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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

DISCIPLINA: Operações Unitárias com Sistemas Sólido-Fluido (DEQ0515)


DOCENTE: Katherine Carrilho de Oliveira Deus

PENEIRAMENTO

INTRODUÇÃO

O peneiramento é uma técnica de separação utilizada industrialmente no processamento


de misturas contendo vários tamanhos de sólidos e deseja-se a obtenção de frações com
tamanhos especificados. A operação consiste em forçar a passagem da mistura através de
peneiras com aberturas definidas utilizando como facilitadores equipamentos vibratórios ou
oscilatórios.

PRINCÍPIOS BÁSICOS

Dentre as características das partículas que mais influenciam a eficiência da operação


de peneiramento tem-se o tamanho e a forma. Normalmente, quando as partículas possuem
tamanho muito próximo do tamanho da abertura da peneira, ocorre o entupimento da malha,
dificultando a operação e reduzindo a eficiência.
De forma geral existem três possibilidades para a partícula ao entrar em contato com a
peneira: a primeira seria o caso em que a partícula é muito grande em comparação ao tamanho
da abertura da peneira então é facilmente retida, a segunda seria o caso contrário no qual as
partículas são tão pequenas que passam facilmente pela malha e, por último, o caso das
partículas que possuem um tamanho crítico e acabam bloqueando a passagem. Esse tamanho
crítico seria de, aproximadamente, 1,1 vezes a abertura da malha (Ortega-Rivas, H., 2012).
O objetivo da operação é sempre separar o material alimentado em duas correntes, uma
de retido que é chamada de overflow e outra de passante que é chamada de underflow. A
separação ideal ocorre quando a menor partícula do overflow é um pouco maior que a maior
partícula do underflow. O diâmetro de corte (Dpc) representa um diâmetro crítico de separação
no qual as partículas menores que o diâmetro de corte estarão na corrente underflow e as
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partículas maiores que o diâmetro de corte estarão no overflow. Esse diâmetro de corte é uma
característica operacional do equipamento de separação. Essa separação encontra-se ilustrada
na Figura (1).
Figura 1. Representação do diâmetro da partícula de corte na corrente de alimentação.

Fonte: Adaptado de Ortega-Rivas, H., 2012.


Na Figura 1 observa-se que há uma diferença entre o processo ideal e o processo real.
No ideal, o overflow (retido) possui apenas partículas com tamanhos superiores ao diâmetro da
partícula de corte (que possui diâmetro igual ao diâmetro de abertura da peneira utilizada) e o
underflow (passante) possui apenas partículas com tamanhos inferiores ao diâmetro da partícula
de corte. Isso significa que não há partículas finas junto com as partículas grossas e nem
partículas grossas junto com partículas finas. Já no processo real, uma parte das partículas do
overflow possui tamanho inferior ao diâmetro desejado (diâmetro da partícula de corte) e o
underflow possui partículas maiores que o ideal. Isso tende a ocorrer com maior frequência em
amostras que aglomeram com facilidade e bloqueiam as aberturas.

DIMENSIONAMENTO

O dimensionamento consiste basicamente em resolver os balanços de massa pertinentes


ao processo. Para F sendo a vazão mássica de alimentação, O a vazão mássica do overflow
(retido) e U a vazão mássica do underflow (passante) tem-se como balanço de massa global a
Equação (1).

𝐹 =𝑈+𝑂 (1)
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A fração de alimentação contém as partículas de interesse (sejam elas as que ficarão


retidas ou as que irão passar) e as demais partículas. As partículas que deveriam ficar retidas
são chamadas de grossos e as partículas que deveriam passar são chamadas de finos. O balanço
de massa por componente pode ser feito baseado na fração de grossos ou de finos em cada uma
das correntes, sendo assim, tem-se que xF seria a fração mássica de grossos ou de finos na
alimentação, xU a fração de grossos ou finos (ou a fração de interesse) no underflow e xO a
fração de grossos ou finos (ou a fração de interesse) no overflow. Com isso, pode-se escrever o
balanço de massa por componente de acordo com a Equação (2).

𝐹𝑥𝐹 = 𝑈𝑥𝑈 + 𝑂𝑥𝑂 (2)

A escolha da utilização do balanço em termos dos finos, grossos ou da fração de


interesse vai depender dos dados disponíveis.
A partir dessas equações é possível calcular a razão entre o overflow e a alimentação e
entre o underflow e a alimentação. Sabe-se que, devido a imperfeições no processo, nem todos
os grossos ficam retidos e nem todos os finos passam. Os grossos podem passar devido a furos
nas peneiras e algumas partículas finas podem ficar aderidas às partículas grossas e acabar não
passando juntamente com as demais partículas finas. Dessa forma, a eficiência do processo nem
sempre é 100%. Uma eficiência de 100% aconteceria caso todos os grossos alimentados
estivessem presentes na corrente de overflow e todos os finos alimentados estivessem na
corrente de underflow. Um esquema representativo é apresentado na Figura 2.

Figura 2. Esquema representativo de um peneiramento ideal e de um peneiramento real.


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Peneiramento ideal Peneiramento real

Overflow Overflow
composto composto por
apenas por finos e grossos
grossos
Underflow Underflow
composto apenas composto por
por finos finos e grossos

Fonte: Autor.

A eficiência do processo é medida em relação a qualidade da separação de finos e


grossos baseado no que foi alimentado de cada um deles. Dessa forma, tem-se que as eficiências
de separação para finos e grossos (ou para partículas de interesse de modo geral) podem ser
escritas de acordo com as equações (3) e (4), respectivamente.

𝑈(1−𝑥𝑈 )
𝐸𝑓 (%) = 𝐹(1−𝑥𝐹 )

(3)

𝑂𝑥𝑂
𝐸𝑔 (%) = 𝐹𝑥𝐹

(4)

A eficiência global é definida como o produto das eficiências para os finos e grossos de
acordo com a Equação (5).
𝐸𝐺 (%) = 𝐸𝑔 × 𝐸𝑓
(5)
O conhecimento da distribuição de tamanhos das partículas é essencial para o correto
dimensionamento da operação de peneiramento bem como para a escolha do equipamento ideal.
Além disso, torna-se importante o conhecimento do formato, densidade, abrasividade e
corrosividade das partículas para evitar o desgaste precoce do equipamento e tornar possível a
aplicação de medidas preventivas para manter a operação em pleno funcionamento.
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EQUIPAMENTOS

Os equipamentos de peneiramento podem ser classificados de acordo com o tipo de


movimento que executam para garantir que as partículas passem por diversas configurações
durante o processo e reduza a probabilidade de que, uma certa partícula não passe apenas devido
a posição e não devido ao tamanho. Os tipos mais comuns são as peneiras estacionárias,
mecânicas e vibratórias. As mecânicas podem ser do tipo rotativas (tambor rotativo ou trommel)
e agitadas (na horizontal, vertical ou movimento giratório numa única extremidade). As
vibratórias podem utilizar vibradores mecânicos, eletromagnéticos ou os dois juntos.
As peneiras de barras paralelas (Figura 3), são utilizadas para sólidos grosseiros (acima
de 25 mm) e podem ser estacionárias ou vibratórias.

Figura 3. Peneira de barras vibratória (vibrating grizzly screen).

Fonte: Catálogo de produtos da SINEX vibrating process.

Os equipamentos vibratórios são, normalmente, os mais utilizados pela indústria pois


conseguem processar altas vazões com alta eficiência de separação. Além disso esses
equipamentos conseguem garantir um corte mais preciso, tem baixo custo de manutenção e
necessitam de pouco espaço para serem instalados. Um exemplo desse tipo de equipamento
pode ser visto na Figura 4.

Figura 4. Peneiras vibratórias Vibramax.


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Fonte: Catálogo de produtos Vibramax.

As peneiras rotativas (trommel) é bastante aplicada na construção civil sendo utilizada


para separar sólidos em diferentes tamanhos pois consiste em um cilindro longo, ligeiramente
inclinado, revestido com uma tela metálica com diferentes tamanhos de aberturas ao longo do
seu comprimento. Um esquema dessa peneira pode ser visto na Figura 5.

Figura 5. Peneira rotativa (trommel).

Fonte: Gomide, R., 1983.


A principal diferença entre as peneiras agitadas e as peneiras vibratórias é a frequência
que, nas peneiras vibratórias, varia de 1200 a 7200 ciclos/minuto com amplitudes de vibração
bem reduzidas (1,5 a 10 mm).

REFERÊNCIAS:
Ortega-Rivas, E. Unit Operations of Particulate Solids: Theory and Practice. USA: CRC
Press, 2012.

GOMIDE, R. Operações Unitárias – 1º volume: Operações com Sistemas Sólidos


Granulares. São Paulo: Edição do autor, 1983.

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