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Tribunal Judicial da Comarca de ·····

Proc. n.º 3 /15


1ª Secção de Execução - Juiz 2
Meritíssimo Juiz de Direito

Engeral, Lda, NIF ·····, com sede em ·····, executada nos autos em referência, vem deduzir
embargos de executado contra o exequente Banco X, S. A., o que faz nos termos e com os
seguintes fundamentos:

1. A presente execução tem por base uma escritura pública, intitulada de "compra e mútuo
com hipoteca", na qual a Engeral constituiu, sobre o prédio descrito 27.ª Conservatória
de Registo Predial de Lisboa sob o n.º 959 da freguesia de ·····, comprado através da
mesma escritura a terceiros, hipoteca voluntária a favor do Banco X, SA,

2. para garantia do bom pagamento de todas as responsabilidades assumidas ou a assumir


até ao montante de 150.000€,

3. do juro anual de 6,5%, acrescido de 2% em caso de mora,

4. e das despesas, incluindo honorários, até 30.000€.

5. O montante máximo compreendendo os acessórios do crédito (juros do capital e


despesas) constantes do registo da hipoteca é de 252.750€".

O Direito

Trata-se dum título, pelo qual se determinam os fins e os limites da acção executiva - art.º 10º
do nCPC. Os títulos executivos são os taxativamente enumerados no art.º 703.º, entre eles os
exarados ou autenticados por notário.

A exequibilidade dos títulos executivos extrajudiciais funda-se, como acentua a doutrina


processualista, em duas razões: (a) a relativa certeza ou probabilidade julgada suficiente da
existência da dívida e, portanto, da inutilidade do processo declaratório conduzindo
presumivelmente ao mesmo resultado que se pode obter pelo simples exame do título; (b) a
possibilidade de se comprovar no próprio processo executivo, comportando para tanto as
necessárias formalidades, que apesar do título a obrigação não existe, ou porque não chegou a
constituir-se validamente, ou entretanto se extinguiu.

De entre os documentos exarados pelo notário (art.º 703.º/b) interessa considerar, no caso dos
autos, as escrituras públicas.

Estas têm força executiva desde que provem a existência de uma obrigação, isto é, sejam
instrumento de constituição de uma obrigação ou de reconhecimento de uma obrigação já
existente (art.º 707.º). Têm ainda força executiva as escrituras públicas em que se convencionem
prestações futuras, desde que se prove, por documento passado em conformidade as suas
cláusulas, ou revestido de força executiva, que alguma prestação foi realizada em cumprimento
do negócio.

A escritura em que se convencionem prestações futuras, a efectuar pelo credor, não pode servir,
por si só, de base à execução, uma vez que não é instrumento de constituição de uma obrigação
ou de reconhecimento de uma obrigação já constituída. Para que ela possa funcionar como título
executivo carece de prova complementar da realização de alguma prestação em cumprimento do
negócio, mediante: (i) documento passado em conformidade com as cláusulas da escritura ou
(ii) revestido de força executiva.

O título executivo para a execução das contraprestações do devedor é, portanto, constituído pela
escritura pública e pelo documento complementar emitido de acordo com as cláusulas daquela
ou revestido, por si mesmo, de força executiva.

A hipoteca é a garantia real que confere ao credor o direito de ser pago pelo valor de certas
coisas imóveis, ou equiparadas, com preferência sobre os credores que não gozem de privilégio
especial ou de prioridade de registo; a obrigação garantida pode ser futura ou condicional (art.º
686º, nº1 e 2 do CC).

Ora sucede que apesar de se considerar que a escritura complementada por documentos que
provam que foram realizadas as prestações em cumprimento duma relação de negócios
abrangendo qualquer operação em direito permitida configura título executivo, igualmente o é,
quanto aos honorários de advogado. Porém não pode promover-se a execução enquanto a
obrigação se não tornar certa e exigível (art.º 713º) e, sendo ilíquida, não for efectuada a sua
liquidação (arts. 716º e 717º) (Ac. STJ de 15 Jun. 2000, Proc. 384/2000, Rel. Dionísio Correia.
CJ, T II/2000).

No caso do reclamado montante de 30.000€ de honorários está-se ante uma obrigação ilíquida.
O seu montante, como bem refere o Cons.º Lopes Cardoso, em Manual da Acção Executiva,
1964, pág. 222, depende do volume de serviços do patrocínio que o processo vier a exigir, não
podendo ser computados inicialmente em quantia certa. Só finda a execução poderão ser
fixados, depois de serem ouvidos o executado e os credores graduados sobre a conta
apresentada pelo exequente.

Destarte, não pode promover-se a execução da obrigação de honorários, prevista no título


executivo, porque ainda ilíquida.

Termos em que deverão os presentes embargos ser recebidos e em


decorrência ser parcialmente julgados procedentes quanto ao
montante de €30.000, relativos ao crédito e aos honorários
reclamados.

Valor da Acção: € 30.000.


Rol de testemunhas: nome, profissão e morada.
Junta: procuração forense e DUC comprovativo do pagamento da taxa de justiça.
04 minuta quatro: embargos de executado contra sentença homologatória condicional.

AAAA

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