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A NOVA ORDEM E VISÃO PROFISSIONAL

Engº Cleudovaldo França

O setor da construção civil tem vivido mudanças que afetam diretamente o profissional.

    Com o final da inflação acelerada, a geração de recursos do faturamento de obras públicas
ou privadas, e a aplicação destes recursos no mercado financeiro deixou de ser o grande
atrativo que alimentou empresas. A adequação aos novos tempos tem custado caro, e muitos
quebraram. Faltam investimentos e os empregos estão cada vez mais e escassos.

    O engenheiro civil sonha com um emprego que lhe dê conforto, posição e estabilidade.
Não se prepara para ser um profissional liberal na essência, que terá de conquistar seu
espaço e se impor através de resultados, da competência.

    As grandes obras diminuíram, o emprego não existe. O empregador não tem como arcar
com as responsabilidades e os encargos de uma carteira assinada, seu produto não tem como
suportar os aumentos de custos, sem repassar ao consumidor, que por sua vez não tem
reajustes na mesma velocidade.

    Nas licitações, os setores de planejamento e orçamentos fazem malabarismos para


viabilizar os projetos, mergulham nos preços e ganham a concorrência. Todos ficam felizes,
pois a “bicicleta continua andando”. Fazem a obra e verificam que, computados todos os
custos diretos e indiretos, impostos e encargos, houve prejuízo. A empresa perdeu, os
impostos ficaram para depois, todos mantiveram o emprego mas as metas comerciais não
foram atingidas.

Se o objetivo da empresa for social está tudo bem, mas alguém está pagando.

    Neste cenário existem poucas construtoras, pois a maioria ao longo dos anos foi cortando
pessoal e hoje não possui mão de obra própria. Sub contratam todos os serviços, não
investem na preparação e treinamento do pessoal.

    Atuam como gerenciadoras do projeto, e tentam manter a qualidade através de


certificações apenas na produção, o que na prática é discutível, pois os sub contratados,
chamados “gatos” não são certificados, e não tem como investir na preparação da mão de
obra. Toda a qualidade fica a cargo das certificações e dos Consultores contratados.

    Todos participam de um cenário teatral em que o empresário, o investidor e o engenheiro


não tem objetivo comum e se recusam a entender o óbvio.

O custo direto e os impostos não têm mais onde diminuir. Resta então o custo indireto.

    O investidor e o empresário custam a enxergar que seu projeto precisa ser tocado por um
gerente do contrato, um profissional que, com pouca estrutura de pessoal, interesse nos
resultados, e com a informática a seu dispor, executa todo o processo diretamente no
canteiro, reduz custos, despesas indiretas, cafezinho e espaço no escritório central.

    O profissional precisa se enquadrar neste cenário, estar sintonizado e preparado para
ocupar o espaço que lhe cabe. Não pode se acomodar atrás de uma mesa, feliz apenas com o
emprego, precisa sim de trabalho, precisa correr riscos, vencer desafios e gerar resultados.
Isto resulta na valorização do profissional.

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