Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
1.CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS
1
Discente do Curso de Direito – Associação Caruaruense de Ensino Superior / Centro Universitário Tabosa de
Almeida / Asces Unita. Orientador – Professor Fernando Gomes de Andrade. Endereço: Rua Francisco Alves da
Costa, N,54, Centro, Ibirajuba-Pe. Telefone: (87) 9.8825-7147. E-mail: 2017201546@app.asces.edu.br /
lucas12341lucas@outlook.com.
2
Mestre em Direito Público (UFPE) e Doutor em Ciências Jurídico-Políticas (Faculdade de Direito /
Universidade de Lisboa). Professor da Faculdade ASCES, onde coordena o Núcleo de Extensão e Atividades
Complementares, e da Universidade de Pernambuco (UPE). E-mail: fernandoandrade@asces.edu.br.
1
Para que os direitos fundamentais que são existentes nos dias atuais fossem
assegurados aos seres humanos, estes últimos tiveram que travar um sem-número de lutas
emblemáticas. Foram vários os eventos que contribuíram para o surgimento e a consolidação
desses direitos que serão abordados durante este trabalho, porém, um desses importantes
eventos já será destacado brevemente nesta introdução, que é a Revolução Francesa, esta
última teve uma grande influencia para o surgimento de vários direitos fundamentais.
Com o escopo de derrubar o Estado absolutista e acabar com os altos privilégios da
realeza, surgi a Revolução Francesa e, com ela, surgi também uma tríade que ficou marcada
durante a história – liberdade, igualdade e fraternidade –, estes princípios/valores apareceram
para mudar completamente a maneira de ver os seres humanos, passando a tratar esses últimos
com igualdade e dignidade. Porém desses três princípios/valores, um acabou sendo esquecido
durante a história. Enquanto a liberdade e a igualdade desenvolveram-se rapidamente com
uma enorme importância, a fraternidade restou esquecida durante muito tempo.
Com o passar do tempo, as sociedades vão evoluindo e necessitando cada vez mais de
direitos e garantias. A fraternidade, que por tanto tempo restou esquecida, nos dias atuais
aparece como uma importante solução para efetivar o tratamento do ser humano com
igualdade e dignidade. Contudo, temos nos dias atuais importantes documentos jurídicos que
reconhecem a fraternidade, é o exemplo da Declaração Universal dos Direitos Humanos que
traz em seu texto a preocupação de garantir os direitos fundamentais dos cidadãos, como a
liberdade, a igualdade, a dignidade, a fraternidade e outros mais. O legislador constituinte
brasileiro também se preocupou com esses direitos fundamentais, inclusive preocupou-se em
construir uma sociedade fraterna, compromisso este que vem expresso logo no preambulo
constitucional e será detalhado mais à frente.
O presente artigo está dividido em quatro tópicos incluindo está breve introdução.
Primeiramente será analisado a evolução dos direitos fundamentais, fazendo uma análise do
seu surgimento, dos importantes eventos ocorridos ao longo da história que contribuíram para
esses direitos, assim como para sua consolidação, além de apresentar o surgimento da
fraternidade e o seu reconhecimento em importantes documentos como a Declaração
Universal do Direitos Humanos (1948) e Constituição Federal (1988).
Posteriormente, será tratado sobre a importância da Declaração Universal dos Direitos
Humanos (1948) e da Constituição da República Federativa do Brasil (1988) para a
construção de uma sociedade fraterna, visto que ambos os textos fazem menção
explicitamente a fraternidade e trazem em seu conteúdo um caráter fraterno. Lembrando que
em todo momento a importância desses textos serão apresentadas tomando como base
acontecimentos históricos, ou seja, a parti de situações que deram causas para que esses
direitos e estas importantes cartas surgissem. Contudo, será percebido o real valor da
fraternidade para as sociedades contemporâneas desenvolverem-se de um modo que venha
fortalecer cada vez mais a grande família humana.
Para a elaboração do presente trabalho foi utilizado o método indutivo, sendo para
tanto feito uso de doutrinas, artigos científicos e uma revisão bibliográfica acerca do assunto.
Isso porque esta é antes de tudo a condição humana na qual é possível reconhecer o
outro tanto em sua individualidade quanto na perspectiva coletiva na qual se insere.
A própria Declaração Universal dos Direitos humanos, em seu artigo 1º, menciona a
fraternidade como elemento essencial para que seja possível promover a todos os
direitos nela mesma enunciados.
Antes de aprofundar o assunto, cabe aqui ressaltar que o presente trabalho tem como
escopo analisar a fraternidade como categoria jurídica. Em certas ocasiões há um equivoco
em relação ao conceito de fraternidade, pois na maioria das vezes o referido tema é trabalhado
sobre um viés filosófico, ético-moral, sociológico, religioso, sobre uma ideia de irmandade,
que é o próprio significado da palavra. Assim ressalta os mesmos autores supracitados (2014,
pag. 101):
Além desta Declaração se destacar por conta da forte participação intelectual dos
filósofos iluministas da época, ela traz consigo um caráter universal, pois as suas premissas
englobam não só os seres humanos da França, mas atingem todos os seres humanos, de
qualquer parte do mundo, surgindo dai o seu caráter universal, assegurando os direitos
individuais e coletivos dos cidadãos.
4
Posteriormente, surge em 1948 a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Após a
passagem histórica de duas grandes guerras mundiais e de todas as experiências ignóbeis e
atrozes que decorreram dessas guerras e de outros eventos que marcaram negativamente o
mundo, a Organização das Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1948 proclama a referida
declaração, que logo em seu artigo 1º, faz referencia a liberdade, a igualdade e a fraternidade,
reconhecendo de inicio, a importância desses três princípios, que alcançaram todo o mundo
juntamente com a revolução francesa. A fraternidade foi surgindo aos poucos na historia e
demorou um pouco mais que os outros dois princípios da revolução francesa para ser
desenvolvida de maneira mais aprofundada, porém, esta ideia vem se consolidando e
ganhando cada vez mais força. Este capítulo limita-se a apresentar a evolução dos direitos e
garantias fundamentais assim como o surgimento da fraternidade. Contudo, percebido a
importância dos Direitos Humanos para a construção de uma sociedade fraterna, o capítulo
posterior será reservado para desenvolver este assunto de maneira mais aprofundada.
O Brasil, levando em conta todo esse contexto histórico, assim como todas as
barbáries ocorridas no nosso próprio país, promulgou em 1988 uma nova Constituição
Federal, conhecida por todos como Constituição Cidadã. Este novo texto, buscando o
caminho do Estado Democrático de Direito, foi o que mais apresentou legitimidade por parte
dos cidadãos e o melhor elaborado até então, e traz consigo esse caráter fraterno. Este
reconhecimento da fraternidade na Constituição Federal, que vem expresso em seu
preâmbulo, não deve ser encarado como uma mera fraternidade simbólica, mas sim como uma
fraternidade factual. Desta forma, a República Federativa do Brasil, deixa explicito ao longo
da Constituição que tem o escopo de atingir uma sociedade fraterna. Em seus fundamentos,
existem princípios como: o da dignidade da pessoa humana. Tem como objetivos
fundamentas: a construção de uma sociedade livre, justa e solidaria; a garantia do
desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades
sociais e regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminação. E ainda rege-se, em suas relações
internacionais pelos seguintes princípios: prevalência dos direitos humanos; autodeterminação
dos povos; cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; buscando a integração
econômica, politica, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de
uma comunidade latino-americana de nações.
Esta série de princípios fundamentais supratranscritos e o preâmbulo, demonstram o
reconhecimento da fraternidade pela nossa Constituição Federal, visto que o caráter fraterno
está presente em todos eles.
Foi através desses e de outros acontecimentos e da promulgação destas e de outras
cartas ao longo do tempo que os direitos fundamentais foram evoluindo e a fraternidade foi
sendo cada vez mais reconhecida. O ponto de partida para o surgimento dos direitos
fundamentais foi, como ensina Walber Agra (2012, pag.157), a resistência contra o Estado
opressor e contra os privilégios da realeza. Já Fernando Andrade (2014, pag.159), explica que
o Estado moderno surgira em contraposição ao indesejado absolutismo e, como tal, encetou
substanciais mudanças.
Desta forma, com o surgimento do Estado de Direito o despotismo foi perdendo força,
a humanidade percebeu que existem certos direitos que já nascem com o ser humano, tais
direitos que hoje são conhecidos como inalienáveis, irrenunciáveis e imprescritíveis,
compreendendo-os como fundamentais. Surgiram assim, os direitos de primeira dimensão,
englobando os direitos civis, políticos e de liberdade. Como descreve Carlos Augusto
Alcântara Machado (2017, pag.122):
Conhece-se, assim, a positivação dos direitos humanos fundamentais, inseridos no
corpo formal das Constituições, materializados que foram em direitos de status
5
negativus, limitadores da atuação dos poderes públicos. [...] Os direitos de primeira
dimensão tinham como foco, exatamente, a proteção da liberdade dos indivíduos.
A atuação arbitraria do poder Estatal naquela época, fez com que surgissem os direitos
humanos fundamentais de primeira dimensão, através das lutas dos cidadãos, garantindo dessa
forma, por um lado, uma defesa a liberdade dos cidadãos, e por outro a não intervenção do
Poder Estatal, ficando conhecido como Estado Liberal.
Posteriormente, surgiram os direitos destinados ás coletividades, com um caráter
universal, sendo esses os direitos sociais, culturais e econômicos, também reconhecidos como
direitos de segunda dimensão. A garantia ao direito de liberdade foi um passo muito
importante, porém, não suficiente. Como ensina Fernando Andrade (2014. Pág.161), no início
do séc. XX, a igualdade – como era concebida – começa a ser questionada. Ela é o ponto que
diferencia o constitucionalismo liberal do social.
A desigualdade social era um problema alarmante naquela época e os direitos
relacionados a essa área eram praticamente inexistentes. A humanidade clamava por
igualdade e um novo estágio foi alcançado, surgiu então o Estado Social, onde o Estado tem o
dever de atuar para atender as demandas mais urgentes da humanidade.
Após essas duas primeiras dimensões, veio à terceira. Na categoria dos direitos de
terceira dimensão, estão consagrados o direito a paz, o direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, o direito à autodeterminação dos povos, o direito a fraternidade,
entre outros. Assim o direito a fraternidade foi reconhecido e é ele o principal ponto do
presente trabalho. Vale salientar que, uma dimensão não substitui nem mesmo exclui as
outras, como explica Walber Agra (2012, pag.157), elas são quantitativas e qualitativas. Uma
dimensão posterior incorpora direitos da anterior e acrescenta uma nova densidade de
prerrogativas aos cidadãos que ate então não existia.
Foi com o objetivo de construir uma sociedade mais justa, fraterna, igual em direitos e
em dignidade para todos os cidadãos, que, há sete décadas foi criada a Declaração Universal
dos Direitos Humanos. Situações que parecem comum em nosso dia a dia, como acordar,
lavar o rosto, tomar café, ter uma roupa limpa para usar, poder ouvir uma boa musica, sair de
sua casa sem ter alguém para lhe obrigar a ir para um determinado local ou fazer determinada
coisa, demonstra que somos livres, e podem parecer até pequenas liberdades, pois como já
mencionado, são situações comuns na vida dos cidadãos do século XXI. Mas, essas mesmas
pequenas liberdades, que são comuns na vida da grande maioria das pessoas, podem
tornassem imensas, se olharmos para historia do mundo em que vivemos.
Quando nós analisamos todos os horrores que ocorreram em momentos históricos que
são marcados de forma negativa, percebemos o quanto são importantes e imensos os direitos e
as garantias que são assegurados aos cidadãos nos dias atuais. A grande família humana teve
os seus direitos renegados por diversas vezes, a paz no mundo foi substituída por guerras
politicas e ideológicas em vários momentos, seres humanos foram tratados sem o mínimo de
dignidade, sem o reconhecimento do valor da pessoa humana. Homens, mulheres e crianças
foram obrigados a realizar trabalhos forçados por longos períodos em troca de migalhas.
Situações que hoje são comuns, como as mencionadas no paragrafo anterior, não existiam
para pessoas que viveram nos séculos passados. A crueldade existente no mundo era
alarmante e como resultado das guerras e confrontos, vieram milhões de mortes. Mas
gradativamente essa história foi mudando e a importância da Declaração Universal foi sendo
reconhecida em todo mundo, como descreve Norberto Bobbio (2004, pag.18):
6
Mas agora esse documento existe: foi aprovado por 48 Estados, em 10 de dezembro
de 1948, na Assembléia Geral das Nações Unidas; e, a partir de então, foi acolhido
como inspiração e orientação no processo de crescimento de toda a comunidade
internacional no sentido de uma comunidade não só de Estados, mas de indivíduos
livres e iguais.
Foi depois de uma enorme série de atrocidades, que a nossa espécie reconheceu que
era hora de estabelecer limites. Surgiu então, um conjunto de direitos fundamentais para toda
humanidade. Em 10 de dezembro de 1948, nascia a Declaração Universal dos Direitos
Humanos, trazendo uma garantia para o futuro a parti de então, mas sempre olhando para o
passado, para que aquelas condições desumanas não mais chegassem a ocorrer. Como
descreve Noberto Bobbio (2004, pag.20/21), “A Declaração Universal representa a
consciência histórica que a humanidade tem dos próprios valores fundamentais na segunda
metade do século XX. É uma síntese do passado e uma inspiração para o futuro: mas suas
tábuas não foram gravadas de uma vez para sempre” (grifo nosso).
Infelizmente, mesmo após esta importante declaração ser criada, ainda veio a surgi
eventos que marcaram o mundo de forma negativa. Na África do Sul, por exemplo, surgiu o
Apartheid, que foi um sistema de segregação racial, onde pessoas negras tinham os seus
direitos negados. Artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos foram
desrespeitados. Não existia liberdade, igualdade, dignidade, fraternidade, segurança, nem
outros tipos de direitos fundamentais. Não muito diferente ocorreu no Brasil, com o regime ou
ditadura militar, onde pessoas que se opunham ao governo tinham os seus direitos cassados.
Cidadãos eram espancados, sofriam violentas agressões e chegavam a ser mortos, tudo por
conta de governos ditatoriais e confrontos políticos. Mas, com o passar do tempo, de forma
gradativa, esses horrores foram chegando ao fim.
Esta declaração inspirou muitas constituições, inclusive a Constituição Federal de
1988. Em seu artigo inicial, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, afirmou como
aqui já destacado, que todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em
direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com
espírito de fraternidade. É possível percebe claramente, que os Direitos Humanos trazem uma
serie de direitos indispensáveis e inalienáveis na vida dos seres humanos, com base na
liberdade, na igualdade, na fraternidade e na dignidade. A atual Constituição da Republica
Federativa do Brasil de 1988, adotou em seu conteúdo os Direitos Humanos. O artigo 5º,
paragrafo 3º, da Constituição Federal de 1988, garantiu que os tratados e convenções
internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso
Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão
equivalentes a emendas constitucionais.
Desta maneira, o Brasil, como signatário dos tratados internacionais de direitos
humanos, com o objetivo de garantir a construção de uma sociedade fraterna, justa, igual e
digna, para que os seus cidadãos possam ter cada vez mais garantias e não vir a sofrer
novamente os horrores do passado, deve respeitar os direitos humanos e fazer por onde
cumpri-los.
Além de ser signatário dos direitos humanos, o texto constitucional vigente, em vários
de seus princípios fundamentais e no decorrer do seu texto, traz de modo implícito a ideia de
fraternidade, ou seja, demonstra o seu caráter fraternal. Traz também, desta vez de modo
explícito, em seu preâmbulo, a preocupação de assegurar os valores supremos de uma
sociedade fraterna, tudo isso com o intuito de romper com os paradigmas históricos e garantir
os direitos fundamentais dos cidadãos. Identifica-se claramente que o legislador constituinte,
por meio do preâmbulo, dos princípios fundamentais e de outros dispositivos existentes no
decorrer do texto normativo, quis ao elaborar a nossa Carta Magna garantir a construção de
uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social. Este
7
compromisso está estampado, explicitamente no preâmbulo constitucional. A constituição é
um documento jurídico normativo, desta forma, o preâmbulo por fazer parte da constituição, é
dotado de força normativa. Esse pensamento se dá com base em alguns doutrinadores e
algumas decisões que reconhecem a fraternidade como categoria jurídica dando força
normativa ao preambulo, com explica Carlos Augusto Alcântara Machado (2017, pag.178):
Ainda com relação ao preâmbulo do nosso texto constitucional, existe o destaque dos
direitos sociais e individuais, assim como o direito à liberdade, à segurança, ao bem-estar, ao
desenvolvimento, à igualdade e à justiça, destacando assim, o legislador constituinte, todos
esses direitos como os valores supremos de uma sociedade fraterna, ou seja, valores a serem
seguidos para construção de uma sociedade fraterna.
Explica o autor supracitado (2017, pag.134):
Com a Declaração de 1948, tem inicio uma terceira e última fase, na qual a
afirmação dos direitos é, ao mesmo tempo, universal e positiva: universal no sentido
de que os destinatários dos princípios nela contidos não são mais apenas os cidadãos
deste ou daquele Estado, mas todos os homens; positiva no sentido de que põe em
movimento um processo em cujo final os direitos do homem deverão ser não mais
apenas proclamados ou apenas idealmente reconhecidos, porém efetivamente
protegidos até mesmo contra o próprio Estado que os tenha violado.
Fica claro desta forma, a importância dos direitos humanos para a construção de uma
sociedade fraterna, assim como a sua forte influencia para a Constituição Federal vigente. O
8
caráter fraterno da Constituição Federal foi desenvolvido neste capitulo devido à importância
dos direitos humanos tanto para a fraternidade, como já foi explicado, assim como para a
Constituição Federal. Todas essas ideias mostram-nos, que a fraternidade vai além da
igualdade e da liberdade, pois estas últimas, mesmo com suas grandes importâncias,
abrangem somente o campo individual, enquanto a primeira ultrapassa os limites individuais e
abrangem um aspecto coletivo. Por isso há uma real importância em desenvolver a
fraternidade nos dias atuais. Neste sentido escreve Carlos Augusto (2017, pag. 139):
Uma discursão sobre os direitos humanos deve levar em conta aspectos históricos,
como os que foram mencionados brevemente durante este capítulo, para que o leitor possa ter
o conhecimento das lutas que foram travadas e das dificuldades que foram enfrentadas para
ter determinados direitos e garantias existentes na atualidade. Não adianta apenas mostrar o
que foi conquistado, é preciso ir além, é preciso mostrar como foi conquistado, para que todos
os seres humanos que desfrutam desses direitos possam dar o devido valor a eles. É preciso
ler a Declaração Universal dos Direitos Humanos, ler a Constituição Federal e olhar além das
entre linhas destas cartas. A parti do momento que fazemos uma analise em torno do contexto
histórico que surgiram estas cartas, saberemos os seus devidos valores e as suas importâncias,
tanto para a garantia de direitos fundamentais, como para a construção de uma sociedade
fraterna.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do que foi apresentado neste artigo cientifico, percebe-se que durante a história
da humanidade, os seres humanos foram conquistando os seus direitos gradativamente,
através de muitas lutas contra o Poder Estatal e, o resultado de todas essas lutas nós estamos
vivenciando nos dias de hoje, com todas as garantias e direitos que nos são assegurados.
Pouco a pouco as garantias foram surgindo e se consolidando, no primeiro capitulo, foram
apresentados importantes acontecimentos que contribuíram para esses feitos. Dentre estes
9
acontecimentos, um que merece bastante ênfase é a Revolução Francesa, já que foi com está
última que surgiu a ideia de fraternidade.
A princípio com o Estado Liberal foi garantido à liberdade, com o objetivo de
enfraquecer o autoritarismo Estatal. Posteriormente com a necessidade de tratar os seres
humanos com mais igualdade surgiu o Estado Social. Com esse novo estágio surgiu novas
prerrogativas, como o dever do Estado garantir saúde, educação, segurança e outros direitos
básicos aos cidadãos. Assim, já estavam garantidos dois dos três princípios/valores que
surgiram juntamente com a Revolução Francesa: a liberdade e a igualdade. Contudo não basta
se contentar com o que já foi conquistado. Como aprendemos aqui, os direitos fundamentais
dos cidadãos estão em constante processo de evolução, eles não surgem todos de uma vez,
nem de uma vez por todas. Dos três princípios/valores da Revolução Francesa um foi
esquecido e demorou um pouco mais para ser desenvolvido: a fraternidade.
Nos dias atuais a importância da fraternidade está sendo reconhecida e vem sendo cada
vez mais trabalhada. A Declaração Universal dos Direitos Humanos faz menção logo em seu
artigo primeiro a igualdade, a liberdade, a dignidade e a fraternidade, reconhecendo assim a
importância dos princípios/valores que surgiram com a Revolução Francesa, inclusive o da
fraternidade que demorou um pouco mais para ser desenvolvido com mais profundidade. Esta
declaração trouxe ainda mais garantias aos cidadãos e inspirou varias cartas em todo o mundo,
inclusive a Constituição Federal. Verificamos assim, que os Direitos Humanos tem uma
grande contribuição para a construção de uma sociedade fraterna.
Com o objetivo de garantir a construção de uma sociedade fraterna, o legislador
constituinte, reconheceu a importância da fraternidade logo no preambulo constitucional e
ainda indicou os valores supremos a serem perseguidos para que possamos atingir essa
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos. Partindo de todos esses aspectos e da
importância da fraternidade, foi que nos dedicamos a analisar esta ultima como categoria
jurídica e, como vimos durante o artigo está ultima além de estar presente em nossa
Constituição Federal, trazendo novos ensinamentos e novas soluções para o mundo atual,
sempre consagrando a família humana em igualdade e dignidade.
10
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Fernando Gomes de. A Construção dos Direitos Civis, Econômicos, Sociais,
Políticos e Difusos. In: SILVA, Marconi Aurélio e; ANDRADE, Fernando Gomes de;
LOPES, Paulo Muniz; Cidadania, Participação Política e Fratenidade: Uma Abordagem
Multidisciplinar. Recife: ed. Universitária da UFPE, 2014.
BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. 7º Reimpressão. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
SILVA, Marconi Aurélio e; PEREIRA, Matheus Gomes; SILVA, Lucas Gonçalves de Melo.
Capital Social, Fraternidade E Qualidade Da Democracia. In: SILVA, Marconi Aurélio e;
ANDRADE, Fernando Gomes de; LOPES, Paulo Muniz; CIDADANIA, PARTICIPAÇÃO
POLÍTICA E FRATENIDADE: UMA ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR. Recife:
ed. Universitária da UFPE, 2014.
11