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Lição 2 - Normas e Princípios Contábeis

Princípio é uma premissa, uma verdade absoluta e inquestionável.

Normas são regras convencionais adotadas e estabelecidas por doutrinado-


res e profissionais, com a finalidade de uniformizar e sistematizar os regis-
tros contábeis.

1. Princípios Contábeis
1.1 Resolução CFC Nº 750/93

O Conselho Federal de Contabilidade, com a Resolução nº 750/93, definiu os


Princípios Contábeis aplicáveis às Demonstrações Contábeis. São eles:
• Princípio da Entidade
• Princípio da Continuidade
• Princípio da Oportunidade
• Princípio do Registro pelo Valor Original
• Princípio da Atualização Monetária
• Princípio da Competência
• Princípio da Prudência
1.2 Princípio da Entidade

Este princípio reconhece que a contabilidade é mantida para a entidade ou


empresa e deverá ser diferenciada do patrimônio do seu proprietário, não
confundindo, assim, o patrimônio da empresa com o do seu dono.

Exemplo: João é dono da empresa X. Ele não pode contabilizar pagamentos de


sua residência a título de despesas na sua empresa, porque as entidades não
devem se confundir.

1.3 Princípio da Continuidade

A continuidade ou não da entidade, bem como sua vida definida ou provável,


deve ser considerada quanto à classificação e avaliação das mutações patri-
moniais, quantitativas e qualitativas.

O Princípio da Continuidade significa que a empresa é uma entidade em an-


damento que funcionará por um período indeterminado e que, na ocasião do

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levantamento do Balanço Patrimonial, as informações ali apresentadas não
significam o fim da empresa, e, sim, um levantamento momentâneo.

Exemplo: a empresa de João, quando foi constituída, seu prazo de duração era
indeterminado. Porém, havendo dificuldades econômicas na sua adminis-
tração, pode requerer-se o seu fim, mesmo esperando-se na sua constituição
uma continuidade das atividades da empresa por muitos anos.

1.4 Princípio da Oportunidade

O Princípio da Oportunidade refere-se, simultaneamente, à tempestividade1 e


integridade do registro do patrimônio e das suas mutações, determinando
que seja feito de imediato e com a extensão correta, independentemente das
causas que as originaram.

Exemplo: o contador de João deve registrar os fatos contábeis de encerra-


mento da empresa X, na data de sua ocorrência, de maneira íntegra, para que
seus usuários com base nessas informações também registrem esses fatos
nas suas empresas.

1.5 Princípio do Registro pelo Valor Original

Os componentes do Patrimônio devem ser registrados pelos valores originais


das transações com o mundo exterior, expressos a valor presente na moeda
do país.

Exemplo: Manoel comprou uma motocicleta no valor de R$ 5.000,00 e finan-


ciou esse valor em 12 meses, pagando R$ 200,00 de juros por mês. O contador
registrará o bem (motocicleta) pelo seu valor original de R$ 5.000,00 e não
pelo valor total que será pago. Os registros de juros devem ser feitos quando
se realizarem.

1.6 Princípio da Atualização Monetária

Os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda nacional devem ser re-


conhecidos nos registros contábeis por meio do ajuste da expressão formal
dos valores dos componentes patrimoniais. Esse princípio vigorou até o final
do exercício de 1995, quando as empresas foram proibidas do uso da corre-
ção monetária em suas Demonstrações Contábeis. Revogado pela Resolução
CVM nº 1.282/10.

Exemplo: quando Manoel comprou a motocicleta, seu valor era de R$


5.000,00, porém, esse bem tem uma alteração do seu valor original, se com-
parado com seu preço de mercado atual. Logo, o contador deve atualizar mo-
netariamente esse ativo.

1. Tempestividade
Qualidade ou característica de tempestivo, oportuno, que ocorre no momento certo;
oportunidade.

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1.7 Princípio da Competência

As receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do


período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacio-
narem, independentemente de recebimento ou pagamento.

Exemplo: Manoel deve registrar na Contabilidade a compra da motocicleta


na data da sua realização, independentemente de ter pago o valor total ou
não.

1.8 Princípio da Prudência

Determina a adoção do menor valor para os componentes do Ativo, e do


maior para os do Passivo, sempre que se apresentem alternativas igualmente
válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patri-
mônio líquido.

Exemplo: Cláudia comprou ações pelo valor de R$ 1.000,00, porém, quan-


do comparou com o preço de mercado, percebeu que essas ações valiam R$
1.200,00. O registro contábil, conforme o Princípio da Prudência, determina
que esse valor de Ativo seja registrado pelo menor valor, ou seja, R$ 1.000,00.

2. Postulados, Princípios e Convenções Contábeis


Com a padronização das leis contábeis internacionais, novos padrões foram
adotados no Brasil, os princípios contábeis aceitos no país são os expostos
acima da Resolução 705/93. No entanto, muitos pesquisadores contábeis con-
sideram estes princípios distribuídos da seguinte forma:

2.1. Postulados

Os pilares principais da Contabilidade podem ser comparados ao alicerce de


uma casa, sem ele tudo “desmorona”. São eles:
• Entidade
• Continuidade
2.2 Princípios

Pilares secundários, comparados à parede de uma casa, são necessários para


sustentar o teto, tem como intuito de normalizar os lançamentos e relatórios.
São eles:
• Oportunidade, também conhecida como da realização da receita e
confrontação da despesa.
• Registro pelo valor original, também conhecido como do custo com base
de valor.
• Atualização monetária, também conhecido como do denominador
comum monetário.

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• Competência.
• Prudência.
2.3 Convenções

Considerado o teto de uma casa, ele qualifica e delimita dos princípios, tam-
bém conhecido como restrição dos princípios, pois não permite ampla mar-
gem aos princípios, restringindo ou limitando-os:
• Da objetividade – os procedimentos devem ser igualmente relevantes,
resultantes da aplicação dos princípios.
• Da materialidade (relevância) – Deve se preocupar com o que é
realmente relevante, ou seja, na ideia de diminuir tempo e dinheiro não se
deve prender a coisas pequenas como, por exemplo, a diferença de R$ 0,01
para bater o Balanço Patrimonial.
• Do conservadorismo (prudência) – conceitualmente igual ao princípio da
prudência.
• Da consistência (uniformidade) – ao se adotar um determinado processo,
recomenda-se não mudá-lo constantemente.

3. Revogação da Resolução CFC nº 750/93


Instrumento fundamental do processo de convergência das Normas Brasilei-
ras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBC TSP) ao padrão inter-
nacional, editado pela Federação Internacional de Contadores (IFAC, na sigla
em inglês), a Estrutura Conceitual (NBC TSP EC) foi publicada pelo Conselho
Federal de Contabilidade no dia 4 de outubro de 2016.

Esta norma antecede a convergência das demais, apresentando os conceitos


basilares para a elaboração e divulgação de informação contábil de propósito
geral pelas entidades do setor público.

Ao ser publicada no Diário Oficial da União (DOU), a NBC TSP EC revogou as


resoluções do CFC que aprovaram as normas aplicáveis ao setor público NBC
T 16.1 a 16.5, parte da NBC T 16.6 e, ainda, a Resolução nº 750/1993, que dispõe
sobre os Princípios de Contabilidade, e a 1.111/2007, que trata da interpretação
dos princípios sob a perspectiva da área pública.

Revogar a Resolução nº 750/1993, porém, não significa que os Princípios de


Contabilidade estejam extintos – “Princípios sempre serão Princípios”

A revogação das resoluções visa à unicidade conceitual, indispensável para


evitar divergências na concepção doutrinária e teórica, que poderiam com-
prometer aspectos formais das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBCs).

Para orientação geral e esclarecimentos que possam vir a ser necessários


sobre a revogação da Resolução nº 750/1993 e seu apêndice, a Resolução nº

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1.111/2007, o CFC traz à luz os fatos, providos do necessário contexto histórico,
relativos à revogação das duas resoluções e à realocação dos Princípios de
Contabilidade em Estruturas Conceituais específicas:

3.1. Considerações sobre a Revogação da Resolução CFC nº 750/93

Em 2008, quando se iniciou o processo de convergência das normas contá-


beis brasileiras aos padrões internacionais – International Financial Reporting
Standards (IFRS), para o setor privado, e International Public Sector Accounting
Standards (IPSAS), para a área pública –, a Resolução nº 750/1993 teve que ser
revista em razão da aprovação do “Pronunciamento Conceitual Básico – Es-
trutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações
Contábeis”, pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC).

Esse Pronunciamento foi referendado pelo CFC e deu origem à NBC T 1 – Es-
trutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações
Contábeis (Resolução nº 1.121/2008).

Naquele ano, com a publicação da NBC T 1, houve reflexões sobre a oportuni-


dade de revogação da Resolução nº 750/1993, considerando-se que passariam
a coexistir duas orientações sobre as características da informação contábil
do setor privado. Decidiu-se, na época, que a resolução não seria revogada
porque seria realizada, futuramente, uma revisão em seu conteúdo para ade-
quação à NBC T 1 e, também, para a manutenção dos princípios para as enti-
dades do setor público.

Em 2011, a NBC T1 foi revogada pela Resolução nº 1.374, que lhe deu nova reda-
ção, passando a ser intitulada NBC TG Estrutura Conceitual – Estrutura Con-
ceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro.

No processo de revisão da Resolução nº 750/1993, surgiram questões como,


por exemplo, a preponderância de alguns Princípios da Contabilidade sobre
outros – ou seja, alguns princípios não apresentados na Resolução nº 750/1993
poderiam ser interpretados como de menor relevância, ou não “fundamen-
tais”, gerando dúvidas para os profissionais.

Outro ponto considerado no processo de revisão da resolução foi a mudan-


ça do contexto socioeconômico do Brasil, que levou à necessidade de alguns
ajustes, como a avaliação da aplicabilidade do princípio da atualização mone-
tária no contexto da estabilidade financeira. Desse processo de revisão surgiu
a Resolução nº 1.282/2010, alterando a Resolução nº 750/1993.

A convergência da contabilidade das empresas privadas ao padrão interna-


cional (IFRS) avançou rapidamente.

Enquanto isso, a Contabilidade Aplicada ao Setor Público (CASP) iniciava a


busca por padrões internacionais e carecia de uma Estrutura Conceitual que
pudesse ampliar os princípios da contabilidade sob a perspectiva do setor pú-
blico.

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As primeiras NBC TSP (NBC T 16.1 a 16.10), editadas em 2008, buscaram com-
patibilizar as diretrizes dos princípios de contabilidade com a informação
contábil do setor público alinhada aos padrões internacionais.

Em 2015, em razão da necessidade de se aprimorar a CAPS, o Conselho Fede-


ral de Contabilidade criou uma comissão para avançar no processo de con-
vergência das NBC TSP às IPSAS.

Adotou-se a estratégia de convergência integral às IPSAS, ou seja, as normas


internacionais passariam a ser traduzidas e adaptadas, sempre que necessá-
rio, à realidade brasileira.

Da mesma forma como ocorreu no processo de convergência da contabilida-


de do setor privado, a primeira norma da área pública convergida foi a NBC
TSP Estrutura Conceitual – Estrutura Conceitual para a Elaboração e Divul-
gação de Informação Contábil de Propósito Geral pelas Entidades do Setor
Público, publicada no DOU do dia 4 de outubro de 2016.

Com isso, os Princípios de Contabilidade, sob o ponto de vista das Estruturas


Conceituais dos setores privado e público passaram a ser comportados den-
tro das normas específicas, respectivamente, a NBC TG Estrutura Conceitual
(Resolução nº 1.374/2011) e NBC TSP EC.

Diante desses fatos, tornou-se necessária e natural a revogação da Resolução


nº 750/1993, para evitar eventual conflito de referência conceitual.

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