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Avaliação Psicológica

Avaliação Psicológica

Testes Psicológicos e Suas Finalidades

Teste é uma palavra de origem inglesa que significa “prova”; deriva do latim
testis e é usada internacionalmente para denominar uma modalidade de
medição bastante conhecida hoje em dia em diversos campos científicos e
técnicos. “Uma medição só é chamada de teste se for usada, primordialmente,
para se descobrir algo sobre o indivíduo, em vez de responder a uma questão
geral.( Tyler, 1973).

O instrumento psicométrico mais típico é o teste. Todavia, não é o único. Trata-


se de uma situação estimuladora padronizada (itens de teste e ambiente de
aplicação) à qual uma pessoa responde.

Entende-se por situação experimental tudo aquilo que faz parte do teste e da
aplicação do mesmo, definidos anteriormente, ou seja, material empregado,
instruções, local da aplicação, etc… Essas condições precisam ser
padronizadas para que se evitem variações nas condições da administração.
Em segundo lugar, se o teste é um estímulo que gera uma resposta do
indivíduo, o registro desse comportamento é deveras importante. Deve ser
preciso para ser confiável. No caso dos testes em que cabe ao indivíduo
registrar a própria resposta, não há problema. Entretanto, quando se precisa
anotar a resposta do indivíduo e, ao mesmo tempo, observar sua
responsividade não-verbal, todo o cuidado é pouco.

Teste de Zulliger

Finalidade: Sua aplicação pode ser individual ou coletiva, para toda e qualquer
finalidade (psicodiagnóstico, avaliação da personalidade, seleção de pessoal,
avaliação de desempenho, etc.). A interpretação integrada das três pranchas
propicia uma visão muito aprofundada da personalidade humana, seja em sua
estrutura ou em sua dinâmica, especialmente em relação aos seus aspectos
afetivo-emocionais, bem como em termos de intelectualidade, pensamento,
objetivos de vida, sociabilidade, relacionamento interpessoal, etc.
O Teste de Zulliger constitui-se de três pranchas: Prancha I – Aspectos
primitivos da personalidade Prancha II – Afetividade / Emoções Prancha III –
Relacionamento
De uma forma geral, a avaliação psicológica pode ser definida como um
conjunto de técnicas e procedimentos que tem o objetivo de verificar
determinadas características psicológicas de uma pessoa, sendo o psicólogo o
único profissional habilitado por lei para exercer esta função (CFP 007/2003).O
objetivo da avaliação psicológica não é fazer julgamentos morais ou
estabelecer critério de certo ou errado e sim buscar entender a partir de
técnicas especificas as diferenças individuais, no que diz respeito às suas
capacidades, habilidades, características de personalidade, comportamentos
ou algum possível conflito (interno ou externo) de determinada pessoa.

Muitas vezes a avaliação psicológica é confundida como uma simples


aplicação de um único teste, porém, para realizá-la existem diversos métodos e
técnicas, como por exemplo: testes psicológicos, dinâmicas de grupo,
entrevistas, observação, testes situacionais, anamneses, entre outros. De
acordo com a lei 4.119/62, o profissional da área de psicologia tem a liberdade
para escolher quais serão as técnicas a serem utilizadas, desde que essa
escolha seja pautada no objetivo das características psicológicas a serem
investigadas. Por exemplo, as técnicas utilizadas para fazer uma seleção de
um funcionário que está ingressando em uma empresa serão diferentes das
técnicas utilizadas para se fazer um diagnóstico ou realizar orientação
profissional.

A avaliação psicológica é amplamente utilizada em diversos contextos, dentro


de empresa, por exemplo, ela desempenha uma função essencial não apenas
na área de seleção , mas também na área de desenvolvimento pessoal e
mesmo de avaliação de potencial. Muitas organizações constatam que a
avaliação psicológica é uma ferramenta poderosa de tomada de decisão que
tráz benefícios indubitáveis para os indivíduos e para a organização. No âmbito
de seleção de pessoal é possível detectar perfis mais adequados e os que não
são compatíveis com o cargo, evitando assim consequências prejudiciais,
como o adoecimento, prejuízos financeiros e a desmotivação do funcionário
com o cargo exercido (Ferreira & Santos, 2010).

A realização da avaliação psicológica na área da saúde é indispensável


quando pensamos em medidas “curativas” ou preventivas, pois a partir dessa
técnica é possível que o profissional tenha mais clareza sobre diagnósticos,
métodos de tratamento ou de prevenção de determinadas patologias (Custódio,
2002). Pode-se citar ainda a contribuição da avaliação psicológica nas
situações em que se faz necessário avaliar pessoas que podem ser expostas a
situações de risco como por exemplo se determinada pessoa está apta a
conduzir veículos ou portar armas de fogo, tal resultado pode evitar possíveis
transtornos tanto para o individuo como para sociedade. O uso dessa técnica
também é uma importante ferramenta para a tomada de decisões seja ele no
âmbito jurídico, na área neuropsicológica, orientação vocacional, entre outros.

Teste Wartegg

Finalidade: O Teste de Wartegg é uma técnica de investigação da


personalidade através de desenhos obtidos por meio de uma variedade de
pequenos elementos gráficos que servem como uma série de temas formais a
serem desenvolvidos pelo indivíduo de maneira pessoal. São oito campos onde
o testando deverá realizar oito desenhos, na seqüência que desejar, o tema
que quiser, de acordo com seu próprio ritmo. Cada campo tem um valor
arquetípico:

Campo 1 – O eu, ego, auto-estima

Campo 2 – Fantasias, afetividade

Campo 3 – Ambição, metas, objetivos

Campo 4 – Angústia, como lida com conflitos

Campo 5 – Energia vital, transposição de obstáculos

Campo 6 – Criatividade

Campo 7 – Sexualidade, sensualidade e sensibilidade

Campo 8 – Social, empatia com os outros

A integração desses campos constituem a própria personalidade humana, tanto


na sua estrutura como na sua dinâmica.

Avaliação psicológica

A avaliação psicológica diz respeito a um procedimento de levantamento de


informações a respeito de um paciente ou cliente, com o propósito de tomada
de decisão, podendo ser avaliadas características
como inteligência, personalidade, interesse, entre outros.
No senso comum, avaliação psicológica tem sido associada a aplicação de
testes psicológicos. Esse entendimento, porém, não é correto, uma vez que a
avaliação diz respeito a um processo maior de coleta de dados, sendo que a
utilização de instrumentos como testes, escalas e inventários apenas uma
possibilidade.

Personalidade

Personalidade é o conjunto de características psicológicas que determinam os


padrões de pensar, sentir e agir, ou seja, a individualidade pessoal e social de
alguém. A formação da personalidade é processo gradual, complexo e único a
cada indivíduo. O termo é usado em linguagem comum com o sentido de
"conjunto das características marcantes de uma pessoa", de forma que se
pode dizer que uma pessoa "não tem personalidade"; esse uso no entanto leva
em conta um conceito do senso comum e não o conceito científico aqui tratado.

O presente artigo descreve uma série de características que foram tratadas


como componentes da personalidade. Para uma introdução às diferentes
teorias que procuram explicar o desenvolvimento e a estrutura da
personalidade

Encontrar uma exata definição para termo personalidade não é uma tarefa
simples. O termo é usado na linguagem comum - isto é, como parte
da psicologia do senso comum - com diferentes significados, e esses
significados costumam influenciar as definições científicas do termo. Assim, na
literatura psicológica alemã persönlichkeit costuma ser usado de maneira
ampla, incluindo temas como inteligência; o conceito anglófono
de personality costuma ser aplicado de maneira mais restrita, referindo-se mais
aos aspectos sociais e emocionais do conceito alemão.

Carver e Scheier dão a seguinte definição: "Personalidade é uma organização


interna e dinâmica dos sistemas psicofísicos que criam os padrões de
comportar-se, de pensar e de sentir característicos de uma pessoa". Esta
definição de trabalho salienta que personalidade:

é uma organização e não uma aglomerado de partes soltas;

é dinâmica e não estática, imutável;

é um conceito psicológico, mas intimamente relacionado com o corpo e seus


processos;
é uma força ativa que ajuda a determinar o relacionamento da pessoa com o
mundo que a cerca;

mostra-se em padrões, isto é, através de características recorrentes e


consistentes

expressa-se de diferentes maneiras - comportamento, pensamento e emoções.

Asendorpf complementa essa definição. Para ele personalidade são as


particularidades pessoais duradouras, não patológicas e relevantes para o
comportamento de um indivíduo em uma determinada população. Esta
definição acrescenta àquela de Carver e Scheier alguns pontos importantes:

Os traços de personalidade são relativamente estáveis no tempo;

As diferenças interpessoais são variações frequentes e normais - o estudo das


variações anormais é objeto da psicologia clínica (ver também transtorno
mental e transtorno de personalidade)

A personalidade é influenciada culturalmente. As observações da psicologia da


personalidade são assim ligadas apenas à população em que foram feitas;
para uma generalização de tais observações para outras populações é
necessária uma verificação empírica.

Aspectos da personalidade

Personalidade é, como se viu, um conceito complexo, com várias facetas. A


seguir serão apresentados alguns aspectos que costumam ser considerados
como partes da personalidade ou que a influenciam de maneira especial. Os
parágrafos individuais são apenas introduções mínimas aos assuntos
relacionados e links são oferecidos para artigos onde cada um dos temas é
tratado com mais profundidade.

Forma física e personalidade

A relação entre forma física e personalidade estimula a imaginação de filósofos


e pensadores desde a antiguidade. Kretschmer propôs nos anos 20 do século
XX uma classificação dos tipos físicos que, supunha ele, estavam relacionados
com diferentes transtornos mentais, posteriormente com diferentes
temperamentos. Ele classifica três tipos físicos:
Tipo longilíneo ou leptossômico, de corpos delgados, ombros estreitos, peito
aplainado, rosto alargado e estreito, membros longos e delgados. Teria uma
maior tendência para a esquizofrenia e um temperamento mais sensível;

Tipo atlético ou muscular, de sistema ósseo e muscular desenvolvidos, ombros


largos, cadeiras estreitas e pescoço grosso. Teria tendência para a epilepsia e
um temperamento intermediário entre os outros dois;

Tipo brevelíneo ou pícnico, de rosto arredondado, abdome saliente, membros


curtos. Tenderia à ciclotimia e a um temperamento mais tranquilo.

A relação correlativa entre essas características foi inicialmente empiricamente


comprovada. Análises posteriores mais exatas, que levavam em conta outras
variáveis - como a idade - e usavam métodos mais objetivos, acabaram por
derrubar a teoria de Kretschmer.

No entanto a possibilidade de haver uma real relação entre forma física e


características psicológicas não é improvável, mas não de maneira direta,
como pensava Kretschmer. A forma física pode, através de um processo de
autopercepção, ser considerada positiva ou negativa e, assim, influenciar
a autoestima, influenciando assim os traços de comportamento; pode ainda ser
influenciada pela percepção que a pessoa tem de si, influenciar os motivos e
interesses da pessoa, influenciando assim também as tendências de
comportamento da pessoa. No entanto não apenas a autopercepção pode
influenciar a autoestima e os interesses de alguém; o juízo de outras pessoas e
a reação destas desempenham também um importante papel nesse processo,
de forma que as características de comportamento estáveis (assim a
personalidade) são influenciadas indiretamente e de quatro maneiras diferentes
pela forma física:

Forma física → autopercepção → autoestima → comportamento

Forma física → autopercepção → interesses e motivos → comportamento

Forma física → juízo alheio (reação dos outros ao indivíduo) → autoestima →


comportamento

Forma física → juízo alheio → interesses e motivos → comportamento

Temperamento

Temperamento designa as disposições do indivíduo ligadas à forma do


comportamento, principalmente as ligadas aos "três As da personalidade":
afetividade, ativação (excitação) e atenção.
Competências ou habilidades

Competências ou habilidades são traços da personalidade que exprimem a


capacidade de alguém de alcançar determinada realização ou desempenho.

Inteligência

Inteligência é um construto complexo que descreve a capacidade intelectual do


indivíduo.

Criatividade

Criatividade, apesar ser um termo muito difundido e discutido, é


um construto de difícil definição, porque cada autor parece defini-lo de uma
maneira diferente. Alguns autores chegam mesmo a se perguntar se
criatividade não seria um conjunto de traços de personalidade ao invés de um
só. Guilford (1950) define criatividade como a capacidade de pensar
divergentemente, ou seja, de encontrar soluções diferentes e novas para um
problema, em oposição ao pensamento convergente que encontra soluções
para problemas para os quais há apenas uma resposta correta. Já Russ
(1993) trabalha com um conceito mais amplo, que inclui traços afetivos do
indivíduo, como a tolerância de ambiguidade, a abertura diante de novas
experiências, grande números de interesses e baixa tendência para o uso
de mecanismos de defesa.

Competência social e inteligência emocional

O termo competência social, na psicologia do senso comum normalmente


entendido como a capacidade de lidar com outras pessoas, é de difícil
definição, por conter dois componentes distintos, que têm entre si
uma correlação muito pequena: a capacidade de defender e/ou de impor os
próprios interesses e a capacidade de construir relacionamentos.

Inteligência emocional é um termo problemático. Ele foi definido de diferentes


formas por diferentes autores (Salovey & Mayer, 1990; Mayer et al. 2000; Van
der Zee et al., 2002) e em todas as suas definições não representa uma
atividade intelectual - ou seja, não corresponde à idéia de inteligência (ver
acima). O termo "inteligência emocional" refere-se sobretudo a determinadas
competências no lidar com emoções que, apesar de serem estáveis na
personalidade do indivíduo, costumam variar de acordo com as emoções
envolvidas - ou seja a pessoa pode saber lidar bem com a emoção medo, mas
não com a raiva.

Disposições ligadas à ação

Necessidades, motivos e interesses

Enquanto "temperamento" refere-se à forma do comportamento ou da ação,


necessidades, motivos e interesses dizem respeito à direção da ação, ou seja,
aos seus objetivos - estando assim intimamente ligados à motivação. As
pessoas variam com relação ao significado pessoal de
diferentes necessidades, que determinam, por sua vez, suas ações e
seu comportamento. Motivos são disposições ligadas ao valor atribuído às
consequências dos atos - como por exemplo a "busca de sucesso" ou a
"evitação de fracassos" podem ser fins mais ou menos desejáveis - e são fruto
de uma interação entre necessidades e pressões externas. Interesses também
incluem uma valoração, mas direcionadas para a ação em si, independente do
resultado - por exemplo jogar xadrez ou escrever na Wikipédia podem ser
consideradas ações mais ou menos agradáveis, independentemente do
sucesso atingido.

Convicções ligadas à ação

Os motivos são, como visto, disposições ligadas ao valor dado às


consequências de uma ação. Eles estão assim intimamente ligados às
expectativas do indivíduo com relação a suas ações. Há diferentes estilos de
expectativas (al. Erwartungsstile), como por exemplo é o caso de a pessoa ser
mais ou menos pessimista ou otimista. Durante a realização de uma atividade
agem os chamados mecanismos de controle da ação (al. Handlungskontrolle),
que têm por objetivo, por assim dizer, proteger a ação contra intenções
concorrentes. Aqui podem manifestar-se diferentes estilos de controle da ação.
Por exemplo, pessoas perseverantes são capazes de "desligar" por algum
tempo outras atividades a fim de alcançar um determinado resultado enquanto
pessoas menos perseverantes distraem-se mais facilmente. Quando a ação
atinge o seu resultado surgem juízos relacionados a sua causa: por que
determinada coisa aconteceu? A esse tipo de juízo dá-se o nome de atribuição.
Também quanto à atribuição há diferentes estilos - por exemplo algumas
pessoas tendem a colocar a culpa sempre nos outros ou a se sentir sempre
responsáveis. Esses três grupos de características da personalidade (estilos de
expectativas, de controle da ação e de atribuição) foram chamados por
Asendorpf convicções ligadas à ação (Handlungsüberzeugungen). Um tipo
especial de expectativas são as chamadas expectativas
de autoeficácia, autoeficácia percebida ou ainda expectativas subjetivas
de competência. Estes termos designam a expectativa que uma pessoa tem de
ser capaz de realizar determinada tarefa. Esta característica da personalidade
está intimamente ligada aos diferentes estilos de atribuição: uma pessoa que
tende a se considerar incapaz de realizar um tarefa (ex. ser aprovado em um
exame) irá, com maior probabilidade, considerar um sucesso (passar
no vestibular) como obra do acaso do que uma realização pessoal.

Estilos de superação (coping)

O termo coping foi gerado no contexto da pesquisa sobre o estresse e designa


os mecanismos que auxiliam o indivíduo a superar uma situação estressante.
Lazarus (1966) diferencia entre dois tipos de coping: coping orientado para o
problema, que é a busca de uma modificação da situação que causa o
estresse, e coping intrapsíquico, que é praticamente uma mudança na maneira
da pessoa lidar com a situação - quer por uma mudança na maneira de lidar
com a situação ou com as emoções provocadas pela situação (ex. técnicas de
relaxamento, tentativa de ver o lado positivo da situação, etc.).

Por exemplo uma pessoa estressada por morar em más condições, em uma
rua barulhenta e não conseguir dormir pode tentar resolver esse problema
mudando de casa (coping orientado para o problema) ou, por exemplo, tentar
aprender alguma forma de relaxar apesar do barulho ou começar a direcionar
sua atenção para os bons amigos que moram no bairro e os bons momentos
vividos na casa (coping intrapsíquico). Posteriormente um terceiro tipo
de coping, o "coping por expressão emocional" foi acrescentado, que é uma
mudança na forma da reação emocional ao estresse - ex. sorrir quando se está
triste.

Essas três categorias de coping reúnem uma série de diferentes formas de


lidar com uma situação de estresse. Dentre essas inúmeras formas o indivíduo
tende a escolher e dar preferência a algumas - a esse traço da personalidade
se dá o nome de "estilo de coping".
Disposições ligadas à valoração (ou ao juízo de valor)

Temperamento, competências e as disposições ligadas à ação são traços de


personalidade ligados ao comportamento. Um outro grupo de traços está ligado
às particularidades da valoração ou do juízo de valor. Valorar um objeto da
percepção ou imaginário é dar-lhe um valor e esse valor gera preferências - e
estas podem tornar-se relevantes para o comportamento.

Postura

Por postura de valores (Werthaltungen) entende-se a tendência individual de se


julgarem determinados objetivos (ex. liberdade, igualdade) ou disposições de
ação (ex. honestidade, prestatibilidade) como desejáveis ou indesejáveis. Entre
os diferentes tipos de postura e as disposições de comportamento
correspondentes há uma relação de correlação - ou seja, pessoas que
valorizam novidades (postura) tendem a ser curiosas (disposição de
comportamento); pessoas ansiosas (disposição de comportamento) costumam
valorizar a segurança (postura).

Atitude

Atitude designa as particularidades individuais na valoração de objetos


específicos, quer da percepção, quer da imaginação. As atitudes influenciam
não o comportamento diretamente em uma dada situação, mas o
comportamento em uma série de situações diferentes. Assim uma pessoa com
uma atitude positiva com relação a uma alimentação saudável pode gostar de
comer frituras (comportamento isolado), mas pode cozinhar ela própria,
comprar alimentos naturais e integrais e fazer cursos sobre a alimentação
(série de situações). Atitudes coletadas através de perguntas não influenciam o
comportamento real quando tal comportamento é socialmente desejável ou
indesejável. Assim, pessoas com atitudes preconceituosas contra um
determinado grupo de pessoas talvez não se comporte de acordo com essa
atitude por ser um tal comportamento socialmente condenado.

Como se vê, a principal diferença entre postura e atitude é o grau de abstração


dos objetivos a que se referem, referindo-se a atitude a elementos mais
concretos. No entanto a difereça entre "mais" e "menos" concreto é uma
diferença quantitativa e assim a distinção entre as duas disposições nem
sempre é clara.

Disposições ligadas à própria pessoa

Disposições ligadas à própria pessoa referem-se à tendência de a pessoa ver e


julgar a si mesma em determinadas situações. Tais disposições usam os
conceitos de si-mesmo na primeira pessoa (Eu) e na terceira pessoa (Mim).

Eu designa a instância interna da pessoa que é responsável pela ação e pelo


conhecimento; mim (inglês me) (ou si-mesmo quando dito na terceira pessoa)
designa a parte interna da pessoa que é objeto do conhecimento, ou seja,
aquilo que eu sei sobre mim.

Esse auto-conhecimento tem, por sua vez, duas parte: uma descritiva,
a autoimagem, e outra valorativa, a autoestima (veja ambas abaixo).

"eu", "mim" e "autoimagem"

A autoimagem, essa descrição de si mesmo que cada um faz, é também


disposicional, ou seja, é uma tendência relativamente estável que a pessoa tem
de se ver de uma determinada maneira em determinadas situações. Ela é
composta tanto de conhecimento universal, que diz respeito a todas as
pessoas que são como eu (estudantes são críticos, brasileiros são simpáticos,
etc.), como de conhecimento individual, ou seja, relativo somente a mim (eu
tenho medo de altura, sou bom esportista, etc.). Como se vê esse
conhecimento também é influenciado por preconceitos e ideias preconcebidas.

Autoestima

A autoestima, como parte valorativa do conhecimento de si mesmo, ou seja, o


juízo que eu faço sobre mim mesmo, pode ser concebida como a atitude de
uma pessoa sobre si mesma e assim também é uma característica da
personalidade, se bem que menos estável do que a autoimagem por ser
sensível a variações do humor. A autoestima é uma característica situação-
específica, ou seja, ela varia de acordo com a situação: eu posso estar
satisfeito comigo mesmo quando estou na universidade, mas insatisfeito
quando estou na quadra de esportes.

Aspectos disposicionais da dinâmica da autoestima

Outros aspectos disposicionais ligados à autoestima são as


chamadas cognições ligadas a si mesmo: autopercepção, a percepção do
próprio corpo e do próprio comportamento; a memória de si, as recordações
ligadas à própria pessoa e às experiências feitas no passado; o reflexo social,
ou seja, a opinião que nós pensamos que outras pessoas têm a nosso respeito,
e a comparação social, ou seja, a autoestima não é apenas baseada na nossa
percepção de nós mesmo, mas também na percepção que nós fazemos dos
outros a nosso redor. Um dos motivos mais descritos na literatura psicológica é
o motivo de aumento da autoestima: todas as pessoas desejam ter uma
autoestima positiva e têm assim uma tendência a se supervalorizar. Essa
tendência é normal e saudável até um determinado ponto, em que passa a ser
socialmente condenada. Nesse momento, caracterizado pela falta de empatia,
hipersensibilidade com relação a críticas e variações do humor, essa tendência
recebe o nome de narcisismo - mas não se trata ainda do transtorno de
personalidade narcísico, mas ainda de uma variação normal da personalidade.

Um outro processo importante ligado ao conceito de si mesmo é


a autorrepresentação.

O sociólogo E. Goffman comparou o comportamento social a um teatro público,


em que nós nos representamos a nós próprios. Essa representação tem um
determinado fim: a administração da própria imagem, ou seja, cada um procura
controlar a impressão que ele provoca sobre os outros.

Momentos há em que temos a nossa atenção voltada para nós mesmo. A esse
estado normalmente curto dá-se o nome
de autorreflexão (al. Selbstaufmerksamkeit). Alguns autores puseram-se a
questão, se há uma disposição em direção a uma autoreflexão mais ou menos
forte. A essa disposição Asendorpf deu o nome
de autoconsciência (al. Selbstbewusstheit). Esta é por sua vez composta de
três fatores (Feingstein et al., 1975):

(i) autoconsciência privada, ou seja, a tendência de pensar muito sobre si


mesmo;

(ii) autoconsciência pública, em outras palavras, a tendência de se preocupar


sobre a impressão que se causa sobre outros, e
(iii) ansiedade social, que é a tendência a ter medo em situações sociais.

Bem-estar

O bem-estar designa a parte subjetiva da saúde mental. Apesar de ser também


influenciado por fatores externos ao indivíduo e de suas capacidades, o bem-
estar representa também um determinado traço da personalidade relativamente
independente de tais fatores.

Desenvolvimento da personalidade

A estabilidade da personalidade

A pesquisa empírica conseguiu determinar quatro princípios para descrever a


estabilidade dos traços de personalidade:

Quanto maior o intervalo entre a primeira e a segunda medição, maior a


mudança - ou seja, os traços da personalidade se modificam com o passar do
tempo;

Em diferentes áreas da personalidade a estabilidade também é diferente - por


exemplo: durante a vida, a inteligência tem uma estabilidade muito alta; já o
temperamento tem uma estabilidade mediana, enquanto a autoestima pode
variar muito.

Muitos traços da personalidade são tanto mais instáveis quanto mais instável é
o ambiente social - assim mudanças bruscas no ambiente podem trazer
consigo mudanças na personalidade da pessoa;

Na infância, quanto mais cedo é feita a primeira medição, mais instáveis são os
traços da personalidade - isto é, com o aumento da idade há uma tendência de
estabilização das características da personalidade, se bem que na puberdade
possa haver alguns momentos passageiros de instabilidade. Duas razões são
apresentadas para esse aumento na estabilidade da personalidade:

No decorrer do desenvolvimento a auto-imagem torna-se cada vez mais


estável - o conhecimento que a criança tem de si mesma cresce com o tempo
e, se o ambiente for relativamente estável, também a estabilidade nas formas
de reação a ele cresce;
Com o aumento da idade aumenta também a possibilidade de a criança
modificar o seu ambiente a fim de que ele se adeqúe à própria personalidade -
a criança pode escolher as atividades que lhe agradam, os amigos, etc..

Não apenas os traços individuais tendem a se tornar cada vez mais estáveis - o
perfil geral da personalidade também tende a uma crescente estabilidade

Psicologia da personalidade

Psicologia da personalidade ou psicologia diferencial é a parte


da psicologia que se dedica a descrever e explicar "as particularidades
humanas duradouras, não patológicas e que influenciam o comportamento
dentro de uma determinada população". Além disso tem essa disciplina o
objetivo de integrar os resultados empíricos em uma teoria da personalidade e
de desenvolver métodos para opsicodiagnóstico e fundamentá-los
teoricamente. Enquanto alguns autores usam ambos os termos como
sinônimos, outros preferem tratá-los como duas disciplinas diferentes.

O termo psicologia diferencial foi introduzido pelo psicólogo alemão W.


Stern (1911), que expressava com ele um dos três diferentes campos de
estudo em que ele dividia a psicologia:

(i) uma "psicologia individual", que se dedica ao estudo do indivíduo,

(ii) uma "psicologia especial", que se deveria dedicar ao estudo de


características de grupos e

(iii) uma "psicologia diferencial stricto sensu", que deveria estudar as diferenças
entre indivíduos e entre grupos. Como se vê, a terminologia de Stern não é
clara – pois ele usa a palavra diferencial com dois sentidos diferentes – e além
disso sua "psicologia diferencial latu sensu" abrange áreas tradicionalmente
atribuídas à psicologia clínica, à psicologia social e à psicologia do
desenvolvimento. Essa falta de clareza levou o termo a desaparecer da
literatura científica anglófona desde a década de 70 do século XX. Em alemão
hodierno o termo se refere a uma parte da psicologia da personalidade que
trabalha com métodos diferenciais.

Importantes temas são o diagnóstico de inteligência (ver quociente de


inteligência), a criatividade, bem como a questão mais genérica a respeito da
origem de tais diferenças, por exemplo, se elas se devem mais a diferenças
genéticas (ver hereditariedade) ou mais à experiência de vida de cada um.

O uso científico do termo personalidade pela psicologia diferencial difere


daquele típico da psicologia do senso comum. A psicologia científica busca a
formação de um modelo teórico de personalidade, enquanto as teorias do
senso comum se baseiam muitas vezes em processos de atribuição subjetivos:
por exemplo, a partir de determinado comportamento de alguém, se diz que ele
tem uma "personalidade forte". Exemplos de paradigmas científicos para o
estudo da personalidade são: o paradigma psicoanalítico, o interacionista,
o comportamental, o evolucionista e o cognitivista

Descrição da Personalidade

A Psicologia da Personalidade conhece três maneiras distintas


para classificar a personalidade: a em dimensões, a classificação em tipos e a
classificação baseada nos transtornos de personalidade.

Descrição dimensional da personalidade

O objetivo deste método de classificação é reduzir a variedade quase infinita de


personalidades a um número mínimo de
dimensões estatisticamente independentes. O ponto de partida para gerar tais
dimensões é normalmente uma análise do vocabulário que um determinado
idioma tem para descrever características da personalidade de alguém. Um
grupo representativo da população desse idioma recebe então a tarefa de
separar essas palavras em categorias de palavras. Os resultados são então
analisados através de um método estatístico chamado análise fatorial. Esse
método, também chamado de método lexical, foi a base das propostas
de Catell, de Guilford e de Eysenck. A classificação atualmente mais em uso no
mundo científico foi proposta por T. Norman e L. R. Goldberg e é conhecida
como "Big Five", por descrever a personalidade através de cinco fatores ou
dimensões:

Extraversão - refere-se a quanto uma pessoa busca contatos, é auto confiante


e espontânea;

Amabilidade - refere-se a quanto uma pessoa é gentil, empática, mostra


consideração pelos outros;

Conscienciosidade (ou Responsabilidade) - refere-se a quanto uma pessoa é


cuidadosa, atenciosa, perseverante, empenhada naquilo que faz;

Instabilidade emocional (ou Neuroticismo) - refere-se a quanto uma pessoa


tende a preocupa-se, ser nervosa, ter medo e estar tensa;
Abertura para novas experiências (ou Intelectualidade, ou ainda Cultura) -
refere-se a quanto uma pessoa tende a refletir, ser imaginativa, curiosa e
original.

A personalidade de uma pessoa pode assim ser descrita na forma de um perfil


composto de valores em cada uma dessas dimensões, que são colhidos
através de um questionário psicológico como por exemplo o NEO-FFI. A
pesquisa do Big Five foi originalmente feita em inglês mas foi repetida com
sucesso em vários outros idiomas. A vantagem desse tipo de classificação é a
capacidade que ela tem de descrever a personalidade, em geral complexa e
multifacetada, através de poucas dimensões variáveis. Seu maior problema é a
falta de uma base teórica, que justifique essas dimensões, afinal as dimensões
foram geradas através de uma análise linguística e estão assim intimamente
ligadas à psicologia do senso comum e a suas limitações.

Descrição tipológica da personalidade

Enquanto o método dimensional classifica características de uma pessoa, o


método tipológico classifica a pessoa. Isso pode se dar de duas maneiras
diferentes: ou se definem as características próprias de cada uma das classes,
ou se descreve para cada uma delas um protótipo, ou seja uma pessoa fictícia
que representa essa classe de forma ideal. A definição das características ou
dos protótipos de cada classe é feita a partir dos pressupostos teóricos dos
diferentes autores. Por exemplo pode-se usar o Big-Five como base de um
sistema tipológico, levando em conta o perfil da pessoa como
parâmetro. Freud e Jung, com base em outros parâmetros relevantes para
suas teorias, propuseram outras classificações tipológicas.

Descrição baseada nos transtornos de personalidade

Os transtornos de personalidade são um determinado tipo de transtorno


psíquico definidos nos dois sistemas de classificação mais difundidos hoje em
dia: o DSM-IV, da Associação Psiquiátrica Americana (APA), e o capítulo F do
CID 10, da Organização Mundial da Saúde. Tais transtornos - ao contrário do
que o nome dá a entender - não se definem pelos parâmetros típicos
da psicologia da personalidade, como o Big-Five ou outros, mas pela presença
ou não de determinados sintomas, como é típico nos sistemas de classificação
para diagnose médica. Do ponto de vista da psicologia da personalidade é
importante notar que o limite entre cada um dos oito tipos de transtorno de
personalidade descritos na CID 10 e variações normais da personalidade é um
limite gradual e a diferença entre "normal" e "doente", nesse caso, é antes uma
diferença quantitativa do que qualitativa. Isso significa, em outras palavras, que
uma determinada variação de personalidade pode ser normal até um
determinado ponto e a partir daí tornar-se patológica, observação que já havia
sido feita por Freud. Assim, mesmo as pessoas que não apresentam uma
alteração patológica da personalidade (como definida nos sistemas de
classificação mencionados) podem ter um "estilo de personalidade" que tende
mais ou menos na direção de um dos transtornos da personalidade.

A pesquisa empírica da personalidade

A coleta de dados

Existem muitas formas de se coletar dados para a pesquisa científica da


personalidade. Pervin, Cervone e John, baseados em outros autores,
apresentam quatro categorias de métodos:

Dados biográficos - são dados que se podem obter pela análise de currículos,
relatórios escolares e outros documentos que descrevam o desenvolvimento da
pessoa (ex. registros policiais sobre os crimes cometidos);

Observação - são dados coletados por pessoas treinadas para observar


determinados tipos de comportamento.

Essas pessoas, dependendo do que deve ser observado, podem ser os pais,
amigos, professores ou profissionais mais especializados (ex. relatório dos
professores sobre o comportamento de um aluno);

Testes - são informações coletadas através de testes psicológicos


estandardizados (ex. desempenho em um teste de QI);

Informações dadas pelo próprio indivíduo - são dados fornecidos pela própria
pessoa, que aqui se torna seu próprio observador. Para esse fim podem ser
usados questionários estandardizados.

Além desses quatro tipos de métodos foram desenvolvidos mais recentemente


outras formas de coleta de dados que não se deixam classificar nesse
esquema. Um exemplo são os métodos de diário: o sujeito deve preencher
todos os dias (ou sempre que um determinado fenômeno ocorra) um "diário",
de forma que as informações sejam mais diretas. Além disso, na pesquisa
empírica os pesquisadores costumam utilizar mais de um método, a fim de
equilibrar as vantagens e desvantagens de cada um.
Princípios orientadores da coleta de dados

Dois princípios norteiam o trabalho de coleta de dados: a validade e


a fiabilidade (fidedignidade ou confiabilidade) da mensuração. Quando um
dado é válido, ele corresponde realmente a um fenômeno existente na
realidade empírica; quando um dado é confiável, sua medição foi feita de tal
forma que uma nova medição conduziria ao mesmo resultado. Por exemplo
uma balança desregulada é válida, porque é capaz de registrar o peso, mas
não é confiável, por não produzir dados confiáveis. Um terceiro princípio,
a objetividade, só é relevante nos casos em que não se queira uma influência
da subjetividade na medição. Na psicologia da personalidade a opinião e a
experiência subjetiva são muitas vezes exatamente o que se busca e por isso,
nesses casos, a objetividade desempenha um papel secundário.

Problemas éticos na pesquisa da personalidade

A pesquisa científica oferece muitas situações eticamente problemáticas.


Independentemente do objeto de estudo, o pesquisador tem a obrigação de
zelar pelo bem-estar dos participantes de suas pesquisas. Ele é assim
responsável por protegê-los de possíveis perigos durante todo o processo de
coleta de dados. Muitas vezes é necessário um parecer favorável de um
conselhos de ética oficialmente reconhecido para que uma pesquisa possa ser
realizada. Uma vez coletados os dados põe-se o problema de sua divulgação.
Não apenas a publicação de dados falsos, um problema infelizmente mais
frequente do que o desejado, se coloca como um problema ético, mas também
e sobretudo o significado de preconceitos do pesquisador na interpretação
desses dados. Uma terceira área de importância cada vez maior é o uso de
métodos e conhecimentos psicológicos na vida pública (ex. testes psicológicos
são utilizados na escolha de pessoal, na distribuição de vagas em
universidades etc.; resultados de pesquisas psicológicas servem de base para
decisões políticas). Essa situação exige dos pesquisadores o maior cuidado na
divulgação dos resultados de suas pesquisas.

Três abordagens de pesquisa

O pesquisador pode usar um de três estratégias na organização de sua


pesquisa. Cada uma delas tem vantagens e desvantagens, que devem ser
levadas em conta na fase de planejamento - o método utilizado deve ser
apropriado para a questão proposta:
O estudo de caso

O estudo de caso tem por fim descrever uma pessoa, em seu pensar, sentir e
agir. Para muitos pesquisadores essa é a única maneira de fazer jus à
complexidade do ser humano. Os estudos de caso, apesar de servirem à
pesquisa de diferentes áreas, foi sobretudo utilizado na pesquisa clínica.
Apesar de permitir a observação do comportamento humano em situações
naturais, da complexidade da inter-relação entre a pessoa e seu ambiente e de
possibilitar uma compreensão mais aprofundada do indivíduo, os estudos de
caso têm alguns problemas sérios: a observação, o mais das vezes, não é
sistemática, a interpretação dos dados tende a ser mais subjetiva e a relação
entre as diferentes variáveis observadas não é claro (fulano é depressivo por
não ter amigos ou não tem amigos por ser depressivo?).

A pesquisa correlativa

O principal objetivo da pesquisa correlativa é determinar a relação entre duas


ou mais variáveis observadas. A estratégia de pesquisa neste caso é medir
duas ou mais variáveis em uma determinada população e calcular através de
métodos estatísticos o quanto essas variáveis variam juntas. Esse tipo de
pesquisa permite responder a perguntas do tipo "pessoas felizes vivem mais?",
"fumantes morrem mais cedo?", "pessoas otimistas sofrem menos de
depressão?". Como se vê, esse tipo de pesquisa permite que se analise um
grande número de variáveis e a direção da relação entre elas (quanto mais X
mais/menos Y) e permite que se pesquise grandes populações; por outro lado
a pesquisa correlativa não permite determinar a causa de uma correlação (para
maiores detalhes), a validade, a confiabilidade e a objetividade precisam ser
muito melhores, aumentando as dificuldades metodológicas, e as pessoas
pesquisadas não são vistas em sua completude, mas somente como
"portadores de dados".

A pesquisa experimental

A pesquisa experimental caracteriza-se pelo princípio do laboratório: o


pesquisador tenta controlar ("desligar") todas as influências externas, de tal
modo que ele possa observar o que acontece com uma variável quando ele
modifica outra. Por exemplo, para saber se as pessoas trabalham melhor com
música ambiente, o pesquisador procura um grupo de pessoas disposta a
participar do seu projeto, define uma mesma tarefa para todas as pessoas (de
preferência na mesma sala, com o mesmo material) ele define através do
acaso ("randomização") quais pessoas vão realizar essa tarefa com música e
quais sem. Dessa forma, se as pessoas que trabalharam com música
trabalharem melhor, o pesquisador saberá que é por causa da música e não
por outra razão qualquer.

Como se vê, esse tipo de pesquisa permite a observação detalhada e objetiva


de apenas algumas variáveis relevantes e, sobretudo, permite que se possa
afirmar se uma variável é causa da outra; por outro lado isso implica que
fenômenos que não possam ser realizados em laboratório não podem ser
pesquisados, a situação é artificial e, por isso, pode ser que as pessoas se
comportem de maneira diferente quando estão fora do laboratório.

Transtorno de Personalidade

Os transtornos de personalidade, também referidos como perturbações da


personalidade, formam uma classe de transtorno mental que se caracteriza por
padrões de interação interpessoais tão desviantes da norma, que o
desempenho do indivíduo tanto na área profissional como em sua vida privada
pode ficar comprometido. Na maior parte das vezes, os sintomas são
vivenciados pelo indivíduo como "normais" (eu-sintônico), de forma que a
diagnose somente pode ser estabelecida a partir de uma perspectiva exterior.

Mais do que outros transtornos mentais, os transtornos da personalidade


apresentam o perigo de uma estigmatização do paciente. Isso se deve
sobretudo à terminologia, que sugere um transtorno de toda a personalidade do
indivíduo e, muitas vezes, está ligada a juízos morais com relação ao paciente.
Os atuais sistemas de classificação (DSM-V e CID-10) - que utilizam o método
descritivo e não etiológico - permitiram o desenvolvimento de novas
abordagens, que procuram descrever tais transtornos como transtornos da
interação interpessoal e levaram ao desenvolvimento de novos
tratamentos psicoterapêuticos.

No Brasil existe pouco material publicado na área, sendo uma das áreas de
pesquisa em psicologia e psiquiatria com maior escassez de publicações
científicas.

Critérios de diagnóstico do DSM-IV-TR


Transtornos de personalidade fazem parte do Eixo II do manual
psiquiátrico DSM-IV-TR, da Associação Americana de Psiquiatria.

Critérios gerais de diagnóstico

O diagnóstico de um transtorno de personalidade deve satisfazer os critérios


abaixo, juntamente com os critérios específicos do transtorno em consideração.

A. Comportamento e experiências que se desviam consideravelmente do que a


cultura vigente espera. Esse padrão é manifestado em duas (ou mais) áreas
seguintes:

cognição (percepção de si mesmo, dos outros ou de eventos)

afeto (o alcance, a intensidade, a maleabilidade e a conveniência das


respostas emocionais)

funcionamento interpessoal

controle do impulso

B. O comportamento é inflexível e invasivo, com alcance em ampla gama de


situações pessoais e sociais.

C. O comportamento leva clinicamente a um significante desconforto e prejuízo


nas áreas de funcionamento social e ocupacional, ou outra área importante de
funcionamento.

D. O padrão é estável, de longa duração e deve iniciar, pelo menos, na


adolescência ou início da idade adulta.

E. O comportamento não pode ser identificado como uma manifestação ou


consequência de outra doença mental.

F. O comportamento não pode ser identificado como uma manifestação ou


consequência de causas fisiológicas como abuso de substâncias ou uma
condição médica geral tal como dano cerebral.

Pessoas menores de idade que alcancem o critério de um transtorno de


personalidade não são, usualmente, diagnosticadas como tendo tal transtorno,
ainda, elas podem receber um diagnóstico correlacionado. Para se diagnosticar
um indivíduo menor de idade com um transtorno de personalidade, os sintomas
devem estar presentes por, pelo menos, um ano. O transtorno de
personalidade antissocial não pode, por definição, ser diagnosticado em
pessoas menores de 18 anos.
Lista de transtornos de personalidade definidos no DSM-IV-TR

Cluster/Grupo A (transtornos excêntricos ou estranhos)

Os indivíduos que estão neste grupo, costumam ser apelidados como


esquisitos, isolados socialmente, frios emocionalmente, inexpressivos,
distantes e muito desconfiados. Este grupo está mais propenso a desenvolver
sintomas psicóticos.

Transtorno de personalidade esquizoide — Indivíduos isolados socialmente,


não expressam ou vivenciam emoções como alegria ou raiva, frios
emocionalmente, indiferentes e não fazem questão de manter laços afetivos
com outras pessoas, sendo assim, vistos como independentes
emocionalmente. São muito introspectivos, e muitas vezes não têm amizades.
Não anseiam por tais relacionamentos e geralmente preferem viver sozinhos e
isolados. (Não confundir com depressão nervosa grave.)

Transtorno de personalidade esquizotípica — Pessoas com as mesmas


características ao esquizoide, contudo, estão mais próximas à esquizofrenia.
Desconfiados, alguns podem acreditar que têm poderes especiais, outros
podem ser supersticiosos e cheios de "manias", sendo que geralmente
possuem crença excessiva ou fanatismo religioso. Frequentemente participam
de seitas excêntricas, ou acabam por se apegar excessivamente a alguma
forma de "ocultismo" ou religiosidade, muitas vezes tornam-se fanáticos
religiosos que passam a vida a "pregar" seus conceitos de forma exagerada,
acreditando serem escolhidos por alguma entidade divina ou, ocasionalmente,
acreditam sentir presença ocultas, ouvir vozes e chamados do além, entre
outros comportamentos próximos às psicoses. (Não confundir
com esquizofrenia.)

Transtorno de personalidade paranoide — São pessoas demasiadamente


desconfiadas e paranoicas. Não conseguem confiar em outros, sempre alegam
que vão ser passados para trás ou que estão tramando e conspirando algo
contra ele. Em momentos de estresse, essas características tendem a piorar e
são essencialmente rancorosos, com dificuldade em perdoar os erros e
fracassos das outras pessoas. Atribuem isso sempre às supostas tramoias,
conspirações, perseguições etc. São frios emocionalmente e podem se manter
distantes às outras pessoas porque acreditam estar sempre sendo enganados,
às vezes reagindo com hostilidade por motivos incompreensíveis aos olhos de
outros. (Não confundir com esquizofrenia ou delírio.)

Cluster/Grupo B (transtornos dramáticos, imprevisíveis ou irregulares)

Pessoas que convivem intimamente costumam perceber um quê de anormal no


comportamento dos indivíduos que compõem este grupo, frequentemente
sendo apelidados como "problemáticos". Nele, estão presentes os indivíduos
que são vistos aos olhos de outros como manipuladores, rebeldes, com
tendência a quebrar regras e rotinas, irritantes, "maus", inconstantes,
impulsivos, dramáticos, sedutores, imprevisíveis, egoístas e muito intolerante
às decepções. Neste grupo, os sintomas inflexíveis dos distúrbios afetam muito
mais as pessoas em sua volta, do que o próprio indivíduo.

Transtorno de personalidade antissocial — São sociopatas, indivíduos


egocêntricos desde a adolescência e que mesmo na idade adulta mantêm
comportamentos persistentes de desrespeito as normas, regras ou leis sociais.
Causam prejuízos e transtornos significativos as pessoas próximas em seu
círculo social. Frequentemente surgem ocorrências de transtorno de conduta e
histórico de problemas em relação conjugal devido sua propensão para
adultério e infidelidade.

Não desenvolvem empatia e tendem a ser insensíveis, cínicos e a desprezar os


sentimentos, direitos e sofrimentos alheios. Impera o egoismo. Enganam,
seduzem e manipulam as pessoas a fim de obter vantagens pessoais ou
prazer. São capazes de fingir um comportamento exemplar e se fazer passar
por vitima com maestria. Distorcem fatos e acontecimentos verídicos a fim de
convencer quem lhes dá atenção. (O diagnóstico de antissocial não está
relacionado a evitar socializações, algo mais provável no transtorno de
personalidade esquiva.)

Transtorno de personalidade histriônica — São pessoas muito emotivas,


hipersensíveis, exageradas, superficiais, emocionalmente instáveis,
dramáticas, muito preocupadas com a aparência física (vaidosos e
provocativos) e com notável tendência a exigir excessiva atenção para si a todo
momento. Caso contrário, sentem-se profundamente incomodados, podendo
expressar suas emoções de forma exagerada, como rompantes de choro ou
raiva por coisa mínima.

Geralmente vestem-se de maneira chamativa, sobretudo sexualmente


provocante e costumam estar sempre à caça de elogios a respeito de sua
aparência física. Tendem a infidelidade contumaz, são muito manipuladores,
sedutores, controlando pessoas e circunstâncias para conseguir atenção.
Fazem uso da manipulação emocional e sedutora, frequentemente vestindo-se
de maneira chamativa, provocando, encantando e seduzindo outras pessoas.
(Não confundir com Transtorno Afetivo Bipolar.)

Transtorno de personalidade borderline — Distúrbio comparável a uma "doença


do amor", uma vez que seus sintomas tornam-se muito exacerbados quando
apaixonam-se. São indivíduos muito inconstantes, exagerados,
constantemente insatisfeitos, intolerante às decepções e frustrações, com
pensamento extremista 8-80 (totalmente bom ou totalmente mau: não
conseguem ver lado bom e ruim numa mesma pessoa ou situação), não
conseguindo relacionar-se de maneira saudável com seus familiares e pessoas
íntimas, tratando-as frequentemente de maneira estúpida, agressiva ou
rebelde. Quando apaixonam-se por uma pessoa, tratam-na como um deus,
entretanto, à menor contrariedade ou sinal de rejeição percebida, acreditam
erroneamente estar sendo ignorados e abandonados, tornando-se irritantes,
insuportáveis e autodestrutivos passando drasticamente do amor idealizado
para o ódio, tratando cruelmente o parceiro como um verdadeiro demônio,
sendo assim, com notável tendência a terminar relacionamentos de forma
raivosa. Essas relações íntimas são frequentemente intensas, mas caóticas e
instáveis, terminando sempre em chantagens, manipulações, ameaças suicidas
ou autodestrutivas.

Essas pessoas têm profundos sentimentos de raiva e vazio crônico, são


emocionalmente instáveis, com surtos de carência afetiva, mostrando-se
também controladoras e muito ciumentas. Além disso, têm tendência suicida e,
a fim de se libertar do sentimento de vazio e rejeição, podem engajar-se em
comportamentos compulsivos como automutilação, comer compulsivamente,
gastos em excesso etc. São irritadiças quando estão com pessoas muito
íntimas e se sentem merecedoras de cuidados e atenção especial a todo
momento. Muitas vezes não conseguem controlar fortes emoções como a
raiva. Sentem-se sempre mal amados, rejeitados e ignorados por motivos
banais, o que causa um gatilho para agressividade e manipulações. São
pessoas manipuladoras, uma vez que temem ser rejeitados em seus
relacionamentos amorosos, fazendo esforços totalmente desproporcionais para
evitar o abandono. (Não confundir com Transtorno Afetivo Bipolar.)

Transtorno de personalidade narcisista — Pessoas arrogantes, orgulhosas e


que se acham superiores e mais especiais que os outros. De primeira, esses
indivíduos passam uma grande impressão de que são metidos, egoístas ou
antipáticos, demonstram pouca empatia para com os outros, não se importam
com sentimentos alheios e podem ser frios emocionalmente. Quase sempre se
acham "os melhores", "os mais lindos", "os mais ricos" etc. e exigem ser
atendidos pelos melhores médicos, pelos melhores professores e outros
"melhores" profissionais por causa de seu sentimento de superioridade.
Diferentemente do histriônico, narcisistas podem se cuidar em excesso
(vaidosos) para mostrar às outras pessoas o quanto são mais "bonitos" e
anseiam por elogios não para receber atenção, mas apenas para mostrar que
são supostamente superiores às outras pessoas. (Não confundir
com megalomania.)

Cluster/Grupo C (transtornos ansiosos ou receosos)

Os indivíduos que compõem este grupo são vistos como medrosos, ansiosos,
frágeis, dependentes, fóbicos e com tendência a serem submissos,
organizados, obedientes e, ao contrário do grupo B, evitam quebrar regras ou
rotinas. Neste grupo, frequentemente os traços inflexíveis dos transtornos
prejudicam muito mais o próprio indivíduo, do que as pessoas à sua volta. Este
grupo está mais propenso aos transtornos de ansiedade.

Transtorno de personalidade dependente — Pessoas muito dependentes


emocionalmente e fisicamente, sempre dependendo de outras pessoas para
fazer qualquer coisa. Notavelmente carentes, elas não conseguem viver só e
estão sempre à procura de um relacionamento íntimo para se manter
dependente. Com frequência, são submissos às pessoas por quais mantêm um
laço afetivo, podendo demonstrar muita empatia ou altruísmo por outras
pessoas e pouca preocupação consigo mesmo. Não costumam contrariar as
outras pessoas e emoções como raiva e desgosto frequentemente são
reprimidas e disfarçadas, pois têm medo excessivo em magoar o outro. Com
medo da perda e abandono, esses indivíduos pensam muito mais nas outras
pessoas do que em si, deixando de fazer coisas que gostam, para satisfazer
aos outros.

Eles são propensos a envolverem-se em relacionamentos perturbadores, com


tendências sadomasoquistas, muitas vezes aceitando atitudes abusivas contra
si. Por isso, a insatisfação é constante e o sentimento crônico de tristeza é
comum nessas pessoas, uma vez que tornam-se pessoas excessivamente
submissas aos outros, muitas vezes deixando-se ser vítimas de maus tratos
por parte de outras pessoas por quais mantêm dependência. Geralmente,
possuem medo de machucar o outro e têm dificuldade em romper tais
relacionamentos. Quando terminam, sentem-se culpados e frequentemente
partem desesperadamente em busca de um novo relacionamento.
(Não confundir com distimia.)

Transtorno de personalidade esquiva — Indivíduos que são excessivamente


tímidos, com grande ansiedade na vida social, sendo que frequentemente
carregam um sentimento de inferioridade em relação às outras pessoas. Via de
regra, têm uma baixa auto-estima e temem serem ridicularizados ou criticados
em público. Na realidade, anseiam contato íntimo entre as pessoas, mas com
medo de serem ridicularizados, envergonham-se e se isolam socialmente.

Eles podem evitar festas, lugares cheios de pessoas e outras ocasiões sociais
que poderão ser o centro das atenções, sendo que muitas vezes não têm
amigos. Por vezes, carregam grande sofrimento pois têm uma grande vontade
de se relacionar com outros, mas não conseguem por conta da vergonha e
timidez excessiva que enfrentam ao deparar-se com outras pessoas.
(Nãoconfundir com depressão nervosa grave, fobia social e transtorno de
ansiedade generalizada.)

Transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva — São pessoas teimosas e


inflexíveis, excessivamente organizadas, temendo descuidos,
desorganizações, sujeira ou qualquer outra forma de "bagunça". Elas priorizam
o correto e organizado, podendo gastar muito tempo trabalhando, estudando
ou limpando, deixando de lado relacionamentos, diversão e lazer. Além disso,
elas tendem a fazer seus deveres a sós porque temem que outras pessoas não
irão fazer corretamente. Nos seus relacionamentos, eles podem ser um pouco
distantes ou isolados e aparentar frieza emocional. Com frequência têm
dificuldade em desfazer-se de velharias e coleções, podendo acumular muitos
utensílios, móveis e objetos antigos. Via de regra, se sobrecarregam em suas
atividades, algumas vezes desenvolvem compulsão desenfreada para o
trabalho. Não confundir com Transtorno obsessivo-compulsivo [TOC].

A principal finalidade é obter um conhecimento de indivíduos ou grupos, com


um objetivo específico e determinado pelo perfil que deve ser verificado. A
avaliação nada mais é do que um processo de coleta de dados e
interpretações de informações, na qual podem ser utilizados diversos métodos
e técnicas, incluindo testes psicológicos padronizados.

Para que um teste psicológico possa ser utilizado ele precisa passar por
inúmeras etapas que garantam que ele possui fundamento técnico e científico,
ou seja, passou por pesquisas que confirmam que os estudos realizados
confirmaram que o mesmo possui condições mínimas de avaliar o que ele
propõe.

Por ser uma coleta de dados baseada em uma metodologia específica, se


houver divergências na forma de aplicação o resultado pode não ser fidedigno,
e é por isso que o profissional precisa sempre seguir as normas contidas nos
manuais dos testes, tanto para a aplicação quanto para a correção e análise
dos resultados. Isso quer dizer que nenhum psicólogo “acha” alguma coisa a
partir de um teste, pois deve existir fundamento e comprovação da eficiência do
instrumento para que ele possa ser considerado útil.

Uma avaliação psicológica baseia-se na utilização de um método técnico-


científico que permite coletar dados, realizar estudos e interpretar as
informações no que diz respeito aos processos e fenômenos psicológicos
através procedimentos de prognósticos e diagnósticos, através de técnicas,
instrumentos e métodos.

Esses procedimentos são testes sistemáticos que avaliam o comportamento de


um indivíduo, considerando sempre os fatores sociais e históricos aos quais
este foi condicionado e quais foram os seus efeitos na psique.
O único profissional habilitado por lei (Art. 13 da Lei no 4.119/62) a realizar
esses testes é o psicólogo, devendo ele sempre manter a ética,
profissionalismo, sigilo e imparcialidade que promovem ao indivíduo avaliado a
preservação da sua integridade.

É de suma importância que esse profissional tenha consciência de como um


diagnóstico pode influenciar a realidade de um indivíduo, tanto que existem
críticas a respeito desse tipo de avaliação, pois ela pode, muitas vezes, facilitar
processos de exclusão de um avaliado.

Os testes psicológicos existem desde a antiguidade e eram utilizados por


gregos em processos educacionais para conseguir domínio em suas atividades
intelectuais e físicas, mas não eram focados nas diferenças comportamentais.

Após algum tempo surgiram testes que avaliavam a personalidade com o


objetivo de medir características afetivas ou de cunho não intelectual do
comportamento. A utilização deles visa avaliar o ajustamento emocional, as
relações sociais, as atitudes, os interesses, a motivação, os hábitos, bem como
possíveis alterações emocionais e conflitos internos de um indivíduo.

Existe uma gama de testes psicológicos, mas os principais consistem em:

Entrevista clínica: é um elemento central em testes psicológicos. As entrevistas


costumam ter de 1 a 2 horas de duração e acontecem com mais frequência em
consultórios clínicos. Ela é uma oportunidade que o psicólogo tem de coletar
informações sobre a história pessoal da pessoa como, por exemplo, sobre sua
família, etc.

Avaliação do funcionamento intelectual (QI): o QI (quociente intelectual) é uma


medida que avalia as competências cognitivas, ou seja, a inteligência de um
indivíduo. Essa avaliação não mede a inteligência real da pessoa, mas
componentes que cremos que possam ser importantes da inteligência através
de testes de inteligência e avaliação neuropsicológica. O primeiro é mais
comum de ser administrado, mas o segundo pode, em alguns casos, levar dias
para ser concluído, pois é um método de avaliação muito mais amplo, que está
focado em determinar tanto os pontos fortes quanto os déficits cognitivos de
um indivíduo e geralmente é realizado em pessoas que tiveram alguma
disfunção, dano ou problema cerebral.

Determinação da personalidade: esse teste ajuda o profissional a entender com


mais clareza a personalidade de uma pessoa, visto que a personalidade é
desenvolvida durante toda a vida de uma pessoa desde a sua infância até a
idade adulta, combinando fatores complexos, sejam eles sociais, genéticos ou
sociais.
Avaliação comportamental: essa avaliação tem o objetivo de compreender o
comportamento de um indivíduo e os pensamentos que o influenciam a tomar
determinadas atitudes, possibilitando ao profissional mudar e/ou controlar um
comportamento.

DISC (psicologia)

Avaliação Disc é uma teoria postulada pelo psicólogo Dr. William Moulton
Marston em seu livro "Emotions of Normal People" (1928), publicado pela
primeira vez em português no ano de 2014, com o nome de "As Emoções das
Pessoas Normais", que determina alguns padrões de comportamento. A partir
desta teoria, foram elaboradas ferramentas para análise de perfil
comportamental, sendo o primeiro instrumento de mensuração (Activity Vector
Analysis) desenvolvido por Walter Clarke (1945). Tais avaliações consideram
comportamentos ou emoções observáveis, não abrangendo, portanto, a
personalidade dos indivíduos.

DISC é um modelo baseado no trabalho do Dr. William Moulton Marston (1893-


1947) para examinar o comportamento dos indivíduos em um determinado
ambiente. Para Marston, existem quatro tipos básicos de comportamentos
previsíveis observados nas pessoas e tais respostas comportamentais ocorrem
a partir da combinação de duas dimensões: uma interna (referente à percepção
do poder pessoal no ambiente) e outra externa (percepção da favorabilidade do
ambiente). Como resultantes desta matriz temos os seguintes fatores:
Dominância (D), Influência (I), Estabilidade (S) e Conformidade (C) (variações
nestes termos podem ocorrer em função do referencial utilizado).

Nossa individualidade é bem mais complexa do que sugere inicialmente


qualquer modelo. A singularidade de cada sujeito, aqui, pode ser compreendida
a partir da ideia de que somos compostos por um ou dois estilos principais de
comportamento que se destacam frente aos demais. De qualquer forma, estas
intensidades são combinadas com as intensidades dos demais fatores e assim
é definido nosso estilo de comportamento em geral.

Cada um dos padrões comportamentais tem um valor único em termos de


características gerais, motivações, contribuições para a equipe e para a
organização, ou seja, não há um melhor do que outro. As tendências de cada
padrão podem ser funcionais ou disfuncionais dependendo da intensidade de
uso dos comportamentos e dos requisitos específicos do ambiente/desafio em
questão.
Instrumentos psicológicos reconhecidos já foram correlacionados com o DISC,
dentre eles o 16PF e o Myers Briggs Type Indicator. E dentre as aplicações
desta ferramenta, destacam-se desde processos seletivos até programas de
desenvolvimento, seja em nível individual, de equipe ou de gestão.

As avaliações são feitas testando as preferências de uma pessoa a partir da


associações entre palavras. DISC é uma sigla para:

Dominância – relativo a como a pessoa lida com problemas e desafios.

Influência – relativo a como a pessoa lida com pessoas e influencia os outros.

Estabilidade – relativo a como a pessoa lida com mudanças e seu ritmo.

Conformidade – relativo a como a pessoa lida com regras e procedimentos


estabelecidos por outros.

Estas quatro dimensões podem ser agrupadas em uma grade, sendo os


quadrantes superiores ocupados pelos padrões "D" e "I" (representando os
perfis mais ativos) e "C" e "S" abaixo (representando os perfis mais receptivos).
"D" e "C", em seguida, compartilham a coluna da esquerda e representam
estilos mais focados em tarefas/resultados, enquanto "I" e "S" compartilham a
coluna da direita e representam estilos mais voltados a pessoas. Nesta matriz,
a dimensão vertical representa um fator de "comportamento ativo" ou
"comportamento receptivo", enquanto a dimensão horizontal representa
"ambiente percebido como desfavorável" versus "ambiente percebido como
favorável".

Dominância: Pessoas com alta pontuação no fator "D" são muito ativas ao lidar
com problemas e desafios. Descritas como egocêntricas, diretas, ousadas,
dominadoras, exigentes, enérgicas, determinadas. Já baixas pontuações “D”
indicam pessoas mais moderadas e conservadoras, descritas como discretas,
realistas, conservadoras, pacíficas, precavidas e modestas.

Influência: Pessoas com altos escores de "I" gostam de influenciar os outros


através de conversas e atividades e tendem a ser emocionais. São descritas
como entusiastas, persuasivas, convincentes, amistosas, comunicativas,
confiantes e otimistas. Já aqueles com baixos escores de "I" influenciam mais
por dados e fatos e não com sentimentos, sendo descritos como reflexivos,
seletivos, factuais, recatados, desconfiados, pessimistas.

Estabilidade: Pessoas com altos escores em "S" apreciam um ritmo constante,


segurança e não gostam de mudanças súbitas. São indivíduos descritos como
pacientes, confiáveis, calmos, leais, persistentes, gentis, previsíveis. Já baixos
escores em "S" estão relacionados ao apreço por mudança e variedade e tais
indivíduos são descritos como móveis, alertas, inquietos, impetuosos,
espontâneos, impacientes e até mesmo impulsivos.

Conformidade: Pessoas com alto escore em "C" valorizam aderir a regras,


regulamentos e estrutura. Gostam de atuar com qualidade e fazer certo desde
a primeira vez. São descritas como disciplinadas, cautelosas, sistemáticas,
precisas, analíticas, perfeccionistas e lógicas. Já os com baixos escores em "C"
tendem a desafiar regras e buscam independência. Descritos como
independentes, obstinados, voluntariosos, teimosos, rebeldes, arbitrários e
indiferentes a detalhes.

Como o DISC pode ser usado?

Gerenciamento de Mudanças – Aprenda comportamentos para transformar


resistência em receptividade.

Coaching e Mentoring – Descubra como ajudar os outros a atingir seu potencial


de forma consistente.

Resolução de Conflitos – Traga clareza e compreensão para diferenciar estilos


comportamentais.

Atendimento ao cliente – Ensine as equipes de suporte administrativo e de


atendimento ao cliente a fornecer serviços e interações estelares de maneira
confiável, independentemente do estilo comportamental.

Contratação e Seleção / Benchmarking e Comparação – Capacite proprietários


de empresas, gerentes e profissionais de RH com a capacidade de comparar
novos candidatos a benchmarks desejáveis de desempenho no trabalho.

Liderança e gerenciamento de habilidades – capacitar os líderes de sua


organização com a capacidade de obter o máximo proveito de suas equipes,
motivando de forma confiável e genuína sua equipe.

Treinamento de vendas – gere receita ensinando até mesmo os profissionais


de vendas mais novatos ou experientes a identificar e aproveitar
comportamentos identificáveis em seus clientes potenciais.

Team building – Crie suas equipes com base em habilidades e características


compatíveis, não apenas ideias genéricas de equilíbrio.

Produtividade – Planeje reuniões e projetos com diferentes estilos


comportamentais em mente para garantir os melhores resultados
Com as informações sobre os perfis comportamentais, a Metodologia DISC
possibilita, além de assertividade na gestão e desenvolvimento de pessoas,
uma análise mais justa do ser humano.

Cada um é avaliado de acordo com os perfis predominantes e nenhum é


melhor que outro. Há perfis mais adequados para determinadas funções ou
com mais facilidade para desenvolver certas características e habilidades, mas
sem determinismo ou juízo de valor. Além disso, analisar o comportamento
ajuda a eliminar vieses externos.

Exame Psicotécnico

O Exame Psicotécnico é um método de avaliação da personalidade. Um exame


deste é capaz de definir o comportamento padrão de uma pessoa ou de um
grupo de pessoas, bem como definir diferenças entre indivíduos e as suas
reações diante a várias situações do dia a dia ou situações que fogem o
cotidiano.

Apesar de hoje este exame ser uma das mais fortes ferramentas usadas para
avaliação do perfil das pessoas em concursos públicos e exames de direção,
estes exames não são submetidos apenas a estas pessoas, áreas que o tornou
popularmente conhecido, mas também canditatos a emprego em empresas ou
instituições.

Este é o único campo de atuação exclusiva de um psicólogo, em outras


palavras, apenas um psicólogo pode realizar o Exame Psicoténico, caso
profissionais de outra área o façam estarão sujeitos à pena, e até mesmo
invalidação do exame.

Para este exame não existem respostas corretas ou um gabarito, existem


outros métodos e técnicas que caracterizam o comportamento e descrevê-lo de
acordo com grupos, categorias ou até mesmo escalas numéricas.

A realização do exame pode ser feita de diversas formas; existem testes onde
o avaliado é sujeito a fazer traços e desenhos (linhas, retas paralelas, círculos,
zigue-zagues, casas, pessoas) ; o objetivo destes é examinar a coordenação
motora, a capacidade de observação, a percepção de espaço e as proporções
dos objetos e do corpo humano. Este tipo de exame recebe nome de " PMK ".
Este exame consiste em alguns pontos cruciais que o entrevistador deve se
atentar que são:

Sudorese (paciente suando muito )

Movimentos corporais intensos

Elevação do tom de voz

Dificuldade de resposta (gagueira, troca de letras )

Profundidade do olhar diante situações impostas

Agressividade das respostas

entre outros pontos.

Os testes descritos acima são ferramentas que para a sua construção foram e
continuam tendo como base resultados anteriores obtidos com sucesso,
observações e experimentos e por isso podem vir a apresentar falhas no
decorrer de sua interpretação, logo não devem ser tomados como única fonte
para a avaliação do perfil do candidato.

Avaliação Psicológica

A avaliação psicológica é um procedimento que visa avaliar, através de


instrumentos previamente validados para a determinada função, os diversos
processos psicológicos que compõe o indivíduo, sendo o psicólogo o único
profissional habilitado por lei para exercer esta função. A avaliação e descrição
da realidade psicológica de alguém fornece ao psicólogo um conjunto de
informações, as quais este deve saber interpretar, selecionar e sobretudo
transmitir e devolver.

Esta responsabilidade traz consigo uma série de considerações éticas que


visam não somente a imparcialidade do processo em si, mas principalmente a
humanização deste, tendo como foco, em última instância a preservação da
integridade do sujeito avaliado.Partindo deste principio muitas questões vem a
tona, como a influência do diagnóstico no contexto social do avaliado; o
posicionamento do psicólogo em relação à avaliação; além do sigilo
profissional na confecção de laudos, além de várias outras que cercam a
responsabilidade ética na avaliação psicológica.
O psicólogo deve ter consciência da influência que um diagnostico pode trazer
para a realidade do avaliado. Uma das críticas feitas a avaliação diz respeito a
esta questão, que a avaliação muitas vezes pode ser facilitadora dos processos
de exclusão.

A idéia que surge neste contexto refere-se a importância que este diagnóstico
pode adquirir na vida do sujeito, falando-se tanto em uma relação pessoal (“o
teste diz que eu não sou apto para o emprego X”) como para uma relação mais
social, onde a avaliação psicológica pode ser motivo de exclusão dos sujeitos
nos mais diversos ambientes, desde o familiar até em suas relações sociais
dentro da comunidade.

O posicionamento do psicólogo em relação à realidade do paciente é outro


ponto que deve ser levado em consideração ao realizar a avaliação, sendo que
o curso de uma entrevista, por exemplo, é bastante influenciado por variáveis
pessoais como sexo, raça, situação sociocultural entre outras. A atenção do
psicólogo nestas situações em relação a estas variáveis é de extrema
importância, apropriando-se das influências que estas causam ao avaliado sem
no entanto abandonar a imparcialidade que a avaliação psicológica existe para
comprovar sua validade.

Lâminas do TAT

Teste de apercepção temática

O teste de apercepção temática (TAT) é um teste projetivo desenvolvido em


1935 por Henry Murray. O teste foi desenvolvido para medir determinadas
características da personalidade, como os motivos, e foi muito utilizado no
estudo da motivação.

Procedimento

O TAT é muitas vezes chamado de "técnica de interpretação de figuras" porque


ele utiliza uma série padronizada de figuras de situações ambíguas sobre as
quais o sujeito testado deve contar uma história. Essa história deve conter
sobretudo os seguintes pontos:

o que conduziu à situação apresentada;


o que está acontecendo no momento apresentado;

o que as personagens estão sentindo e pensando;

como a história termina.

Caso tais elementos forem omitidos, sobretudo no caso de crianças ou de


indivíduos com baixa capacidade cognitiva, o aplicador do teste pode perguntá-
los diretamente.

A forma estandartizada do TAT contém 31 cartões em que situações são


representadas. Alguns deles envolvem homens, outros mulheres, outros ainda
pessoas de ambos os sexos, outros pessoas sem um sexo definido, algumas
vezes adultos, outras crianças e algumas vezes situações sem seres humanos.
Um dos cartões é completamente branco.

Apesar de o teste ter sido desenvolvido de forma a os cartões corresponderem


ao sujeito testado em sexo e idade, qualquer dos cartões pode ser usado com
qualquer pessoa. A maior parte dos aplicadores escolhe um conjunto de
aproximadamente dez cartões, já utilizando aqueles que eles consideram mais
úteis, já aqueles que eles crêem mais adaptados à história e à situação do
indivíduo, encorajando-o, assim, a expressar seus conflitos emocionais.

Palográfico/zulliger/Pfister

Pirâmides Coloridas de Pfister

Criado nos anos 50 pelo suíço Max Pfister, esse teste avalia os aspectos da
personalidade das pessoas, destacando sua afetividade e indicando suas
habilidades cognitivas. É por esse motivo, que é bastante utilizado pelos
Centros de Formação de Condutores – CFCs, na avaliação dos candidatos que
desejam tirar a carteira de habilitação para veículos.

É composto por um jogo com quadrados coloridos com dez cores, subdivididas
em dez tonalidades, três esquemas em forma de pirâmide, uma folha de
protocolo e um mostruário de cores.

A aplicação do teste de Pfister se dá da seguinte forma: colocam-se em frente


ao indivíduo, todos os quadrados coloridos e a cartela com o desenho da
pirâmide. Pede-se que o desenho seja preenchido com os quadrados, de
acordo com seu gosto pessoal.
Em seguida, o processo é repetido com as outras duas pirâmides. No final, o
sujeito que está submetido ao teste deve colocar as três pirâmides em ordem
decrescente, partindo da que mais lhe agrada para a que menos lhe agrada.
Enquanto isso, o psicólogo avalia todas as ações do paciente.

Manchas de Rorschach

O teste de manchas de Rorschach foi criado em meados de 1918, quando o


estudioso da psiquiatria, Hermann Rorschach percebeu que pacientes
esquizofrênicos faziam associações diferentes do que as feitas por pessoas
saudáveis ao visualizar cartões de klecksografia, um jogo popular da época, no
qual os jogadores precisam associar manchas de tintas a imagens e criar
histórias a partir delas.

Esse teste foi bem popular em décadas passadas, principalmente no meio


forense, com o objetivo de testar a personalidade de infratores. Ele é famoso
na cultura popular por aparecer frequentemente em filmes e séries, no entanto,
sua aplicação é bastante questionada nos dias atuais.

Teste Z

Baseado no teste de Rorschach, o teste de Zulliger ou teste Z, como também é


conhecido, é aplicado da mesma forma que seu precursor, porém pode ser
realizado por grupos de dez a trinta pessoas, ao contrário do Rorschach que
tem aplicação individual.

Desenvolvido durante a guerra para testar soldados, o teste tinha por objetivo
ganhar tempo e avaliar os indivíduos superficialmente.

Desse modo, quem apresenta alterações no Teste Z, deve ser submetido a


outros testes mais aprofundados.

Teste Palográfico

Bastante comum no processo seletivo de muitas empresas, o teste palográfico


é aquele em que a pessoa testada deve desenhar diversas setas, uma ao lado
da outra, em uma folha de papel.

Através dos traços do desenho, o psicólogo pode avaliar questões como o


ritmo e a qualidade do trabalho, o temperamento e até mesmo a inteligência da
pessoa testada.
Avaliação Psicológica

A Avaliação Psicológica nada mais é que um procedimento usado por


profissionais da área da psicologia com o fim de avaliar a saúde psicológica de
uma pessoa.A mesma é feita através de alguns instrumentos como testes,
entrevistas, análise de dados e observações.

O motivo é simples. Sempre quando uma pessoa solicita algo que pode colocar
em risco sua vida e de outras pessoas, é normal pedir uma Avaliação
Psicológica. Nesse caso, o indivíduo deve demonstrar que tem condições
psicológicas para conduzir um veículo sem colocar em risco sua integridade
física e a dos demais.

A Avaliação Psicológica também é solicitada quando vamos ser admitidos em


um trabalho, pelo simples fato de saber se a pessoa possui características que
coincide com a vaga apresentada.

Uma avaliação para prova, geralmente é feita no mesmo dia. No entanto se é


uma avaliação diagnóstica o procedimento pode ser mais longo e levar
algumas sessões com duração de 50 minutos cada uma para melhores
resultados.

Através da avaliação é possível obter respostas que podem auxiliar o indivíduo


a resolver problemas internos e externos, manter melhor relacionamento com o
mundo e descobrir-se como pessoa, com a intenção de sempre melhorar a
auto-estima e a maneira em que se relaciona com o mundo exterior.

O exame de aptidão psicológica é comum em processos


seletivos para concursos públicos na área de segurança,tribunais e outras
funções que exigem equilíbrio emocional. Caso o candidato não obtenha um
bom resultado nesse teste, ele deixa de concorrer à vaga mesmo se for
aprovado em todas as outras etapas do concurso.

Um cargo de policial, por exemplo, exerce uma função pública portando arma
de fogo, então ele não deve ser agressivo e nem impulsivo. Caso o examinador
classifique o nível de agressividade acima do limite determinado, o candidato é
considerado inadequado para o cargo. Já um motorista deve
ter atenção e concentração, e também não pode ser agressivo.

Uma outra característica analisada é a resistência à frustração. Alguns cargos


exigem que o funcionário trabalhe em ambientes muito frios ou quentes e
barulhentos. Por isso, exige-se estabilidade emocional para essas funções.

Os exames são diferentes de um concurso para outro e avaliam


a personalidade e as habilidades do indivíduo de forma abrangente. Entre as
características de personalidade analisadas estão: inteligência, flexibilidade,
estabilidade emocional, capacidade de concentração, memória e atenção.

Os exames de avaliação psicológica são realizados por equipes de psicólogos


especializados, contratados pelas organizadoras dos concursos.

A avaliação psicológica é um processo técnico e científico realizado com


pessoas ou grupos de pessoas que, de acordo com cada área do
conhecimento, requer metodologias específicas. Ela é dinâmica, e se constitui
em fonte de informações de caráter explicativo sobre os fenômenos
psicológicos, com a finalidade de subsidiar os trabalhos nos diferentes campos
de atuação do psicólogo, dentre eles, saúde, educação, trabalho e outros
setores em que ela se fizer necessária. Trata-se de um estudo que requer um
planejamento prévio e cuidadoso, de acordo com a demanda e os fins aos
quais a avaliação se destina.

O processo de avaliação psicológica apresenta alguns passos essenciais para


que seja possível alcançar os resultados esperados, a saber:

Levantamento dos objetivos da avaliação e particularidades do indivíduo ou


grupo a ser avaliado. Tal processo permite a escolha dos
instrumentos/estratégias mais adequados para a realização da avaliação
psicológica;

Coleta de informações pelos meios escolhidos (entrevistas, dinâmicas,


observações e testes projetivos e/ou psicométricos, etc). É importante salientar
que a integração dessas informações devem ser suficientemente amplas para
dar conta dos objetivos pretendidos pelo processo de avaliação. Não é
recomendada a utilização de uma só técnica ou um só instrumento para a
avaliação;

Integração das informações e desenvolvimento das hipóteses iniciais. Diante


destas, o psicólogo pode constatar a necessidade de utilizar outros
instrumentos/estratégias de modo a refinar ou elaborar novas hipóteses;

Indicação das respostas à situação que motivou o processo de avaliação e


comunicação cuidadosa dos resultados, com atenção aos procedimentos éticos
implícitos e considerando as eventuais limitações da avaliação.
O processo de avaliação psicológica é capaz de prover informações
importantes para o desenvolvimento de hipóteses, por parte dos psicólogos,
que levem à compreensão das características psicológicas da pessoa ou de
um grupo. Essas características podem se referir à forma como as pessoas
irão desempenhar uma dada atividade, à qualidade das interações
interpessoais que elas apresentam, etc.

Assim, dependendo dos objetivos da avaliação psicológica, a compreensão


poderá abranger aspectos psicológicos de natureza diversa. É importante notar
que a qualidade do conhecimento alcançado depende da escolha de
instrumentos que maximizem a qualidade do processo de avaliação
psicológica.

Por intermédio da avaliação, os psicólogos buscam informações que os ajudem


a responder questões sobre o funcionamento psicológico das pessoas e suas
implicações. Como o comportamento humano é resultado de uma complexa
teia de dimensões inter-relacionadas que interagem para produzi-lo, é
praticamente impossível entender e considerar todas as nuances e relações a
ponto de prevê-lo deterministicamente. As avaliações têm um limite em relação
ao que é possível entender e prever. Entretanto, avaliações calcadas em
métodos cientificamente sustentados chegam a respostas muito mais
confiáveis que opiniões leigas no assunto ou o puro acaso.

A avaliação psicológica é um processo, geralmente complexo, que tem por


objetivo produzir hipóteses, ou diagnósticos, sobre uma pessoa ou um grupo.
Essas hipóteses ou diagnósticos podem ser sobre o funcionamento intelectual,
sobre as características da personalidade, sobre a aptidão para desempenhar
uma ou um conjunto de tarefas, entre outras possibilidades. Às vezes, a
expressão testagem psicológica é usada como sinônimo de avaliação
psicológica. Aqui, é necessário cuidado. A testagem psicológica é parte (e nem
sempre ou não necessariamente) da avaliação psicológica. Embora uma
avaliação psicológica possa ser feita, em certos casos específicos, usando
apenas testes psicológicos, essa não é a regra.

Atenção e Raciocínio

Estudar e rever conteúdos, ler sobre atualidades, escrever redações, fazer


exercícios e simulados.

Além de relaxar, xadrez, sudoku, palavras cruzadas e atividades similares


ajudam no desenvolvimento da atenção, memória, foco, raciocínio lógico, entre
outras habilidades.
Para estimular o cérebro e aumentar o rendimento dos estudantes,
especialistas indicam criar pequenos hábitos e passatempos e assim conseguir
sobressair.

Nesta atividade treinamos a escrita e o resumo, desenvolvendo a capacidade


de síntese. Sem falar na terapia que é desabafar e refletir sobre os fatos
marcantes do dia. É uma forma excelente de treinar a memória e sair do piloto
automático, valorizando o que aconteceu no dia.

Quando escrevemos, normalmente somos mais cuidadosos, escolhemos


melhor as palavras, o que exige uma concentração maior no ato de se
comunicar

Os jogos que beneficiam o cérebro podem ser jogos de palavras, números,


tabuleiro e cartas funcionam como exercícios para o cérebro porque exigem de
você o raciocínio lógico e atenção.

Jogos computadorizados funcionam como efeito estimulador no


desenvolvimento intelectual, permitem maior flexibilidade de raciocínio,
desafiam nosso funcionamento executivo, ajudam a treinar e estimular o
pensamento lógico, o planejamento estratégico, a solução de problemas, a
tomada de decisões, o reconhecimento de erros, a enfrentar situações novas, a
inibir reações habituais quando se mostram inadequadas para o momento e o
raciocínio dedutivo.

Raciocínio lógico

Em lógica, pode-se distinguir três tipos de raciocínio lógico: dedução, indução e


abdução. Dada uma premissa, uma conclusão, e uma regra segundo a qual
a premissa implica a conclusão, eles podem ser explicados da seguinte forma:

Dedução corresponde a determinar a conclusão. Utiliza-se da regra e


sua premissa para chegar a uma conclusão. Exemplo: "Quando chove, a
grama fica molhada. Choveu hoje. Portanto, a grama está molhada." É comum
associar os matemáticos a este tipo de raciocínio.

Indução é determinar a regra. É aprender a regra a partir de diversos exemplos


de como a conclusão segue da premissa. Exemplo: "A grama ficou molhada
todas as vezes em que choveu. Então, se chover amanhã, a grama ficará
molhada." É comum associar os cientistas a este estilo de raciocínio.

Abdução significa determinar a premissa. Usa-se a conclusão e a regra para


defender que a premissa poderia explicar a conclusão. Exemplo: "Quando
chove, a grama fica molhada. A grama está molhada, então pode ter chovido."
Associa-se este tipo de raciocínio aos diagnosticistas e detetives etc.

Razão

Razão é a capacidade da mente humana que permite chegar a conclusões a


partir de suposições ou premissas. É, entre outros, um dos meios pelo qual os
seres racionais propõem razões ou explicações para causa e efeito. A razão é
particularmente associada à natureza humana, ao que é único e definidor
do ser humano.

A razão permite identificar e operar conceitos em abstração, resolver


problemas, encontrar coerência ou contradição entre eles e, assim, descartar
ou formar novos conceitos, de uma forma ordenada e, geralmente, orientada
para objectivos. Inclui raciocinar, apreender, compreender, ponderar e julgar,
por vezes usada como sinónimo de inteligência.

Como uma forma de chegar a conclusões, é frequentemente contraposta não


só com o modo como os animais não-humanos parecem tomar decisões, mas
também com a tomada de decisões baseada na autoridade, na intuição,
na emoção, na superstição ou na fé. A razão é considerada
pelos racionalistas a forma mais viável de descobrir o que
é verdadeiro ou melhor. A forma exata como a razão difere
da emoção, fé e tradição é controversa, dado que as três são consideradas
potencialmente racionais, e, em simultâneo, pontencialmente em conflito com a
razão.

A principal diferença entre a razão e outras formas de consciência está na


explicação: o pensamento é tanto mais racional quanto mais conscientemente
for pensado, de forma que possa ser expresso numa linguagem.

Etimologia

A etimologia do termo vem do latim rationem, que


significa cálculo, conta, medida, regra, derivado de ratio, particípio passado
de reor, ou seja, determino, estabeleço, e portanto julgo, estimo. É a faculdade
do homem de julgar, a faculdade de raciocinar, compreender, ponderar.

Uma segunda fonte da palavra razão é a palavra grega lógos, que vem do
verbo legein, que quer dizer "contar", "reunir", "untar", "calcular". Por isso,
lógos, ratio ou razão significam pensar e falar ordenadamente, com medida e
proporção, com clareza e de modo compreensível para outros.
Significados

A palavra razão comporta vários significados:

Os filósofos racionalistas opõem a razão à imaginação. Enquanto empregar a


imaginação é representar os objetos segundo as qualidades secundárias -
aquelas que são dadas aos sentidos -, empregar a razão é representar os
objetos segundo as qualidades primárias - aquelas que são dadas à razão.

A razão, como capacidade em desempenhar raciocínio, disposta em diferentes


graduações dentro do número de espécies competentes a desenvolvê-la,
encontra no ser humano o ápice de sua manifestação.

Princípio ou fundamento, a razão pela qual as coisas são como são ou ocorrem
os fatos desta ou daquela maneira.

A razão não é uma instância transcendente, dada de uma vez por todas, mas
um processo que se desdobra ou realiza ao longo do tempo. Dir-se-ia que,
assim como o homem é a história do homem, a razão é a história da razão.

Zenão de Eleia, identificando a razão com o ser e admitindo que o princípio


de identidade, formalmente entendido, é o princípio fundamental da razão,
argumenta para provar que o movimento e a pluralidade,
envolvendo contradição, são irracionais e, portanto, irreais, meras ilusões dos
sentidos.

A razão, entendida como diálogo, não tem um conteúdo eventual, mas


permanente, o conhecimento de si mesma e das essências das coisas, do
universal. A razão socrática é o método que permite, pelo diálogo, proposição
da tese, crítica da tese ou antítese, chegar à síntese, a essência descoberta
em comum, ao termo da controvérsia.

A Razão na História

É na filosofia de Hegel que se encontra a primeira tentativa de introduzir a


razão na história.

Para Hegel, a razão rege o mundo, a história universal transcorre


racionalmente, mas a razão que se manifesta ou revela na história é a razão
divina, absoluta. É a razão que constitui a história.

A razão vital, a razão histórica, nada aceita como simples fato, mas tudo
fluidifica no in fieri de que provém e ao qual se dirige, procurando ver não o fato
cristalizado ou feito, mas fazendo-se ou como se faz.
Método dedutivo

Método dedutivo é a modalidade de raciocínio lógico que faz uso


da dedução para obter uma conclusão a respeito de determinadas premissas.
O método dedutivo normalmente se contrasta com o Método indutivo

Essencialmente, os raciocínios dedutivos se caracterizam por apresentar


conclusões que devem, necessariamente, ser verdadeiras caso todas as
premissas sejam verdadeiras e se o raciocínio respeitar uma forma lógica
válida.

Partindo de princípios reconhecidos como verdadeiros (premissa maior), o


pesquisador estabelece relações com uma segunda proposição (premissa
menor) para, a partir de raciocínio lógico, chegar à verdade daquilo que propõe
(conclusão).

Abdução (lógica filosófica)

A abdução é uma das três formas canónicas de inferência para estabelecer


hipóteses científicas. As outras duas são a indução e a dedução. A abdução foi
a noção que Charles Sanders Peirce adaptou, usando-a no suposto sentido
aristotélico, e contemporaneamente é utilizada em pesquisas acadêmicas,
principalmente na Semiótica e nas Ciências da Comunicação.

A forma lógica é a seguinte: Tem-se observado B (um conjunto de dados ou


factos) e A podendo explicar B.

É provável que A esteja certo. Assim, a abdução é a inferência a favor da


melhor explicação. A hipótese A, ao ser verdadeira, explica B. nenhuma outra
hipótese pode explicar tão bem B como A. Logo, A é provavelmente
verdadeira.

Na abdução utilizam-se certos dados para se chegar a uma conclusão mais


ampla, como acontece nas inferências da melhor explicação.

Na abdução, o que está implicado não é uma função de verdade, mas antes
uma relação de causalidade. A abdução estabelece a probabilidade da
conclusão da inferência e não necessariamente a sua verdade. O facto de um
conjunto de dados B poder ser o efeito da causa A, pode não permitir inferir
categoricamente uma ilação de A sobre B, dado ser uma causa possível entre
muitas outras. O mesmo efeito pode ser consequência de diferentes causas.
Mesmo naqueles casos em que a massa de dados disponível a favor de uma
dada hipótese seja tão grande quanto possamos desejar, é sempre possível
imaginar consistentemente que outra causa originou o conjunto de efeitos
conhecido. A selecção de uma dada hipótese causal tem de depender de
outros critérios de escolha, como por exemplo a simplicidade da explicação.
Assim, o objectivo de um processo abdutivo é o de alcançar uma explicação
para um determinado acontecimento ou conjunto de acontecimentos. Um
exemplo poderia ser ao se deparar com pegadas de um equino, estando num
país não africano, a abdução mais provável seria de que esta marca
pertencesse a espécie Equus ferus caballus, ou seja, um simples cavalo, do
que uma zebra.

Conceitos Iniciais

A lógica é uma Ciência de índole matemática fortemente ligada à Filosofia. Um


sistema lógico, por sua vez, é um conjunto de axiomas e regras de inferência
que visam representar, formalmente, um raciocínio válido. De maneira
simplificada, podemos dizer que a lógica é a ferramenta que devemos utilizar
para concatenar idéias e proposições em busca da verdade.

Um exemplo de sentença é: "Os humanos precisam de água para sobreviver".


Esta é uma proposição que se mostra, logicamente, verdadeira. Acabamos de
nos referir ao valor lógico de uma sentença: "verdadeiro", valor este que, para
uma outra proposição, poderia ser "falso". Em resumo, para uma proposição p,
que pode ser avaliada por um critério lógico, podem ser atribuídos os
valores verdadeiro (V) ou falso (F). Regra geral as proposições são
representadas por uma letra minúscula: p, q, r e etc.

Veja a sentença "p" abaixo enunciada:

p: Você nunca esteve no planeta Saturno.

Podemos afirmar que a proposição p é verdadeira (V). Temos, então, que: VL


(p) = (V), ou seja, o valor lógico (VL) da sentença (p) é verdadeiro (V).

Há 3 (três) princípios que você deve saber:

1) Princípio da identidade: "uma proposição verdadeira é verdadeira; uma


proposição falsa é falsa".

2) Princípio da não-contradição: "nenhuma proposição pode ser verdadeira e


falsa ao mesmo tempo".
3) Princípio do terceiro-excluído: "uma proposição ou será verdadeira ou será
falsa: não há outra possibilidade".

Dizemos que a proposição p = "Márcia é estudante" , e a


proposição q = "Magali é professora". Simbolicamente temos que p ∧ q. Lê-
se: p "e" q.

O "e lógico" ( ∧ ) é o primeiro símbolo que aprenderemos.

Para que a "sentença" em estudo seja verdadeira é necessário que a


proposição "p" seja verdadeira E a proposição "q" seja verdadeira. Vamos
analisar as possibilidades de valor para as sentenças, montando uma tabela
verdade:

p q

V F

F V

F F

V V

Os conectivos existem, como se pode constatar, em função das


proposições compostas e assim se subdividem:

O conectivo "e" ( ∧ ) denominado "de conjunção". Podemos utilizar para ilustrar


como exemplo de conjunção o mesmo exemplo acima citado: Márcia é
estudante e Magali é professora. Como se pode ver, utilizamos o conectivo de
conjunção "e" para construir esta espécie de proposição composta.

Em uma proposição conjuntiva a sentença só será verdadeira se ambas as


proposições forem verdadeiras. Assim, no exemplo supracitado, a sentença só
será verdadeira se a proposição "Márcia é estudante" for verdadeira E a
proposição Magali é professora for verdadeira. Reitere-se: se ambas as
proposições não forem verdadeiras, então a sentença é falsa.

Veja a tabela-verdade da sentença "Márcia é estudante" e Magali é


professora".
p q p∧q

V F F

F V F

F F F

V V V

Vamos ver agora outro símbolo: o ou lógico. O conectivo "ou" ( ∨ )


é denominado de disjunção. E o que vem a ser disjunção ? Recebe o nome de
disjunção toda proposição composta em que as partes estejam unidas pelo
conectivo ou. Simbolicamente, representaremos esse conectivo por " ∨ ".

Portanto, se temos a sentença (formada pelas proposições p e q) "Márcia é


estudante" ou "Magali é professora", teremos como representação p ∨ q (lê-
se: p ou q).

Veja a tabela-verdade da sentença "Márcia é estudante" ou Magali é


professora".

p q p∨q

V F V

F V V

F F F

V V V

Observe que uma disjunção será falsa quando as duas partes que a compõem
forem falsas e nos demais casos a disjunção será verdadeira.

Vamos fazer uma pequena síntese das tabelas-verdade acima.

Uma sentença que contenha a conjunção "e" indica a necessidade de


satisfazer DUAS condições.

A conjunção "e" NÃO admite que só Márcia seja estudante e Magali não
seja professora ou vice-versa.
Assim, a condição para que a sentença "Márcia é estudante" e "Magali é
professora" seja verdadeira é Márcia ser estudante E Magali ser professora.

Se Márcia é estudante e Magali não é professora a sentença é falsa !

Se Márcia não é estudante e Magali é professora a sentença é falsa !

Se Márcia não é estudante e Magali não é professora evidente que a sentença


é falsa !

Para que a sentença seja verdadeira, como dito, será necessário


que Márcia seja estudante e Magali seja professora.

Testes de personalidade

Testes de personalidade são testes aplicados por psicólogos por meio de


perguntas ou testes gráficos com a finalidade de revelarem traços inatos e
adquiridos dapersonalidade do indivíduo, muitas vezes não conhecidos ou não
relatados por ele próprio e que indicam seu caráter e temperamento.

Teste psicológico

Testagem psicológica é um campo caracterizado pelo uso de amostras de


comportamento de forma a aceder a construtos psicológicos, tal como o
funcionamento cognitivo e emocional, de um dado indivíduo. O termo técnico
para a ciência por detrás da testagem psicológica é a psicometria.
Por amostras de comportamento, pode-se significar observações de um
indivíduo no desempenho de tarefas que foram normalmente prescritas de
antemão, o que muitas vezes se traduz em pontuação num teste. As respostas
são frequentemente compiladas em tabelas estatísticas que permitem, ao
avaliador, comparar o comportamento do indivíduo a ser testado às respostas
do grupo de referência.

Um teste psicológico é um instrumento desenhado para medir construtos não


observáveis, conhecidos também como variáveis latentes. Os testes
psicológicos são tipicamente (embora não necessariamente) uma série de
tarefas ou problemas que o indivíduo que responde tem que resolver. Os testes
psicológicos podem-se assemelhar fortemente a questionários, que também
são desenhados para medir construtos não observáveis, mas que diferem na
medida em que um teste psicológico pede ao indivíduo o seu desempenho
máximo enquanto um questionário pede ao indivíduo um desempenho
típico. Um teste psicológico útil tem que ser ao mesmo tempo válido (ex.
existem evidências para apoiar a interpretação especificada dos resultados do
teste) e fidedigno (ex. consistente internamente ou que apresenta resultados
consistentes ao longo do tempo, em diferentes avaliadores etc.).

É importante que as pessoas que são iguais no construto medido apresentem


também probabilidades iguais de responder aos itens do teste
correctamente. Por exemplo, um item de um teste de matemática poderia ser
"Numa partida de futebol dois jogadores levam cartão vermelho; quantos
jogadores restam no final?"; contudo, este item também requer também
conhecimento de futebol para ser respondido correctamente, e não apenas
capacidades matemáticas. A pertença a um grupo também pode influenciar a
probabilidade de responder correctamente aos itens (funcionamento diferencial
dos itens). Muitas vezes os testes são construídos para uma população
específica e isso deve ser tido em conta quando se administram os testes. Se
um teste é invariante para alguma diferença grupal (ex. género) numa dada
população (ex. Inglaterra), isso não significa automaticamente que seja
invariante noutra população (ex. Japão).

Avaliação psicológica

A avaliação psicológica é semelhante à testagem psicológica, mas implica


geralmente uma avaliação mais abrangente do indivíduo. A avaliação
psicológica é um processo que implica a integração de informações de várias
fontes, tais como testes de personalidade normal e anormal, testes de aptidão
ou inteligência, testes de interesses e atitudes, bem como informações a partir
de entrevistas pessoais. Também são recolhidas informações colaterais sobre
a história pessoal, profissional ou médica, como de registros ou a partir de
entrevistas com os pais, cônjuges, professores ou terapeutas anteriores ou
médicos.

Um teste psicológico é uma das fontes de dados utilizada no processo de


avaliação; geralmente mais do que um ensaio é utilizado. Muitos psicólogos
fazer algum nível de avaliação na prestação de serviços a clientes ou
pacientes, e podem usar, por exemplo, listas de verificação simples para
avaliar algumas características ou sintomas, mas a avaliação psicológica é um
processo mais complexo, detalhado e em profundidade. Os tipos habituais de
enfoque para a avaliação psicológica são fornecer um diagnóstico para as
condições de tratamento, avaliar uma determinada área de funcionamento ou
deficiência muitas vezes para ambientes escolares, para ajudar a seleccionar
um tipo de tratamento ou para avaliar os resultados do tratamento, para ajudar
os tribunais a decidir questões como a custódia de crianças ou a competência
para comparecer a julgamento, ou para ajudar a avaliar os candidatos a um
emprego ou empregados e fornecer aconselhamento de desenvolvimento de
carreira ou treino.

Interpretação das pontuações

Os testes psicológicos, assim como muitas medidas de características


humanas, podem ser interpretados numa maneira "referente à norma" ou
"referente ao critério". As normas são representações estatísticas de uma
população. Uma interpretação referente à norma de uma pontuação compara
os resultados do indivíduo no teste com a representação estatística da
população. Na prática, em vez de testar uma população inteira, é testada uma
amostra representativa. Isto fornece uma norma grupal ou um conjunto de
normas. A Curva de Gauss (também chamada "distribuição normal") é uma
representação das normas. As normas estão disponíveis para testes
psicológicos padronizados, ajudando a uma compreensão de como se pode
comparar a pontuação do indivíduo com as normas do grupo. As pontuações
referênciadas na norma são transmitidas tipicamente na distribuição normal
reduzida (pontuação z) ou uma versão redimensionada dela.

Uma interpretação de uma pontuação de um teste referente ao critério compara


o desempenho de um indivíduo com algum critério que não o desempenho de
outros indivíduos. Por exemplo, o teste da escola comum fornece tipicamente
uma pontuação em referência a um dado domínio; um indivíduo pode ter 80%
num teste de geografia. As interpretações de resultados referentes ao critério
são mais aplicáveis geralmente aos testes de realização do que aos testes
psicológicos.

Muitas vezes, os resultados dos testes podem ser interpretados de ambas as


maneiras; uma pontuação de 80% num teste de geografia pode colocar um
estudante no percentil 84, ou uma pontuação z de 1.0 ou 2.0.

Tipos de testes psicológicos

Existem várias categorias gerais de testes psicológicos:

Testes de QI/aptidão
Os Testes de QI pretendem ser medidas de inteligência, enquanto os testes de
aptidão são medidas do uso e nível de desenvolvimento da utilização da
capacidade. Os testes de QI (ou testes cognitivos) e os testes de aptidão são
testes comuns de interpretação referente à norma. Neste tipo de testes, é
apresentada à pessoa uma série de tarefas a serem avaliadas, e as respostas
da pessoa são classificadas de acordo com orientações prescritas
cuidadosamente. Após o teste estar concluído, os resultados são compilados e
comparados com as respostas de um grupo de norma, geralmente composto
de pessoas da mesma idade ou nível de ensino que a pessoa a ser avaliada.
Os testes de QI que contêm uma série de tarefas dividem as tarefas
tipicamente em verbais (que se apoiam no uso da linguagem) e de
desempenho, ou não verbais (que se apoiam em tarefas do tipo olho-mão, ou
no uso de símbolos e objectos). Alguns exemplos de tarefas verbais de testes
de QI são o vocabulário e a informação (responder a perguntas do
conhecimento geral). Nas tarefas não verbais, temos a conclusão
cronometrada de quebra-cabeças (montagem de objectos) e identificar
imagens que se encaixem num padrão (raciocínio de matriz).

Os testes de QI (ex. WAIS-IV, WISC-IV, Cattell Culture Fair III, Woodcock-


Johnson Tests of Cognitive Abilities-III, Stanford-Binet Intelligence Scales V) e
os testes de desempenho académico (ex. WIAT, WRAT, Woodcock-Johnson
Tests of Achievement-III) são desenhados para serem administrados ou a um
indivíduo (por um avaliador treinado) ou a um grupo de pessoas (testes de lápis
e papel). Os testes administrados individualmente tendem a ser mais
abrangentes, mais fiáveis, mais válidos e geralmente têm melhores
características psicométricas que os testes administrados a grupos. Contudo,
os testes administrados individualmente são mais caros de administrar por
causa da necessidade de um administrador treinado (psicólogo, psicólogo
escolar, ou especialista em psicometria).

Testes de empregos de segurança pública

As vocações dentro do campo da segurança pública (ex. bombeiros, polícia,


serviços de correcção, serviços de emergência médica) exigem muitas vezes
testes de Psicologia do trabalho para o emprego inicial ou para avançar na
hierarquia. Alguns exemplos proeminentes deste tipo de testes são o National
Firefighter Selection Inventory - NFSI, o National Criminal Justice Officer
Selection Inventory - NCJOSI, e o Integrity Inventory (testes usados
nos Estados Unidos).

Testes de atitude

Os testes de atitude avaliam os sentimentos do indivíduo acerca de um


acontecimento, pessoa ou objecto. As escalas de atitude são usadas
geralmente em marketing para determinar a preferência do indivíduo (ou do
grupo) por marcas ou itens. Os testes de atitudes usam geralmente ou
uma Escala de Thurston ou uma Escala de Likert para medir os itens
específicos.

Testes neuropsicológicos

Estes testes consistem em tarefas desenhadas especificamente para medir a


função psicológica que se sabe estar ligada a um determinado circuito ou
estrutura cerebral. Os testes neuropsicológicos podem ser usados em contexto
clínico para avaliar o dano causado por uma lesão cerebral ou uma doença que
se sabe afectar o funcionamento neurocognitivo. Quando usado em pesquisa,
estes testes podem ser usados para contrastar capacidades neuropsicológicos
entre diferentes grupos experimentais.

Avaliação infantil e pré-escolar

Devido ao facto de os bebés e as crianças em idade pré-escolar apresentarem


capacidades limitadas de comunicação, os psicólogos não podem usar os
testes tradicionais para os avaliar. Assim, foram desenhados alguns testes
apenas para crianças com idades compreendidas desde o nascimento até aos
seis anos de idade. Estes testes variam geralmente com a idade,
respectivamente, de avaliações de reflexões e metas desenvolvimentais, a
capacidades motores e sensoriais, capacidades linguísticas e simples
capacidades cognitivas.

Os testes comuns para este grupo de idades são divididos em categorias:


Capacidades da criança, Inteligência Pré-escolar, e Facilidade Escolar. Alguns
testes comuns de capacidades da criança incluem: as Gesell Developmental
Schedules (GDS) que mede o progresso no desenvolvimento das crianças, a
Neonatal Behavioral Assessment Scale (NBAS) que testa o comportamento
neo-natal, os reflexos e as respostas, as Ordinal Scales of Psychological
Development (OSPD) que avaliam as capacidades intelectuais das crianças, e
a Bayley-III que testa as capacidades mentais e as habilidades motoras.

Alguns testes comuns de inteligência pré-escolar incluem: as McCarthy Scales


of Children’s Abilities (MCAS) que são semelhantes a um teste de QI para
crianças, as Differential Ability Scales (DAS) que podem ser usadas para testar
problemas na leitura, a Wechsler Preschool and Primary Scale of Intelligence-III
(WPPSI-III) e a Stanford-Binet Intelligence Scales for Early Childhood que
podem ser vistas como versões para crianças de testes de QI, e a Fagan Test
of Infant Intelligence (FTII) que testa a memória de reconhecimento.

Finalmente, alguns testes comuns de facilidade escolar são: os Developmental


Indicators for the Assessment of Learning-III (DIAL-III) que medem as
capacidades linguisticas, motoras e cognitivas, a Denver II que testa as
capacidades motoras, sociais e linguísticas, e a Home Observation for
Measurement of Environment (HOME) que mede até que ponto o ambiente
doméstico facilita a facilidade escolar.

As avaliações infantis e pré-escolares, uma vez que não prevêem as


capacidades da infância mais tardia nem do adulto, são usadas quase
exclusivamente para testar se uma criança está a ter atrasos no
desenvolvimento ou problemas. Também são úteis para testar a capacidade
individual e inteligência, e, tal como dito anteriormente, há algumas
especificamente desenhadas para testar a facilidade escolar e determinar que
crianças podem vir a apresentar mais dificuldades na escola.

Testes de personalidade

As medidas psicológicas da personalidade podem ser descritas como testes


objectivos ou projectivos. Os termos "teste objectivo" e "teste projectivo" têm
sido alvo de críticas recentemente no Journal of Personality Assessment. São
sugeridos os termos mais descritivos "Escala de avaliação de medidas auto-
relato" e "medidas de resposta livre" em vez dos termos "testes objectivos" e
"testes projectivos", respectivamente.

Testes objectivos (Escala de avaliação de medidas autorrelato)

Os testes objectivos apresentam um formato de resposta restrito, tal como


respostas de verdadeiro ou falso ou uma avaliação de acordo com uma escala
ordinal. Os exemplos mais importantes dos testes objectivos de personalidade
incluem o Inventário de Personalidade Multifásico do Minnesota, o Inventário
Multiaxial Clínico de Millon-III, a Child Behavior Checklist, a Symptom Checklist
90 e a Escala de depressão de Beck.

Os testes de personalidade objectivos podem ser desenhados para ser usados


em contexto de Negócios por potenciais empregados, tal como o NEO-PI, o
16PF, e o OPQ (Questionário de Personalidade Ocupacional), todos baseados
na modelo dos Big Five. O modelo dos Big Five, ou modelo dos cinco factores
da personalidade normal, tem ganho aceitação desde o início dos anos 1990
quando algumas meta-análises influentes (ex. Barrick & Mount 1991)
encontraram relações consistentes entre os cinco factores de personalidade e
variáveis de critério importantes.
Outro teste de personalidade baseado no modelo dos cinco factores é o Five
Factor Personality Inventory – Children (FFPI-C.).

Testes projectivos (Medidas de resposta livre)

Os testes projectivos permitem um tipo de resposta mais livre. Um exemplo


disto seria o Teste de Rorschach, no qual uma pessoa refere o que cada uma
das dez manchas de tinta pode ser.

Os testes projectivos tornaram-se uma indústria em crescimento na primeira


metade do século XX, surgindo dúvidas acerca das suposições teóricas por
detrás dos testes projectivos na segunda metade do século XX. Alguns testes
projectivos são menos usados hoje em dia porque consomem mais tempo a
administrar e porque a sua validade e fidedignidade são controversas.

Uma vez que se desenvolveram os métodos estatísticos e de amostragem,


levantou-se uma grande controvérsia sobre a validade e utilidade dos testes
projectivos. O uso do julgamento clínico em vez de normas e estatísticas para
avaliar as características das pessoas convenceu muitos que os testes
projectivos são deficientes e não-fiáveis (os resultados são demasiado
diferentes de cada vez que o teste é dado à mesma pessoa). Contudo, muitos
praticantes continuam a confiar nos testes projectivos, e alguns especialistas
em testes (ex. Cohen, Anastasi) sugerem que estas medidas podem ser úteis
no desenvolvimento da relação terapêutica. Estes testes podem também ser
úteis na criação de interferências a seguir com outros métodos. O sistema de
cotação do Rorschach mais largamente utilizado é o Sistema de cotação de
Exner. Outro teste projectivo comum é o Teste de Apercepção Temática
(TAT), que é cotado frequentemente com as Escalas de Relações de objecto e
Cognição Social de Westen e o Manual de Mecanismos de Defesa de
Phebe. Quer as medidas de "escala de cotação" quer as de "resposta livre" são
usadas na prática clínica, com tendência para a anterior.

Outros testes projectivos incluem o Teste Casa-Árvore-Pessoa, o Teste da


Metáfora Animal, o Teste de Apercepção de Roberts, e o Teste de Ligação
Projectiva.

Testes de sexologia

O número de testes direccionados especificamente para o campo da sexologia


é muito limitado. O campo da sexologia fornece diferentes dispositivos de
avaliação psicológica de forma a examinar os vários aspectos do desconforto,
problema ou disfunção, independentemente se estes são individuais ou
relacionais.

Testes de observação direta


Embora a maioria dos testes psicológicos sejam medidas de "escala de
avaliação" ou de "resposta livre", a avaliação psicológica também pode
envolver a observação das pessoas enquanto elas realizam actividades. Este
tipo de avaliação é geralmente conduzida com famílias, seja em laboratório, em
casa, ou com crianças numa sala de aula. O propósito da observação pode ser
clínico, como estabelecer uma linha prévia de intervenção de uma criança
hiperactiva ou observar a natureza da interacção pais-filhos de forma a
compreender perturbações relacionais. Os procedimentos de observação
directa são também usados em pesquisa, por exemplo no estudo da relação
entre variáveis intrapsíquicas e comportamentos alvo específicos, ou na
exploração de sequências de interacção comportamental.

O Parent-Child Interaction Assessment-II (PCIA) representa um exemplo de


procedimentos de observação directa que é usado em pais e crianças em
idade escolar. Os pais e as crianças são gravados através de vídeo enquanto
jogam num jardim zoológico faz-de-conta. O Parent-Child Early Relational
Assessment (Clark, 1999) é usado para estudar pais e crianças pequenas, e
envolve uma tarefa de alimentação e uma tarefa de quebra-cabeças. A
MacArthur Story Stem Battery (MSSB) é usada para obter narrativas de
crianças. O Dyadic Parent-Child Interaction Coding System-II (Eyberg, 1981)
acompanha até que ponto as crianças seguem os comandos dos pais e "vice
versa" e é adequado para o estudo de crianças com Distúrbio desafiador e de
oposição e os seus pais.

Segurança dos testes

Muitos testes psicológicos não estão disponíveis ao público, pelo contrário,


apresentam restrições tanto dos publicadores dos testes como dos conselhos
de licenciamento psicológico que impedem a divulgação dos próprios testes e
da informação acerca da interpretação dos resultados. Os publicadores dos
testes consideram que estão envolvidas na proteção dos segredos dos seus
testes tanto questões de direitos de autor como de ética profissional, e vendem
apenas os testes a pessoas que provem as suas qualificações profissionais e
educacionais, para grande satisfação dos criadores dos testes. Os
compradores têm obrigação legal de não fornecer os testes ou as respostas
dos testes ao público, a menos que as condições padrão do criador do teste
para administração do mesmo o permitam.

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