sendo que os antibióticos poderão ser
administrados se existir uma condição de infeção.

Devem ser feitos movimentos de abertura e fecho para que gradualmente o


paciente recupere a capacidade de abertura. A literatura refere que deve ser
indicado ao paciente que coloque uma mola de roupa entre arcadas e a cada
dia vá aumentando a sua abertura até regularizar os seus movimentos. Sugere-
se também a utilização de relaxantes musculares, apesar de não lhes ser
atribuída uma ação evidente. Estudos relacionados com extrações cirúrgicas
de terceiros molares afirmam que a utilização de doses subanestésicas de
Ketamina (utilizada em anestesia geral) associada à anestesia local e
nimesulida após a exodontia (100 mg durante 5 dias) reduz significativamente a
ocorrência de trismus. No entanto, outro autor contra-indica a utilização de
nimesulida como procedimento de rotina devido ao risco de falência hepática
associado. O edema é uma caraterística comum nas exodontias, não sendo
exclusiva de complicadas. Não será uma complicação no seu sentido mais
literal uma vez que se trata de uma resposta natural dos tecidos ao
manuseamento operatório, em que ocorre vasodilatação e aumento da
permeabilidade dos capilares, com acumulação de líquido no espaço
intersticial. O edema é normalmente proporcional à extensão do trauma
cirúrgico, mas manobras descontroladas com lesões de tecidos podem causar
um edema desproporcional. A prevenção do edema é a melhor atitude clínica,
promovendo o uso de técnicas cirúrgicas corretas e aplicação de forças
adequadas.

O frio, devido ao seu efeito vasoconstritor, auxilia na prevenção ou diminuição


do edema. Reduz a exsudação de líquido intersticial e sangue para a zona
afetada. Pode indicar-se a sua aplicação 30 minutos por hora em intervalos de
15 minutos, até um máximo de 18 horas após a cirurgia. A compressão
também pode auxiliar na diminuição do edema.

Se o edema se instala durante mais de 5 ou 6 dias, com uma temperatura


cutânea aumentada e endurecimento, é possível que exista uma causa
infecciosa, pelo que deve ser prescrita uma terapia antibateriana. 5

Os mesmos estudos mencionados previamente relacionados com extrações


cirúrgicas de terceiros molares afirmam que a utilização de doses
subanestésicas de Ketamina (utilizada em anestesia geral) associada à
anestesia local e nimesulida após a exodontia (100 mg durante 5 dias) reduz
significativamente a ocorrência de edema nestas intervenções. No entanto,
novamente é contra-indicada a utilização de nimesulida como rotina por outro
autor dado os riscos associados. 24, 25, 26

É também frequente que em exodontias mais complexas ou extensas se


produzam hematomas. Este define-se como uma acumulação sanguínea que
se pode difundir para os tecidos vizinhos normalmente através de fáscias
musculares.

Uma vez que as pessoas de idade mais avançada têm maior fragilidade capilar
e maior laxidez dos tecidos, têm um risco aumentado de formação de
hematomas, podendo ter um aspeto muito exacerbado.

Existe um aumento de volume da área afetada e uma alteração marcada de cor


que evolui ao longo do tempo de roxo-avermelhado até uma tonalidade
amarelada. O hematoma pode ser visível durante cerca de 8-9 dias e deverá
estar resolvido num espaço de 5 a 14 dias. 5

Para diminuição do hematoma pode utilizar-se o mesmo regime de aplicação


de frio mencionado para o edema, com a possibilidade de administração de
antibióticos mediante a presença de infeção. Caso o hematoma se organize e
não seja eliminado naturalmente pode ser necessária a intervenção cirúrgica. 5

Normalmente há uma hemorragia associada a uma exodontia que cessa


geralmente entre os 30 a 60 minutos seguintes. Este fato deve ser explicado ao
paciente que deverá estar alertado para manifestações anormais. Existem
diferentes classificações das hemorragias de acordo com diferentes autores. É
descrita numa das classificações como leve se dura menos de 5 minutos,
moderada se dura mais de 5 minutos ou intensa quando são necessários
cuidados hospitalares.

Complicações Pós-Operatórias das Extrações Dentárias e Fatores


Associados

Noutros casos considera-se leve, moderada ou intensa não só dependendo do


tempo, mas dos métodos utilizados para parar a hemorragia, tais como
aplicação de gaze, sutura, esponjas de fibrina, etc. Perante uma hemorragia,
devem ser consideradas as suas causas. 5, 8

Assim, as causas locais de uma hemorragia podem passar por laceração dos
tecidos moles, fratura da tábua alveolar, presença de espículas ósseas,
presença de um ápice radicular fraturado, de tecido de granulação não
curetado, uma lesão num vaso de maior calibre ou deslocação do coágulo por
sução ou bochechos vigorosos. Deve estar estabelecido um protocolo de
atuação perante estes casos que inclua a limpeza da zona hemorrágica com
soro fisiológico para permitir visualizar e avaliar a causa da hemorragia. O
tratamento deverá dirigir-se à causa subjacente. Caso seja uma espícula ou
semelhante deverá ser eliminada, no caso de uma ruptura de um vaso devem
utilizar-se pinças hemostáticas e posterior cauterização do vaso. Depois de
eliminada a causa, a ferida deve ser suturada e indicado ao paciente que
morda uma gaze durante 30 minutos. Podem ser utilizados outros dispositivos
para favorecer a hemóstase como colas ou esponjas de fibrina. Há ainda
autores que referem a colocação local de hemostáticos sistémicos como o
ácido tranexamico.

As hemorragias de causas gerais são geralmente mais difíceis de controlar e


são causadas pela falha dos mecanismos de hemostasia. A melhor forma de
prevenção será com uma história clínica correta e detalhada que permita
identificar pacientes com alterações de coagulação patológicas ou causadas
por fármacos. Pacientes hipocoagulados devem ser seguidos com especial
atenção controlando os valores de referência como o Índice Internacional
Normalizado (INR) e mantendo contato com o médico assistente. Estudos
sugerem que o valor ideal de INR num paciente com patologias subjacentes é
de 2,5, uma vez que o risco de hemorragia pós exodontia está diminuído e a
proteção para eventos tromboembólicos se mantém. No entanto, os mesmos
autores consideram que em procedimentos simples, mesmo biópsias e
extrações não complicadas, se pode atuar com segurança com um valor de
INR inferior a 4,0.

Nestes pacientes coloca-se o dilema de interromper a terapia farmacológica, já


que diminui o risco de hemorragias pós extração, mas acarreta um aumento do
risco de eventos tromboembólicos. Há autores que indicam que a terapia não
deve ser interrompida, e que devem ser utilizadas outras formas de controlo da
hemorragia. É sugerido, por exemplo, a colocação no alvéolo de uma esponja
de fibrina rica em leucócitos e plaquetas, com aparentes resultados positivos
na prevenção de hemorragias em pacientes hipocoagulados. Em casos
extremos poderá ser necessário o internamento hospitalar para controlo das
hemorragias.

Os abcessos e celulite devem-se a infeção do local do dente extraído, seja por


má curetagem ou remanescência de espículas ósseas ou fragmentos de
restaurações. Ocorrem geralmente em pacientes com algum comprometimento
do sistema imunitário. Podem ocorrer de forma tardia, até 4 a 5 semanas
depois de exodontias de terceiros molares inclusos. Quando se deteta
endurecimento da zona e febre deve-se considerar este tipo de complicação e
existindo acumulação de pus este deve ser drenado. 7

As alterações da ATM surgem normalmente após exodontias demoradas, em


que são utilizadas forças intensas, que provocam grande esforço aos tecidos
moles da articulação. Podem manifestar-se através de dor e limitação de
movimentos ou alterações da oclusão. A prevenção desta complicação faz-se
apoiando a mandíbula durante o procedimento operatório e aconselha-se na
literatura repouso articular e medicação para aliviar sintomatologia quando o
problema já está instalado.

Lesões quísticas ou granulomas que não forem devidamente removidos


durante uma exodontia podem continuar o seu desenvolvimento, tornando-se
quistos residuais. Para evitar uma posterior intervenção para remoção da
lesão, deve ser feito um correto diagnóstico do caso e destas complicações e
removidas na totalidade aquando a exodontia.
Além de rever a literatura relacionada com o tema, é ainda objetivo deste
trabalho aferir a prevalência das complicações pós-operatórias e fatores a elas
associados.
LEITURA COMPLEMENTAR II

Pré-Operatório: Orientações para pacientes


submetidos a cirurgia bucal sob anestesia geral
ou sedação no hospital
Os pacientes e seus familiares também podem fazer sua parte para garantir a
segurança de um procedimento cirúrgico. Veja as recomendações a seguir e
saiba como colaborar para aumentar sua segurança e, em especial, evitar a
ocorrência de infeção pós-operatória

 
ANTES DA CIRURGIA

Boa alimentação: É fundamental o paciente estar bem nutrido, pois a anemia


e a falta de vitaminas podem atrapalhar a cicatrização. Sendo assim, uma
alimentação balanceada e rica em vegetais e carne é o ideal para uma boa
nutrição.
Infeções prévias: Comunique ao cirurgião, antes da cirurgia, se estiver com
alguma infeção (furúnculo, foliculite, sinusite, dor de garganta, infeção urinária
ou gripe, por exemplo).
Cigarro: Deixe de fumar um mês antes da cirurgia. O fumo pode prejudicar a
cicatrização.
Bebidas Alcoólicas: Recomenda-se não ingerir bebidas alcoólicas no mínimo
03 dias antes e 10 dias após a cirurgia (período relativo a cicatrização e a
ingestão de medicamentos pós-operatórios).
Medicamentos: Os medicamentos de uso continuo não devem ser suspensos
sem autorização do cirurgião dentista ou médico responsável (remédios para
pressão, tireoide ou calmante por exemplo). Se fizer uso regular
anticoagulantes, medicamentos para osteoporose ou para emagrecer,
comunique o profissional responsável com pelo menos uma semana de
antecedência para obter as informações devidas.
 

 
Alergia: Comunicar com antecedência ao profissional se for portador de
qualquer tipo de alergia.
Marca-passo: O paciente deverá comunicar ao profissional com antecedência
se portador deste aparelho.
Stress: Tarefas estressantes deverão ser evitadas na véspera e no dia da
cirurgia. Recomenda-se dormir cedo na noite anterior à cirurgia.
Particularidades: Informe sobre suas necessidades especiais no momento da
internação. A equipe de profissionais da CDE Odontologia fará o possível para
atendê-las.
 

NO DIA DA CIRURGIA
Horário: Para que a cirurgia possa ser preparada corretamente, a equipe
cirúrgica da CDE pede aos pacientes e acompanhantes que cheguem ao local
da operação no horário marcado para que possamos recebê-los e atendê-los
com tranquilidade.
 

 
Alimentação: O jejum pré-operatório é um fator importante na garantia da
segurança de qualquer anestesia. Assim, solicitamos jejum de 8 horas para
alimentos sólidos ou leite.
Medicamentos: Caso faça uso de alguma medicação para pressão, tireoide ou
calmante, deverá mantê-la até o dia da cirurgia e tomá-lo com 5ml de água.
(medida de um copinho de café). 2 horas antes.
Acompanhante: Venha sempre acompanhado para a cirurgia de pessoa
adulta. Este deve permanecer com você até o momento da alta e o
acompanhará após a cirurgia à sua residência. Sendo o paciente menor de
idade deverá esse se fazer acompanhar dos pais ou de um responsável.
Solicitamos ainda que, durante a cirurgia, o acompanhante permaneça na sala
de recepção da CDE.
Vestuário: Traga roupas confortáveis e fáceis de vestir.
Exames: Traga os exames laboratoriais e radiográficos relacionado ao seu
tratamento, caso esteja de posse dos mesmos. Solicitamos que
preferencialmente, estes exames sejam entregues na CDE até 48 horas antes
da cirurgia.
Objetos pessoais: Pertences como bolsas, relógios, pulseiras, celulares,
óculos e demais itens pessoais sejam deixados em casa ou com o
acompanhante.
Higiene: Escove os dentes e passe fio dental 1 hora antes do procedimento.
Lave bem o rosto com água e sabão.
 

 
Contatos: Deixe sempre um telefone para que a equipe assistência possa
entrar em contato.
 
ENCAMINHAMENTOS PARA A CIRURGIA

O paciente será encaminhado a sala pré-operatória cerca de 40 minutos antes


do procedimento agendado para que a equipe cirúrgica possa:
Preencher a ficha cirúrgica;
Medir a pressão arterial;
Administrar os medicamentos necessários;
Montar a sala de cirurgia, conferir novamente o instrumental, material e
equipamentos definidos no planejamento;
Realizar outros procedimentos ou exames que julgar necessário.
Tudo pronto, o paciente será transferido da sala pré-operatória para sala de
cirurgia. O atendimento a todas estas recomendações garante o bem-estar do
paciente durante o procedimento e são fundamentais para o sucesso do seu
tratamento. 
LEITURA COMPLEMENTAR III

Classificação da ASA no pré-


operatório
Antes de realizar uma cirurgia, é feita uma série de questionários pela equipe
médica e de enfermagem, para assegurar que todas as informações essenciais
sobre o histórico pessoal, familiar e clínico do paciente são compatíveis e se
algum dado é relevante para prevenir morbimortalidade pós-operatória.
A união de determinadas informações é chamada Classificação da ASA. Em
odontologia também deve ser utilizada. E o que significam essas três letrinhas
juntas?

ASA é a sigla para American Society of Anesthesiology (em português:


Sociedade Americana de Anestesiologia). Representa o sistema de pontuação
clínica mais utilizado no mundo.

O que ela significa e quais são os critérios adotados para sua classificação
você verá a seguir.

História

O sistema de classificação da ASA vem sendo usado há mais de seis décadas


ao redor do mundo. Em 1940, a ASA pediu a um grupo de médicos que
desenvolvesse um sistema para coleta e tabulação de dados estatísticos
referentes à anestesia, o qual pudesse ser aplicável em qualquer circunstância.
Daí surgiu o escore ou classificação da ASA.

A atenção inicial da ASA eram as comorbidades pré-operatórias do paciente, e


não o procedimento cirúrgico ou em qualquer outro fator que pudesse
influenciar o desfecho da cirurgia.

Qual o propósito da ASA?

Esse sistema é idealizado com o intuito de acessar e comunicar as


comorbidades médicas do paciente durante o período pré-anestésico.
Associado a outros fatores (tipo de cirurgia, por exemplo) pode prever
possíveis riscos perioperatórios.

As instituições podem desenvolver exemplos específicos de fatores para


suplementar a ASA, isso possibilita um melhor esclarecimento dos casos
locais.

QUANDO E POR QUEM ELA É FEITA?

A classificação pode ser realizada em vários momentos durante a avaliação


pré-operatória do paciente, porém a avaliação final é feita no dia da anestesia
pelo (a) médico (a) anestesista.

AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA

Fonte: https://www.sanarmed.com/dica-de-anestesiologia-avaliacao-pre-operatoria-asa

A tabela acima resume a classificação da ASA em 6 aspetos, descrita a seguir:


• ASA 1 – Ausência de alterações orgânicas, fisiológicas, bioquímicas ou
psiquiátricas. Paciente saudável.

 Exemplos em adulto: saudável, não tabagista, que não faz uso ou que
consome pouca bebida alcoólica.
 Exemplos em criança: saudável, sem doença aguda ou crônica, IMC
normal dentro do percentil para a idade.

• ASA 2 – Alterações sistêmicas que podem ou não estarem relacionadas com


a necessidade de intervenção cirúrgica. Doenças sem limitações funcionais
substantivas.

 Exemplos em adulto: tabagista, alcoolista social, gestante, obesos (IMC


entre 30 e 40), DM controlada, doença pulmonar leve.
 Exemplos em criança: doença cardíaca congênita assintomática,
arritmias controladas, asma não exacerbada, epilepsia controlada, DM
não insulino dependente, IMC anormal para o percentil da idade,
autismo com poucas limitações.

• ASA 3 – Doenças sistêmicas graves, relacionadas ou não com a necessidade


de intervenção cirúrgica.

 Exemplos em adulto: Uma ou mais doenças moderadas a severas. DM


mal controlada, obesidade mórbida (IMC >40), hepatite ativa,
dependência ou abuso de álcool, marcapasso implantado.

–       Exemplos em criança: asma com exacerbação, doença cardíaca


congênita com anormalidade não corrigida, epilepsia mal controlada, obesidade
mórbida, desnutrição, DM insulino dependente.

• ASA 4 – Doenças ou condições clínicas com risco de vida, com ou sem a


intervenção cirúrgica.

–       Exemplos em adulto: IAM recente (<3 meses), isquemia cardíaca em


curso, choque, sepse.
–       Exemplos em criança: falência cardíaca congestiva, sequelas ativas da
prematuridade, choque, sepse, endocrinopatia.

• ASA 5 – Pacientes moribundos, indicação cirúrgica de último recurso.

–       Exemplos em adulto: rotura de aneurisma abdominal/torácico, hemorragia


intracraniana com efeito de massa.

–       Exemplos em criança: Hipertensão maligna, hemorragia intracraniana


com efeito de massa.

• ASA 6 – Morte cerebral declarada, doador de órgãos.

AVALIAÇÃO DO RISCO CIRÚRGICO

Ela é útil para a classificação do risco cirúrgico, este também pode ser definido
como baixo, médio ou elevado, e tal avaliação é feita após a análise do
fluxograma:

Fonte: http://www.pbh.gov.br/smsa/biblioteca/protocolos/risco_cirurgico.pdf

Apesar de parecer simples, este sistema é complexo, pois associa elementos


da condição do paciente antes da cirurgia (nas classes de 1 a 3) com
elementos da opinião subjetiva do anestesista (classes 4 e 5). Alguns autores
acrescentam uma sexta classe aos pacientes anestesiados exclusivamente
para remoção de órgãos.

Por mais que a gestação não seja considerada uma doença, o estado
fisiológico da parturiente é alterado significativamente em comparação a uma
mulher não grávida.

Nesta classificação não são levados em consideração os problemas


administrativos, as diferenças entre os protocolos de cada hospital ou serviço,
a habilidade da equipe multidisciplinar de saúde, entre outros aspetos
referentes a uma avaliação fidedigna.

A simplicidade do sistema da ASA pode ser menos relevante na prática médica


atual. É importante que sejam desenvolvidos métodos modernos e mais
aperfeiçoados, que levem em consideração as caraterísticas relevantes de
cada população em estudo.
REFERÊNCIAS

ARAÚJO, A. Cirurgia Ortognática, Santos Livraria ed., 1a ed, 1999.

ERAZO, G.A.C., PIRES, M.T.B. Manual de Urgências em Pronto-Socorro.

3ª ed., Rio de Janeiro: Editora Médica e Científica Ltda., 1990.

 HUPP, James R.; TUCKER, Myron R.; ELLIS, Edward. Cirurgia oral e maxilofacial
contemporânea. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. 692 p.

KRUGER, G.O. Cirurgia Bucal e Maxilo Facial, Guanabara Koogan, 1a

ed., em Português, 1984.

SAILER, H.F., Pazarola, G.F. Cirurgia Bucal, Artmed. ed., 1a ed. 2000.

SONIS, S.T., Fazio, R.C., Fong, L. Medicina Oral. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 1985.

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