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RESENHA 05

TEXTO RESENHADO: ZIEMAN, Aneline dos Santos; REIS, Jorge Renato dos.
Os direitos humanos e o princípio da solidariedade: a nova perspectiva
constitucional. Em: ZIEMAN, Aneline dos Santos; REIS, Jorge Renato dos. O
direito de autor no constitucionalismo contemporâneo: solidarismo
jurídico e função social. São Paulo: Max Limonad, 2018, p., 53-99.
Luís Guilherme Nascimento de Araujo

O texto tem início consolidando que a percepção contemporânea no que


tange aos direitos humanos, apesar das inúmeras e significativas divergências
teórico-filosóficas quanto à sua fundamentação, está fortemente calcada na
Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948. A partir desse
documento histórico, tem-se a consolidação de um consenso internacional, e,
ao menos exordial, ao redor dos direitos humanos como um conjunto de
valores históricos, básicos e fundamentais precipuamente ligados à promoção
da dignidade humana.
Com base nesse documento, ainda, e também com a prática
internacional inicial das nações signatárias após a Segunda Guerra Munda,
tem-se a afirmação da universalidade e indivisibilidade como as caraterísticas
ou traços mais nucleares dos direitos humanos. O primeiro dizendo respeito à
ausência de requisitos prévios para que toda pessoa humana se afirme como
titular de direitos, ou seja, trata-se de uma característica de índice
generalizante, e o segundo dando destaque à interdependência entre os
direitos, o que permite vislumbrar que a sua efetivação prescinde da
observância de gerações ou dimensões, isto é, todos esses direitos e garantias
relativos à promoção da dignidade da pessoa humana possuem, ao menos
formalmente, igual valor intrínseco.
Ademais essas reflexões, entende-se que um dos desenvolvimentos de
maior relevância que pode ser extraído do texto de Zieman e Reis (2018) se
assenta na forma com que o princípio geral da fraternidade é angariado à
princípio jurídico e traduzido, hodiernamente, em termos normativos positivos,
no princípio da solidariedade. Nesse ponto, pode-se denotar um movimento
histórico e normativo de densificação da ideia de fraternidade até se chegar ao
solidarismo em termos jurídicos no âmbito do constitucionalismo
contemporâneo, da mesma forma com que é notória a densificação jurídica dos
direitos humanos quando traduzidos em direitos fundamentais no domínio das
constituições dos Estados nacionais.
Nesse sentido, conclusivamente, pode-se compreender que a
fraternidade é tida como um princípio filosófico, oriundo da Revolução
Francesa, exposto na Declaração Universal dos Direitos do Homem e do
Cidadão (1789), que, até os dias atuais, tem incidência no regime e no
tratamento dos direitos humanos no nível da comunidade internacional. Sob a
mesma lógica e carregando o mesmo núcleo semântico-axiológico, porém
dotado de maior força normativa, tem-se a solidariedade, ou solidarismo, como
um princípio jurídico e, portanto, dotado de efetividade jurídica no ordenamento
jurídico da maioria dos Estados, o que inclui o caso do Brasil, que desde a
Constituição Federal de 1988, no seu artigo 3º, inciso I, aponta a solidariedade
como um objetivo fundamental da República.

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