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Na América Latina cada decisão de um país ou uma cidade ao adquirir bens, serviços
ou obras implica importantes repercussões econômicas e socioambientais.
Por: ALEJANDRO J. LÓPEZ-LAMIA / EL
PAÍS - 18 JUL 2019 - 15:09 BRT
Em um colóquio sobre as questões mais urgentes das ções de bens, obras e serviços que causariam os resultados
cidades do Brasil e países da região, uma colega nos mais inócuos (ou positivos) para o meio ambiente, saúde e
desafiou com a seguinte pergunta: "Vocês acreditam que segurança humana, em comparação com outros que
as cidades podem comprar sua sustentabilidade?". Depois competem e cumprem a mesma função.
de um intenso debate, não conseguimos chegar a uma Os governos locais que incentivam a incorporação das
conclusão. No entanto, a semente da incerteza caiu em compras verdes em seus processos de aquisições têm uma
solo fértil. Para além das respostas por vezes conflitantes, maior probabilidade de mitigar a degradação ambiental in
a verdade é que, sendo a América Latina um dos situ, favorecendo padrões de consumo ambientalmente
continentes mais urbanizados do planeta, cada decisão de amigáveis e replicáveis. Um exemplo é o caso do Centro de
um país ou uma cidade ao adquirir bens, serviços ou Negócios e Desenvolvimento do Trabalho, um edifício
obras implica importantes repercussões econômicas e ecoeficiente construído no coração do Bairro 31, um dos
socioambientais. mais pobres de Buenos Aires, certificado com a metodologia
De uma perspectiva econômica, as compras públicas EDGE.
atingiram um terço dos gastos públicos globais em 2016, o Devido ao papel cada vez mais importante das compras
equivalente a 8,5 trilhões de dólares anuais. Por outro verdes em nível subnacional, três das maiores redes de
lado, de acordo com um estudo recente do Banco cidades existentes no mundo (ICLEI, C40 e o Pacto de
Interamericano de Desenvolvimento (BID), ineficiências Prefeitos para o Clima e a Energia) se comprometeram a
nas compras governamentais, serviços públicos e implementar estes tipos de aquisições sustentáveis para
transferências no Brasil podem custar até US$ 68 bilhões, acelerar a implementação do Acordo de Paris e das
ou 3,9% do PIB. Na região, US$ 220 bilhões por ano, ou Contribuições Nacionais Determinadas (ou NDC, em inglês).
4,4% do PIB regional. Cidades de nossa região já estão orientando suas aquisições
nesse sentido como Buenos Aires, Cidade do México, Lima,
UM CAMINHO PARA A Medelín, São Paulo e Santiago, entre outras.
LÓPEZ-LAMIA, Alejandro. Uma cidade pode comprar sua sustentabilidade? Jornal El País, 2019. Disponível em:
<https://brasil.elpais.com/brasil/2019/07/18/opinion/1563470292_970938.html>. Acesso em: 04, abril de 2023.
pilotos, antes que o produto chegue ao mercado. Neste Dada a possibilidade de usar o poder das aquisições
contexto, a Comissão Europeia acaba de publicar um Guia públicas e das TICs para transformar os desafios urbanos
de Aquisições Inovadoras, no qual casos de negócios são em oportunidades de mudança sustentável, eu arriscaria
utilizados para orientar os funcionários públicos nas dizer que, além das incertezas para sua implementação, é
melhores práticas para contratar fornecedores para essencial aprender a comprar melhor. Então, voltando à
resolver desafios urbanos complexos por meio das minha colega: você acha que uma cidade pode comprar
chamadas Tecnologias SMAC em inglês (Social, Mobile, sua sustentabilidade?
Analytics, Cloud).
Isso significa utilizar a convergência de quatro TICs: * Especialista em Habitação de Desenvolvimento Urbano
sociais, como Twitter, Facebook, Instagram ou Snapchat, no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)
para interagir com potenciais beneficiários; móveis, por
meio do uso de dispositivos inteligentes, como
smartphones e tablets; analíticas, via ferramentas
informáticas de alta capacidade de processamento de
dados provenientes de um grande número de usuários,
como Big Data; e na nuvem, o que permite o acesso e
armazenamento de informações oferecidas por vários
provedores em qualquer dispositivo e lugar do planeta.
LÓPEZ-LAMIA, Alejandro. Uma cidade pode comprar sua sustentabilidade? Jornal El País, 2019. Disponível em:
<https://brasil.elpais.com/brasil/2019/07/18/opinion/1563470292_970938.html>. Acesso em: 04, abril de 2023.