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em atuação contra
Violência A Violência
Obstétrica no
Obstétrica
Sistema Jurídico
Brasileiro
(Carroli G. Mignini L. Episiotomy for vaginal birth. Cochrane Database of Systematic Reviews. In: The Cochrane
Library, Issue 9, 2014, Art. No. CD000081. DOI: 10.1002/14651858.CD000081.pub2 2009; Hartmann K, Viswanathan
M, Palmieri R, Gartlehner G, Thorp J Jr, Lohr KN. Outcomes of Routine Episiotomy, A Systematic Review. JAMA, May
4, 2005—Vol 293, No. 17 (Reimpresso). Disponível em http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15870418
Carla Raiter, 1:4 Retratos da Violência Obstétrica; carlaraiter.com
Pequeníssimo glossário de intervenções
Manobra de Kristeller: pressão
no fundo do útero, para apressar
o nascimento do bebê.
Violência
Obstétrica
Leis
Outras específicas
Normas
Lei do Acompanhante
• Lei 11.208/2005 – Art 19-J
• Indicação pela parturiente: § 1º
• Pós-parto imediato = até 10 dias depois do parto
• Estabelecimentos tiveram SEIS meses para adaptar-se
• Resolução 36/2008, da ANVISA
• Lei 12.895/13 - hospitais do SUS ou conveniados
devem manter, em local visível, aviso de que as
gestantes têm direito a acompanhante durante o
trabalho de parto, parto e pós-parto
Carla Raiter, 1:4 Retratos da Violência Obstétrica; carlaraiter.com/lem4
LEI ESTADUAL DE SANTA CATARINA Nº
16.869, DE 15 DE JANEIRO DE 2016:
dispõe sobre a presença de doulas
durante todo o período de trabalho de
parto, parto e pós-parto imediato, e
estabelece outras providências
PREVÊ SANÇÃO: Art. 3º, I - advertência
por escrito, na primeira ocorrência; II -
sindicância administrativa; e III - multa de
R$ 2.000,00 (dois mil reais) por infração,
dobrada a cada reincidência
Outros Dispositivos Legais Invocados
Artigo 19-Q, parágrafo 2o, inciso I, da Lei 12.401/2011:
obrigatoriedade de considerar as melhores evidências para
intervir;
Código de Ética Médica: RESOLUÇÃO CFM 1931/2009
(sofrendo revisão desde 2016). Arts 1º, 14, 22 e 34;
Código de Defesa do Consumidor (Lei Federal 8.078/90)
Código Civil (obrigações, responsabilidade civil: profissional de
saúde, hospital, mantenedora, convênio)
Outros Dispositivos Legais Invocados
-Artigos 138 e 139, do Código
Civil (atos jurídicos anuláveis,
erro substancial)
-Art. 132, do Código Penal (Crime de
“Perigo para a Vida ou Saúde de Outrem”)
-Art. 146, do CP (Constrangimento
Ilegal)
-Art.129 CP - lesão corporal -
episiotomia manifestamente recusada
pela mulher
Política Nacional de Humanização no Brasil
Portarias MS*
-Portaria 985/99 - Criação de Centros de Parto Normal (Casas
de Parto
-Portaria 466/2000 - Pacto pela Redução das Cesarianas
-Portaria 569/2000 - Institui o Programa de Humanização no
Pré-Natal e Nascimento
-Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e
Neonatal em 08/03/2004
-Portaria 1067/2005 - Política Nacional de Atenção Obstétrica e
Neonatal
-Portaria 399/2006 - Pacto pela Saúde
Política Nacional de Humanização no Brasil
Portarias MS*
-Portaria 699/2006 - Pacto pela Vida e de Gestão
-Portaria 4279/2010 - Organização da Rede de Atenção à
Saúde para redução da mortalidade materna e infantil
-Portaria 1459/2011 - Institui a Rede Cegonha
-Portaria 2799/2008 - Institui a Rede Amamenta Brasil
-Portaria 1153/2014 - Redefine os critérios de habilitação da
Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), garantindo o
contato pele a pele e a amametação na 1a. hora de vida
-Portaria 371/2014 - Atenção Integral e Humanizada ao
Recém-Nascido *Valeria Souza; "Violência Obstétrica"; Artemis/SP
Violência que embasou as Primeiras Ações (+50)
● Desrespeito à Lei do
Acompanhante (Lei 11.108/2005)
● Episiotomia sem fundamentação
(nunca há!)
● Cesárea sem indicação
● Kristeller
● "Vagina escola"
N TE
DE
C E
R O
IMP
A :
N Ç
N T E
SE
Nesse meio tempo...
Médica obstetra que avaliou
unicamente o prontuário
SOFREU SINDICÂNCIA E
SUBSEQUENTE PROCESSO
ÉTICO NO CRM, que ainda não
terminou.
SENTENÇA: IMPROCEDENTE
J.A., 29 anos. Na primeira filha, "Cristeler"
J.A. Lesão do plexo braquial
J.A. - Processo judicial
Sofreu todas as
intervenções.
AGUARDANDO PERÍCIA HÁ DOIS ANOS!
Ações Judiciais
A pergunta é: está no prontuário? Como provar?
F.A., 36 anos, segundo filho. VBAC. Plano de parto,
obstetra bacana...
Analgesia apesar da
negativa
Bebê descendo
Kristeller violento,
aplicado pelo
anestesista
F.A. - Declaração do proctologista.
F.A. - Anotação em prontuário
Violência
Obstétrica
A Violência Obstétrica
no Sistema Jurídico Brasileiro
Parte 2
Prevenção possível
-Termos de recusa
-Planos de parto
Polícia?
Advogada(o)?
Violência obstétrica que já aconteceu, o que
fazer?
-Hospital
-CFM/COREN
-Secretaria de Saúde
-Ministério Público Federal (http://www.mpf.mp.br/para-o-
cidadao/sac – sala de atendimento ao cidadão e Estadual
-Mediação e Conciliação
-Ação judicial
A Ação Judicial por Violência Obstétrica hoje
Prescrição: Código Civil (dano moral/3 anos) e Código de
Defesa do Consumidor (5 anos)
Ação de cunho indenizatório (danos morais, eventualmente
estéticos e até materiais)
Saúde como direito a ser protegido pelo Estado – direito
social e direito do consumidor: CDC, art 6º, I, saúde como
direito básico do consumidor
Efeito prático: inversão do ônus da prova ou teoria das cargas
probatórias dinâmicas
A Ação Judicial por Violência Obstétrica hoje
JEC X Justiça Comum: experiência prática
JEC:
• prós = gratuidade em primeiro grau; celeridade
• contras = falta de aprofundamento;
impossibilidade de perícia (questionável);
improcedência ou julgado extinto sem apreciação
do mérito
Justiça Comum:
• prós: aprofundamento; perícia; discussão;
contraditório com mais fases;
• contras: valores; lentidão
A Ação Judicial por Violência Obstétrica hoje
Justiça Gratuita
-CF: (XXXV, do artigo 5º) e inciso LXXIV, mesmo artigo:
Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos
que comprovarem 'insuficiência de recursos’”
-Parágrafo único do artigo 2º, da Lei Federal 1060/1950,
necessitado: situação econômica não lhe permita pagar as
custas do processo e os honorários de advogado, sem
prejuízo do sustento próprio ou da família.
-Declaração de pobreza bastaria
-É bom juntar outras provas: quais?
A Ação Judicial por Violência Obstétrica hoje
Pólo passivo Profissional de saúde –
responsabilidade subjetiva: Vale a pena?
Estabelecimento de saúde –
responsabilidade objetiva (alguns
reputam solidária, concomitante)
Seguro saúde / convênio –
responsabilidade objetiva
Mantenedora de hospitais – consulta
ao CNES do DATASUS
A Ação Judicial por Violência Obstétrica hoje
Pólo Ativo
Desrespeito à Lei do
Acompanhante: a Mulher
O pai da criança (quando era
esse o acompanhante de
escolha):
"Pela afronta à dignidade do autor, que perdeu momento único
de sua vida", em Apelação Cível nº 70074397753, Comarca de
Caxias do Sul, os julgadores arbitraram o valor da indenização
em R$ 10 mil, para o pai (25.10.2017)
A Ação Judicial por Violência Obstétrica hoje
Espécies de ilícito:
• Acompanhante
• Indução falaciosa; indução não
autorizada
• Episiotomia sem fundamentação
• Kristeller
• Desnecesárea (cesariana
desnecessária ou sem
fundamentação)
• Violência verbal
• Impedimento de movimentação
ou de posicionamento, etc.
Prontuário
"qualquer nota"!
Provas documentais
Documentação acostada à inicial
- Prontuário e a zona do agrião
- Pré-natal
- Avaliação obstétrica
- Avaliação psicológica
- Avaliação de períneo e laudos médicos
- Documentação de pré-natal saudável
- Eventuais provas de sequelas (erro médico)
- Filmes e fotos do parto
-Usamos as recomendações da
E
OMS para as intervenções no
V
parto.
I
D
-Evidência científica recente:
Ê
ECR. Melania Amorim -
N
episiotomia (Selective episiotomy vs.
C implementation of a non-episiotomy
I protocol: a randomized clinical trial)
A “com ou sem episio, os resultados
S foram os mesmos”
-Mestrado e o pavor dos
médicos
Contestação: o que alegam?
Detratores da humanização como "doutrina hippie"
Que a mulher escolheu a cesariana
Que a indução foi tentada
Que o APGAR foi 9 e 10 porque a intervenção (cesariana,
episiotomia, fórceps) foi feita e "salvou" o bebê
Desautorizam a mulher (ridicularizam, juntam postagens,
etc)
Desautorizam o pai, laudos, psicólogas, doulas
Todos os motivos para uma cesariana
Motivos "nada a ver" para indicação de cesariana
Adolescência
Alergia à placenta
Ameaça de chuva/temporal na cidade
Aniversário da gestante ou de qualquer parente próximo
Barriga “sarada”, porque a musculatura pode prejudicar
Bebê "pequeno demais"
Bebê cabeludo
Bebê desocupado: tudo pronto (tamanho e peso) e ele não
vai ganhar mais nada ficando lá dentro
Motivos "nada a ver" para indicação de cesariana
Cegueira materna
Cirurgia na orelha, anterior ao parto, estouraria o tímpano
Constipação (prisão de ventre)
Convulsão febril na infância
Criança chupando dedo na barriga (“risco de quebrar o
braço durante o parto)
Data provável do parto (DPP) próximo a feriados
prolongados e datas festivas (incluindo aniversário do
obstetra)
Enxaqueca materna
Motivos "nada a ver" para indicação de cesariana
Evolução tornou o corpo feminino incompatível com o parto
Feto com “unhas compridas”
Gestante saudável demais, podendo parir antes de chegar ao
hospital, com risco de morte do bebê
Hemorroidas
História de depressão pós-parto
Idade materna “avançada” (limites bastante variáveis, pelo que
tenho observado, mas em geral refere-se às mulheres com
mais de 35 anos.
(contribuições compiladas por Gisele Leal e organizadas por
Melania Amorim, no blog "Estuda, Melania, Estuda!"
http://estudamelania.blogspot.com/2012/08/indicacoes-reais-e-ficticias-de.html
A indicação de cesariana precisa estar
clara e fundamentada no prontuário!