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INSTITUTO POLITÉCNICO DE BEJA

Escola Superior de Saúde


XXVII Curso de Licenciatura em Enfermagem
Unidade Curricular Enfermagem em Cuidados Paliativos
4ºano/1ºsemestre

Análise teórico-reflexivo

Docente:
Professora Sandra Xavier
Enfermeira Catarina Pazes

Discente:
Ana Sofia Daroeira

Beja
2017
INSTITUTO POLITÉCNICO DE BEJA
Escola Superior de Saúde
XXVII Curso de Licenciatura em Enfermagem
Unidade Curricular Enfermagem em Cuidados Paliativos
4ºano/1ºsemestre

Analise teórico-Reflexivo

Docente:
Professora Sandra Xavier
Enfermeira Catarina Pazes

Discente:
Ana Sofia Daroeira

BEJA

2017

1
Índice

1. Análise teórico-reflexiva do caso clínico (Anexos-I) .............................................. 2

2.1. Etapa 1......................................................................................................................... 2

2.2. Etapa 2......................................................................................................................... 2

2.3. Etapa 3......................................................................................................................... 3

2.4. Etapa 4......................................................................................................................... 4

2.5. Etapa 5......................................................................................................................... 5

2.6. Etapa 6......................................................................................................................... 7

3. Considerações finais....................................................................................................... 9

4. Referências Bibliográficas ........................................................................................... 10

5. Anexos .............................................................................................................................. 12

6. Apêndice ........................................................................................................................... 14
1. Nota introdutória

Este trabalho foi realizado no âmbito da unidade curricular Enfermagem em


Cuidados Paliativos.
Segundo a Plataforma digital da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos, a
Organização Mundial de Saúde (OMS) define cuidados paliativos como os cuidados que
tem como objetivo melhorar a qualidade de vida dos doentes e das suas famílias. Estas
pessoas enfrentam problemas resultantes de uma doença incurável e com prognóstico
limitado. Através da prevenção e alívio do sofrimento, através da identificação precoce
e tratamento exigente dos problemas não apenas físicos, mas também psicológicos,
sociais e espirituais.
O objetivo geral deste trabalho é uma análise teórica-reflexiva sobre um caso clínico
relativamente a Cuidados Paliativos, onde primeiramente vou identificar,
fundamentando para cada etapa os pilares dos Cuidados Paliativos presentes.
Posteriormente, para cada pilar vou identificar os problemas presentes e por último
sintetizar quais as intervenções de Enfermagem autónomas e interdependentes que
identifico e também quais propostas terapêutica.

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1. Análise teórico-reflexiva do caso clínico (Anexos-I)

2.1. Etapa 1

Os pilares presentes na etapa 1 são:

- Controlo de sintomas: (Dor)


O marido “ (…) refere que a Sra. Maria manifesta ter dor constante e às vezes
parece uma “queimadura”.” Através da descrição, percebo que estamos perante uma
dor crónica (“dor constante”) e uma dor neuropática (“queimadura”). Devemos proceder
ao alívio desta dor, uma vez que o alívio do sofrimento é o pilar dos cuidados paliativos.
Em relação ao controlo da dor podemos optar por medidas farmacológicas, mais
especificamente a analgesia, e adicionar as não farmacológicas, como as intervenções
psicológicas, terapia física e medicinas complementares.
Primeiramente, deve-se perceber a história da dor e se possível ser caracterizada pela
Sra. Maria, para se conseguir negociar o plano terapêutico. Logo, após esta negociação,
o enfermeiro deverá capacitar a Sra. Maria e o seu marido, em relação à gestão da
analgesia, utilizando uma comunicação eficaz com o objetivo de facilitar a sua
compreensão. O controlo da dor da Sra. Maria depende muito da equipa multidisciplinar.
Esta equipa tem o dever de dar atenção redobrada a este marido, uma vez que
demonstra-se preocupado e ansioso, devido à dor que a sua esposa suporta. (Trabalho
em equipa)

2.2. Etapa 2

Os pilares presentes na etapa 2 são:

- Controlo de sintomas: (Náuseas e vómitos)


A náusea é definida como uma “sensação de enjoo (…) que resume as sensações
que precedem o vómito.” (Pina 2016,102). E o vómito é definido por “ (…) a expulsão
forçada do conteúdo gástrico pela boca.” (Twycross & Wilcock 2001, 104)
De acordo com o marido da Sra. Maria, as náuseas e os vómitos surgiram ”quatro dias
após o primeiro ciclo de QT (…) desde ontem que não se levanta da cama e não para
de vomitar.” (Ver apêndice 1)
Os enfermeiros devem capacitar a Sra. Maria e o seu marido, para que consiga diminuir
o desconforto através de medidas não farmacológicas como manter um meio ambiente
confortável e com tranquilidade; Reduzir estímulos; Evitar dietas salgadas, gordurosas

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e condimentadas; Manter uma boa higiene oral; Prevenir aspiração do vómito, mantendo
posição corporal adequada e evitar decúbito dorsal pós prandial; (Pina 2016, 107) O
tratamento não farmacológico, segundo Pina 2017, vai ter por base a origem deste
quadro. Uma vez que deve ter etiologia na quimioterapia, o médico poderá prescrever
Dexametasona ou Metocloperamida.
- Comunicação: Como é apresentado no caso, o marido da Sra. Maria pediu à
enfermeira para não lhe comunicarem o diagnóstico.
Cicely Saunders afirma que “As famílias pensam, muitas vezes, que têm de proteger a
pessoa moribunda da verdade, mas isto é, quase sempre, um engano.” (Sauders 2013)
Neste tipo de situações é necessário a intervenção de uma comunicação dirigida ao
paciente e à família.
De acordo com o a deontologia que rege as atitudes do enfermeiro, este deve ser
honesto com o paciente e respeitar a vontade do paciente. O enfermeiro, de acordo com
o código deontológico artigo 84º., temos o dever de “informar o individuo e a família, no
que respeita aos cuidados de enfermagem”. (Código Deontológico 2003, 111-112). O
enfermeiro não deve compactuar com a conspiração do silêncio. Deve dialogar com a
família, neste caso com o marido e tentar chegar a uma melhor hipótese.
- Apoio a Família: Na situação apresentada, demonstra a importância do enfermeiro, e
a quipá multidisciplinar são a ajuda neste tipo de situações, devem trabalhar com a
família na aceitação da doença. Para isto, os profissionais devem mostrar-se
disponíveis, de forma a detetarem as dificuldades e medos da família; facilitar a
expressão de sentimentos e pensamentos; evitar os sentimentos de culpa e promover
o auto cuidado; facilitar as decisões, a discussão franca sobre a doença e reorientar as
prioridades. (Aparício, Bragança, Ferreira & Rodrigues 2015,15)

2.3. Etapa 3

Os pilares presentes na etapa 3 são:

- Controlo de sintomas: (Anorexia-Caquexia)


Neste caso, podemos identificar a presença de anorexia-caquexia, pois o marido
da Sra. Maria afirma que esta “parece muito fraquinha” e também “perdeu muito peso
(…), e não tem apetite nenhum”. A anorexia-caquexia é definida como uma síndrome
(ver apêndice 2) que tem como base do tratamento não farmacológico o seguinte:
intervenção individualizada e educação doente, família e cuidador sobre nutrição
equilibrada; aconselhamento por nutricionista; alguma atividade física adaptada e

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intervenções psicoterapêuticas. Para tratamento farmacológico, segundo Pina (2016),
pode optar-se por um dos seguintes fármacos, tendo em conta a situação apresentada:
Corticoides (Dexametasona; Prednisolona); Progestagéneos: (Medroxiprogesterona;
Acetato de megestrol) e Procinéticos (Metoclopramida).
- Comunicação adequada: Neste caso é importante explicar que a síndrome de
anorexia-caquexia é comum em doentes oncológicos. É fundamental educar a Sra.
Maria e o seu marido para possíveis mudanças na dieta e na medicação e elucidar de
forma clara as alterações e o porquê das mesmas, de maneira a que a Sra. Maria e o
seu marido estejam informados e que o bem-estar dos mesmos seja restabelecido e/ou
melhorado.
- Apoio à família: é importante que nesta situação seja promovida educação da Sra.
Maria e do seu marido para modos de agir perante esta situação, como por exemplo,
ter em atenção aos alimentos nas refeições, optar quantidades pequenas e pratos
pequenos porque uma pessoa que não tem apetite e que vê um prato grande e cheio
de comida vai ficar ainda com menos apetite e também é importante adaptar a dieta ao
gosto da Sra. Maria. Posteriormente, é necessário educar acerca da pertinência de
sinais e sintomas relacionados com a anorexia (xerostomia, infeção oral, oral, náuseas
e vómitos, obstipação). Por último mas, muito importante, deve-se promover apoio
psicológico ao marido e mostrar disponibilidade, uma vez que este encontra-se muito
preocupado com a Sra. Maria.
- Trabalho em equipa: É importante uma parceria com o médico que acompanha a Sra.
Maria para que se entenda qual a medida farmacológica mais adequada para esta. E
também, é relevante uma parceria com a nutricionista de modo a que se consiga alterar
e adaptar a dieta à situação em que a Sra. Maria se encontra.

2.4. Etapa 4
Os pilares presentes na etapa 4 são:

- Controlo de sintomas: (Obstipação)


Nesta etapa, identifico um problema designado por obstipação. (Ver apêndice 3)
Para se proceder ao tratamento mais indicado é importante ter-se em conta a
frequência, o horário, a data da última dejeção e caraterísticas da mesma, uso de
laxantes, o que faz para prevenir ou diminuir a obstipação e a medicação que toma
habitualmente e como é a alimentação da Sra. Maria.
Pina (2016) sugere a utilização “ABC” para o tratamento da obstipação.
Antecipar medidas, que consiste em educar, comunicar, envolver e confirmar;

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Abordagem Básica, que comporta o tratamento não farmacológico e por último as
medidas Complexas, que consiste no tratamento farmacológico.
O tratamento não farmacológico incide no aumento de fibras, evitar alimentos
obstipantes, reduzir a imobilidade. Esta última é importante neste caso, porque a Sra.
Maria “está sempre na cama ou sentada”.
O tratamento farmacológico segundo o autor referido anteriormente, inclui:
Amolecedores (Docusato de sódio, parafina líquida, hidróxido de magnésio);
Estimulantes (Sene, Bisacodilo); Osmóticos: (Lactulose)
- Comunicação adequada: É fulcral explicar à Sra. Maria e ao seu marido que a
situação de obstipação é comum em doentes oncológicos e pode pior pela medicação
realizada. Promover a educar à Sra. Maria e ao seu marido para eventuais mudanças
na dieta ou na medicação, por exemplo. Também é importante explicar o que foi alterado
e porquê, de modo a que ambos estejam instruídos.
- Apoio à família: Nesta situação é necessário avaliar as necessidades desta família
acerca do conhecimento deste diagnóstico. É necessário educar para reconhecerem
sinais e sintomas, como a distensão abdominal, dor abdominal, flatulência, náuseas e
vómitos. Por último é relevante despertar o marido e a Sra. Maria para a redução da
imobilidade, a dieta pobre em resíduos, a desidratação, a oclusão intestinal, pois estes
são fatores que aumentam o riso de obstipação.
- Trabalho em equipa: Neste caso é importante a parceria com o médico, e com uma
nutricionista. Em primeiro, com médico, para negociar qual a medida farmacológica mais
indicada para contornar a situação da Sra. Maria. E em segundo articular com a
nutricionista para a elaboração de um plano alimentar que ajude a contornar esta
situação.

2.5. Etapa 5

Os pilares presentes na etapa 5 são:

- Controlo de sintomas: (Astenia/fadiga; Disfagia)

Astenia/Fadiga
Galvão & Pazes (2016) a astenia é referida como uma sensação percebida pelo
próprio paciente ou também pelo cuidador como falta de energia física e/ou mental,
como demonstra a situação a cima “ (…) tem tão pouca força que até lhe custa engolir”.
(Ver apêndice 4)

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Para o tratamento não farmacológico, de acordo com Galvão & Pazes (2016) é
importante ter em conta fase da doença. Podem ser utilizadas na vida da Sra. Maria
medidas como a conservação de energia, a adaptação da vida diária, adaptação de
planos de exercício de acordo com a capacidade da mesma, por exemplo. Ainda
segundo os mesmos autores para o tratamento farmacológico podem ser ponderados
os seguintes fármacos: Metilprednisolona ou Dexametasona, Metilfeninato, Modafinil e
Eritropoietina.

Disfagia
Santoro 2011 citado em Azevedo 2012, a disfagia é um distúrbio da deglutição,
pode provocar pneumonias, desnutrição e desidratação. Ainda segundo os autores
supracitados anteriormente, a disfagia é um problema comum nos pacientes em fase
terminal, como é o caso da Sra. Maria, merecendo assim atenção como todos os outros
sintomas no sentido de aumentar o bem-estar e conforto da paciente.
No tratamento não farmacológico, de acordo com Azevedo (2012) podem ser utilizadas
medidas como a cabeceira da cama da Sra. Maria esteja elevada durante alimentação,
fazer refeições fracionadas e frequentes, mastigar bem os alimentos e aumentar a
ingestão de líquidos, deve-se dar preferência os alimentos mais fáceis de comer, e
também se pode substituir a colher de sopa por uma de chá por exemplo. Pode também
ser necessário recorrer ao espessamento de líquidos, utilizando espessante.
- Apoio a família: Avaliar as necessidades do marido da Sra. Maria acerca do
conhecimento sobre as problemáticas detetadas, falar e ouvir a Sra. Maria e o seu
marido e avaliar como se sentem com esta situação e como estão a lidar com a mesma
(comunicação eficaz). Capacitar o marido para os efeitos adversos e secundários da
medicação que possa ser realizada para a fadiga. Educar a Sra. Maria e o marido para
modos de agir perante a astenia e a disfagia, referindo as medidas não farmacológicas
a adotar para melhorar a qualidade de vida e o bem-estar da paciente. Capacitar a
família para a importância da ingestão de água em doentes com dificuldades de
deglutição, mas reforçando que a ingestão de líquidos deve ser realizada com cuidado.
(Querido e Guarda 2010 citado em Azevedo 2012)
Uma vez que esta Sra. Maria se encontra acamada e como é alegado no caso “Tem
algumas zonas de pressão branqueáveis.” é necessário avaliar a possibilidade de um
colchão anti escaras, se a Sra. Maria tolerar.
- Trabalho em equipa: É importante que em conjunto com o médico, se decida qual a
melhor medida farmacológica para a fadiga, para além das medidas não farmacológicas.
Comunicar também com a nutricionista, para conseguirmos um plano alimentar indicado
a este tipo de disfagia. É de grande importância que o terapeuta da fala também seja

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integrado neste caso, para que possa esclarecer à família as implicações e
consequências da disfagia.

2.6. Etapa 6

Os pilares presentes na etapa 6 são:

- Controlo de sintomas: (Confusão/Delirium)


Barbosa, Gama & Lawlor 2016 refere que o delirium é uma síndrome frequente
em cuidados paliativos. É caraterizada por alterações da consciência, atividade
psicomotora (“tenta sair da cama”), perturbações do ciclo sono-vigília e cognitivas. (Ver
em apêndice 5)
Para o tratamento farmacológico, Barbosa et al 2016, refere que o uso de psicofármacos
como o Midazolam, Levomepromazina são eficazes para controlar a agitação, as
alucinações e regular os padrões de sono, permitindo assim uma melhoria das funções
cognitivas. Para o tratamento não farmacológico, os mesmos autores citados em cima,
afirmam que se deve manter uma conduta de respeito pela dignidade da Sr. Maria,
mesmo perante atitudes irracionais, agressivas ou comportamentos impróprios; não
imobilizar; transmitir confiança e segurança perante a experiencia do delirium e
proporcionar um ambiente seguro e calmo, diminuindo os estímulos.
- Comunicação eficaz: É importante diferenciar ao marido da Sra. Maria a diferença
que existe entre demência de delirium. É importante também a explicação ao marido da
Sra. Maria o que poderá estar na sua origem desta síndrome, e explicar também cada
atitude terapêutica. E reforçar que o delirium é muito frequente em situações de doença
avançada, como é o caso da Sra. Maria, e é um dos sinais da fase agónica.
- Apoio a família: O marido da Sr. Maria afirmou dizendo que a mesma “piorou muito
nos últimos dois dias e desde a véspera que está muito agitada”., ou seja, é importante
explicar ao marido que pode ser um sinal de morte próxima. Este “mostra-se consciente
da gravidade da situação e diz saber que a mulher vai morrer em breve”, ou seja, pela
consciencialização da situação, o marido demostra ter aceitado a “partida” da sua
esposa, preferindo assim realizar o desejo da Sr. Maria viver “em casa até ao fim, como
sempre foi sua vontade.”. A equipa deve demonstrar o seu apoio, estar presente, facilitar
a expressão de sentimentos e pensamentos, normalizando-os; identificar as
dificuldades e medos do marido e validar os cuidados prestados pelo mesmo.
- Trabalho em equipa: Segundo Barbosa et al 2016 é importante realizar uma avaliação
à Sr. Maria, tendo em conta vários critérios de diagnóstico, realizar uma história
minuciosa, com avaliação de sinais e sintomas nomeadamente cognitivos, colhido junto

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da Sr. Maria e do marido, e exames complementares de diagnóstico, mas estes devem
ser ponderados, evidenciando os critérios éticos que orientam a tomada de decisão
diagnostica e terapêutica em situações de final de vida.
Nesta etapa e equipa multidisciplinar é importante na identificação dos diversos
sentimentos nesta família, podendo realizar uma reunião com o familiar, com uma das
formas para restabelecer harmonia no grupo. A equipa tem de estar e trabalhar unida,
tentando proporcionar um ambiente seguro e tranquilo à Sr. Maria e ao seu marido.

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3. Considerações finais

Com a análise teórico-reflexiva deste caso clínico, foi mais fácil perceber a
transformação do paciente em cuidados paliativos e também o trabalho em equipa que
tem de existir para se conseguir promover conforto e qualidade de vida às pessoas nesta
etapa da vida. A comunicação é a base dos cuidados paliativos, uma vez que esta tem
de ser eficaz e clara com o objetivo que o outro apreenda o necessário e para também
se conseguir trabalhar em harmonia, e em concordância.
Excellence 2004 citado em Vital 2012 refere que os doentes e as famílias
valorizam a comunicação face a face com os profissionais de saúde que são capazes
de se envolver emocionalmente com os doentes, de ouvir e de perceberem o tipo de
informação que os doentes querem saber e ainda de fornecer esta informação com
clareza e simpatia.
Moreira (2001); DGS(2004) & Neto (2010) citados em Vital 2012 afirmam que a
família deve ser incluída no plano terapêutico, uma vez que esta é prestadora e recetora
de cuidados simultaneamente e deste modo necessita de informação e ensino da equipa
prestadora de cuidados.
E por último, apreendi que não faz mesmo sentido falar de cuidados paliativos sem falar
de equipa multidisciplinar. Mas neste trabalho, dou enfase ao profissional de
enfermagem, em que o seu objetivo é estar de encontro às necessidades da família,
prestando-lhe informação, apoio e educação nos cuidados.
O profissional une-se à família na descoberta de recursos que possam
promover/devolver a estabilidade e equilíbrio familiar (Guadalupe 2009 citada em
Reigada, Ribeiro, Novellas, Pereira, 2014).

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4. Referências Bibliográficas

ANCP. (2012). Manual de Cuidados Paliativos (2ª ed.). ANCP.

Aparício, M., Bragança, J., Ferreira, J., & Rodrigues, C. (2015). Apoio ao Luto Em
Familiares de Clientes em Cuidados Paliativos. Lisboa: Hospital da Luz.

Azevedo, M. (2012). Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em


unidades de cuidados paliativos, por causas neuroló e/ou cancro de cabeça e
pescoço.

Barbosa, A., Gama, G., & Lawlor, P. (2016). Confusão/Delirium. Em A. Botejara, A.


Bernardo, A. Querido, A. Lacerda, A. Barbosa, A. Matos, . . . C. Bárbara, Manual
de Cuidados Paliativos (pp. 297-310). Lisboa: Faculdade de Medicina de Lisboa.

Carvalho, S. (2011). Os Cuidados Paliativos no âmbito dos Cuidados de Saúde


Primários: As intervenções dos enfermeiros. Pensar Enfermagem, 15, 2-24.

Galvão, C., & Pazes, C. (2016). Astenia/Fadiga. Em A. Botejara, A. Bernardo, A.


Querido, A. Lacerda, A. Barbosa, A. Matos, . . . C. Bárbara, Manual de Cuidados
Paliativos (pp. 211-217). Lisboa: Faculdade de Medicina de Lisboa.

Mendes, T. S. (2009). A Conspiração do Silêncio em Cuidados Paliativos. Lisboa:


Universidade Católica Portuguesa - instituto de Ciência da Saúde.

Nurses, I. C. (2009). Cuidados Paliativos para uma Morte Digna. Genebra: Ordem dos
Enfermeiros.

Paliativos, C. N. (2017 ). Plano Estratégico para o Desenvolvimento dos Cuidados


Paliativos. Ministério da Sáude.

Pazes, C. (2017). Comunicação em Cuidados Paliativos.

Pina, P. (2016). A Síndrome de Anorexia-Caquexia. Em A. Barbosa, & I. Neto, Manual


de Cuidados Paliativos (pp. 185-203). Lisboa: Faculdade de Medicina da
Universidade de Lisboa.

Pina, P. (2016). O Controlo da Obstipação em Cuidados Paliativos. Em A. Barbosa, & I.


Neto, Manual de Cuidados Paliativos (pp. 149-163). Lisboa: Faculdade de
Medicina de Lisboa.

Pina, P. R. (2016). Controlo da Dor em Cuidados Paliativos. Em A. C. Botejara, A.


Bernardo, A. Querido, A. F. Lacerda, A. Barbosa, A. Matos , . . . C. Bárbara,

10
Manual de Cuidados Paliativos (pp. 49 - 148). Lisboa: Faculdade de Medicina de
Lisboa.

Pina, P. R. (2016). O Controlo de Náuseas e Vómitos em Cuidados Paliativos. Em A. C.


Botejara, A. Bernardo, A. Querido, A. F. Lacerda, A. Barbosa, A. Matos, . . . C.
Bárbara, Manual de Cuidados Paliativos (pp. 101-148). Lisboa: Faculdade de
Medicina de Lisboa.

Reigada, C., Ribeiro, J., Novellas, A., & Pereira, J. (2014). O Suporte à Família em
Cuidados Paliativos. Porto.

Sauders, C. (2013). Velai Comigo. Lisboa: Universidade Católica Editora.

Vital, F. (2013). Relatório de Estágio - Comunicação em Cuidados Palitivos. Castelo


Branco: IP Castelo Branco - Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias.

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5. Anexos

I- Caso clínico

Etapa 1
A D. Maria tem 68 anos, é casada, administrativa reformada, vive com o marido e o
filho mais novo numa aldeia do Alentejo. Antecedentes Pessoais: Hipertensão
diagnosticada desde 1996; Diabetes tipo 2 diagnosticada desde 1997, episódio de
Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquémico no inicio do ano 2008, tendo como sequela
principal hemiparesia à esquerda. Não tem hábitos tabágicos e não ingere bebidas
alcoólicas. Refere dor no braço esquerdo desde o AVC. O marido encontra o enfermeiro
de família no centro de saúde e refere que a D. Maria manifesta ter dor constante e às
vezes parece uma “queimadura”. Parece que até a roupa faz doer... Gostariam de ir
passar o Natal com o filho à Suíça mas as dores às vezes ficam insuportáveis... será
que há alguma coisa a fazer?”

Etapa 2
Entretanto a D. Maria recebe o diagnóstico de neoplasia do ovário inoperável, com
metastização peritoneal e inicia Quimioterapia (QT) com Gemcitabina (4 ciclos). Quatro
dias após o primeiro ciclo de QT, o Sr. Manuel, marido da D. Maria, pede apoio à sua
médica de família por episódios de náuseas e vómitos (“desde ontem que não se levanta
da cama e não para de vomitar"). Tem ainda uma dor forte abdominal tipo cólica e por
vezes com irradiação lombar. (refere: "A minha mulher assim não pode estar!”) Antes
do contacto com a doente, o marido pede em segredo à enfermeira "por favor não digam
nada à minha mulher sobre o cancro...ela não sabe o que tem"

Etapa 3
Cerca de três semanas depois o Sr. Manuel vem, sozinho, à consulta do médico de
família e refere que a sua esposa tem tolerado agora melhor os tratamentos mas parece
estar "muito fraquinha". A equipa de saúde (médica e enfermeira) faz visita domiciliária:
Durante a visita o marido refere que a doente perdeu muito peso (“não vê, está muito
magrinha, isto é só pele e osso!”), passa a maior parte do tempo na cama e não tem
apetite nenhum (“quando vê a comida vira a cara para o lado, comida nem vê-la!”). Nesta
altura a dor abdominal ressurge, com características semelhantes.

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Etapa 4
O Marido da D. Maria telefona à enfermeira de família para pedir nova ajuda. Refere
que a sua esposa continua muito emagrecida. Desde a última visita e até há 3-4 dias, a
esposa comia bem e dava pequenos passeios pelo quarteirão, sempre acompanhada.
Agora está quase sempre na cama ou sentada. Desde há 3 dias (ou seria uma semana?)
que não evacua.

Etapa 5
A Equipa decide fazer nova visita conjunta. Aquilo que preocupa o marido é que “ela
agora tem tão pouca força que até lhe custa engolir e às vezes até parece que a comida
custa a passar, fica embassada”. A equipa depara-se com uma doente acamada, com
palidez franca, polipneica, não suada, sem ruído respiratório audível. Está apirética,
sendo o tempo expiratório normal. Tem algumas zonas de pressão branqueáveis.

Etapa 6
O marido da D. Maria mostra-se consciente da gravidade da situação e diz saber que a
mulher vai morrer em breve. Quando lhe é perguntado se preferia que a D. Maria
estivesse internada num hospital ou unidade, responde de imediato que não, que quer
que a esposa viva em casa até ao fim, como sempre foi sua vontade. Diz que sabe que
é mais trabalho para si mas não a quer internar e pede ajuda à equipa para controlo dos
sintomas. Agendada nova visita da equipa: a D. Maria piorou muito nos últimos dois dias
e desde a véspera que está muito agitada, tenta sair da cama mas não tem força e
quase caiu. Esta noite começou a dizer coisas sem nexo, muito depressa e ele só
conseguiu perceber que ela queria ir para a ceifa, trabalho que nunca fez.

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6. Apêndice

- Apêndice 1

Náuseas e vómitos: Segundo Pina 2016, é normal surgir esta tipologia de sintomas
após a exposição a um agente emetizante, esta classifica estas como náuseas e
vómitos atrasados uma vez que surgem num período compreendido entre 24 horas e 5
dias, após a quimioterapia. Aquando avaliação global dos presentes sintomas deve -ser
realizado 5 etapas: “1- Caracterizar as Náuseas e os vómitos; 2- Confirmar a associação
das náuseas e vómitos a outros sintomas concomitantes; 3 - Fazer uma história clinica;4
- Realizar um exame objetivo;5 - Verificar a necessidade de exames complementares
de diagnóstico.” (Pina 2016,105)

- Apêndice 2

Síndrome de Anorexia-Caquexia: Segundo Bruera (1997), anorexia é a falta ou


diminuição de apetite. E caquexia, de acordo com o mesmo autor, é uma síndroma
complexo que associa emagrecimento, lipólise, perda de massa muscular e proteína
visceral, anorexia, náusea crónica e fraqueza. Pina (2016), refere ainda que a anorexia
é muito frequente em doentes paliativos (85%).

- Apêndice 3

Obstipação: Pina (2016), afirma que a obstipação é um problema comum em cuidados


paliativos e a sua prevalência aumenta quando existe prescrição de opióides (87%).
Este problema é definido pelos autores supracitados como um distúrbio intestinal
funcional que se apresenta como defecação persistentemente difícil, ocasional ou
aparentemente incompleta.
Segundo Pina (2016), o tratamento da obstipação tem como objetivo, restabelecer o
trânsito intestinal; aliviar a dor e o desconforto causados, melhorando o bem-estar do
doente e evitar sintomas gastrointestinais relacionados.

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- Apêndice 4

Astenia / Fadiga: Galvão & Pazes (2016) refere que a astenia/ fadiga tem uma etiologia
multifatorial, pode estar relacionada com a doença, a dor crônica e outros sintomas não
controlados como a caquexia, alterações no sono, ansiedade ou depressão, sendo
muito prevalente em doentes em Cuidados Paliativos.
Na avaliação deve ser incluída a autoavaliação se for possível, através de escalas por
exemplo a visual numérica de 0 a 10. Deve incluir-se perguntas como “sente-se mais
fraco ou mais cansado que o habitual, bem como perguntas em relação a intensidade,
fatores de alívio e de agravamento”. A avaliação do paciente com fadiga deve ser
sistemática, incluir os fármacos que o paciente toma e incluir a avaliação do cuidador.
(Galvão, Pazes 2016)

- Apêndice 5

Confusão/Delirium: Barbosa, Gama & Lawlor 2016 distingue a demência do delirium,


afirmando que a demência evolui progressivamente e tem início insidioso enquanto o
delirium tem início agudo e é habitualmente reversível.
De acordo com os mesmos autores referidos em cima a etiologia do delirium é
multifatorial, e os fatores podem ser orgânicos tais como alterações metabólicas,
intoxicação por fármacos, abstinência de fármacos, infeções, doença neurológica entre
outras.
Barbosa et al 2016 afirma a importância da procura de causas potenciais, sendo
necessário revisão da medicação que a Sr. Maria está a fazer, medicação retirada ou
iniciada recentemente, com especial atenção às benzodiazepinas, opióides,
anticolinérgicos, antidepressivos e corticosteroides. Por esse motivo os opióides devem
ver ser retirados ou reduzidos se possível.

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