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"Em uma manhã de agosto de 1973, dois assaltantes invadiram um banco, o “Sveriges
Kreditbank of Stockholm”, em Estocolmo, Suécia. Após a chegada da polícia,
resultando em uma considerável troca de tiros, tal dupla transformou em reféns, por
seis dias, quatro pessoas que ali se encontravam.
"Aos poucos, a vítima busca evitar comportamentos que desagradem seu agressor,
pelo mesmo motivo pontuado anteriormente; e também começa a interpretar seus atos
gentis, educados, ou mesmo de não violência como indícios de uma suposta simpatia
da parte dele a ela. Tal identificação permite a desvinculação emocional da realidade
perigosa e violenta a qual está submetida.
Por fim, a vítima passa a encarar aquela pessoa com simpatia, e até mesmo amizade –
a final de contas, graças à sua “proteção”, ela ainda se encontra viva. No caso de
pessoas sequestradas, mais um agravante: tal indivíduo é geralmente a sua única
companhia!
Para exemplificar, temos o que Natascha Kampusch, a austríaca que viveu em cativeiro
por oito anos, escreveu em seu livro (3.096 Dias, Verus Editora):
“Eu ainda era apenas uma criança, e precisava do consolo do toque (humano). Então,
após alguns meses presa, eu pedi a meu sequestrador que me abraçasse”.
Vale frisar, no entanto, que a referida pessoa, assim como muitas que passam por essa
situação e se comportam tal como foi dito, não se identifica com o quadro descrito
neste texto, afirmando que “ninguém é totalmente bom ou mau” e que “aproximar-se do
sequestrador não é uma doença; criar um casulo de normalidade no âmbito de um
crime não é uma síndrome - é justamente o oposto: é uma estratégia de sobrevivência
em uma situação sem saída”."