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MINEIROS-GO
2020
OBJETIVO GERAL
Compreender os tipos de abdome agudo.
OJETIVOS ESPECÍFICOS:
01. Conceituar abdome agudo, correlacionando o diagnóstico com a propedêutica clínica do
abdome.
02. Diferenciar os aspectos clínicos e fisiopatológicos dos tipos de abdome agudo.
03. Caracterizar e exemplificar os tipos de abdome agudo não-traumatico (inflamatório,
obstrutivo, perfurativo, hemorrágico e vascular).
04. Identificar as principais causas de abdome agudo obstrutivo, caracterizando mecanismo
e as manifestações da obstipação intestinal.
05. Descrever os principais recursos diagnósticos disponíveis para diagnostico diferencial
dos tipos de abdome agudo com outros quadros abdominais.
06. Identificar as principais complicações de cada tipo de abdome agudo.
07. Diferenciar as condutas terapêuticas clínicas e cirúrgicas para os diversos tipos de
abdome agudo.
08. Descrever a epidemiologia, a formação e os fatores predisponentes ao desenvolvimento
dos cálculos biliares.
01. Conceituar abdome agudo, correlacionando o diagnóstico com a propedêutica
clínica do abdome.
O médico, ao avaliar o paciente com abdome agudo, deve fazê-lo com interesse e
perspicácia. Frequentemente, o paciente está assustado e temeroso e, não raro, resiste às
tentativas iniciais de comunicação, uma vez que o seu interesse está centrado no rápido alívio
de seus sintomas. A anamnese é fundamental e o médico deve insistir, com calma, em uma
história minutada. O paciente deve ser examinado como um todo, e não apenas como um
abdome portador de uma afecção dolorosa. Ao avaliar o paciente, o médico precisa ter em
mente duas perguntas às quais deve tentar responder: “Qual é o diagnóstico etiológico?” “O
tratamento será clínico ou cirúrgico?” Uma atitude que pode facilitar o diagnóstico é tentar
enquadrar o paciente em uma das cinco síndromes abdominais agudas: perfurativa,
inflamatória, obstrutiva, vascular e hemorrágica. O avanço científico e tecnológico para
diagnóstico e terapêutica médica é assombroso; porém, o exame clínico meticuloso é de suma
importância e jamais será substituído pelos exames complementares, muito especialmente no
abdome agudo (PORTO, 2014).
Dor abdominal
A dor representa o melhor elemento para caracterizar ou mesmo para tentar definir o
abdome agudo, fato que justifica o aforismo: não existe abdome agudo sem dor. Não
devemos nos esquecer, entretanto, de que a dor é uma sensação subjetiva, que depende da
consciência para sua interpretação e que é modulada por fatores educacionais, afetivos,
culturais, e até religiosos, bem como pelo próprio estado psíquico de cada indivíduo
(ansiedade, depressão). Para facilitar a avaliação da dor, Cope aconselha pensar
anatomicamente sempre que o conhecimento das relações estruturais dos órgãos representar
vantagem. Porém, não é suficiente conhecer somente a anatomia macroscópica abdominal,
precisamos compreender a inervação das estruturas e as vias de transmissão dos impulsos
dolorosos. Os nociceptores são terminações nervosas livres que têm a função de receber os
estímulos dolorosos que serão conduzidos pelas fibras nervosas até o cérebro, dando uma
informação de dano ou lesão com a finalidade de proteção e manutenção da integridade do
organismo (PORTO, 2014).
O peritônio visceral e os órgãos abdominais revestidos por ele são inervados por
fibras tipo C, não mielinizadas, que caminham pelo sistema nervoso autônomo a uma
velocidade de 0,5 a 2,0 m/s. Essas fibras são sensíveis a distensão, isquemia, tração,
compressão e torção e conduzem uma dor difusa, de início lento e duração longa, com um
componente emocional marcante e capaz de produzir manifestações sistêmicas, tais como
náuseas, sudorese, diminuição da pressão arterial e da frequência cardíaca. Esta dor é
percebida na projeção da linha mediana e recebe o nome de dor visceral. O peritônio parietal
e a raiz do mesentério apresentam maior quantidade de nociceptores e são inervados por
fibras tipo A delta, mielinizadas, que conduzem o estímulo doloroso a uma velocidade de 12
a 30 m/s (via da dor rápida-aguda). Essas terminações nervosas são estimuladas por diversos
agentes irritantes (conteúdo gastrintestinal, urina, bile, suco pancreático, sangue, pus) e por
substâncias (bradicinina, serotonina, histamina, prostaglandina e enzimas proteolíticas) e
conduzem a uma dor aguda, bem localizada, de curta duração e com componente emocional
fraco. Essa dor piora com movimento de tosse e pode acarretar contratura muscular, que é
reflexa à inervação comum do peritônio parietal e da musculatura abdominal. Essa dor recebe
o nome de dor somática; seu exemplo clássico é a evolução da apendicite aguda, que se inicia
com uma dor difusa pelo abdome e evolui para uma dor localizada no ponto de McBurney,
isso quando o processo inflamatório atinge o peritônio parietal (PORTO, 2014).
A dor referida é percebida em local diferente do estímulo que a gerou. Dessa forma,
um estímulo gerado em um nociceptor da serosa abdominal pode provocar contratura reflexa
da musculatura do dermátomo correspondente, que apresenta inervação comum, ou uma
mesma origem embrionária. Um exemplo clássico é a dor referida no ombro resultante de
processos patológicos que afetam o diafragma ou a vesícula (PORTO, 2014).
Náuseas e vômito
Febre
Uma temperatura axilar superior a 37,5°C pode estar presente em quase todos os
quadros abdominais agudos; porém, a ausência de febre não descarta o diagnóstico de
abdome agudo, principalmente em idosos e imunocomprometidos. O relato de calafrio pode
significar bacteriemia, achado comum nos quadros de colangite e de peritonite. A elevação da
temperatura retal não é específica de nenhuma doença, podendo ocorrer em qualquer
processo inflamatório localizado na pelve (PORTO, 2014).
Anorexia
Função intestinal
Ciclo menstrual
Nas mulheres em fase reprodutiva, especialmente naquelas com vida sexual ativa, a
dor abdominal deve ser correlacionada com o ciclo menstrual. Devemos interrogar sobre
irregularidades nos três últimos ciclos, data da última menstruação, presença de dispareunia,
características do corrimento vaginal, contato sexual e sangramentos, diferenciando se o
sangue é coagulável, ou não. Várias doenças, como gravidez ectópica, ovulação dolorosa,
endometriose e as anexites agudas, frequentemente são causa de abdome agudo. A peri-
hepatite gonocócica (síndrome de Fitz-Hugh-Curtis) pode confundir o raciocínio médico,
mimetizando um quadro de colecistite aguda (PORTO, 2014).
Micção
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