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BIBLIOTECA INFANTIL: UM ESPAÇO ATRAENTE AOS PEQUENOS

LEITORES

ROSIMAR PIRES ALVES (UEMS).

Resumo
Este artigo tem o intuito de resgatar a importância da Biblioteca Infantil como elo
indispensável à promoção e o incentivo da leitura e, consequentemente, na
formação inicial do leitor, enfatizando a leitura disseminada a partir de um espaço
adequado, atraente, aconchegante, dinâmico e pensado para crianças, além de
atividades propícias para estimular o gosto e o prazer pela leitura. Porém, nem
sempre o espaço de deleite, recreação e prazer estão presentes nas bibliotecas
públicas e escolares, afinal ainda existem em nosso país muitas “bibliotecas
carentes”. Desse modo, para que a biblioteca infantil possa se tornar um bem
cultural vivo, ela deve ser apresentada como um espaço atraente aos pequenos
leitores, tornando–se também um recurso didático indispensável a ação docente,
pois no espaço da biblioteca infantil os professores podem criar e recriar os sonhos
da infância, realizar leituras diversas com as crianças, dramatizando, inventando e
reinventando a arte de contar histórias, o que culminará num processo refinado na
formação dos futuros leitores. Criar um espaço nas bibliotecas aos pequenos
leitores com atividades direcionadas é estar desde cedo estimulando o gosto e o
prazer pela leitura, é, também, oferecer às crianças a proximidade com as histórias
e outros textos culturais, de modo que encantem e se tornem seduzidas pela
leitura.

Palavras-chave:
Biblioteca infantil, leitura, prazer.

BIBLIOTECA INFANTIL: UM ESPAÇO ATRAENTE AOS PEQUENOS LEITORES

Rosimar Pires Alves

[...] Que cada um encontre um jeito gostoso de ficar: sentado, deitado,


enrodilhado, não importa como... cada um a seu gosto... E depois, quando todos
estiverem acomodados, aí começar "Era uma vez...". (ABRAMOVICH)

Não há uma data exata em que se possa afirmar o surgimento das bibliotecas
infantis no mundo, pois de acordo com Meirelles (1984), as bibliotecas infantis
começaram a existir a partir do momento que as amas e as avós deixaram a "doce
profissão de contar histórias". A partir daí passou-se a investir na biblioteca infantil
como um local onde a criança pudesse ter acesso a uma variedade de leituras a sua
disposição, no intuito de revelar o gosto, as tendências e interesses dos pequenos
leitores e contribuir também como fonte de informação ao adulto, acerca daquilo
que é de interesse da criança, ou seja, a biblioteca também seria um ambiente de
pesquisa e informação a respeito da leitura e de como o adulto poderia intervir para
a melhoria do espaço físico, da organização e do acesso aos livros.

Soares (2002) afirma que as bibliotecas infantis surgiram, após a I Guerra Mundial,
a partir de organizações internacionais com o apoio dos Estados Unidos, no intuito
de promover a literatura infantil por meio de bibliotecas infantis na Europa:
"Daí a fundação, pelo book committee on children's Library, de sedes de L'Heure
Joyeuse - biblioteca modelo, pública e gratuita, especializada na infância e na
juventude - Bruxelas, em 1920 e em Paris, em 1924. Articulada aos fins políticos,
as concepções educacionais que orientavam a ação dessas instituições valorizavam
o papel da literatura na formação da criança." ( p. 250).

No Brasil, podemos destacar como referência a Biblioteca Infantil de São Paulo que
surgiu por volta de 1935, quando Mario de Andrade tornou-se diretor do
Departamento de Cultura do município, sendo Paulo Duarte o idealizador do então
sonhado espaço cultural e de lazer às crianças, o qual chamou de Biblioteca Infantil
Municipal que foi entregue aos cuidados de Alice Meireles Reis, tendo como diretora
Lenyra Camargo Fracarolli[1], que desempenhou um papel central na história das
bibliotecas infantis brasileiras.

Vale ressaltar que Landau (apud SOARES 2002), afirma que para Lenyra Fracarolli
a leitura na infância é fundamental, por isso pensou num espaço de leitura pública
às crianças pois

"Biblioteca, para ela, não significava apenas livros alinhados em prateleiras e


fichário em dia: era um órgão vivo mediante a participação ativa de cada aluno, a
iniciar-se nos segredos da arte e na faculdade de se exprimir da Pedagogia Nova. A
fama do empreendimento pioneiro feriu os ouvidos do prefeito Fábio Prado, que em
1936 inscreveu no seu Programa a criação de uma pequena biblioteca infantil e
à frente dela colocou a dinâmica professora [...]." ( p. 251).

A Biblioteca Infantil é uma extensão das bibliotecas públicas e escolares ou pelo


menos deveriam ser, afinal historicamente, elas existem, mas permanece, ainda,
em muitos municípios, desconhecida não só pelos governos, mas também por
várias instituições de ensino que se destacam como voltadas à educação infantil.

A biblioteca infantil é um espaço cultural organizado dentro das bibliotecas com a


finalidade de estimular a leitura, proporcionando ao público infantil e juvenil um
acesso fácil e agradável ao fascinante mundo da leitura.

De acordo com o (RCNEI[2], 1998), o espaço físico destinado às atividades de


leitura deve ser:

"[...] aconchegante, com almofadas iluminação adequada e livros, revistas etc.


organizados de modo a garantir o livre acesso às crianças. Esse acervo deve conter
textos dos mais variados gêneros, oferecidos em seus portadores de origem: livros
de contos, poesia, enciclopédias, dicionários, jornais, revistas (infantis, em
quadrinhos, de palavras cruzadas), almanaques etc. Também aqueles que são
produzidos pelas crianças podem compor o acervo: coletâneas de contos, de trava-
línguas, de adivinhas, brincadeiras e jogos infantis, livros de narrativas,
revistas, jornais etc. Se possível, é interessante ter também vários exemplares de
um mesmo livro ou gibi. Isso facilita os momentos de leitura compartilhada
com o professor ou entre as crianças." (p.156)
A organização desse espaço deve ser planejada de modo a proporcionar aos
usuários acesso direto ao livro e às estantes para que os leitores sintam-se mais à
vontade para fazer as suas escolhas e até dispensar o olhar a outras obras,
despertando, assim, o interesse por outros livros, afinal, "[...] qualquer biblioteca,
sem dúvida, é um instrumento de libertação, mas aquelas que recusam ao público
a "possibilidade de aceder às estantes" e a inteira liberdade de movimentos, não é
senão uma arma sem gume, insuficiente e quase inútil." (MARTINS, 2001: 329).

E para que isso aconteça, precisa-se de um mobiliário próprio à Biblioteca Infantil:


estantes expositoras, estantes duplas face, estantes baixas, caixas, cestos etc. É
preciso garantir que o livro esteja ao alcance dos pequenos leitores, que fiquem
sempre ao alcance das crianças para que possam pegar, afagar, cheirar, manusear,
folhear o objeto desejado. É imprescindível que haja um ambiente favorável à
prática de leitura aos iniciantes.

Segundo o autor (Hernandez, l985), silêncio e participação devem equacionar-se


num equilíbrio difícil de ser mantido na Biblioteca, pois

"[...] por silenciar... pecamos, ficando no nosso cantinho, achando que são os
outros que têm que vir, ao invés de nós irmos e mostrarmos o que vale, o que é
bom; por silenciar... vemos o certo e não o publicamos em murais, cartazes, fichas
e panfletos; por silenciar... os nossos alunos ficam prejudicados com informações
incompletas, unilaterais e tendenciosas; por silenciar... o aluno até desconhece a
existência da biblioteca e como usá-la." (p.15)

Portanto, se continuarmos silenciando o "grito" de divulgação das bibliotecas,


estaremos matando o nascimento da ousadia, da descoberta nas crianças que,
desde muito cedo, deveriam ouvir o eco da leitura em suas casas, nas creches, nas
escolas, enfim, até quando vamos continuar colocando livros nos armários,
silenciando a construção do gosto pela leitura? A criança mais do que ninguém
gosta de manusear livros, revistas, gibis etc. para senti-lo, apreciá-lo e não raro,
rasgá-lo, é o que destaca Nobrega (apud HERNANDEZ, 1985)

"Vale aqui relatar a seguinte estória: diante de uma ilustração recortada de um


livro, a professora reclama do menino que tem nas mãos a "prova do crime" - a
figura do Patinho Feio. "Por que você fez isso? Não sabe que o livro é para ser
lido e não recortado?" Aí, diz o menino: "Mas eu cortei o Patinho Feio para tirar ele
daquela família que não gostava dele! Agora ele é meu, e eu gosto dele [...]."
(p.16).

A finalidade do livro não é ficar guardado nas prateleiras, mas é estar nas mãos dos
leitores, seja por simples curiosidade, prazer ou gosto, o importante é que se
divulgue esta boa notícia: o livro. Na maioria das vezes, os professores têm medo
de permitir o manuseio do livro por parte das crianças, uma vez que pensam que
os alunos podem rasgá-lo ou danificá-lo. No entanto, é necessário que o professor
possibilite o contato com o livro, pois é uma atitude primordial para que o aluno
sinta maior familiaridade com a literatura, a escrita e a leitura.

É preciso permitir a interação com a leitura, estimulando a fantasia e imaginação


aos iniciantes, e, logo, o encantamento, pois quanto mais cedo a criança tiver
acesso aos livros de forma atraente e prazerosa, tanto mais cedo florescerá seu
gosto pela leitura.

E de acordo com o autor (Panet, 1983) é

"[...] na biblioteca infantil, que as crianças poderão ter ricas oportunidades de


aprendizagem, tais como: aprimoramento da técnica de ler e conhecimento dos
próprios livros. Esta instituição deve proporcionar a todas as crianças o livre acesso
aos registros dos conhecimentos, oferecendo livros e outros materiais que sejam
elementos de aprendizagem e, simultaneamente, de distração. Uma de suas
principais preocupações deve ser assistir à criança e colocar o livro à sua
disposição, no momento adequado, como também oferecer um local propício para
as atividades a desenvolver. Já se disse que as verbas gastas pelos Estados com a
educação e, consequentemente, com as bibliotecas infantis, mais do que despesas,
constituem investimento para o futuro." ( p.35).

Infelizmente, em muitos estabelecimentos de ensino, a Biblioteca é um setor


isolado, sem vida, porque muitos que ali estão desconhecem o seu papel e a sua
função que é ser fonte de informação, pesquisa, investigação, ou seja, um centro
ativo de conhecimento que proporciona cultura.

Dentro dessa ótica, (Campello, 2003) reforça a idéia de que se pode

["...] dizer que as crianças na fase da educação infantil poderão, sem dúvida,
beneficiar-se da biblioteca. As instituições que recebem crianças exclusivamente
nessa faixa etária devem esforçar-se para criar sua biblioteca, e aquelas que
atendem faixas variadas e que já contam com esse espaço devem
planejar programas específicos de bibliotecas adequadas a crianças pequenas. O
contato precoce com esse recurso de aprendizagem vai certamente constituir
vantagem para os alunos que dele se beneficiarem."(p.60)

Isso se dá, porque a criança, mesmo não dominando a leitura é um ser criativo,
reflexivo, que fala e se expressa, e quanto mais cedo ela tiver contato com os
textos orais e impressos, mais chances ela terá de desenvolver o gosto pelo ato de
ler.

O primeiro contato da criança com o "mundo mágico" da literatura pode acontecer


desde muito cedo quando os adultos se propõem a contar histórias para ela. É
ouvindo histórias que a criança começa a desvendar o mundo, a identificar-se com
os personagens da história, e assim ela vai construindo seus gostos, seus critérios.
"Escutá-las é o início da aprendizagem para ser um leitor, e ser leitor é ter um
caminho absolutamente infinito de descoberta e de compreensão do mundo..."
(ABRAMOVICH, 2003: 16)

Na formação inicial do leitor, a biblioteca, sendo um ambiente organizado e propício


às crianças poderá oferecer várias atividades de leitura, garantindo um verdadeiro
banquete cultural que favorece a autonomia, instiga a imaginação, o
encantamento, a criatividade e contribui de forma expressiva na formação da visão
de mundo e na ampliação da consciência crítica do leitor.
Portanto, a biblioteca não deve ser vista como um espaço isolado, distante da
escola, da sala de aula, pois ela existe ali, bem próxima dos alunos e professores, o
que falta é fazer dela uma "biblioteca viva" que traga a todos uma boa notícia: os
livros, os contos, o teatro, a roda de leitura, a arte, enfim que traga exatamente
aquilo que falta para o gosto e o prazer pela leitura.

As parcerias com os professores, instituições, no que se refere à ação pedagógica


da biblioteca infantil revela um excelente resultado na promoção da leitura, pois a
biblioteca não pode se manter como uma instituição isolada dentro da escola e da
vida dos alunos e da comunidade na qual está inserida, portanto, a biblioteca da
escola poderá oferecer junto com os demais segmentos, atividades significativas às
diversas faixas etárias, não se esquecendo das crianças da Educação Infantil.

São inúmeras as atividades que podem ser desenvolvidas no ambiente da Biblioteca


Infantil, podendo abranger:

•· produção de jornal: organizar os acontecimentos, notícias e fatos


que aconteceram na Biblioteca com ajuda das crianças, pais e professores que
participaram dos eventos;

•· sarau de poesia: organizar de forma dinâmica e atraente com a


participação das crianças, pais e professores um sarau de poesias diversas ou de
uma poeta apenas;

•· livro de pano : produzir por meio de uma oficina ou projeto livros de


panos com histórias diversas para o público infantil, de modo que as crianças
possam não só apreciar como também se envolver nas páginas de panos;

•· oficina de contação de histórias para crianças: contar histórias é


uma arte e esta arte deve estar presente na biblioteca para atrair os pequenos e
até mesmo as crianças maiores que muitas vezes demonstram interesse. Contar
histórias cria um ambiente de escuta atenta e mobilizando a expectativa;

•· exposição: expor trabalhos realizados pelas crianças, objetos


artesanais, quadros, fotografias, enfim, há uma variedade de exposições para
realizar;

•· rodas de leitura: organizar uma roda com um grupo de crianças


para mostrarem o livro que leu, apresentar a história para outros colegas. Este
pode ser um momento privilegiado para a criança desenvolver a oralidade, pois
"[...] expressar-se oralmente é algo que requer confiança em si mesmo, e isso é
conquistado em ambientes favoráveis à manifestação dos pensamentos,
sentimentos e emoções." (KUHLTHAU, 2004: 31);

•· dramatização: organizar momentos de dramatizar histórias de


alguns livros com bonecos;

•· visitas a espaços culturais: organizar um passeio para conhecerem


o museu, livrarias, cinema, bibliotecas diversas etc.;

•· encontro com escritores: proporcionar a vinda de um escritor até à


biblioteca para um encontro com as crianças, pais e a comunidade;

•· música: despertar o gosto nas crianças pela música, pelos sons que
esta proporciona. Cantigas de roda;
•· jogos e brincadeiras: proporcionar a elas vários tipos de jogos e
brincadeiras como forma de recreação e aprendizagem.

Na biblioteca os professores podem criar e recriar os sonhos da infância com


atividades lúdicas, realizando leituras diversas com as crianças, dramatizando
juntos, inventando e reinventado a arte de contar histórias, enfim há uma
diversidade de atividades a serem realizadas junto ao espaço que culminará num
processo refinado na formação dos futuros leitores.

A biblioteca na escola é para o professor um espaço indispensável à sua ação


docente, todavia é concebida por um grande número de professores como fonte de
pesquisa e arquivo que as crianças devem cuidar e zelar. É preciso tomar cuidado
para não restringir o acesso ao livro por medo da criança destruí-lo, aliás, não há
como a criança ter contato direto com os vários portadores de texto, se lhe é
negado o acesso ao livro e a todo o material da biblioteca. Apresentar-lhe o livro
como "obra rara" é despertar o desgosto ao invés do gosto, o desencanto ao invés
do encanto, da magia e do prazer que o livro poderá proporcionar. Portanto, não se
pode considerar a biblioteca como simples "depósito de livros", como era vista na
antiguidade e na idade média, mas de acordo com Castrillon, (apud MAYRINK,
1992) a biblioteca deve ser

"[...] uma instituição do sistema social que organiza materiais bibliográficos,


audiovisuais e outros meios me os coloca à disposição de uma comunidade
educacional; constitui parte integral do sistema educativo e participa de seus
objetivos, metas e fins; é um instrumento de desenvolvimento curricular e permite
o fomento da leitura e a formação de uma atitude científica, constitui um
elemento que forma o individuo para a aprendizagem permanente, estimula a
criatividade, a comunicação, facilita a recreação, apóia os docentes na sua
capacitação e lhes oferece a informação necessária para a tomada de decisões em
aula." ( p. 50).

Na biblioteca os professores podem criar e recriar os sonhos da infância com


atividades lúdicas, realizando leituras diversas com as crianças, dramatizando
juntos, inventando e reinventado a arte de contar histórias, enfim há uma
diversidade de atividades a serem realizadas junto ao espaço que culminará num
processo refinado na formação dos futuros leitores.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No Brasil, em muitos municípios, a biblioteca pública ainda não funciona


adequadamente de modo que garanta a democratização do acesso ao livro e à
leitura, pois não basta reformar bibliotecas, ampliar estantes, atualizar e ampliar
acervos, contratar bibliotecários. Será preciso transformar essas bibliotecas em
centros culturais e oferecer atividades e atendimento que a transformem em um
bem cultural vivo.

Para que a Biblioteca se torne um bem cultural vivo, ela deve oferecer também aos
pequenos leitores um espaço de deleite, recreação e prazer, pois a biblioteca
infantil, nem sempre, é uma realidade em nossa sociedade, nem sempre, o espaço
está adequadamente organizado, tanto nas bibliotecas públicas como nas escolares
para atender ao público infantil, ou seja, os livros infantis estão em estantes de
difícil acesso para as crianças, o mobiliário é o mesmo destinado aos adolescentes e
adultos, criando uma distância entre o livro e a criança.

Nesse aspecto, é importante ressaltar que a biblioteca infantil não é apenas uma
seção de livros infantis e não é somente os livros infantis. Na verdade, a biblioteca
infantil deve estar nas bibliotecas públicas como parte integrante, num espaço
amplo, organizado de maneira acessível à criança com atividades pertinentes à
infância. Já nas bibliotecas escolares, a biblioteca infantil deveria contemplar a
maior parte da biblioteca, tendo em vista que as crianças passam grande parte da
vida ali, na escola.

Na Educação Infantil é necessário que as crianças tenham um espaço para


desenvolver atividades positivas com relação aos livros e à biblioteca. Assim, o
ideal seria uma biblioteca infantil organizada de maneira agradável, com atividades
enriquecedoras que suscitem no pequeno leitor um encantamento, uma atração
pela leitura.

Criar um espaço nas bibliotecas públicas e escolares aos pequenos leitores, com
atividades direcionadas a eles, é estar desde cedo estimulando o gosto e o prazer
pela leitura, é oferecer às crianças, a proximidade com as histórias e os mais
diversos textos que fazem parte da literatura infantil e com os diversos gêneros
textuais que fazem parte de nossa cultura, de modo que as crianças encantem e se
divirtam, criem e recriem sonhos, que se tornem seduzidas pela leitura.

Nesse sentido, a escola é uma grande aliada na promoção da leitura, pois na falta
de incentivo da família, o primeiro contato com a leitura se faz por meio da
instituição escolar, sendo os professores, os maiores mediadores da leitura, os
responsáveis pela disseminação da literatura infantil e juvenil. No entanto, essa
responsabilidade não cabe apenas ao professor, mas também aos governos,
bibliotecas, ou seja, à sociedade em geral.

A responsabilidade conjunta se faz por meio de ações que garantam a eficácia do


acesso aos livros e consequentemente a democratização da leitura no país. Investir
em projetos que facilitem à população o acesso ao livro, seja por meio das mais
diversas bibliotecas, como também realizando políticas que permitam ao leitor
comprar livros com preços mais acessíveis, é dar início a um processo de
democratização do saber no intuito de se ter, no futuro, uma sociedade leitora e
com mais acesso ao saber e, quem sabe, ao poder.

Desse modo, tornam-se indispensáveis parcerias com as mais diversas instâncias


da sociedade para que o Brasil continue avançando no processo de democratização
do saber e se torne, de fato, um país de leitores. Portanto, todos são chamados a
se tornarem construtores, participantes da mesma obra, governo, educadores,
bibliotecários, e toda a sociedade deve colocar a mão na massa para dar
continuidade à obra começada assentando os tijolos do acesso, da democratização,
do fomento, da promoção do livro e da leitura no país.

Embora ainda existam muitas bibliotecas carentes em nosso país, temos outras que
estão em processo de expansão do saber e, com certeza, servirão de modelo para
aquelas que estarão acordando para a nova realidade, afinal a "Bela Adormecida
precisa acordar" para que a Biblioteca Infantil se torne na maioria dos municípios
brasileiros um espaço atraente ao pequenos leitores.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São Paulo:


Scipione, 2003.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Referencial curricular nacional


para a educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. V.1 e V.3

CAMPELLO, Bernadete Santos. Biblioteca e parâmetros curriculares nacionais. In:


______ [et. al.]. A biblioteca escolar: temas para uma prática pedagógica. 2.ed.
Belo Horizonte: Autêntica, 2003. p.17-19.

FRANÇA, Fabiana Fernandes et al. O encantamento entre a criança e o livro:


algumas tentativas/ações dos/das bibliotecários/as que atuam nas escolas de
ensino fundamental da prefeitura de Vitória. Disponível em http/
www.eci.ufmg.br/gebe/downloads/306.pdf. Acesso em 12 set. 2006.

HERNANDEZ, Aureliano Calvo. Biblioteca sem uso não leva a aprender. Revista do
professor, n. 3, jul./set. 1985.

KUHLTHAU, Carol. Como usar a biblioteca na escola: um programa de


atividades para o ensino fundamental. 2.ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.

MARTINS, Wilson. A palavra escrita: história do livro, da imprensa e da biblioteca.


3.ed. São Paulo: Ática. 2001

MAYRINK, P.T. ; MORADIN, R.H.; VANALLI, T.R. Avaliação de coleções da FDE em


Bibliotecas de escolas da região de Marília. Revista Brasileira de Biblioteconomia e
Documentação, São Paulo, v. 25, n ¾, p.49-54, jul.dez. 1992.

MEIRELES, Cecília. Problemas da literatura infantil. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova


Fronteira, 1984.

PANET, Carmen de Farias. Relevância da biblioteca publica infantil. Boletim ABDF.


Nova Serie, Brasília, v. 6, n. 2, p. 32-37, abr./jun. 1983.

SOARES, Gabriela Pelegrino. A Semear horizontes: leituras literárias na formação


da infância, Argentina e Brasil (1915-1954). 347f. 2002. Tese (Doutorado em
História Social), Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.
[1] Lenyra Camargo Fracarolli nasceu em Anápolis, São Paulo, em 21 de abril de
1908, cursou a Escola Normal Caetano de Campos e, em 1940, diplomou-se em
Biblioteconomia pela Faculdade de Sociologia de São Paulo. Foi a fundadora, nos
anos 1960, da Associação Brasileira de Literatura Infantil e Juvenil (ABLIJ).

[2] RCNEI - Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil

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