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Segundo Fernandes (2006) existe certa desconfiança em se valorizar o estudo

da dimensão técnico-operativa do Serviço Social. A autora fala de um receio, que


os/as assistentes sociais tinham de reproduzir aspectos pragmáticos, acríticos e
conservadores do trabalho social norte-americano, tão difundido no Brasil, esse
receio fez com que os/as assistentes sociais negassem a possibilidade de a
instrumentalidade ser pauta das discussões e formatar a base para a ampliação da
dimensão teórico-metodológica do Serviço Social.

A autora cita Odária Battini para fazer uma diferenciação entre


instrumentalidade e instrumentais, onde a instrumentalidade é o modo de ser do
Serviço Social que se estabelece na dinâmica com as relações econômicas, políticas e
sociais dentro da sociedade capitalista. E os instrumentais são as ferramentas de
trabalho do assistente social e vão guia-lo no seu exercício profissional.

Fernandes (2006) indica o que são instrumentos e técnicas do Serviço Social


possuem um caráter quantitativo ou qualitativo. A autora apresenta que os
instrumentais quantitativos são os que garantem o acompanhamento de programas, a
mensuração dos resultados, valorizando a eficiência, a eficácia e a efetividade, já os
instrumentais qualitativos acompanha os processos inovadores na dinâmica da
sociedade, estando em frequente construção coletiva. A diferença entre os dois é que
os instrumentais quantitativos respondem mais as exigências técnicos burocráticas, já
os instrumentais qualitativos permite acompanhar a evolução da qualidade de vida e o
desempenho das ações e atividades.

A autora resgata Yolanda Guerra sobre três tendências ao discutir a


instrumentalidade do Serviço Social. A primeira tendência diz respeito aos
profissionais que supervalorizam a prática colocando em segundo plano as teorias ao
campo das abstrações, é uma prática sem reflexão uma visão reducionista. A segunda
tendência diz respeito aos profissionais que pautam sua prática numa teoria que
encaixe na realidade que se apresenta na sua atuação, e a terceira tendência dizem
respeito aos profissionais que se aproxima da realidade utilizando os recursos das
teorias e que fundamentam sua prática através das teorias. A autora destaca que o
conservadorismo presente na profissão dificulta transformar a teoria em intervenção,
se faz necessário apoiar o exercício profissional em bases teóricas sólidas fazendo
mediações visando construir uma práxis social.
Fernandes (2006) afirma que seria um erro utilizar um instrumental “como um
fim em si mesmo” (pag. 23), pois existe um risco de se voltar ao senso comum, voltar
às técnicas conservadoras, a uma visão de passo a passo, e não perceber que a
utilização do instrumental alinhado ao projeto ético político do Serviço Social e aos
fundamentos teóricos metodológicos direciona eticamente o trabalho do/da assistente
social e demonstra respeito pelo usuário.

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