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LEITORES
Resumo
Este artigo tem o intuito de resgatar a importância da Biblioteca Infantil como elo
indispensável à promoção e o incentivo da leitura e, consequentemente, na
formação inicial do leitor, enfatizando a leitura disseminada a partir de um espaço
adequado, atraente, aconchegante, dinâmico e pensado para crianças, além de
atividades propícias para estimular o gosto e o prazer pela leitura. Porém, nem
sempre o espaço de deleite, recreação e prazer estão presentes nas bibliotecas
públicas e escolares, afinal ainda existem em nosso país muitas “bibliotecas
carentes”. Desse modo, para que a biblioteca infantil possa se tornar um bem
cultural vivo, ela deve ser apresentada como um espaço atraente aos pequenos
leitores, tornando–se também um recurso didático indispensável a ação docente,
pois no espaço da biblioteca infantil os professores podem criar e recriar os sonhos
da infância, realizar leituras diversas com as crianças, dramatizando, inventando e
reinventando a arte de contar histórias, o que culminará num processo refinado na
formação dos futuros leitores. Criar um espaço nas bibliotecas aos pequenos
leitores com atividades direcionadas é estar desde cedo estimulando o gosto e o
prazer pela leitura, é, também, oferecer às crianças a proximidade com as histórias
e outros textos culturais, de modo que encantem e se tornem seduzidas pela
leitura.
Palavras-chave:
Biblioteca infantil, leitura, prazer.
Não há uma data exata em que se possa afirmar o surgimento das bibliotecas
infantis no mundo, pois de acordo com Meirelles (1984), as bibliotecas infantis
começaram a existir a partir do momento que as amas e as avós deixaram a "doce
profissão de contar histórias". A partir daí passou-se a investir na biblioteca infantil
como um local onde a criança pudesse ter acesso a uma variedade de leituras a sua
disposição, no intuito de revelar o gosto, as tendências e interesses dos pequenos
leitores e contribuir também como fonte de informação ao adulto, acerca daquilo
que é de interesse da criança, ou seja, a biblioteca também seria um ambiente de
pesquisa e informação a respeito da leitura e de como o adulto poderia intervir para
a melhoria do espaço físico, da organização e do acesso aos livros.
Soares (2002) afirma que as bibliotecas infantis surgiram, após a I Guerra Mundial,
a partir de organizações internacionais com o apoio dos Estados Unidos, no intuito
de promover a literatura infantil por meio de bibliotecas infantis na Europa:
"Daí a fundação, pelo book committee on children's Library, de sedes de L'Heure
Joyeuse - biblioteca modelo, pública e gratuita, especializada na infância e na
juventude - Bruxelas, em 1920 e em Paris, em 1924. Articulada aos fins políticos,
as concepções educacionais que orientavam a ação dessas instituições valorizavam
o papel da literatura na formação da criança." ( p. 250).
No Brasil, podemos destacar como referência a Biblioteca Infantil de São Paulo que
surgiu por volta de 1935, quando Mario de Andrade tornou-se diretor do
Departamento de Cultura do município, sendo Paulo Duarte o idealizador do então
sonhado espaço cultural e de lazer às crianças, o qual chamou de Biblioteca Infantil
Municipal que foi entregue aos cuidados de Alice Meireles Reis, tendo como diretora
Lenyra Camargo Fracarolli[1], que desempenhou um papel central na história das
bibliotecas infantis brasileiras.
Vale ressaltar que Landau (apud SOARES 2002), afirma que para Lenyra Fracarolli
a leitura na infância é fundamental, por isso pensou num espaço de leitura pública
às crianças pois
"[...] por silenciar... pecamos, ficando no nosso cantinho, achando que são os
outros que têm que vir, ao invés de nós irmos e mostrarmos o que vale, o que é
bom; por silenciar... vemos o certo e não o publicamos em murais, cartazes, fichas
e panfletos; por silenciar... os nossos alunos ficam prejudicados com informações
incompletas, unilaterais e tendenciosas; por silenciar... o aluno até desconhece a
existência da biblioteca e como usá-la." (p.15)
A finalidade do livro não é ficar guardado nas prateleiras, mas é estar nas mãos dos
leitores, seja por simples curiosidade, prazer ou gosto, o importante é que se
divulgue esta boa notícia: o livro. Na maioria das vezes, os professores têm medo
de permitir o manuseio do livro por parte das crianças, uma vez que pensam que
os alunos podem rasgá-lo ou danificá-lo. No entanto, é necessário que o professor
possibilite o contato com o livro, pois é uma atitude primordial para que o aluno
sinta maior familiaridade com a literatura, a escrita e a leitura.
["...] dizer que as crianças na fase da educação infantil poderão, sem dúvida,
beneficiar-se da biblioteca. As instituições que recebem crianças exclusivamente
nessa faixa etária devem esforçar-se para criar sua biblioteca, e aquelas que
atendem faixas variadas e que já contam com esse espaço devem
planejar programas específicos de bibliotecas adequadas a crianças pequenas. O
contato precoce com esse recurso de aprendizagem vai certamente constituir
vantagem para os alunos que dele se beneficiarem."(p.60)
Isso se dá, porque a criança, mesmo não dominando a leitura é um ser criativo,
reflexivo, que fala e se expressa, e quanto mais cedo ela tiver contato com os
textos orais e impressos, mais chances ela terá de desenvolver o gosto pelo ato de
ler.
•· música: despertar o gosto nas crianças pela música, pelos sons que
esta proporciona. Cantigas de roda;
•· jogos e brincadeiras: proporcionar a elas vários tipos de jogos e
brincadeiras como forma de recreação e aprendizagem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para que a Biblioteca se torne um bem cultural vivo, ela deve oferecer também aos
pequenos leitores um espaço de deleite, recreação e prazer, pois a biblioteca
infantil, nem sempre, é uma realidade em nossa sociedade, nem sempre, o espaço
está adequadamente organizado, tanto nas bibliotecas públicas como nas escolares
para atender ao público infantil, ou seja, os livros infantis estão em estantes de
difícil acesso para as crianças, o mobiliário é o mesmo destinado aos adolescentes e
adultos, criando uma distância entre o livro e a criança.
Nesse aspecto, é importante ressaltar que a biblioteca infantil não é apenas uma
seção de livros infantis e não é somente os livros infantis. Na verdade, a biblioteca
infantil deve estar nas bibliotecas públicas como parte integrante, num espaço
amplo, organizado de maneira acessível à criança com atividades pertinentes à
infância. Já nas bibliotecas escolares, a biblioteca infantil deveria contemplar a
maior parte da biblioteca, tendo em vista que as crianças passam grande parte da
vida ali, na escola.
Criar um espaço nas bibliotecas públicas e escolares aos pequenos leitores, com
atividades direcionadas a eles, é estar desde cedo estimulando o gosto e o prazer
pela leitura, é oferecer às crianças, a proximidade com as histórias e os mais
diversos textos que fazem parte da literatura infantil e com os diversos gêneros
textuais que fazem parte de nossa cultura, de modo que as crianças encantem e se
divirtam, criem e recriem sonhos, que se tornem seduzidas pela leitura.
Nesse sentido, a escola é uma grande aliada na promoção da leitura, pois na falta
de incentivo da família, o primeiro contato com a leitura se faz por meio da
instituição escolar, sendo os professores, os maiores mediadores da leitura, os
responsáveis pela disseminação da literatura infantil e juvenil. No entanto, essa
responsabilidade não cabe apenas ao professor, mas também aos governos,
bibliotecas, ou seja, à sociedade em geral.
Embora ainda existam muitas bibliotecas carentes em nosso país, temos outras que
estão em processo de expansão do saber e, com certeza, servirão de modelo para
aquelas que estarão acordando para a nova realidade, afinal a "Bela Adormecida
precisa acordar" para que a Biblioteca Infantil se torne na maioria dos municípios
brasileiros um espaço atraente ao pequenos leitores.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HERNANDEZ, Aureliano Calvo. Biblioteca sem uso não leva a aprender. Revista do
professor, n. 3, jul./set. 1985.