Você está na página 1de 15

Disciplina: Pesquisa em História;

Docente: Francisco Ramon de Matos Maciel;


Discente: Francisca Jessiane Fernandes Cavalcante:

A culinária do sertão central nas memórias de Raquel de Queiroz em “ô não me


deixes” e “tantos anos” (1988-2000).

Crateús-Ce.
2023.
Sumário
Introdução:......................................................................................................................3
Problemática:..................................................................................................................4

Justificativa:....................................................................................................................5

Objetivo geral:.................................................................................................................6

Objetivos específicos:.....................................................................................................7

Revisão bibliográfica:.....................................................................................................7

Quadro teórico:...............................................................................................................9

Metodologia e Fontes:...................................................................................................11

Revisão bibliográfica:...................................................................................................13

Cronograma do projeto de pesquisa:.............................................................................15


Introdução:
A história da alimentação cearense diz muito sobre o lugar de vivência do indivíduo,
pois podemos perceber que nessa região a alimentação tem várias peculiaridades, desde
receitas regionais, como também temperos e formas diversas de preparo na cozinha. A
história da alimentação cearense está muito ligada ao que é cultivado na região, como o feijão,
milho e etc. Essa culinária está presente no cotidiano dos indivíduos e na formação histórica
daquela sociedade. Assim, podemos inferir uma relação afetiva com a alimentação, desde
receitas caseiras, até mesmo as formas de preparo, seus locais e sujeitos. Nos livros da Raquel
de Queiroz “ô não me deixes” e “tantos anos” – esse último em parceria com sua irmã Marilia
Luiza Queiroz – retrata várias formas de observar essa alimentação cearense, mostrando desde
receitas familiares, como também memórias vivenciadas pelas autoras na fazenda de sua
família, localizada em Quixadá no sertão central. Estes livros dizem muito sobre essa
construção da alimentação cearense, mas especificamente do sertão central, no que diz
respeito de receitas vivenciadas por estas na sua infância e juventude.
O primeiro livro “tantos anos”, nos retrata memórias vividas na fazenda pela família
Queiroz, mais especificamente por Raquel e sua irmã, onde a história se junta com vivências
do cotidiano da fazenda ao longo de décadas. O segundo livro “ô não me deixes”, retrata
como essas comidas são preparadas, os seus ingredientes, além de mostrar as memórias da
infância da autora, ou seja, lembranças afetivas do sabor e odores dos doces e comidas típicas
da região, além do processo de preparo, e a forma de fazer essas receitas. Portanto, estes
livros retratam memórias afetivas, olfativas e gustativas da autora Raquel de Queiroz no que
diz respeito a história dessa cozinha cearense vivenciada na fazenda.
Então é importante percebermos como essa história da alimentação do sertão central
cearense é construída através das lembranças vivenciadas pela autora, sendo necessário
investigar o papel da fazenda “ô não me deixes” para a construção dessa alimentação
sertaneja, identificar como essa culinária do sertão central está sendo construída, isto é,
representada, nas obras, a partir da vida cotidiana, da sensibilidade, e lugares de poder das
escritoras, e também compreender a historicidade sobre a alimentação do sertão do nordeste,
especialmente, no Ceará, através da literatura regionalista do século XX. Portanto, estudar a
história da alimentação cearense a partir da literatura/memória é importante para entendermos
a formação da sociedade pela esfera da sensibilidade e jogo da memória.
Problemática:
Como as lembranças de sabores e odores das receitas descritas por Raquel de Queiroz
constrói uma culinária no sertão central cearense?
O tema a ser estudado nesse projeto é de extrema importância para entendermos a
culinária cearense a parti das memórias registradas nas obras literárias “O Não Me Deixes” e
‘Tantos anos” (coparticipação de sua irmã Maria Luiza de Queiroz) de Raquel de Queiroz,
mostrando como se deu a culinária cearense, e fazendo contrapontos de como essa culinária se
desenvolveu ao longo dos anos, além de observarmos como ocorreu e desenvolveu essas
lembranças de memorias afetivas das receitas e vivencias na fazenda na infância destas.
Mostrando a narrativa da construção dessa culinária aparte das lembranças vivenciadas, e
como as receitas feitas pelas cozinheiras Antônia e Nise foram de grande importância para
essas memoria afetiva de sabores e odores construído. Portanto essa culinária mostra
elementos essenciais para a construção da culinária do sertão central do ceara, utilizando o
cotidiano do sertanejo.
O livro “ô não me deixes” mostra uma estrutura importância para o entendimento do
cotidiano do sertanejo, e como varias praticas descrita do cotidiano destes aparte das
lembranças da autora, além de fazer contrapontos como o livro “ tantos anos” que trás
lembranças e imagens da autora e amigos famosos, além de mostras as varias faces de Raquel
de Queiroz, e as versões distintas de lembranças destas . O livro retrata memórias de
acontecimentos vividos pela autora romancista no sertão central, mais especificamente na
fazenda “não me deixes”, localizada na cidade de Quixadá, onde esta viveu varias memórias
de sabores e receitas na sua infância, onde o livro possui 118 paginas. Partindo desde a
apresentação da cozinha, até como se faz as receitas salgadas e doces e típicas do sertão,
desde a apresentação da cozinha, trazendo os fornos e fogões até a preparação das bebidas, e
os ingredientes utilizados.
A autora busca abordar de tudo um pouco, retratando as cozinheiras Antônia e Nise,
e as principais preparações da fazenda, sendo esta a matança dos animais e como o café erra
torrado e utilizado na fazenda, além das preparações da farinha de mandioca, e como o peru
era utilizado. Os demais ingredientes típicos, como o milho e o feijão ocupavam um lugar
importante na mesa do sertanejo, pois estes eram plantados na gradar chuvosa, e colhidos no
verão, além de ser muitas vezes a sobrevivência financeira da família cearense.
Vários capítulos trazem preparações de autoria das cozinheiras da fazenda, como a
receita do queijo de coalho, do requeijão, do baião de dois, da pamonha, do doce de caju,
entre outras, além de trazer a preparação das receitas utilizadas durante os anos de seca
utilizados no sertão. Sendo estas cozinheiras bastante importantes nas lembranças da autora,
pois estas faziam receitas que eram antigas, além de preparos, onde os ingredientes eram
colhidos na fazenda, além do gosto pelas receitas, fazendo assim com que se destacassem na
cozinha e no que faziam.
Portanto nos anos de seca o sertanejo buscava inovar na culinária, pois este parte da
necessidade passada. O livro também nos mostra minuciosamente a simplicidade da
alimentação no sertão, além de nos mostra a realidade das lembranças das autoras, e como a
fazenda foi feita desde planejamento ate a construção. Além de nos mostra como os odores
são importante e dizem muito de onde viemos e pra onde vamos, além de nos ligarmos a
nossas lembranças e a nossa terra. Pois através das lembranças das receitas a autora fala do
cheiro e sabores que sabia que tinha uma identificação com a sua terra, além de estarem
ligadas as memorias afetivas descritas no livro.
Portanto esse projeto e de estrema importância para entendermos a culinária cearense,
e como esta se desenvolveu partindo do olhar da autora e das suas lembranças de memorias de
sabores e odores de receitas afetivas. Mostrando assim as lembranças vivenciadas, e trazendo
esse imaginário do sabor que faz ligações com as varias lembranças vividas na fazenda, além
da sensibilidade que e necessário ter para que os sabores aflorem, e que a memoria se revele.

Justificativa:
O interesse em escrever sobre a alimentação cearense veio de entender as suas
receitas, de observar a sua construção, e verificar suas especificidades regionais. Sendo,
assim, é necessário a compreensão dessa construção diária da cozinha sertaneja, que está
transpassada pela sensibilidade e pela vida cotidiana dos cearenses secularmente.
Para a sociedade e importante entender sobre a alimentação cearense, pois como
também observa como esta alimentação estar ligada com a cultura do povo sertanejo, e com a
importância da valorização dos temperos e produtos usados na cozinha regional. Além
entender a parte da necessidade do individuo no dia a dia. Portanto além da busca pelo
entendimento desta cozinha, e importante também observarmos que a sociedade parte da
necessidade de sobrevivência. No sertão o individuo utilizar na alimentação o que e mais fácil
de cultivar, como também utilizados de todo o produto cultivado, por exemplo, a fruta e usada
não só natura, mais também para doces, como também feijão e utilizado não só para o baião,
mas como também para mungunzá, feijoada e vários outros preparos feitos nessa região.
Considerando o que fala Raquel de Queiroz (2000), “O feijão, e base da alimentação
do sertanejo, come-se de todas as maneiras: verde, maduro e seco. O verde come-se ainda na
vagem, cortado em pedaços pequenos. O maduro (que já se pode debulhar) come-se como o
seco: cozido e temperado. O tempero mais apreciado para o feijão é a nata do leite, que em
geral é retirada do leite com que se faz o queijo”. (p. 56). Reflito sobre cada alimento que ela
fala e entendo que cada um e criado como também plantado no sertão para supri os moradores
da região. Além de o feijão ser à base da alimentação cearense e muito rico e usado de todas
as formas. Portanto e importante compreender essa construção da alimentação cearense.
No âmbito da história cultural, a história da alimentação é importante no que diz
respeito a sua própria construção, os seus valores, e sentidos para os indivíduos. Pois, cada
receita, existe uma história a ser narrada, exemplos, desde os doces, até mesmo as carnes
utilizadas para a alimentação, como a de carneiro, bastante comum no sertão cearense.
Portanto, a alimentação regional, deve ser analisada para que se tenha um conhecimento da
historicidade das receitas, e como estão sendo representadas pelo imaginário e sensibilidade
dos sujeitos nesse espaço.
Esse tema tem como objetivo perceber se a região do sertão e compreendida no que
diz respeito à alimentação, pois e de estrema importância esse tema, não só para compreender
as receitas, mas como também compreender cada alimento e como este e criador ou cultivado.
Além de perecermos que a alimentação cearense do sertão central esta ligada as lembranças e
gosto da região, e de cada individuo. Nesse tema tenho o objetivo de perceber que a região do
sertão cearense tem uma vasta culinária, pois possui vários temperos e produtos alimentares
diversos, além de uma cultura regional muito peculiar na questão da alimentação, pois e único
no que diz respeito a hábitos alimentares, um exemplo, muito peculiar do sertanejo e comer
rapadura após as refeições, bem como também farinha. Portanto a culinária cearense deve ser
sempre estudada e principalmente representada.
No âmbito acadêmico, no que diz respeito à alimentação cearense, observo que não
existem muitos estudos sobre este tema, pois entendo que é necessário termos mais trabalhos
abordando essa temática nos campos da história cultural e sociocultural. Destacando alguns
autores temos, por exemplo, Luís Câmara Cascudo (1983). “assunto que vivia esparso e
diluído em mil livros”. (pag.15). Portanto o assunto alimentação e amplo e diverso, mais que
isso, está associado às formas específicas e particulares de preparação. Portanto cada região
tem suas peculiaridades na alimentação.
Objetivo geral:
Analisar a representação da culinária cearense na memória afetiva das receitas, sabores
e odores das obras “ô não me deixes” e “tantos anos”, de Rachel de Queiroz (1988-2000).

Objetivos específicos:
Investigar o papel da fazenda “ô não me deixes” para a construção dessa alimentação
sertaneja. (ex. o espaço afetivo familiar, o papel das empregadas e cozinheiras, os utensílios e
cultura material, etc).
Identificar como essa culinária do sertão central está sendo construída na narrativa das
obras (a partir da vida cotidiana, da sensibilidade da autora, etc).
Compreender a historicidade sobre a alimentação do sertão do nordeste,
especialmente, no Ceará, através da literatura regional.

Revisão bibliográfica:
Ao pensar outros trabalhos sobre a alimentação do sertão central de Raquel de Queiroz
me deparo com o texto de Cavalcante (2016), O sabor no lugar não me deixes de Raquel de
Queiroz, onde nesse trabalho vai discutir sobre as experiências vividas pela autora na fazenda
“Não me deixes” além de falar sobre as suas lembranças sobre as receitas. Segundo Tuan
(2013) “[...] a maioria das pessoas faz uso dos cinco sentidos, que se reforçam mútua e
constantemente para fornecer o mundo em que vivemos intricadamente ordenado e carregado
de emoções” p. 21. Sendo assim podemos perceber que as emoções e as lembranças vividas
pela autora ocorre através das receitas descrita, e com sequentemente diz respeito aos sentidos
utilizados na hora de degustarmos o alimento.
No texto de Sacramento (2010), acerca da genealogia das receitas em “O Não Me
Deixes”, de Rachel de Queiroz, percebo semelhanças entre os textos, pois o primeiro descreve
sobre o lugar através das vivências, além de falar da culinária especifica da fazenda, e o
segundo traz uma discussão próxima de Cavalcante (2016), mas descreve sobre cada espaço
específico da fazenda, além de trazer uma genealogia, ou seja, uma construção dessa culinária
cearense. Assim, ressalta-se que a culinária possui uma historicidade.

É importante falar que, em O Não Me Deixes, as receitas estão


representadas por ingredientes típicos da culinária nordestina, como o
queijo de coalho, o milho, a castanha de caju e a farinha, além de
receitas tradicionais da parte doce dessa culinária (o pão de ló, o bolo
de milho, a canjica, a pamonha, o mugunzá etc). (SACRAMENTO.
2010.p.18).

A citação acima nos mostra como a culinária do nordeste é construída a partir do que
temos no dia a dia, como o leite que faz o queijo, o caju plantado no quintal, que se tem a
castanha, e assim sucessivamente. Portanto, as populações do sertão cearense utilizam-se do
que têm para fazer sua alimentação diária e de subsistência. Os artigos visto ate o momento
nos mostra como essa cultura culinária cearense, seja por memoria ou pela construção diária.
Portanto a culinária cearense representada nos mostra um pouco da realidade das receitas
como também da construção afetiva dos sabores das contados pela autora. Diante desse
cenário da cozinha cearense, percebemos que a autora traz consigo uma relação da
alimentação com sua literatura em suas obras, e, principalmente, uma vontade de mostrar que
a mulher pode ser uma escritora, especialmente de romances. Assim, Rachel de Queiroz,
coloca-se como produtora de uma escrita feminina.

Eu acredito numa escrita feminina, sim. O mundo da mulher


não é o mundo masculino. As marcas da escrita feminina estariam
principalmente na linguagem. O meu caso é diferente: talvez eu tenha
uma linguagem masculina porque venho do jornal. Quando eu
comecei a escrever, a literatura brasileira ainda se dividia entre o estilo
açucarado das mocinhas e a literatura masculina (QUEIROZ, 2002: p.
26).

A autora ao longo da sua vida desenvolveu vários gêneros literários, desse modo, essa
experiência foi de grande importância para mostrar sua originalidade e, principalmente, sua
fluidez entre vários campos. Para falar dos cearenses, esta desenvolveu uma vasta área, pois
na sua literatura temos desde de memória desta até lembranças e vivencias vividas no sertão.
Outro texto que fala da alimentação, fazendo um balanço historiográfico sobre essa temática,
é o texto de Carneiro (1997), História da alimentação: balizas historiográficas. Este artigo
nos mostra cinco exemplos da construção dos estudos sobre a alimentação: o enfoque
biológico, o econômico, o social, o cultural e o filosófico. Pensando na temática temos que os
enfoques utilizados no texto social e cultural, pois a culinária do sertanejo parte da cultura
cearense, onde o individuo usa-se da vasta variedade de alimentos que são plantados e
produzidos no sertão, como por exemplo, o feijão. E importante trazer que essa cultura na
culinária diária faz parte da construção da alimentação do individuo, pois assim ocorre a
construção diária da culinária cearense. Ao pensar na culinária da literatura estudada temos a
construção dessa cultura, onde o cearense vive na alimentação aparte do que tem diariamente.
No texto de GONCELVES (2004), A fome e o paladar: a antropologia nativa de Luis
da Câmara Cascudo. O autor mostra que Câmara Cascudo entende a alimentação como
cultural e principalmente esta ligadas a varias estruturas sociais diárias. Ao relacionar com o
meu objeto de pesquisa que e a alimentação cearense entendo que as relações sociais e a
cultura do povo cearense fazem parte da culinária cearense, pois essas categorias desde a
alimentação ate o paladar estão ligados para essa construção da alimentação cearense.

E impossível separá-las do sistema de relações sociais e simbólicas, das festas,


religiões e medicinas populares, dos provérbios, narrativas e relações
mágicoreligiosas com os santos, com os morros etc. Neste sentido, categorias como
"nutrição" e "alimentação", "comida" e “refeição", "fome" e "paladar", "cru" e
"cozido", entre outras, integram de fato um vasto sistema de categorias que
estruturam seus escritos etnográficos e sua interpretação da cultura popular
brasileira. (GONCALVES. 2004. pag. 6).

Quadro teórico:
A História Cultural desabrocha no Brasil ao longo dos anos 1990, para que essa
história se desenvolva ocorre-se uma nova forma de ver a nova história cultural. Ocorreram
varias obra que foram retomadas e submetidas a uma nova leitura, pois a nova história
cultural vai além da história vista pelos metódicos, e conservadores. Um dos historiadores que
começou a perceber essa nova história foi Sérgio Buarque de Holanda, que escrevendo na
inspiração de correntes culturalistas alemãs, entre outras, deu a vez uma forma renovadora de
pensar o Brasil, mostrando assim as sensibilidades, maneiras de serem, traços de caráter, além
de buscar traduzir a alma brasileira de uma História Cultural. Mas, que isso mostra como os
brasileiros vivem com essa nova cultura, onde ocorrem mudanças epistemológicas e
fundamentais para esse novo olhar da História.
O primeiro desses conceitos que reorienta a postura do historiador é o da
representação. Por vezes, se utiliza a expressão Nova História Cultural, a lembrar de que antes
teria havido uma velha, antiga ou tradicional História Cultural. Mas para podemos falar
primeiro das representações vamos observar a antiga cultura que tinha concepções de viés
marxista, que entendiam a cultura como integrante da superestrutura, como mero reflexo da
infraestrutura, ou mesmo da cultura como manifestação superior do espírito humano e,
portanto, como domínio das elites. Categoria central da História Cultural, a representação foi,
a rigor, incorporada pelos historiadores a partir das formulações de Marcel Mauss e Émile
Durkheim, no início do século 20.
Esses historiadores entre outros trouxeram consigo novas visões de história cultural.
O modelo de cultura teve várias interpretações, mas a nova história cultural surge ao se pensar
novas formas de observa a cultura e trabalhar esta, ocorrendo assim uma vasta forma que o
homem escolheu para observa a cultura de acordo com o mundo em que vive. Pierre
Bourdieu, ao definir o real como um campo de forças para definir o que é o real, mostrou que
a História Cultural seria, pois, decifrar a realidade do passado por meio das suas
representações, ou seja, por meio dos grupos presentes na sociedade, tentando assim chegar
àquelas formas, discursivas e imagéticas, pelas quais os homens expressaram a si próprios e o
mundo. Com essa mudança de história cultural ao longo do tempo chegamos à utilização de
conceitos ou categorias para entendermos como o homem desenvolve seus pensamentos como
a memoria e o imaginário no dia a dia.
A história cultural e bastante ampla, vamos focar mais especificamente na história da
alimentação que conta muito sobre cada região, onde cada uma tem suas peculiaridades. A
alimentação cearense tem peculiaridades no seu campo historiográfico bastante distinto das
demais regiões do país, pois partindo da cozinha cearense utilizamos temperos e produtos e
frutas que e desenvolvidos em nosso cotidiano, ou seja, na realidade do sertanejo. Além das
receitas tem-se memorias, sensibilidades e representação, sendo cada um desses conceitos
mostrado ao longo do trabalho. No livro história e reflexões de Pesavento (2013) “As
representações construídas sobre o mundo não só se colocam no lugar deste mundo, como
fazem com que os homens percebam a realidade e pautem a sua existência” (pag. 21).
As representações são como matrizes geradoras de condutas e práticas sociais, bem
como explicativa do real, pois cada Indivíduos e grupos dão sentido ao mundo por meio das
representações que constroem sobre a realidade em que vive. Pensavento (2013) continua
discorrendo sobre a representação onde é conceito ambíguo, pois na relação que se estabelece
entre ausência e presença. As representações são também portadoras do simbólico, ou seja,
dizem mais do que aquilo que mostram ou enunciam, carregam sentidos ocultos, que são
construídos social e historicamente, se internalizam no inconsciente coletivo e se apresentam
como naturais, dispensando reflexão. Descrevendo sobre as representações podemos observa
que o sertão e um lugar de representação de morada do sertanejo e vivencia de varias
memorias. Portanto o sertão e um lugar de história de cada individuo, onde este vive o seu
cotidiano na alimentação diária, e nas vivencias construídas. .
Segundo Pesavento (2013), “As sensibilidades correspondem ao conhecimento
sensível que opera como uma forma de apreensão do mundo que brota não do racional ou das
elucubrações, mas dos sentidos, que vêm do íntimo de cada indivíduo” (pag. 31). Às
sensibilidades correspondem ao mundo cognitivo, pois lidam com as sensações, com o
emocional, com a subjetividade, ou seja, mesmo as sensibilidades mais finas, as emoções e os
sentimentos devem ser expressos e materializar-se em alguma forma de registro passível de
ser resgatado pelo historiador. Portanto quando a autora Raquel de Queiroz falar das suas
memorias na infância do gosto e do sabores das receitas vivenciadas ela esta trabalhando com
lembranças, ou seja, com registros passados.
Pesavento (2013) “Sensibilidades se exprimem em atos, em ritos, em palavras e
imagens, em objetos da vida material, em materialidades do espaço construído” (pag. 32).
Sensibilidades remetem ao mundo do imaginário, da cultura e seu conjunto de significações
construído sobre o mundo, ou seja, são significações da vida do individuo.
Pesavento (2013) “Sonhos e medos, por exemplo, são realidades enquanto sentimento,
mesmo que suas razões ou motivações, no caso, não tenham consistência real”. (Pag. 34).
Fazendo a ligação com a história da alimentação, mais especificamente a culinária cearense
tem que a sensibilidades dos sabores e odores das comidas da região são de grande
importância para entendermos a construção dessa culinária e das memorias da autora ao
descreve sobre as receitas em seu livro. Portanto a sensibilidades dos sabores e odores das
receitas são importantes para entendermos essa culinária.
A memória permite que se possa lembrar sem a presença das coisas ou das pessoas
evocadas, simplesmente com a presença de uma imagem despertada por um ato ou objeto que
reproduzindo uma experiência, e uma sensação que permita e faça aflorar uma lembrança
vivenciada. Não é possível tudo lembrar, pois a Memória é seletiva, além de não guarda tudo.
A questão colocada por Pesavento (2013) entende que a “representação do passado, ficaria
negada esta pequena alegria, reservada à Memória, que é o reconhecimento ou a confirmação
da autenticidade da lembrança e da veracidade da matéria da evocação”. (pag. 58). Portanto a
memória ocorre de forma onde as lembranças estão presentes na consciência, na literatura
feita pela autora Raquel de Queiroz onde as suas lembranças se destacam na descrição das
receitas e das histórias descritas no livro, onde a memória desta se destaca nas suas vivencias
na fazenda, onde esta descreve sobre as memórias vividas na sua infância.
Portanto fazendo uma ligação da memória da autora temos que esta descrever através
das lembranças e das sensibilidades suas vivencias, além de descrever também as vivencias de
sabores da cozinha da fazenda, onde esta se lembra de uma vasta e histórica descrita de
receitas que o sertão e o sertanejo se ligam de forma a construir e saborear as receitas.
Metodologia e Fontes:
A presente pesquisa utilizará como principais fontes o livro ô não me deixes, como
também tantos anos, ambos são da autora Raquel de Queiroz com participação no livro tantos
anos de sua irmã Maria Luiza de Queiroz, sendo que essas sobras foram produzidas no século
20. Essas obras abordam o objeto central da pesquisa que e a culinária cearense, mais
especificamente no sertão central. Essa abordagem se da através da construção dessa
culinária, ou seja, como ocorre a construção das receitas vivenciadas e como também ocorre a
construção do sabor através dessas receitas. Tais obras estão disponíveis em livrarias e na
internet. 1
O método a ser utilizado nessa pesquisa ocorre de forma a analisar os discursos,
imagens e representações da culinária do sertão central, através das memórias afetivas e da
sensibilidade das autoras presente nos dois livros abordados. Entretanto, precisamos discorrer
sobre as abordagens de uma História da Literatura.
A utilização da fonte literária, como qualquer outra documentação histórica, requer
cuidados. A fonte literária ganhou mais espaços a partir do século XX com a história cultural.
Um dos primeiros historiadores importantes para essa abordagem foi Lucien Febvre. Esse
historiador trabalha com a história das mentalidades, e assim, a literatura torna-se uma fonte
de análise para as estruturas mentais das sociedades. Essa nova forma de observar os
documentos, como por exemplo, a literatura, no livro “O historiador e suas fontes” (2009)
temos que “os romancistas do século 21 acrescentam a ideia de que o artista, além de
representar, também cria universos ainda não vistos, utópicos e imaginários” (Celso, 2009, p.
66). Na pesquisa descrita a literatura tem uma relação com a história da alimentação, onde a
literatura em especifico tem-se uma ligação com o imaginário da autora nas suas lembranças
de infância, mais especificamente nas receitas descritas.
A fonte literária busca entender o texto de forma abrange as atividades, fazendo uma
ligação com a literatura que iremos trabalhar que mostra receitas cearenses, bem como
também lembranças de histórias contadas pela autora, entendendo assim que a literatura pode
ser também um entendimento de vivencia diário.

1
QUEIROZ, Raquel de. O não me deixes suas histórias e sua cozinha. Quixadá:
Siciliano, 2000. 137 p.< Não me Deixes - Rachel de Queiroz.pdf.
Este livro foi adquirido na internet em pdf.
QUEIROZ, Raquel de. Tantos Anos. Quixadá: Siciliano, 1988. 296 p.
Este livro foi adquirido através da compra do mesmo.
Portanto a fonte literária pode ser observada de varias formas tanto na visão subjetiva
como também objetiva, pois ao mesmo tempo em que ela pode ser vista como um
monumento, pode ser escrita ou até mesmo criticada no que diz respeito a natureza do
documento, que nesse caso a literatura esta relacionada com as lembranças. Portanto essa
fonte e de grande importância para o entendimento da obra ô não me deixes que mostrar
lembranças da autora da culinária cearense.
A metodologia empregada na pesquisa ocorre através da observação das duas
literaturas, essa metodologia empregada se da através da observação das duas obras, sendo
que elas se complementam no que diz respeito à memoria afetiva desta. A metodologia
abordada e construir um banco de dados com os fragmentos encontrados nos textos, a parti da
observação acerca dos discursos, imagens, memorias e receitas sobre a construção da
alimentação do sertão central. Como também entender como as receitas foram construídas
aparte da memoria afetiva da autora no que diz respeito a vivencia diária. Portanto a
metodologia empregada e de grande importância para entendermos a culinária do sertão
central como também compreender a memoria afetiva através dos gostos e paladar de ambas
as irmãs, tanto Raquel de Queiroz como a Luiza de Queiroz.

Revisão bibliográfica:
SACRAMENTO, Adriana. Sobre a genealogia das receitas em O Não Me Deixes,
de Rachel de Queiroz. 2010. 14 f. Tese (Doutorado) - Curso de Psicologia Organizacional,
UFRGS, Rio Grande, 2010. <file:///C:/Users/pc/Downloads/3903-72381-1-PB.pdf
/> Acesso em: 09 de Jun.2023.
LEAL, Antônio da Costa Leal e Lídia do Vale Santos. A POÉTICA DO ESPAÇO.
1979. 173 f. Tese (Doutorado) - Curso de Doutorado, UFSP, São Paulo, 1979.< A POÉTICA
DO ESPAÇO.pdf
/> Acesso em: 09 de Jun.2023.
GONÇALVES, José Reginaldo Santos. A fome e o paladar: a antropologia nativa
de Luís da Câmara Cascudo. 2004. 16 f. Tese (Doutorado) - Curso de Sociologia e
Antropologia, UFRJ, Rio de Janeiro, 2004.< admin,+365.pdf
/> Acesso em: 09 de Jun.2023.
GUERELLUS, Natália de Santanna. Rachel de Queiroz: mulher, escritora,
personagem. 2009. 11 f. Tese (Doutorado) - Curso de História, Anpuh, Fortaleza, 2009.
<artigo sobre rache.pdf
/> Acesso em: 09 de Jun.2023.
CAVALCANTE, Tiago Vieira. O SABOR NO LUGAR NÃO ME DEIXES DE
RACHEL DE QUEIROZ. 2016. 9 f. Tese (Doutorado) - Curso de Geografia, UFC,
Fortaleza, 2016. <O_SABOR_NO_LUGAR_NAO_ME_DEIXES_DE_RACHEL.pdf
/> Acesso em: 09 de Jun.2023.
QUEIROZ, Raquel de. O não me deixes suas histórias e sua cozinha. Quixadá:
Siciliano, 2000. 137 p.< Não me Deixes - Rachel de Queiroz.pdf
/> Acesso em: 09 de Jun.2023.
QUEIROZ, Raquel de. Tantos Anos. Quixadá: Siciliano, 1988. 296 p.

CARNEIRO, Henrique. História da alimentação: Balizas historiográficas. 1997. 85


f. Tese (Doutorado) - Curso de História Social, USP, São Paulo, 1997. <história da
alimentação.pdf
/> Acesso em: 09 de Jun.2023.
SILVA, Kalina Vanderlei Silva Maciel Henrique. Dicionário de Conceitos
Históricos. 2009. 440 f. Tese (Doutorado) - Curso de História, CIP, São Paulo, 2009.
<dicionc3a1rio-de-conceitos-histc3b3ricos.pdf
/> Acesso em: 09 de Jun.2023.
 WATANABE, Ligia. Saberes e odores: o olfato e o imaginário social no século 18 e
19. 2023. 9 f. Tese (Doutorado) - Curso de História, UFRJ, São Paulo, 2023.< CORBIN, A.
Saberes e odores. Introdução..pdf
/> Acesso em: 09 de Jun.2023.
CAVALCANTE, Tiago Vieira. O SABOR NO LUGAR NÃO ME DEIXES DE
RACHEL DE QUEIROZ. 2016. 8 f. Tese (Doutorado) - Curso de Geografia, Geosaberes,
UFC, Fortaleza, 2016.<file:///C:/Users/pc/Downloads/artigo%20sobre%20livro%20de
%20Rachel.pdf
/> Acesso em: 09 de Jun.2023.
 ALAIN CORBIN O PRAZER DO HISTORIADOR. São Paulo: Revista Brasileira
de História, v. 25, 2005. <file:///C:/Users/pc/Downloads/entrevista%20alan%20corbin.pdf
/> Acesso em: 09 de Jun.2023.
PESAVENTO, Sandra Jatahy. História e história cultural: história e reflexões. 3. ed.
Belo Horizonte: Autêntica, 2007. 82
p.<file:///C:/Users/pc/Downloads/Historia_and_Historia_Cultural_Sandra_Ja%20(1).pdf
/> Acesso em: 09 de Jun.2023.
 LUCA, Tania Regina de et al. O historiador e suas fontes. São Paulo: Contexto,
2009. 163 p.<file:///C:/Users/pc/Downloads/481994250-O-Historiador-e-Suas-Fontes.pdf
/> Acesso em: 09 de Jun.2023.
Cronograma do projeto de pesquisa:
Meses/ Ano Atividades.
06/2023 Fazer o cronograma; Terminar o projeto; Entregar o projeto.
07/2023 Coleta e organização das coletas de dados; Analisar os dados;
sistematização dos dados analisados e fazer o primeiro capitulo da
monografia.
08/2023 Analisar as fontes utilizadas; fazer o segundo capitulo, consultar a
bibliografia da autora.
09/2023 Analisar a metodologia e a fonte desenvolvida; e consultar o orientador.
10/2023 Reavaliar a escrita já feita da monografia.
11-12/2023 Fazer alterações se for necessário. Além de avaliar a formatação, e
observar as citações e referencias.
01--02/2024 Continuar escrevendo a monografia.
03/2024 Fazer a ultima avaliação do tcc.
04/2024 Apresentar o tcc.

Você também pode gostar