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Análise teórico-reflexivo
Docente:
Professora Sandra Xavier
Enfermeira Catarina Pazes
Discente:
Ana Sofia Daroeira
Beja
2017
INSTITUTO POLITÉCNICO DE BEJA
Escola Superior de Saúde
XXVII Curso de Licenciatura em Enfermagem
Unidade Curricular Enfermagem em Cuidados Paliativos
4ºano/1ºsemestre
Analise teórico-Reflexivo
Docente:
Professora Sandra Xavier
Enfermeira Catarina Pazes
Discente:
Ana Sofia Daroeira
BEJA
2017
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Índice
3. Considerações finais....................................................................................................... 9
5. Anexos .............................................................................................................................. 12
6. Apêndice ........................................................................................................................... 14
1. Nota introdutória
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1. Análise teórico-reflexiva do caso clínico (Anexos-I)
2.1. Etapa 1
2.2. Etapa 2
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e condimentadas; Manter uma boa higiene oral; Prevenir aspiração do vómito, mantendo
posição corporal adequada e evitar decúbito dorsal pós prandial; (Pina 2016, 107) O
tratamento não farmacológico, segundo Pina 2017, vai ter por base a origem deste
quadro. Uma vez que deve ter etiologia na quimioterapia, o médico poderá prescrever
Dexametasona ou Metocloperamida.
- Comunicação: Como é apresentado no caso, o marido da Sra. Maria pediu à
enfermeira para não lhe comunicarem o diagnóstico.
Cicely Saunders afirma que “As famílias pensam, muitas vezes, que têm de proteger a
pessoa moribunda da verdade, mas isto é, quase sempre, um engano.” (Sauders 2013)
Neste tipo de situações é necessário a intervenção de uma comunicação dirigida ao
paciente e à família.
De acordo com o a deontologia que rege as atitudes do enfermeiro, este deve ser
honesto com o paciente e respeitar a vontade do paciente. O enfermeiro, de acordo com
o código deontológico artigo 84º., temos o dever de “informar o individuo e a família, no
que respeita aos cuidados de enfermagem”. (Código Deontológico 2003, 111-112). O
enfermeiro não deve compactuar com a conspiração do silêncio. Deve dialogar com a
família, neste caso com o marido e tentar chegar a uma melhor hipótese.
- Apoio a Família: Na situação apresentada, demonstra a importância do enfermeiro, e
a quipá multidisciplinar são a ajuda neste tipo de situações, devem trabalhar com a
família na aceitação da doença. Para isto, os profissionais devem mostrar-se
disponíveis, de forma a detetarem as dificuldades e medos da família; facilitar a
expressão de sentimentos e pensamentos; evitar os sentimentos de culpa e promover
o auto cuidado; facilitar as decisões, a discussão franca sobre a doença e reorientar as
prioridades. (Aparício, Bragança, Ferreira & Rodrigues 2015,15)
2.3. Etapa 3
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intervenções psicoterapêuticas. Para tratamento farmacológico, segundo Pina (2016),
pode optar-se por um dos seguintes fármacos, tendo em conta a situação apresentada:
Corticoides (Dexametasona; Prednisolona); Progestagéneos: (Medroxiprogesterona;
Acetato de megestrol) e Procinéticos (Metoclopramida).
- Comunicação adequada: Neste caso é importante explicar que a síndrome de
anorexia-caquexia é comum em doentes oncológicos. É fundamental educar a Sra.
Maria e o seu marido para possíveis mudanças na dieta e na medicação e elucidar de
forma clara as alterações e o porquê das mesmas, de maneira a que a Sra. Maria e o
seu marido estejam informados e que o bem-estar dos mesmos seja restabelecido e/ou
melhorado.
- Apoio à família: é importante que nesta situação seja promovida educação da Sra.
Maria e do seu marido para modos de agir perante esta situação, como por exemplo,
ter em atenção aos alimentos nas refeições, optar quantidades pequenas e pratos
pequenos porque uma pessoa que não tem apetite e que vê um prato grande e cheio
de comida vai ficar ainda com menos apetite e também é importante adaptar a dieta ao
gosto da Sra. Maria. Posteriormente, é necessário educar acerca da pertinência de
sinais e sintomas relacionados com a anorexia (xerostomia, infeção oral, oral, náuseas
e vómitos, obstipação). Por último mas, muito importante, deve-se promover apoio
psicológico ao marido e mostrar disponibilidade, uma vez que este encontra-se muito
preocupado com a Sra. Maria.
- Trabalho em equipa: É importante uma parceria com o médico que acompanha a Sra.
Maria para que se entenda qual a medida farmacológica mais adequada para esta. E
também, é relevante uma parceria com a nutricionista de modo a que se consiga alterar
e adaptar a dieta à situação em que a Sra. Maria se encontra.
2.4. Etapa 4
Os pilares presentes na etapa 4 são:
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Abordagem Básica, que comporta o tratamento não farmacológico e por último as
medidas Complexas, que consiste no tratamento farmacológico.
O tratamento não farmacológico incide no aumento de fibras, evitar alimentos
obstipantes, reduzir a imobilidade. Esta última é importante neste caso, porque a Sra.
Maria “está sempre na cama ou sentada”.
O tratamento farmacológico segundo o autor referido anteriormente, inclui:
Amolecedores (Docusato de sódio, parafina líquida, hidróxido de magnésio);
Estimulantes (Sene, Bisacodilo); Osmóticos: (Lactulose)
- Comunicação adequada: É fulcral explicar à Sra. Maria e ao seu marido que a
situação de obstipação é comum em doentes oncológicos e pode pior pela medicação
realizada. Promover a educar à Sra. Maria e ao seu marido para eventuais mudanças
na dieta ou na medicação, por exemplo. Também é importante explicar o que foi alterado
e porquê, de modo a que ambos estejam instruídos.
- Apoio à família: Nesta situação é necessário avaliar as necessidades desta família
acerca do conhecimento deste diagnóstico. É necessário educar para reconhecerem
sinais e sintomas, como a distensão abdominal, dor abdominal, flatulência, náuseas e
vómitos. Por último é relevante despertar o marido e a Sra. Maria para a redução da
imobilidade, a dieta pobre em resíduos, a desidratação, a oclusão intestinal, pois estes
são fatores que aumentam o riso de obstipação.
- Trabalho em equipa: Neste caso é importante a parceria com o médico, e com uma
nutricionista. Em primeiro, com médico, para negociar qual a medida farmacológica mais
indicada para contornar a situação da Sra. Maria. E em segundo articular com a
nutricionista para a elaboração de um plano alimentar que ajude a contornar esta
situação.
2.5. Etapa 5
Astenia/Fadiga
Galvão & Pazes (2016) a astenia é referida como uma sensação percebida pelo
próprio paciente ou também pelo cuidador como falta de energia física e/ou mental,
como demonstra a situação a cima “ (…) tem tão pouca força que até lhe custa engolir”.
(Ver apêndice 4)
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Para o tratamento não farmacológico, de acordo com Galvão & Pazes (2016) é
importante ter em conta fase da doença. Podem ser utilizadas na vida da Sra. Maria
medidas como a conservação de energia, a adaptação da vida diária, adaptação de
planos de exercício de acordo com a capacidade da mesma, por exemplo. Ainda
segundo os mesmos autores para o tratamento farmacológico podem ser ponderados
os seguintes fármacos: Metilprednisolona ou Dexametasona, Metilfeninato, Modafinil e
Eritropoietina.
Disfagia
Santoro 2011 citado em Azevedo 2012, a disfagia é um distúrbio da deglutição,
pode provocar pneumonias, desnutrição e desidratação. Ainda segundo os autores
supracitados anteriormente, a disfagia é um problema comum nos pacientes em fase
terminal, como é o caso da Sra. Maria, merecendo assim atenção como todos os outros
sintomas no sentido de aumentar o bem-estar e conforto da paciente.
No tratamento não farmacológico, de acordo com Azevedo (2012) podem ser utilizadas
medidas como a cabeceira da cama da Sra. Maria esteja elevada durante alimentação,
fazer refeições fracionadas e frequentes, mastigar bem os alimentos e aumentar a
ingestão de líquidos, deve-se dar preferência os alimentos mais fáceis de comer, e
também se pode substituir a colher de sopa por uma de chá por exemplo. Pode também
ser necessário recorrer ao espessamento de líquidos, utilizando espessante.
- Apoio a família: Avaliar as necessidades do marido da Sra. Maria acerca do
conhecimento sobre as problemáticas detetadas, falar e ouvir a Sra. Maria e o seu
marido e avaliar como se sentem com esta situação e como estão a lidar com a mesma
(comunicação eficaz). Capacitar o marido para os efeitos adversos e secundários da
medicação que possa ser realizada para a fadiga. Educar a Sra. Maria e o marido para
modos de agir perante a astenia e a disfagia, referindo as medidas não farmacológicas
a adotar para melhorar a qualidade de vida e o bem-estar da paciente. Capacitar a
família para a importância da ingestão de água em doentes com dificuldades de
deglutição, mas reforçando que a ingestão de líquidos deve ser realizada com cuidado.
(Querido e Guarda 2010 citado em Azevedo 2012)
Uma vez que esta Sra. Maria se encontra acamada e como é alegado no caso “Tem
algumas zonas de pressão branqueáveis.” é necessário avaliar a possibilidade de um
colchão anti escaras, se a Sra. Maria tolerar.
- Trabalho em equipa: É importante que em conjunto com o médico, se decida qual a
melhor medida farmacológica para a fadiga, para além das medidas não farmacológicas.
Comunicar também com a nutricionista, para conseguirmos um plano alimentar indicado
a este tipo de disfagia. É de grande importância que o terapeuta da fala também seja
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integrado neste caso, para que possa esclarecer à família as implicações e
consequências da disfagia.
2.6. Etapa 6
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da Sr. Maria e do marido, e exames complementares de diagnóstico, mas estes devem
ser ponderados, evidenciando os critérios éticos que orientam a tomada de decisão
diagnostica e terapêutica em situações de final de vida.
Nesta etapa e equipa multidisciplinar é importante na identificação dos diversos
sentimentos nesta família, podendo realizar uma reunião com o familiar, com uma das
formas para restabelecer harmonia no grupo. A equipa tem de estar e trabalhar unida,
tentando proporcionar um ambiente seguro e tranquilo à Sr. Maria e ao seu marido.
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3. Considerações finais
Com a análise teórico-reflexiva deste caso clínico, foi mais fácil perceber a
transformação do paciente em cuidados paliativos e também o trabalho em equipa que
tem de existir para se conseguir promover conforto e qualidade de vida às pessoas nesta
etapa da vida. A comunicação é a base dos cuidados paliativos, uma vez que esta tem
de ser eficaz e clara com o objetivo que o outro apreenda o necessário e para também
se conseguir trabalhar em harmonia, e em concordância.
Excellence 2004 citado em Vital 2012 refere que os doentes e as famílias
valorizam a comunicação face a face com os profissionais de saúde que são capazes
de se envolver emocionalmente com os doentes, de ouvir e de perceberem o tipo de
informação que os doentes querem saber e ainda de fornecer esta informação com
clareza e simpatia.
Moreira (2001); DGS(2004) & Neto (2010) citados em Vital 2012 afirmam que a
família deve ser incluída no plano terapêutico, uma vez que esta é prestadora e recetora
de cuidados simultaneamente e deste modo necessita de informação e ensino da equipa
prestadora de cuidados.
E por último, apreendi que não faz mesmo sentido falar de cuidados paliativos sem falar
de equipa multidisciplinar. Mas neste trabalho, dou enfase ao profissional de
enfermagem, em que o seu objetivo é estar de encontro às necessidades da família,
prestando-lhe informação, apoio e educação nos cuidados.
O profissional une-se à família na descoberta de recursos que possam
promover/devolver a estabilidade e equilíbrio familiar (Guadalupe 2009 citada em
Reigada, Ribeiro, Novellas, Pereira, 2014).
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4. Referências Bibliográficas
Aparício, M., Bragança, J., Ferreira, J., & Rodrigues, C. (2015). Apoio ao Luto Em
Familiares de Clientes em Cuidados Paliativos. Lisboa: Hospital da Luz.
Nurses, I. C. (2009). Cuidados Paliativos para uma Morte Digna. Genebra: Ordem dos
Enfermeiros.
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Manual de Cuidados Paliativos (pp. 49 - 148). Lisboa: Faculdade de Medicina de
Lisboa.
Reigada, C., Ribeiro, J., Novellas, A., & Pereira, J. (2014). O Suporte à Família em
Cuidados Paliativos. Porto.
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5. Anexos
I- Caso clínico
Etapa 1
A D. Maria tem 68 anos, é casada, administrativa reformada, vive com o marido e o
filho mais novo numa aldeia do Alentejo. Antecedentes Pessoais: Hipertensão
diagnosticada desde 1996; Diabetes tipo 2 diagnosticada desde 1997, episódio de
Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquémico no inicio do ano 2008, tendo como sequela
principal hemiparesia à esquerda. Não tem hábitos tabágicos e não ingere bebidas
alcoólicas. Refere dor no braço esquerdo desde o AVC. O marido encontra o enfermeiro
de família no centro de saúde e refere que a D. Maria manifesta ter dor constante e às
vezes parece uma “queimadura”. Parece que até a roupa faz doer... Gostariam de ir
passar o Natal com o filho à Suíça mas as dores às vezes ficam insuportáveis... será
que há alguma coisa a fazer?”
Etapa 2
Entretanto a D. Maria recebe o diagnóstico de neoplasia do ovário inoperável, com
metastização peritoneal e inicia Quimioterapia (QT) com Gemcitabina (4 ciclos). Quatro
dias após o primeiro ciclo de QT, o Sr. Manuel, marido da D. Maria, pede apoio à sua
médica de família por episódios de náuseas e vómitos (“desde ontem que não se levanta
da cama e não para de vomitar"). Tem ainda uma dor forte abdominal tipo cólica e por
vezes com irradiação lombar. (refere: "A minha mulher assim não pode estar!”) Antes
do contacto com a doente, o marido pede em segredo à enfermeira "por favor não digam
nada à minha mulher sobre o cancro...ela não sabe o que tem"
Etapa 3
Cerca de três semanas depois o Sr. Manuel vem, sozinho, à consulta do médico de
família e refere que a sua esposa tem tolerado agora melhor os tratamentos mas parece
estar "muito fraquinha". A equipa de saúde (médica e enfermeira) faz visita domiciliária:
Durante a visita o marido refere que a doente perdeu muito peso (“não vê, está muito
magrinha, isto é só pele e osso!”), passa a maior parte do tempo na cama e não tem
apetite nenhum (“quando vê a comida vira a cara para o lado, comida nem vê-la!”). Nesta
altura a dor abdominal ressurge, com características semelhantes.
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Etapa 4
O Marido da D. Maria telefona à enfermeira de família para pedir nova ajuda. Refere
que a sua esposa continua muito emagrecida. Desde a última visita e até há 3-4 dias, a
esposa comia bem e dava pequenos passeios pelo quarteirão, sempre acompanhada.
Agora está quase sempre na cama ou sentada. Desde há 3 dias (ou seria uma semana?)
que não evacua.
Etapa 5
A Equipa decide fazer nova visita conjunta. Aquilo que preocupa o marido é que “ela
agora tem tão pouca força que até lhe custa engolir e às vezes até parece que a comida
custa a passar, fica embassada”. A equipa depara-se com uma doente acamada, com
palidez franca, polipneica, não suada, sem ruído respiratório audível. Está apirética,
sendo o tempo expiratório normal. Tem algumas zonas de pressão branqueáveis.
Etapa 6
O marido da D. Maria mostra-se consciente da gravidade da situação e diz saber que a
mulher vai morrer em breve. Quando lhe é perguntado se preferia que a D. Maria
estivesse internada num hospital ou unidade, responde de imediato que não, que quer
que a esposa viva em casa até ao fim, como sempre foi sua vontade. Diz que sabe que
é mais trabalho para si mas não a quer internar e pede ajuda à equipa para controlo dos
sintomas. Agendada nova visita da equipa: a D. Maria piorou muito nos últimos dois dias
e desde a véspera que está muito agitada, tenta sair da cama mas não tem força e
quase caiu. Esta noite começou a dizer coisas sem nexo, muito depressa e ele só
conseguiu perceber que ela queria ir para a ceifa, trabalho que nunca fez.
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6. Apêndice
- Apêndice 1
Náuseas e vómitos: Segundo Pina 2016, é normal surgir esta tipologia de sintomas
após a exposição a um agente emetizante, esta classifica estas como náuseas e
vómitos atrasados uma vez que surgem num período compreendido entre 24 horas e 5
dias, após a quimioterapia. Aquando avaliação global dos presentes sintomas deve -ser
realizado 5 etapas: “1- Caracterizar as Náuseas e os vómitos; 2- Confirmar a associação
das náuseas e vómitos a outros sintomas concomitantes; 3 - Fazer uma história clinica;4
- Realizar um exame objetivo;5 - Verificar a necessidade de exames complementares
de diagnóstico.” (Pina 2016,105)
- Apêndice 2
- Apêndice 3
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- Apêndice 4
Astenia / Fadiga: Galvão & Pazes (2016) refere que a astenia/ fadiga tem uma etiologia
multifatorial, pode estar relacionada com a doença, a dor crônica e outros sintomas não
controlados como a caquexia, alterações no sono, ansiedade ou depressão, sendo
muito prevalente em doentes em Cuidados Paliativos.
Na avaliação deve ser incluída a autoavaliação se for possível, através de escalas por
exemplo a visual numérica de 0 a 10. Deve incluir-se perguntas como “sente-se mais
fraco ou mais cansado que o habitual, bem como perguntas em relação a intensidade,
fatores de alívio e de agravamento”. A avaliação do paciente com fadiga deve ser
sistemática, incluir os fármacos que o paciente toma e incluir a avaliação do cuidador.
(Galvão, Pazes 2016)
- Apêndice 5
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