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O Comportamento Animal
eo
Transtorno do Espectro

Autista

Comunicação não verbal entre animal e autistas

Dedicado à Dra Temple Grandin

Roberto Aguilar Machado Santos Silva1


Suzana Portuguez Viñas2

1 Roberto Aguilar Machado Santos Silva é escritor, médico-veterinário, Doutor, Membro da


Academia de Ciências de Nova York e pós-graduando em neuropsicopedagogia. Possui vários
livros publicados sobre filosofia e neuropsicopedagogia.
2 Suzana Portuguez Viñas é escritora, agente literária, pedagoga, psicopedagoga e pós-

graduanda em neuropsicopedagogia. Possui vários livros publicados sobre filosofia e


neuropsicopedagogia.
2
Temple Grandin diz que os animais pensam como humanos autistas.

Temple Grandin
Mary Temple Grandin (Boston, 29 de agosto de 1947) é uma mulher com
autismo (de alto funcionamento) que revolucionou as práticas para o
tratamento racional de animais vivos em fazendas e abatedouros.
Bacharel em Psicologia pelo Franklin Pierce College e com mestrado em
Zootecnia na Universidade Estadual do Arizona, é Ph.D. em Zootecnia,
desde 1989, pela Universidade de Illinois. Hoje ministra cursos na
Universidade Estadual do Colorado a respeito de comportamento de
rebanhos e projetos de instalação, além de prestar consultoria para a
indústria pecuária em manejo, instalações e cuidado de animais. À data
de outubro de 2016 ela é a mais bem-sucedida e célebre profissional
norte-americana com autismo, altamente respeitada no segmento de
manejo pecuário. Sua vida foi tema do filme Temple Grandin, em 2010,
quando ela foi mencionada pela revista Time na lista das 100 pessoas
mais influentes do mundo, na categoria dos “Heróis”. Ela faz uma
analogia: com as crianças autistas é preciso agir do mesmo modo, isto é,
trabalhando a favor delas, ajudando-as a descobrir e desenvolver seus
talentos ocultos. Ela já escreveu mais de 400 artigos publicados em
revistas científicas e periódicos especializados, tratando de manejo de
rebanho, instalações e cuidados dos animais.

Em seu novo livro, Animals in Translation: Using the Mysteries of Autism


to Decode Animal Behavior (Animais em Tradução: usando os mistérios do
autismo para decodificar o comportamento animal), Grandin examina as
semelhanças surpreendentes entre a mente de um animal e uma mente
autista. "Pessoas autistas", ela escreve, "estão mais perto dos animais do que
as pessoas normais". Isso pode parecer um julgamento cruel, o tipo de coisa
que um clínico de “coração frio” diria, mas não é.

É uma observação aguda, ainda mais importante porque ela vem de uma
pessoa autista.

Seu autismo, sugere Grandin, coloca-a em algum lugar entre a


mentalidade humana normal e a mentalidade animal, não como uma questão
de QI, mas como uma questão de percepção e emoção. Estar mais perto dos
animais não é necessariamente uma coisa ruim. Afinal, é o que faz de Grandin
uma tradutora do comportamento animal ".
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Grandin (2018) em depoimento no seu site escreveu assim:
“Penso nas imagens. As palavras são como uma segunda língua para
mim. Eu traduzo palavras faladas e escritas em filmes coloridos, completos
com som, que funcionam como um vídeo na minha cabeça. Quando alguém
fala comigo, suas palavras são instantaneamente traduzidas em imagens. Os
pensadores baseados na língua muitas vezes acham esse fenômeno difícil de
entender, mas no meu trabalho como designer de equipamentos para a
indústria pecuária, o pensamento visual é uma tremenda vantagem.
O pensamento visual me permitiu construir sistemas inteiros na minha
imaginação. Durante a minha carreira, projetei todo o tipo de equipamentos,
desde currais para o manejo de gado em fazendas até sistemas de manejo de
gado e porcos durante procedimentos veterinários e abate.
Trabalhei para muitas grandes empresas pecuárias. Na verdade, um
terço dos bovinos e suínos nos Estados Unidos são manipulados em
equipamentos que eu projetei. Algumas das pessoas pelas quais eu trabalhei
nem sabem que seus sistemas foram projetados por alguém com autismo. Eu
valorizo minha capacidade de pensar visualmente, e eu nunca gostaria de
perdê-la”.

https://www.youtube.com/watch?v=9Ty6vj3aPxM

“Eu acredito nas minhas habilidades de visualização, ajudando-me a


entender os animais com quem trabalho. No início da minha carreira, usei uma
câmera para ajudar a me dar a perspectiva dos animais enquanto caminhavam

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por um brete3 para seu tratamento veterinário. Eu me ajoelhava e tirava fotos
pela calha do nível dos olhos da vaca. Usando as fotos, pude descobrir quais
coisas assustaram o gado, como sombras e manchas brilhantes de luz solar.
Naquela época eu usei um filme em preto e branco, porque há vinte anos
cientistas acreditavam que o gado não tinha visão de cor. Hoje, a pesquisa
mostrou que o gado pode ver as cores, mas as fotos proporcionaram a
vantagem única de ver o mundo através do ponto de vista de uma vaca. Eles
me ajudaram a descobrir por que os animais se recusaram a entrar em um
brete, mas, de bom grado, atravessaram outra estrutura desenhada por mim”.
Segundo Grandin (2018):

“Um dos mistérios mais profundos do autismo tem sido a habilidade


notável da maioria das pessoas autistas de se destacar em habilidades
espaciais visuais enquanto se comporta tão mal nas habilidades verbais.
Quando eu era criança e adolescente, pensei que todos pensavam em
imagens. Não fazia ideia de que meus processos de pensamento fossem
diferentes. Na verdade, não percebi toda a extensão das diferenças até
muito recentemente. Nas reuniões e no trabalho, comecei a fazer
perguntas detalhadas a outras pessoas sobre como eles acessaram
informações de suas memórias. A partir de suas respostas, soube que
minhas habilidades de visualização excediam em muito as da maioria
das outras pessoas”.

Conforme Gallo (2008), quando investigamos a cultura do pensamento


na escola, na sala de aula, devemos distinguir entre as modalidades de
pensamento. De forma simples e direta, penso que podemos falar em três
modalidades básicas: a. o pensamento por figuras ou imagens; b. o
pensamento por palavras; c. o pensamento por conceitos.
Segundo o mesmo autor, o pensamento por imagens está presente já
nos primórdios da humanidade. A observação espacial, necessária para o
exercício da caça e das demais atividades de sobrevivência, nos fez
desenvolver uma modalidade de pensamento que articula as imagens e nos
permite fazer medidas, tirar conclusões. Hoje, praticamos essa forma de
pensamento por imagens fazendo cálculos espaço-temporais de forma
“automática” ou mesmo “inconsciente”. A utilizamos quando caminhamos pela
rua ou dentro de casa, quando dirigimos um automóvel, quando estamos em
uma loja ou em um supermercado, por exemplo.

Pensamento conceitual
Todos os indivíduos do espectro autista têm dificuldades em formar
conceitos. Problemas com pensamento conceitual ocorrem em todos os tipos
de cérebro especializados. O pensamento conceptual ocorre no córtex frontal.

O pensamento conceitual
O pensamento conceitual ou lógico opera de maneira diferente e mesmo
oposta à do pensamento mítico. A primeira e fundamental diferença está
no fato de que enquanto o pensamento mítico opera por bricolage

3 Brete (em inglês: cattle crush, squeeze chute ou stock) é um compartimento ou jaula para
reter bovinos, cavalos ou outros tipos de gado com segurança enquanto estes são
examinados, marcados ou recebem tratamento veterinário
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(associação dos fragmentos heterogêneos), o pensamento conceitual
opera por método (procedimento lógico para a articulação racional entre
elementos homogêneos). Dessa diferença resultam outras:
• um conceito ou uma idéia não é uma imagem nem um símbolo, mas
uma descrição e uma explicação da essência ou natureza própria de um
ser, referindo-se a esse ser e somente a ele;
• um conceito ou uma idéia não são substitutos para as coisas, mas a
compreensão intelectual delas;
• um conceito ou uma idéia não são formas de participação ou de relação
de nosso espírito em outra realidade, mas são resultado de uma análise
ou de uma síntese dos dados da realidade ou do próprio pensamento;
• um juízo e um raciocínio não permanecem no nível da experiência, nem
organizam a experiência nela mesma, mas, partindo dela, a
sistematizam em relações racionais que a tornam compreensível do
ponto de vista lógico;
• um juízo e um raciocínio buscam as causas universais e necessárias
pelas quais uma realidade é tal como é, distinguindo o modo como ela
nos aparece do modo como é em si mesma; as causas e os efeitos são
homogêneos, isto é, são de mesma natureza;
• um juízo e um raciocínio estudam e investigam a diferença entre
nossas vivências subjetivas, pessoais e coletivas, e os conhecimentos
gerais e objetivos, que são de todos e de ninguém em particular.
Estabelecem a diferença entre vivências subjetivas e a estrutura objetiva
do pensamento em geral;
• o pensamento lógico submete seus procedimentos a métodos, isto é, a
regras de verificação e de generalização dos conhecimentos adquiridos;
a regras de ordenamento e sistematização dos procedimentos e dos
resultados, de modo que um conhecimento novo não pode simplesmente
acrescentar-se aos anteriores (como no bricolage), mas só se junta a
eles se obedecer a certas regras e princípios intelectuais. Assim, por
exemplo, a teoria física elaborada por Aristóteles não pode ser acrescida
pela de Galileu, pois são contrárias; do mesmo modo, a física de Galileu
e de Newton não podem ser acrescentadas à teoria da relatividade, mas
podem apenas ser consideradas um caso especial da física, quando os
objetos são macroscópicos e quando a separação entre o observador e
o observado são possíveis.
O pensamento lógico ou racional (ou o pensamento objetivo) opera de
acordo com os princípios de identidade, contradição, terceiro excluído,
razão suficiente e causalidade; distingue verdades de fato e verdades de
razão; diferencia intuição, dedução, indução e abdução; distingue análise
e síntese; diferencia reflexão e verificação, teoria e prática, ciência e
técnica.

Segundo as palavras de Grandin (2018): “o córtex frontal é análogo ao


escritório do CEO4 em uma corporação. Os pesquisadores referem-se a déficits
do córtex frontal como problemas com a função de execução. Nos cérebros
normais, os "cabos de computador" de todas as partes do cérebro convergem
no córtex frontal. O córtex frontal integra informações sobre as partes
pensantes, emocionais e sensoriais do cérebro. O grau de dificuldade na
formação de conceitos provavelmente está relacionado ao número e ao tipo de
cabos do computador "que não estão conectados. Como o escritório do meu
CEO tem poucas conexões de" computador ", eu tive que usar os" designers
gráficos, para formar conceitos associando detalhes visuais em categorias. A

4 CEO: diretor executivo, diretor geral ou Chefe Executivo de Ofício (às vezes designado pelo
estrangeirismo Chief Executive Officer, ou pela sigla CEO, em inglês) é o cargo que está no
topo da hierarquia operacional de uma empresa.
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pesquisa científica apóia minha ideia. As memórias visuais e musicais
detalhadas residem no córtex visual e auditivo primário inferior e um
pensamento mais conceitual é em áreas de associação onde as entradas de
diferentes partes do cérebro são mescladas .

As categorias são o início da formação de conceitos. Nancy Minshew


descobriu que as pessoas com autismo podem facilmente classificar objetos
em categorias como vermelho ou azul, mas eles têm dificuldade em pensar em
novas categorias para grupos de objetos comuns.

Nancy Minshew e a hipótese da subconectividade


Nancy Minshew é professora de psiquiatria e neurologia da Universidade
de Pittsburgh (EUA). Ela dirige o Centro de Excelência em Pesquisa de
Autismo e é especialista internacionalmente conhecida nas bases
cognitivas, neurológicas e genéticas do autismo. Minshew é especialista
em neurologia comportamental infantil e recebeuo mestrado pela Escola
de Medicina da Universidade de Washington em St. Louis (EUA).
Minshew e colega Marcel Just são conhecidos pela hipótese de
subconectividade do autismo, que postula que o autismo é marcado por
insuficiência de conexões neurais de alto nível e sincronização,
juntamente com um excesso de processos de baixo nível. A evidência
para esta teoria foi encontrada em estudos de neuroimagem funcional
em indivíduos autistas e por um estudo de ondas cerebrais que sugeriu
que adultos com distúrbios do espectro autista (ASD) têm sobrecarga
local no córtex e fracas conexões funcionais entre o lobo frontal e o resto
da córtex.

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Em seu depoimento Grandin(2018) relatou:
“Se eu colocasse uma variedade de coisas comuns em uma mesa, como
grampeadores, lápis, livros, um envelope, um relógio, chapéus, bolas de golfe e
uma raquete de tênis, e pedi a um indivíduo com autismo que escolhesse
objetos contendo papel. Ele poderia conseguir. No entanto, os autistas, muitas
vezes têm dificuldade, quando solicitado a encontrar novas categorias de
objetos.
Dentro dessa perspectiva Grandin (2018) citou a pesquisa de Itzahak
Fried na UCLA mostrou que os neurônios individuais aprendem a responder a
categorias específicas. Em gravações obtiddas em pacientes submetidos à
cirurgia no cérebro mostraram que um neurônio pode responder apenas a
imagens de alimentos e outro neurônio pode responder apenas a imagens de
animais. Este neurônio não responderá a imagens de pessoas ou objetos. Em
outro paciente, um neurônio no hipocampo respondeu a imagens de uma atriz
de cinema, mas não respondeu a fotos de outras mulheres. O hipocampo é
como o buscador de arquivos do cérebro para localizar informações na
memória armazenada.
Conforme Bekoff (2018), observações cuidadosas no caso de não-
humanos, que nunca poderão nos dizer verbalmente o que estão pensando e
sentindo, mostram claramente que são inteligentes e conscientes e se
preocupam muito com o que lhes acontece, suas famílias e seus amigos.
Ausente a linguagem verbal, em outros animais claramente nos dizem o que
eles precisam e o que eles querem e o que eles estão pensando e sentindo, e
precisamos escutar atentamente. Como nós, eles querem viver em paz e
segurança, e não está pedindo muito a nós para que isso seja uma realidade
para os bilhões de outros animais que sofrem todos os anos por causa do que
escolhemos fazer com eles.

Linguagem animal não-verbal


As línguagens dos animais são formas de comunicação animal não
humana que mostram semelhanças com a linguagem humana. Os animais se
comunicam usando vários sinais, como sons ou movimentos. Essa assinatura
pode ser considerada suficientemente complexa para ser chamada de forma de
linguagem se o inventário de sinais for grande, os sinais são relativamente
arbitrários e os animais parecem produzi-los com um grau de volição5 (ao
contrário de comportamentos condicionados relativamente automáticos ou
incondicionais instintos, geralmente incluindo expressões faciais). Em testes
experimentais, a comunicação animal também pode ser evidenciada através do
uso de lexigramas (como usado por chimpanzés e bonobos). Enquanto o termo
"linguagem animal" é amplamente utilizado, os pesquisadores concordam que
as línguas animais não são tão complexas ou expressivas quanto a linguagem
humana.

Lexigrama
O termo lexigrama vem do grego "Lexicos", que significa "pertencer às
letras" e "Gramma", que significa "escrever ou palavras". Lexigrama

5 Volição: ação de escolher ou decidir.


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literalmente significa "Letras (ou símbolos) que criam palavras". A
Lexigrama tem sido utilizada há décadas, principalmente em Linguística
e particularmente em Zoologia, onde são usadas para avaliar o
comportamento animal, em estudos de comunicação e inteligência. Por
exemplo, os animais aprendem a associar um triângulo vermelho com
alimentos. Então, quando um animal indica esse símbolo, um
pesquisador fornece comida. Este método tem sido utilizado desde 1970
para se comunicar com gorilas e chimpanzés.

Lexigrama no autismo
Existem vários sistemas que ajudam a comunicação do autismo.O
Lexigrama, é um sistema de sinais que, embora ainda não tenha sido
concluído, ainda pode ser considerado uma alternativa. Um conjunto de
9 elementos pode ser combinado para formar um significado. Embora
esteja em estudo. Um sistema com elementos muito simples, como um
quadrado ou um círculo.

Muitos pesquisadores argumentam que a comunicação animal não


possui um aspecto fundamental da linguagem humana, ou seja, a criação de
novos padrões de sinais em circunstâncias variadas. (Em contraste, por
exemplo, os seres humanos rotineiramente produzem combinações de
palavras completamente novas.) Alguns pesquisadores, incluindo o linguista
Charles Hockett, argumentaram que a linguagem humana e a comunicação
animal diferem muito dos princípios subjacentes não estão relacionados. Por
conseguinte, o linguista Thomas A. Sebeok propôs usar o termo "linguagem"
para os sistemas de sinal de animais. Marc Hauser, Noam Chomsky e W.
Tecumseh Fitch confirmam um contínuo evolutivo entre os métodos de
comunicação animal e humano.

Comportamentos sociais em crianças autistas na


presença de animais
Conforme O’Haire e colaboradores (2013), da Faculdade de Psicologia,
Universidade de Queensland, Austrália, em seu artigo Social Behaviors
Increase In Children With Autism In The Presence Of Animals Compared To
Toys (Os Comportamentos Sociais Aumentam em Crianças com Autismo na
Presença de Animais Comparados aos Brinquedos) afirmaram que desenvolver
uma estratégia inovadora e eficaz para crianças com TEA para melhorar a
interação social com seus colegas e adultos tornou-se, uma importante
prioridade de pesquisa. Uma dessas estratégias pode ser a incorporação da
interação homem-animal (IHA) no ambiente da sala de aula. Estudos anteriores
de IHA demonstraram a capacidade dos animais para incentivar a interação
social entre humanos.
Segundo eles, por exemplo, ao caminhar com um cachorro, as pessoas
são mais propensas a receber abordagens sociais positivas de estranhos do
que ao andarem sozinhas. Um efeito semelhante foi documentado para
indivíduos sentados com um coelho ou uma tartaruga em um banco do parque.
O efeito "estimulante social" dos animais pode ser particularmente importante
para pessoas com TEA, para quem a presença de um animal pode fornecer
uma

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efeito de normalização e início da conversação. A interação com animais
também pode oferecer um contexto para o desenvolvimento socio-emocional
melhorado. Por exemplo, a introdução de um animal na casa de uma criança
com TEA tem sido relacionada ao aumento da empatia e do comportamento
pro-social. A presença de um animal na casa também tem sido relacionada ao
aumento do humor e sensação de bem-estar entre as crianças com TEA e
suas famílias. Os benefícios documentados da IHA levaram à prática de
incorporar animais em empreendimentos terapêuticos, conhecidos como
Intervenção assistida por animais. Seu uso para indivíduos com TEA é o
assunto de crescente investigação científica.

Conclusões
Em conclusão, a literatura atual fornece evidências de que crianças com
TEA parecem demonstrar mais comportamentos de abordagem social na
presença de animais. Essas descobertas são de valor clínico, pois sugerem
que a inclusão de animais na intervenção terapêutica, conhecida como
Intervenção assistida por animais, pode ser uma maneira efetiva de aumentar a
interação social e aumentar os resultados sociais comportamentais. Eles
também fornecem uma visão de uma nova estratégia para aumentar as
interações para crianças com TEA com seus pares, na sala de aula da escola.
O depoimento de Temple Grandin, autista, em seu artigo Consciousness
in Animals and People with Autism (Consciência em animais e pessoas com
autismo), concluiu que a medida que os cérebros se tornam mais complexos, a
complexidade da consciência aumenta. Talvez em alguns animais, apenas um
senso seja totalmente consciente. Pode ser mais fácil definir a consciência
dizendo o que não é. Não é um reflexo, não é simples, e não é um instinto com
fio rígido que funciona como um programa de computador. O comportamento
consciente é flexível. O comportamento consciente permite que os animais
façam escolhas entre diferentes opções. É difícil para algumas pessoas
imaginar uma consciência diferente de si mesma. Os pensadores baseados na
linguagem, muitas vezes têm dificuldade em imaginar que os animais podem
pensar.
Grandin continuando o seu depoimento afiemou que muitaspessoas não
podem imaginar pensar sem palavras. Collin Allen do departamento de filosofia
da Texas A & M University (EUA), afirma que muitos cientistas podem aceitar a
ideia de que os animais, têm representações internas de memórias e eventos.
Algumas pessoas pensam, que os animais não estão conscientes porque não
têm crenças e desejos como seres humanos. Eu não tenho algumas das
maiores consciências abstratas que a maioria das pessoas tem, então eu tenho
que definir "crença" e "desejo". Se eu disser que desejo bolo de chocolate eu
imediatamente vejo uma fatia de bolo. O desejo não tem um significado
abstrato. Eu apenas vejo fotos de coisas que eu gostaria. Eu uso a palavra
crença para descrever coisas em que há uma grande probabilidade de que
algo possa ser verdade.

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Para saber mais
BEKOFF, M. Do Animals Typically Think Like Autistic Savants? Temple
Grandin says they do and autism helps her better connect with them.
https://www.psychologytoday.com/blog/animal-emotions/201308/do-animals-
typically-think-autistic-savants
Acesso em 09 fev. 2018.

GALLO, S. Filosofia e o exercício do pensamento conceitual na educação


básica Educação Filosofia, n. 44, p. 55-78, 2008.

GRANDIN, T. THINKING IN PICTURES with 2006 Updates from the Expanded


Edition. Chapter 1: Autism and Visual Thought
Dr. Temple Grandin.
Acesso em 09 fev. 2018
GRANDIN, T. Consciousness in Animals and People with Autism.
https://dspace.library.colostate.edu/bitstream/handle/10217/4425/H106.pdf?seq
uence=1
Acesso em 09 fev. 2018.

O’HAIRE, M. E.; MCKENZIE, S. J.; BECK, A. M.; SLAUGHTER, V. Social


Behaviors Increase in Children with Autism in the Presence of Animals
Compared to Toys. PLOS One, v. 8, n. 2, p. 1-10, 2013.

SILVA, R. Como funciona o pensamento conceitual.


http://rogersil.blogspot.com.br/2005/08/como-funciona-o-pensamento-
conceitual.html
Acesso em 09 fev. 2018

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