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O Comportamento Animal
eo
Transtorno do Espectro
Autista
Temple Grandin
Mary Temple Grandin (Boston, 29 de agosto de 1947) é uma mulher com
autismo (de alto funcionamento) que revolucionou as práticas para o
tratamento racional de animais vivos em fazendas e abatedouros.
Bacharel em Psicologia pelo Franklin Pierce College e com mestrado em
Zootecnia na Universidade Estadual do Arizona, é Ph.D. em Zootecnia,
desde 1989, pela Universidade de Illinois. Hoje ministra cursos na
Universidade Estadual do Colorado a respeito de comportamento de
rebanhos e projetos de instalação, além de prestar consultoria para a
indústria pecuária em manejo, instalações e cuidado de animais. À data
de outubro de 2016 ela é a mais bem-sucedida e célebre profissional
norte-americana com autismo, altamente respeitada no segmento de
manejo pecuário. Sua vida foi tema do filme Temple Grandin, em 2010,
quando ela foi mencionada pela revista Time na lista das 100 pessoas
mais influentes do mundo, na categoria dos “Heróis”. Ela faz uma
analogia: com as crianças autistas é preciso agir do mesmo modo, isto é,
trabalhando a favor delas, ajudando-as a descobrir e desenvolver seus
talentos ocultos. Ela já escreveu mais de 400 artigos publicados em
revistas científicas e periódicos especializados, tratando de manejo de
rebanho, instalações e cuidados dos animais.
É uma observação aguda, ainda mais importante porque ela vem de uma
pessoa autista.
https://www.youtube.com/watch?v=9Ty6vj3aPxM
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por um brete3 para seu tratamento veterinário. Eu me ajoelhava e tirava fotos
pela calha do nível dos olhos da vaca. Usando as fotos, pude descobrir quais
coisas assustaram o gado, como sombras e manchas brilhantes de luz solar.
Naquela época eu usei um filme em preto e branco, porque há vinte anos
cientistas acreditavam que o gado não tinha visão de cor. Hoje, a pesquisa
mostrou que o gado pode ver as cores, mas as fotos proporcionaram a
vantagem única de ver o mundo através do ponto de vista de uma vaca. Eles
me ajudaram a descobrir por que os animais se recusaram a entrar em um
brete, mas, de bom grado, atravessaram outra estrutura desenhada por mim”.
Segundo Grandin (2018):
Pensamento conceitual
Todos os indivíduos do espectro autista têm dificuldades em formar
conceitos. Problemas com pensamento conceitual ocorrem em todos os tipos
de cérebro especializados. O pensamento conceptual ocorre no córtex frontal.
O pensamento conceitual
O pensamento conceitual ou lógico opera de maneira diferente e mesmo
oposta à do pensamento mítico. A primeira e fundamental diferença está
no fato de que enquanto o pensamento mítico opera por bricolage
3 Brete (em inglês: cattle crush, squeeze chute ou stock) é um compartimento ou jaula para
reter bovinos, cavalos ou outros tipos de gado com segurança enquanto estes são
examinados, marcados ou recebem tratamento veterinário
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(associação dos fragmentos heterogêneos), o pensamento conceitual
opera por método (procedimento lógico para a articulação racional entre
elementos homogêneos). Dessa diferença resultam outras:
• um conceito ou uma idéia não é uma imagem nem um símbolo, mas
uma descrição e uma explicação da essência ou natureza própria de um
ser, referindo-se a esse ser e somente a ele;
• um conceito ou uma idéia não são substitutos para as coisas, mas a
compreensão intelectual delas;
• um conceito ou uma idéia não são formas de participação ou de relação
de nosso espírito em outra realidade, mas são resultado de uma análise
ou de uma síntese dos dados da realidade ou do próprio pensamento;
• um juízo e um raciocínio não permanecem no nível da experiência, nem
organizam a experiência nela mesma, mas, partindo dela, a
sistematizam em relações racionais que a tornam compreensível do
ponto de vista lógico;
• um juízo e um raciocínio buscam as causas universais e necessárias
pelas quais uma realidade é tal como é, distinguindo o modo como ela
nos aparece do modo como é em si mesma; as causas e os efeitos são
homogêneos, isto é, são de mesma natureza;
• um juízo e um raciocínio estudam e investigam a diferença entre
nossas vivências subjetivas, pessoais e coletivas, e os conhecimentos
gerais e objetivos, que são de todos e de ninguém em particular.
Estabelecem a diferença entre vivências subjetivas e a estrutura objetiva
do pensamento em geral;
• o pensamento lógico submete seus procedimentos a métodos, isto é, a
regras de verificação e de generalização dos conhecimentos adquiridos;
a regras de ordenamento e sistematização dos procedimentos e dos
resultados, de modo que um conhecimento novo não pode simplesmente
acrescentar-se aos anteriores (como no bricolage), mas só se junta a
eles se obedecer a certas regras e princípios intelectuais. Assim, por
exemplo, a teoria física elaborada por Aristóteles não pode ser acrescida
pela de Galileu, pois são contrárias; do mesmo modo, a física de Galileu
e de Newton não podem ser acrescentadas à teoria da relatividade, mas
podem apenas ser consideradas um caso especial da física, quando os
objetos são macroscópicos e quando a separação entre o observador e
o observado são possíveis.
O pensamento lógico ou racional (ou o pensamento objetivo) opera de
acordo com os princípios de identidade, contradição, terceiro excluído,
razão suficiente e causalidade; distingue verdades de fato e verdades de
razão; diferencia intuição, dedução, indução e abdução; distingue análise
e síntese; diferencia reflexão e verificação, teoria e prática, ciência e
técnica.
4 CEO: diretor executivo, diretor geral ou Chefe Executivo de Ofício (às vezes designado pelo
estrangeirismo Chief Executive Officer, ou pela sigla CEO, em inglês) é o cargo que está no
topo da hierarquia operacional de uma empresa.
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pesquisa científica apóia minha ideia. As memórias visuais e musicais
detalhadas residem no córtex visual e auditivo primário inferior e um
pensamento mais conceitual é em áreas de associação onde as entradas de
diferentes partes do cérebro são mescladas .
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Em seu depoimento Grandin(2018) relatou:
“Se eu colocasse uma variedade de coisas comuns em uma mesa, como
grampeadores, lápis, livros, um envelope, um relógio, chapéus, bolas de golfe e
uma raquete de tênis, e pedi a um indivíduo com autismo que escolhesse
objetos contendo papel. Ele poderia conseguir. No entanto, os autistas, muitas
vezes têm dificuldade, quando solicitado a encontrar novas categorias de
objetos.
Dentro dessa perspectiva Grandin (2018) citou a pesquisa de Itzahak
Fried na UCLA mostrou que os neurônios individuais aprendem a responder a
categorias específicas. Em gravações obtiddas em pacientes submetidos à
cirurgia no cérebro mostraram que um neurônio pode responder apenas a
imagens de alimentos e outro neurônio pode responder apenas a imagens de
animais. Este neurônio não responderá a imagens de pessoas ou objetos. Em
outro paciente, um neurônio no hipocampo respondeu a imagens de uma atriz
de cinema, mas não respondeu a fotos de outras mulheres. O hipocampo é
como o buscador de arquivos do cérebro para localizar informações na
memória armazenada.
Conforme Bekoff (2018), observações cuidadosas no caso de não-
humanos, que nunca poderão nos dizer verbalmente o que estão pensando e
sentindo, mostram claramente que são inteligentes e conscientes e se
preocupam muito com o que lhes acontece, suas famílias e seus amigos.
Ausente a linguagem verbal, em outros animais claramente nos dizem o que
eles precisam e o que eles querem e o que eles estão pensando e sentindo, e
precisamos escutar atentamente. Como nós, eles querem viver em paz e
segurança, e não está pedindo muito a nós para que isso seja uma realidade
para os bilhões de outros animais que sofrem todos os anos por causa do que
escolhemos fazer com eles.
Lexigrama
O termo lexigrama vem do grego "Lexicos", que significa "pertencer às
letras" e "Gramma", que significa "escrever ou palavras". Lexigrama
Lexigrama no autismo
Existem vários sistemas que ajudam a comunicação do autismo.O
Lexigrama, é um sistema de sinais que, embora ainda não tenha sido
concluído, ainda pode ser considerado uma alternativa. Um conjunto de
9 elementos pode ser combinado para formar um significado. Embora
esteja em estudo. Um sistema com elementos muito simples, como um
quadrado ou um círculo.
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efeito de normalização e início da conversação. A interação com animais
também pode oferecer um contexto para o desenvolvimento socio-emocional
melhorado. Por exemplo, a introdução de um animal na casa de uma criança
com TEA tem sido relacionada ao aumento da empatia e do comportamento
pro-social. A presença de um animal na casa também tem sido relacionada ao
aumento do humor e sensação de bem-estar entre as crianças com TEA e
suas famílias. Os benefícios documentados da IHA levaram à prática de
incorporar animais em empreendimentos terapêuticos, conhecidos como
Intervenção assistida por animais. Seu uso para indivíduos com TEA é o
assunto de crescente investigação científica.
Conclusões
Em conclusão, a literatura atual fornece evidências de que crianças com
TEA parecem demonstrar mais comportamentos de abordagem social na
presença de animais. Essas descobertas são de valor clínico, pois sugerem
que a inclusão de animais na intervenção terapêutica, conhecida como
Intervenção assistida por animais, pode ser uma maneira efetiva de aumentar a
interação social e aumentar os resultados sociais comportamentais. Eles
também fornecem uma visão de uma nova estratégia para aumentar as
interações para crianças com TEA com seus pares, na sala de aula da escola.
O depoimento de Temple Grandin, autista, em seu artigo Consciousness
in Animals and People with Autism (Consciência em animais e pessoas com
autismo), concluiu que a medida que os cérebros se tornam mais complexos, a
complexidade da consciência aumenta. Talvez em alguns animais, apenas um
senso seja totalmente consciente. Pode ser mais fácil definir a consciência
dizendo o que não é. Não é um reflexo, não é simples, e não é um instinto com
fio rígido que funciona como um programa de computador. O comportamento
consciente é flexível. O comportamento consciente permite que os animais
façam escolhas entre diferentes opções. É difícil para algumas pessoas
imaginar uma consciência diferente de si mesma. Os pensadores baseados na
linguagem, muitas vezes têm dificuldade em imaginar que os animais podem
pensar.
Grandin continuando o seu depoimento afiemou que muitaspessoas não
podem imaginar pensar sem palavras. Collin Allen do departamento de filosofia
da Texas A & M University (EUA), afirma que muitos cientistas podem aceitar a
ideia de que os animais, têm representações internas de memórias e eventos.
Algumas pessoas pensam, que os animais não estão conscientes porque não
têm crenças e desejos como seres humanos. Eu não tenho algumas das
maiores consciências abstratas que a maioria das pessoas tem, então eu tenho
que definir "crença" e "desejo". Se eu disser que desejo bolo de chocolate eu
imediatamente vejo uma fatia de bolo. O desejo não tem um significado
abstrato. Eu apenas vejo fotos de coisas que eu gostaria. Eu uso a palavra
crença para descrever coisas em que há uma grande probabilidade de que
algo possa ser verdade.
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Para saber mais
BEKOFF, M. Do Animals Typically Think Like Autistic Savants? Temple
Grandin says they do and autism helps her better connect with them.
https://www.psychologytoday.com/blog/animal-emotions/201308/do-animals-
typically-think-autistic-savants
Acesso em 09 fev. 2018.
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