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1ºANO

Uma didática da invenção


O rio que fazia uma volta
atrás da nossa casa
era a imagem de um vidro mole...

Passou um homem e disse:


Essa volta que o rio faz...
se chama enseada...

Não era mais a imagem de uma cobra de vidro


que fazia uma volta atrás da casa.
Era uma enseada.
Acho que o nome empobreceu a imagem.
(Manoel de Barros)

QUESTÃO 51
A linguagem é a principal ferramenta da poesia para atingir o simbolismo almejado na
construção de uma mensagem. No poema Uma didática da invenção é possível afirmar
que:
A) há um aparente conflito entre o denotativo e o conotativo e que resulta na reflexão obtida
no último verso.
B) há uma predominância do objetivismo descritivo na primeira estrofe, mas que vai dando
lugar ao subjetivo ao longo do poema.
C) o termo enseada configura-se como o ápice estético do texto e dele se retira o forte
simbolismo da mensagem.
D) a palavra “enseada”, utilizada na segunda estrofe, metaforiza a expressão “vidro mole”
presente na primeira estrofe

QUESTÃO 52
As figuras de linguagem são elementos de fundamental importância na construção do texto
literário. Nos versos “Não era mais a imagem de uma cobra de vidro”, a expressão “cobra
de vidro” traz em si um caráter:
A) sinestésico
B) paradoxal
C) metafórico
D) metonímico

QUESTÃO 53
O poema de Manoel de Barros apresenta dois discursos. O primeiro é o do eu-lírico e o
segundo, ainda que de forma indireta, do homem que passou. Sobre esses discursos é
possível classificá-los, segundo a relação entre ambos, como:
A) ambíguos
B) complementares
C) passionais
D) conflituosos
QUESTÃO 54
Após a leitura do texto de Manoel de Barros é possível chegar a conclusão que:
A) É insustentável a literatura que se utiliza da linguagem denotativa, sendo essa algo a ser
eliminado do corpo dos fenômenos literários.
B) A expressividade literária é atingida à medida que a linguagem toma para si elementos
objetivos e os alinha com uma percepção subjetiva.
C) quando o gênero lírico se aproxima da prosa, ele perde sua expressividade tornando-se
informativo
D) a linguagem dicionarizada terminará por matar a beleza que existe na fala de um povo.

QUESTÃO 55
É possível afirmar que o texto de Manoel de Barros possui elementos:
A) tanto líricos quanto dramáticos
B) tanto épicos quanto dramáticos
C) tanto narrativos quanto líricos
D) tanto dramáticos quanto informativos

GABARITO

51 52 53 54 55

A C D B C

2ºANO

A Universidade esperava-me com as suas matérias árduas; estudei-as muito


mediocremente, e nem por isso perdi o grau de bacharel; deram-me com a solenidade do
estilo, após os anos da lei; uma bela festa que me encheu de orgulho e de saudades, —
principalmente de saudades. Tinha eu conquistado em Coimbra uma grande nomeada de
folião; era um acadêmico estróina, superficial, tumultuário e petulante, dado às aventuras,
fazendo romantismo prático e liberalismo teórico, vivendo na pura fé dos olhos pretos e das
constituições escritas. No dia em que a Universidade me atestou, em pergaminho, uma
ciência que eu estava longe de trazer arraigada no cérebro, confesso que me achei de
algum modo logrado, ainda que orgulhoso.
(ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas)

QUESTÃO 53
A leitura do trecho de “Memórias Póstumas de Brás Cubas” revela:
A) a valorização do cientificismo e da formação acadêmica no âmbito da burguesia
B) a superficialidade das titulações e o descaso com a aptidão para possuí-las
C) o rigor com que a Universidade costumava tratar os seus acadêmicos
D) um personagem preocupado com o futuro e com sua profissão.
QUESTÃO 54
O trecho “A Universidade esperava-me com as suas matérias árduas; estudei-as muito
mediocremente, e nem por isso perdi o grau de bacharel” revela em Machado de Assis uma
postura típica de seu discurso literário, que é a postura:
A) cínica, alimentada por uma ironia que vai de encontro aos chamados “valores burgueses”
B) conciliadora, à medida que o narrador mostra que obteve uma segunda chance para se
formar.
C) romântica, visto que é o esforço do narrador que o fará ser bem sucedido a despeito das
dificuldades.
D) clássica, construindo um narrador-herói que encerra em si um conjunto louvável de
virtudes.

Abatidos pelo fadinho harmonioso e nostálgico dos desterrados, iam todos, até
mesmo os brasileiros, se concentrando e caindo em tristeza; mas, de repente, o cavaquinho
de Porfiro, acompanhado pelo violão do Firmo, romperam vibrantemente com um chorado
baiano. Nada mais que os primeiros acordes da música crioula para que o sangue de toda
aquela gente despertasse logo, como se alguém lhe fustigasse o corpo com urtigas bravas.
E seguiram-se outras notas, e outras, cada vez mais ardentes e mais delirantes. Já não
eram dois instrumentos que soavam, eram lúbricos gemidos e suspiros soltos em torrente, a
correrem serpenteando, como cobras numa floresta incendiada; eram ais convulsos,
chorados em frenesi de amor: música feita de beijos e soluços gostosos; carícia de fera,
carícia de doer, fazendo estalar de gozo.
(AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço)

QUESTÃO 55
O discurso Naturalista possui pontos de aproximação e distanciamento em relação ao
Realismo. No trecho de O Cortiço, de Aluísio Azevedo, é possível observar:
A) a preocupação com o jogo de aparências por meio da preocupação com o fazer social,
sempre evitando circunstâncias denunciadoras de intenções.
B) a busca por um olhar voltado ao mundo interior dos personagens, buscando
desvendar-lhes as motivações reais.
C) a idealização dos espaços compartilhados, das vivências e dos personagens envolvidos.
D) a predominância dos comportamentos impulsivos e regrados instintivamente pelo desejo.

QUESTÃO 56
A insistência no Romance de Tese leva o Naturalismo a adotar posturas, mesmo as
estéticas, que levem à confirmação de suas teorias. Um elemento estético presente no
Naturalismo e que confirma seus valores por meio de afirmações como “a correrem
serpenteando, como cobras numa floresta incendiada” é:
A) a aproximação dos elementos de sentido com a referência ao animalesco e ao feroz
B) a idealização por meio da metáfora das situações cotidianas que cercam os
personagens.
C) a transferência de sensações que dá ao texto um caráter onírico, surreal.
D) o jogo de mensagens contrárias gerando um conflito psicológico nos personagens
QUESTÃO 57
É possível perceber que o trecho de “O Cortiço”:
A) explora os comportamentos da alta burguesia carioca para evidenciar o estágio
privilegiado em que esses se encontram.
B) tem como principal objetivo valorizar e elevar a cultura brasileira por meio da exaltação
dos ritmos populares.
C) critica a sociedade ao citar a devastação do meio ambiente na forma das queimadas em
áreas selvagens.
D) destaca o impacto dos desejos nos comportamento e o poder que os impulsos possuem
em transformar as ações coletivas.

GABARITO

53 54 55 56 57

B A D A D

3ºANO

TEXTO 1

Aos afetos, e lágrimas derramadas na ausência da dama a quem queria bem


Ardor em firme Coração nascido;
pranto por belos olhos derramado; Se és fogo, como passas brandamente,
incêndio em mares de água disfarçado; se és neve, como queimas com porfia?
rio de neve em fogo convertido: Mas ai, que andou Amor em ti prudente!

tu, que em um peito abrasas escondido; Pois, para temperar a tirania,


tu, que em um rosto corres desatado; como quis que aqui fosse a neve ardente,
quando fogo, em cristais aprisionado; permitiu parecesse a chama fria.
quando cristal, em chamas derretido. (Gregório de Matos)

QUESTÃO 69
Considerando o teor temático, os recursos expressivos empregados e a teoria estética
em torno do Barroco, é possível enquadrar o poema “Aos afetos, e lágrimas derramadas na
ausência da dama a quem queria bem” como Barroco visto que:
A) estrutura sua mensagem centrada na típica dualidade do conflito Barroco.
B) aborda o amor em uma perspectiva de idealização da figura feminina e do sofrimento.
C) propõe um modelo poético inspirado na mitologia greco-romana.
D) serve como um documento histórico da poesia praticada no Brasil durante o século 16.

QUESTÃO 70
Podemos dizer que a figura de linguagem predominante para a construção da
mensagem no poema de Gregório de Matos é:
A) a metáfora
B) o pleonasmo
C) a hipérbole
D) o paradoxo

QUESTÃO 71
No verso “se és neve, como queimas com porfia?”, a palavra “porfia” significa:
A) insistência
B) maldade
C) esperança
D) frieza

QUESTÃO 72
Os versos de Gregório de Matos, parecem inspirar-se nos versos presentes na
afirmativa:

A) É um não querer mais que bem querer;


é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
(Camões)

B) Quero-te apenas porque a ti eu quero,


a ti odeio sem fim e, odiando-te, te suplico,
e a medida do meu amor viajante
é não ver-te e amar-te como um cego.
(Pablo Neruda)

C) E o que eu desejo é luz e imaterial.


Que canto há de cantar o indefinível?
O toque sem tocar, o olhar sem ver
A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis.
Como te amar, sem nunca merecer?
(Hilda Hilst)

D) Eu te esperei todos os séculos


sem desespero e sem desgosto,
e morri de infinitas mortes
guardando sempre o mesmo rosto
(Cecília Meireles)

QUESTÃO 73
Sobre Gregório de Matos, é possível afirmar que ele não se destacou apenas como
poeta de traço lírico, mas que a principal lembrança que a Literatura guarda dele é a de um
escritor:
A) aliado aos ideais quinhentistas de valorização do espaço geográfico brasileiro e da visão
etnocêntrica europeia.
B) valorizador do espaço bucólico brasileiro inspirando o ambiente urbano com a imagem do
campo.
C) que, por meio da sátira, tece uma crítica ao espaço social brasileiro, particularmente o
espaço da Bahia colonial.
D) focado na produção de uma literatura moralizante com preocupação especial com o índio e
sua catequização.

69 71 72 73 74
A D A A C

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