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✓ Raízes históricas;
✓ Aproximações conceituais;
✓ Pressupostos e Valores
Inclui textos retirados da dissertação de mestrado da Desa. Mª. Joanice Guimarães
Unidade de textos compilada pelo Bel. José Raimundo dos Santos Júnior
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OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
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APRESENTAÇÃO
Bem-vindo à Unidade 1 do nosso curso. É muito bom contar com a sua participação.
Iniciaremos nossos estudos com a uma introdução sobre o que vem a ser JUSTIÇA
RESTAURATIVA passando pelas raízes históricas que construíram a JR como
conhecemos nos dias de hoje, seus aspectos conceituais onde iremos apresentar as
ideias que norteiam o pensamento restaurativo e finalmente iremos discutir seus
princípios e valores.
O objetivo é que, ao final, você tenha condições de compreender os elementos
formadores e conceituais da Justiça Restaurativa.
Vamos trabalhar!
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PLANO DE TRABALHO
UNIDADE 1
1. JUSTIÇA RESTAURATIVA
1.1. Raízes históricas;
1.2. Aproximações conceituais;
1.3. Pressupostos e Valores
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SUMARIO UNIDADE 1
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 2
APRESENTAÇÃO 3
PLANO DE TRABALHO 4
PRIMEIRAS PALAVRAS SOBRE JUSTIÇA RESTAURATIVA 6
RAÍZES HISTÓRICAS 8
ASPECTOS CONCEITUAIS 12
PRESSUPOSTOS E VALORES 18
REFERÊNCIAS 26
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PRIMEIRAS PALAVRAS SOBRE JUSTIÇA RESTAURATIVA
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compensação a; pagar, indenizar <r. danos>”. Este é um sentido óbvio de qualquer
prática de natureza restaurativa. Os danos emocionais e materiais não devem
permanecer sem respostas. A reparação criativa, com a escuta das necessidades do
trinômio vítima-ofensor-comunidade, é o que se busca por este tipo de abordagem
depois que uma ofensa causa um desequilíbrio entre as relações interpessoais e
sociais. O Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (versão online) traz também
os significados para o verbo em referência de “recuperar, renovar, reconstituir,
revigorar” ou até mesmo de “dar um novo esplendor”, dos quais a Justiça Restaurativa
apropria a idéia de que os incidentes, se devidamente trabalhados, podem dar nova
cara às relações deterioradas por ocasião de uma ofensa, com a característica de não
marcar o ofensor com os estigmas do sistema judicial penal vigente.
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RAÍZES HISTÓRICAS
Assim, o Direito, instrumento de controle social, que até então era atrelado a
moral cristã, sob as premissas do positivismo jurídico passou a ter como única
realidade os ditames da lei. No caso especifico do Direito Penal, ocorreu um
distanciamento da moral religiosa, pois, sua fonte estava no poder político da
sociedade capitalista que o instrumentalizava para a manutenção da ordem burguesa
e liberal, sob a justificativa que, através da identificação das condutas desviantes e da
segregação carcerária, seria possível a manutenção da segurança e da estabilidade
social.
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no pensar e no existir, o desencanto com a ciência, a invenção de armas de guerra,
terrivelmente destrutivas, a crise ecológica global e outros acontecimentos históricos,
ensejaram em meados do século XX, um doloroso e gradual processo de reflexão
histórico–filosófico em contraposição ao “status quo” vigente. Não mais subsistindo
dúvida que o sistema formal de justiça, já não consegue dar conta das muitas
demandas que lhe são colocadas, em todas as áreas do conhecimento, surge uma
perplexidade, e a busca por novos paradigmas, se tornou inevitável.
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concepção das teorias do consenso, que partem da premissa que a sociedade atinge
as suas finalidades quando há um perfeito funcionamento das suas instituições. Tais
entendimentos, associados à criminologia radical desenvolvida na Universidade de
Berkeley, objetivando substituir punição por controle, iniciaram uma profunda crítica
às instituições repressivas da época, retomando às lições do sociológico Émille
Durkheim sobre a ideia da consciência coletiva ou comum e da ruptura dos padrões
sociais de conduta.
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de Ciências Sociais, quanto à possibilidade de ser a Justiça Restaurativa usada como
uma das vias alternativas para a ação penal.
Apesar da explosão da justiça restaurativa acontecer nos anos 90, antes dela
já existiam valores, processos e práticas restaurativas. Todavia somente na década
de 90 o tema voltou a atrair o interesse de pesquisadores como um caminho possível
para reversão da situação de ineficiência e altos custos, tanto financeiros como
humanos, do sistema de justiça tradicional e do fracasso deste sistema na
responsabilização dos infratores e atenção as necessidades e interesses das vítimas.
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ASPECTOS CONCEITUAIS
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Por outro lado, em relação ao seu nome, várias expressões têm sido usadas,
tais como, justiça transformadora, justiça reparadora, justiça conciliadora, justiça
pacificadora, justiça relacional, justiça comunitária, que no entanto, conduzem sempre
à ideia de uma justiça que busca a restauração, a reparação, o conserto, o acerto, o
encontro, a reconciliação, a expiação, a composição, através de ações firmadas de
modo participativo e com responsabilidade.
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estruturais mais profundas, mas pode pedir para que ela não torne tais injustiças ainda
piores e a justiça restaurativa, tem também, o papel de restaurar a harmonia através
do procedimento baseado no diálogo levando em consideração as injustiças
subjacentes.
E esta não definição única de conceito tem relação com o fato da justiça
restaurativa também se apresentar como movimento social em busca do afastamento
do paradigma dominante, apresentando dimensões variáveis e por vezes, conflitantes,
como a dimensão ética, instrumental e comunitária, as quais se sobrelevam ou se
subvalorizam conforme os contextos e programas implementados.
Por isso, vale as contribuições de Howard Zehr (2018) ao indicar o que não é
objetivo da justiça restaurativa, afunilando, minimamente, o campo de apreensão
deste instituto. Desta maneira, a justiça restaurativa não serve para gerar,
necessariamente, o perdão ou a reconciliação, isso pode ocorrer. No entanto, a
escolha por experimentar estes sentimentos aflorará dos imbricados. Não pode haver
nenhuma pressão neste sentido, pois isso descreditaria a proposta restaurativa.
Outros aspectos são levantados pelo autor como o que não é justiça
restaurativa, sendo que o presente estudo não se debruçará sobre esses. Todavia, é
importante ressaltar as necessidades, tanto da vítima, quanto do ofensor, como
também da comunidade para que a restauração seja promissora.
A vítima precisa ser bem informada com conteúdos reais e não especulativos,
requerendo um acesso direto ou indireto ao ofensor, detentor da informação; precisa
narrar o acontecido com verdade, apresentando o dano ao ofensor e o impacto disso
na vida desta (da vítima); e precisa estar e ser empoderada diante do contexto aflitivo
que a arrebatou (ZERH, 2018).
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precisa de estímulo à transformação pessoal e de aprimoramento das competências
pessoais. Enquanto que as comunidades tem por necessidades: o fomento ao
convívio saudável e o incremento dum senso comunitário com responsabilidade
mútua (ZERH, 2018).
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pessoal e a recuperação dos ofensores.
Albert Eglash, foi quem em 1975, conceituou, pela primeira vez Justiça
Restaurativa, originando-se este conceito, da sua antiga noção de “restituição criativa”
ou “restituição guiada”, referindo-se “à reabilitação técnica onde cada ofensor, debaixo
de supervisão apropriada, é auxiliado a achar algumas formas de pedir perdão aos
que atingiu com sua ofensa e a 'ter uma nova oportunidade' ajudando outros
ofensores”.
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uso das suas próprias definições, gerou o conceito seguinte:
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PRESSUPOSTOS E VALORES
A Justiça Restaurativa visa uma abordagem aplicada com garantias, além de
um tratamento igualitário, não estigmatizante, que tem como objetivo restaurar os
efeitos adversos do ato lesivo a partir do enfoque das necessidades integrais das
partes envolvidas, abrangendo a reparação de ordem material, emocional e afetiva.
Assim, isto será efetivado, com a responsabilização do ofensor, pela reparação em
favor da vítima, completando-se com a reinclusão de ambos à comunidade.
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A essência propagada pela restauração vem de muito tempo, dos povos
maoris, na Nova Zelândia, que empregavam a ideologia restaurativa com grande
repercussão positiva dentro da comunidade.
Além disso, não houve redução temporal, pois todo o trâmite processual já se
deu, e o que verdadeiramente ficou, foi a enorme necessidade de resolver os aspectos
aflitivos que perduram e permanecem entre a vítima e o ofensor, mesmo diante duma
sentença. Daí em diante, diversas experiências sucederam e os países, pelas mais
variadas formas de compartilhamentos das vivências, vem mesclando e buscando
êxito em suas performances.
Ainda sob os cuidados do princípio do respeito, tal existe também para criar
ambiente para o exercício do empoderamento e da não dominação. Interessante notar
que o empoderamento implica na não dominação e vice-versa.
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O empoderamento acontece quando as partes atuam de forma livre, com a
tranquilidade para expressar suas necessidades e o modo como creem que os danos
podem ser reparados. A não dominação se manifesta quando não há desequilíbrio de
poderes entre as partes, logo, todas tem vez e voz qualificadas na comunicação
(BRAITHWAITE, 2002).
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A proporcionalidade serve para o exercício da tolerância e do equilíbrio quanto
ao saneamento de necessidades, sejam elas material, simbólica ou emocional. De
nada adiantaria realizar o caminho restaurativo, se o acordo, ao final, levasse à
estigmatização destrutiva, degradante ou humilhante do desfecho. O aprendizado não
viria para nenhum dos imbricados.
ZEHR (2018) aponta para outro princípio que não pode deixar de ser
apresentado: o da solidariedade. Quando se pensa nela, se está diante do exercício
de cooperação, pois são usados processos inclusivos e cooperativos para corrigir
danos e males.
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1. plenas e precedentes informações sobre as práticas restaurativas e
os procedimentos em que se envolverão os participantes; 2.
autonomia e voluntariedade na participação em práticas restaurativas,
em todas as suas fases; 3. respeito mútuo entre os participantes do
encontro; 4. corresponsabilidade ativa dos participantes; 5. atenção às
pessoas envolvidas no conflito com atendimento às suas
necessidades e possibilidades; 6. envolvimento da comunidade,
pautada pelos princípios da solidariedade e cooperação; 7.
interdisciplinaridade da intervenção; 8. atenção às diferenças e
peculiaridades socioeconômicas e culturais entre os participantes e a
comunidade, com respeito à diversidade; 9. garantia irrestrita dos
direitos humanos e do direito à dignidade dos participantes; 10.
promoção de relações equânimes e não hierárquicas; 11. expressão
participativa sob a égide do Estado Democrático de Direito; 12.
facilitação feita por pessoas devidamente capacitadas em
procedimentos restaurativos; 13. direito ao sigilo e confidencialidade
de todas as informações referentes ao processo restaurativo; 14.
integração com a rede de políticas sociais em todos os níveis da
federação; 15. desenvolvimento de políticas públicas integradas; 16.
interação com o sistema de justiça, sem prejuízo do desenvolvimento
de práticas com base comunitária; 17. promoção da transformação de
padrões culturais e a inserção social das pessoas envolvidas; 18.
monitoramento e avaliação contínua das práticas na perspectiva do
interesse dos usuários.
Dos princípios e valores citados, é importante destacar que somente
participarão dos processos restaurativos aqueles que desejarem e, ainda assim,
deverão passar por uma etapa anterior para que sejam esclarecidos os objetivos e
condições da prática.
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Os mais importantes desses valores incluem:
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comunitário o cenário ideal para tratar as consequências (e as causas) da
transgressão e traçar um caminho restaurativo para frente.
Princípios básicos
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não é processual, reduzir processo...) e consequências, para que então, com o devido
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REFERÊNCIAS
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