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INTRODUÇÃO
Nas atividades realizadas em ambientes verticais e em ambientes confinados com deslocamento vertical,
assim como nas atividades de resgate, cada peça do seu equipamento é um elo crítico em uma cadeia muito
importante. Todos os elos devem trabalhar em conjunto e com segurança, para permitir que o sistema
aplicado possibilite a retirada em segurança de uma pessoa de uma situação de risco. Se um dos elos falhar,
tal fato irá colocar em risco todo o sistema.
O usuário do sistema deve ser treinado, constantemente, para identificar, selecionar e utilizar corretamente
todos os componentes do sistema de proteção, aplicado em tais atividades.
É de vital importância que o usuário conheça quais são os equipamentos necessários para uma atividade
segura, e que o mesmo conheça o que tais equipamentos podem ou não podem fazer. O usuário deve ainda
saber como proceder a uma inspeção, limpeza e manutenção preventiva após o uso. Tais atividades podem
parecer muito trabalho, mas considerando que em algumas situações a única coisa entre o usuário e a morte
pode ser um destes equipamentos, fica claro a necessidade básica de seguir todos os passos colocados
acima.
CONDIÇÃO DA CORDA
A edição anterior da NFPA 1983 para cordas de resgate (edição de 1990) recomendava que a corda utilizada
em situações de resgate fosse sempre nova, ou seja, sem uso anterior. As cordas utilizadas em situações de
resgate reais, indiferente de seu estado, deveriam ser retiradas de uso para evitar que acidentalmente
retornassem ao uso como cordas de “Linha de Vida”.
Entretanto, de acordo com a NFPA 1983 – edição de 1995 – a corda utilizada como Linha de Vida, utilizada
em resgate em incêndios ou outros tipos de emergências ou treinamentos podem ser reutilizadas se TODAS
as CONDIÇÕES ABAIXO forem observadas. Tais condições devem também estar em conjunção com as
instruções dos fabricantes.
A) A corda não sofreu nenhum dano visível. Isto significa que uma pessoa com visão perfeita (20/20) a
olho nu, não consegue observar nenhum dano.
B) A corda não foi exposta a calor, contatos breves com chamas ou abrasão. Este requerimento poderá
eliminar a grande maioria das cordas utilizadas em situações de emergências. Exposição à abrasão
virtualmente irá eliminar qualquer corda que foi empregada sobre uma borda (mesmo que com
auxílio de um protetor) em aplicações de subida e descida.
C) A corda não foi sujeitada a qualquer carga de impacto. Observe que esta frase não fala em impactos
de carga severos ou significantes, mas sim a todos e qualquer tipo de impacto. Uma única queda em
uma corda cria uma carga de impacto.
D) A corda não foi exposta a líquidos, sólidos, gases, névoas ou vapores de qualquer produto químico ou
qualquer outro material que conhecidamente deteriora a corda. Este requerimento necessita de um
estudo sobre quais produtos químicos estavam presentes, assim como o telefone de contato com o
fabricante para um estudo conveniente.
E) A corda passa por uma inspeção de acordo com o procedimento de inspeção do fabricante, realizado
por uma pessoa devidamente qualificada, antes e depois de cada uso. Este procedimento de inspeção
obviamente depende do fabricante da corda. Este ponto também implica que a pessoa que irá
realizar a inspeção seja devidamente qualificada pelo fabricante ou que siga rigorosamente todas as
orientações de inspeções do fabricante.
A Norma NFPA é dirigida inclusive a pessoas que podem não ter treinamento adequado na inspeção de
cordas. A colocação das restrições acima para evitar o reuso de uma corda foram adotadas para evitar que
acidentalmente uma corda danificada seja colocada novamente em uso.
Estes requerimentos são aplicáveis para cordas de uso em treinamento também, além das cordas utilizadas
em situações reais de resgate. Para a NFPA a segurança em treinamento é tão importante quanto a
segurança em situações reais de resgate.
É também importante observar o bom senso quando o assunto for à reutilização de cordas para treinamento.
Se a equipe que estiver treinando seguir as recomendações da norma, a mesma irá substituir alguma corda
após as sessões de treinamento. Infelizmente, a corda substituída pode não apresentar qualquer dano a não
ser leve abrasão em sua superfície. Em qualquer situação, as informações dos fabricantes irão fornecer
orientações específicas para o correto reuso e retirada de uso de uma corda de resgate.
A NFPA está focada para todos os tipos de usuários, não importa qual o nível de treinamento dos mesmos.
Profissionais devidamente treinados nos cuidados com as cordas terão maior conhecimento do que constitui
um dano real a corda ou não; entretanto, para as pessoas com menor nível de conhecimento pode ser mais
difícil reconciliar o bom senso em todos os requerimentos da norma.
Muitas empresas que fazem treinamentos recomendam que a vida da corda utilizada como “Linha de Vida”,
utilizadas em aplicação de uma única linha, ou seja, uma única corda suportando toda a carga, deve
obedecer às recomendações e restrições da NFPA 1983. Algumas cordas ainda em bom estado podem não
atender a norma, mas com os cuidados adequados, manutenção e inspeção, os profissionais devidamente
treinados poderão reconhecer as cordas adequadas ao uso. De qualquer maneira, é recomendado que as
cordas expostas a tais cargas sejam utilizada apenas em treinamento e que uma segunda corda (“Linha de
Vida“) seja sempre utilizada. Esta segunda corda fornece uma margem de segurança adicional para
operações de treinamentos utilizando cordas em bom estado, mas que não atendem mais o padrão da
Norma.
Com este método de uso vêm uma grande responsabilidade e confiabilidade. Mesmo com uso de cordas
adicionais em treinamentos, os resgatistas devem manter e inspecionar adequadamente as cordas
constantemente. Tais procedimentos ajudam a eliminar a chance de colocar uma corda danificada em uma
aplicação de “Linha de Vida”.
A equipe de resgate deve inspecionar na totalidade as cordas usadas para decidir se a mesma deve ser
mantida ou retirada de serviço. O time poderá utilizar as informações encontradas na Norma NFPA e as
informações do fabricante para ajudar a estabelecer os procedimentos mais adequados. A edição 1993 da
Norma NFPA 1983 requer que a corda de resgate seja inspecionada por uma pessoa qualificada. A frase mais
importante para lembrar quando um componente de sistema de resgate estiver sendo inspecionado é: NA
DÚVIDA NÃO USE, DESCARTE IMEDIATAMENTE!
RESISTÊNCIA DA CORDA
Ao desenvolver as recomendações para uma corda utilizada como “Linha de Vida”, a NFPA teve de decidir a
massa média de um bombeiro com todo equipamento padrão (roupas de combate a incêndio estrutural,
botas, equipamento autônomo de respiração, etc...). A NFPA acabou designando a massa de um bombeiro
totalmente equipado como 300 libras (136,08 kg).
A NFPA então estabeleceu uma margem de segurança mínima é de 15:1 para ser aplicada como a resistência
da corda. Esta margem de segurança é expressa como a razão entre a resistência mínima da corda dividida
pela massa de um bombeiro devidamente equipado. Em outras palavras, de acordo com as recomendações
da NFPA um bombeiro irá necessitar de uma corda com resistência de 300 x 15 = 4500 libras, ou em uma
escala mais comum no Brasil, 2.041,20 kg de massa. Com esta margem de segurança é esperado que a
corda consiga suportar os ambientes abusivos e as atividades práticas. Muitas das cordas utilizadas como
“Linha de Vida” com diâmetro de 3/8” (9,52 mm) irão atender este padrão.
Algumas vezes nas atividades de resgate é necessário que uma corda suporte a massa de duas pessoas
simultaneamente. A NFPA previu esta situação e indica como padrão que a corda em tais situações continue
a manter a mesma margem de segurança de 15:1; ou seja, em tais casos, a corda deverá apresentar a
resistência mínima de 600 x 15 = 9.000 libras (4.082,40 kg de massa). Novamente a adoção da margem de
segurança aplicada irá oferecer resistências às condições severas de aplicação. A maioria das cordas com
diâmetro de ½” irão atender a este padrão.
A NFPA não indica suspender mais de duas pessoas com uma única corda em nenhuma circunstância.
Algumas cordas apresentam um fator de segurança que pode até permitir tal aplicação, mas esta é uma
prática não recomendada.
Há ainda outras normas e padrões aplicados à construção civil, operações em estaleiros, teste de
equipamentos aplicados a resgate em padrões como ANSI e ASTM, que contribuíram e ainda contribuem
para NFPA na elaboração de seu padrão. Muitos destas normas e padrões são citados n texto da NFPA 1983.
Uma leitura destas Normas e padrões auxiliará um conhecimento mais amplo dos requerimentos aplicados
aos equipamentos de resgate.
Associações como a NFPA, IAFF e ISFSI (Associação Internacional de Instrutores de Combate a Incêndios –
International Society of Fire Service Instructors) vêem condenando o uso de cordas de fibras naturais para
aplicações de “Linha de Vida”. Cordas de fibras naturais ainda são utilizadas em várias aplicações, no entanto
mesmo as cordas de serviço atuais são confeccionadas em fibras sintéticas. Em resumo: NÃO UTILIZE
CORDAS DE FIBRAS NATURAIS PARA RESGATE!
CORDAS DE POLIOLEFINAS
Usos específicos para resgate – Devido ao fato de boiarem na água as cordas de poliolefinas, tais como o
polipropileno e o polietileno as mesmas são sempre utilizadas em atividades de resgate na água; no entanto,
tais fibras não são tão fortes e não absorvem choques. As cordas utilizadas então para resgate na água são
mistas de poliolefinas com nylon para aumentar a resistência.
Fatores desejados nas cordas de poliolefinas para aplicações em resgate
Alta resistência à água, além de boiarem.
Boa resistência a mofo.
Alta resistência aos ácidos.
Fatores indesejados nas cordas de poliolefinas para aplicações em resgate
Baixa resistência à tração quando comparada ao nylon.
Pouca resistência à abrasão.
Baixa resistência à luz sola (degradação por raios ultravioleta).
Danos por calor a temperaturas relativamente baixas (derretem a aproximadamente 112ºC)
Baixa resistência a choques.
CORDAS DE POLIÉSTER
Usos específicos para resgate – Cordas confeccionadas em monofilamentos de poliéster como o
“DACRON” e “SERAN” apresentam muitas propriedades similares às cordas construídas em Nylon, mas
apresentam menor resistência à absorção de impactos. Devido a esta característica as cordas de poliéster
não são aplicadas em situações onde as cordas estão sujeitas a cargas de choque longas como por exemplo
em atividades de montanhismo. As cordas de poliéster, no entanto, são utilizadas com muito sucesso em
várias aplicações de “LINHA DE VIDA”.
CORDAS DE KEVLAR
Usos específicos para resgate – Cordas confeccionadas em monofilamentos de KEVLAR (um tipo
monofilamento de aramida da DuPont) não tolera esforços em raios de curvatura muito fechados, como os
encontrados em nós. Este fato causa a ruptura (falha) mesmo com cargas relativamente baixas. É
amplamente reconhecido que o KEVLAR não é adequado para cordas utilizadas em situações descida (RAPEL)
ascensão, ancoragem, assim como sistemas de resgate.
Fatores desejados nas cordas de KEVLAR para aplicações em resgate
Alta resistência a temperaturas.
Alta resistência à tração.
Fatores indesejados nas cordas de KEVLAR para aplicações em resgate
Baixa resistência à abrasão
Facilmente danificada por esforços em raios de curvatura fechadas (nós).
Baixa resistência à absorção de choques.
Propriedades desejadas:
Boa resistência à tração (dependendo do material utilizado).
Muito flexível se estocada livremente (sem carga ou torção).
Resistência à abrasão superficial (o feixe externo protege o feixe interno).
Propriedades indesejadas:
Sob condições normais de trabalho a resistência à abrasão é muito baixa.
Sob carga este tipo de corda apresenta um alongamento muito alto.
CORDA DINÂMICA
As cordas dinâmicas são designadas para absorver impacto de quedas, tais como
atividades de montanhismo. O desenho específico de construção varia de acordo com o
fabricante, no entanto a maioria apresenta a alma com feixes de monofilamentos
torcidos em sentidos opostos, a fim de diminuir a possibilidade do objeto ou pessoa girar
quando pendurado. Os feixes torcidos da alma dão a corda sua resistência, e são
“destorcidos” quando recebem a carga, absorvendo assim o impacto da carga. A maioria
das cordas dinâmicas apresenta um alongamento de 25% quando aplicada à carga de
uma pessoa. As cordas dinâmicas alongam entre 40% a 60% antes de se romperem. É
importante observar que a Norma NFPA 1983 não se aplica às cordas dinâmicas.
Propriedades desejadas:
Boa resistência à tração (dependendo do material).
A alma corre continuamente por todo comprimento da corda (construção contínua).
A alma fornece a maior parte da resistência à tração. A capa protege a alma de abrasão e de
sujeiras.
Este tipo de construção apresenta baixo índice de rotação da carga.
Este tipo de corda não forma “cocas” de maneira muito fácil.
Propriedades indesejadas:
As fibras da alma não podem ser inspecionadas visualmente, quando a capa estiver intacta.
FATORES DE QUEDA
Há muitas situações em operações de resgate em que quedas significativas são possíveis. Por exemplo,
quando um resgatista deve escalar uma torre metálica ou uma antena. Caso seja utilizada uma corda que
apresenta pouco alongamento o resgatista poderá sofrer danos sérios pela queda. Para tais situações devem
ser utilizadas cordas dinâmicas, pois as mesmas irão absorver a maior parte do choque e não transferi-lo ao
resgatista. Para tais situações deve ser planejado antes da realização da atividade qual a corda mais indicada
a ser utilizada (dinâmica ou estática).
O “FATOR DE QUEDA” é uma estimativa da força de uma queda potencial. É calculado pela divisão da
distância que a pessoa atada a corda pode cair, pela distância da pessoa até o ponto de ancoragem onde a
corda está fixada. Desta maneira, uma queda de 1 metro em uma corda com ancoragem a três metros
apresentará fator de queda de 0,33. Similarmente, temos que para uma queda com 10 metros, em uma
corda com ancoragem a 10 metros, apresentará fator de queda igual a 1; e assim, uma queda de 1 metro
em uma corda com ancoragem a 30 metros apresentará um fator de queda de 0,033.
É importante observar que para esta fórmula
sempre se assume que a queda será livre, sem
que a corda seja arrastada ou sofra impactos
em superfícies ásperas ou obstáculos
intermediários e/ou outros equipamentos.
Para a maioria das situações onde fatores de
queda apresentarem valores inferiores a 0,25
(uma queda de 2,5 metros em uma corda com
ancoragem a 10 metros) as cordas estáticas
apresentarão desempenho satisfatórios; no
entanto para casos onde o fator de queda for
maior que 0,25, os resgatistas não deverão
utilizar apenas as cordas estáticas. Para tais
situações são recomendadas cordas dinâmicas
e/ou cordas estáticas, no entanto com
dispositivos de absorção de impacto para os
resgatistas, para criar o efeito dinâmico de
absorver o choque e não retransmiti-lo ao
resgatista.
É muito importante lembrar que a maioria das cordas que atendem ao padrão da Norma NFPA 1983 que
apresentam diâmetro de 3/8” possuem resistência para apenas uma pessoa, e não para duas; e que para a
grande maioria de fabricantes as cordas que atendem os requerimentos para cargas de duas pessoas (de
acordo com a Norma NFPA 1983) apresentam diâmetro mínimo de ½”.
Para alguns resgatistas é interessante utilizar cordas de menor diâmetro (3/8”), para apenas uma pessoa,
pois as mesmas apresentam como vantagem, menor peso e volume, assim como maior facilidade de aplicar
nós, sendo então aplicadas em situações de montagem de ancoragens secundárias, e outros dispositivos,
inclusive em polias (pois reduzem a fricção do sistema tornando-o mais rápido e fácil de operar), sendo
utilizados como linhas secundárias, e não como “LINHA DE VIDA” principal.
Outros resgatistas recomendam, no entanto, o uso exclusivo de cordas com diâmetro de 5/8” (15,9 mm)
para operações de resgate. A idéia aqui é que quanto mais forte, melhor; uma vez que a maioria dos
fabricantes apresentam esta corda com uma resistência de 13.000 lbf (5.896 Kgf). A pergunta que surge
então é a seguinte: Se a corda de maior diâmetro é mais resistente, não deveriam todos os resgatistas
utilizar cordas com diâmetro maiores? (Será que maior é sempre melhor?).
Quando analisamos as perguntas acima verificamos prós e contras.
A vantagem seria – o uso de uma corda com diâmetro de 5/8” oferece maior resistência em atendimento a
Norma NFPA 1983. (NOTA: a corda com diâmetro de ½” também atende o padrão de exigência da Norma
NFPA 1983).
As desvantagens ficam com o fato que uma corda com maior diâmetro representa maior peso e volume,
além de aumentar significativamente o custo de aquisição, não apenas da corda, mas também de todos os
componentes do sistema, tais como as polias, descensores, ascensores, mosquetões que devem ser maiores
e acabam sendo mais pesados. Em outras palavras: maior não é sempre melhor!
A decisão final sobre a seleção do diâmetro de corda a ser utilizado deverá ser feita pela equipe de resgate;
lembrando-se sempre de seguir, pelo menos, as recomendações da Norma NFPA 1983. O ponto ideal é
encontrar a seleção de cordas e demais equipamentos mantendo os fatores de segurança mínimos indicados,
associando a custos aceitáveis.
HISTÓRICO DA CORDA
A equipe de resgate deve manter um histórico individual de cada corda, incluindo as informações conforme
indicadas na Tabela de Modelo abaixo. Tal tipo de histórico é muito útil, para evitar confundir uma corda com
outra, além de permitir uma rápida identificação e verificação dos usos anteriores onde à corda foi
empregada.
HISTÓRICO DE CORDA
IDENTIFICAÇÃO Nº: FABRICANTE: LOTE DE PRODUÇÃO:
IMPORTANTE: INSPECIONE A CORDA POR DANOS OU USO EXCESSIVO APÓS CADA VEZ QUE A MESMA FOI UTILIZADA E APÓS CADA USO. RETIRE
DE USO TODA CORDA QUE APRESENTE QUALQUER SUSPEITA DE DANOS!
DATA DE USO LOCAL DE USO TIPO DE USO EXPOSIÇÃO DA CORDA DATA DE CHECAGEM INSPETOR CONDIÇÃO DA CORDA
Como regra geral: mantenha as cordas armazenadas em bolsas e/ou maletas, em local seco e limpo, com
sombra e longe de produtos químicos. Um armário ventilado para esta finalidade pode ser considerado
adequado.
INSPECIONANDO A CORDA
Os fabricantes de cordas e de equipamentos correlatos certificados de acordo com a Norma NFPA 1983,
devem orientar os clientes quanto os procedimentos de inspeção e de manutenção, assim como quais são os
critérios para descarte da corda. Os resgatistas devem sempre seguir as recomendações sobre as cordas de
resgate.
A equipe de resgate deve sempre realizar a inspeção antes e após cada uso. As inspeções de cordas, do tipo
“capa e alma” (kernmantle), podem ser tão simples como a inspeção de uma corda do tipo trançada. Quando
inspecionar uma corda, devemos sempre notar os seguintes pontos importantes:
I – Como todos os equipamentos utilizados em atividades de resgate, inspecione as cordas cuidadosamente
tanto visualmente como pelo tato.
II – Passe a corda toda, sem faltar qualquer pedaço, pelas suas mãos, sem qualquer tipo de luva. Visualize a
capa da corda procurando por qualquer tipo de dano e sinta se há deformidades na alma, que podem indicar
danos interiores.
III - Se você visualizar danos na capa, inspecione a área cuidadosamente para decidir se a corda deverá ser
descartada. Um método de inspeção envolve o ato de curvar a corda de maneira aguda no ponto do dano e
visualizar detalhadamente a capa. A grande maioria das cordas de resgate apresenta uma alma sólida de
fibras brancas. Se você visualizar as fibras internas ocorreu à chamada “penetração da capa”. Neste caso,
corte a área da corda afetada e descarte este pedaço.
IV – Se você encontrar ou sentir inconsistência no núcleo da corda,
que pode ser sentido como um local mais macio, caroços endurecidos
ou “cocas”, é provável que a alma tenha danos permanentes. As
“cocas podem ser vistas através de teste de submeter cada trecho da
corda a uma curvatura, que sempre deve ser homogênea. Quando a
curvatura apresentar uma deformidade, como na figura ao lado,
temos uma “coca”. Inconsistências sempre resultam de situações onde
as fibras internas (alma) “encaroçaram” dentro da alma. Este fato
pode não ser um dano permanente na corda, e pode ser verificado
através da aplicação de um pequeno impacto, que tende a “re-alinhar”
as fibras internas da alma. Este procedimento pode ser realizado como
indicado nas figuras abaixo.
Primeiro segure com as duas mãos os dois TESTE DE IMPACTO (SEMPRE MANUAL)
lados da secção da corda com o ponto do
“caroço” e com alguns puxões para os lados
externos verifique se o caroço deixou de
existir. Após este procedimento, examine o
local novamente. Se o caroço persistir,
assuma que o dano na alma é permanente,
cortando o ponto e descartando o pedaço da
corda.
Estes testes apresentam uma maneira rápida de inspecionar uma corda do tipo CAPA e ALMA. Há ainda
muitos outros métodos de testes, e os mesmos devem ser sempre seguidos de acordo com as orientações
dadas pelos fabricantes.
LAVANDO A CORDA
Apenas as cordas usadas necessitam serem lavadas. Um dos fatores preponderantes para danificar uma
corda é a sujeira, especialmente material particulado que pode se infiltrar nas fibras. Devemos lembrar que
muito do material particulado é composto de grãos de areia que são basicamente compostos por sílica, que
por sua vez é um dos maiores constituintes do vidro. As cordas que permanecem sujas podem aos poucos
sofrer cortes significativos e serem totalmente inutilizadas. Os dispositivos mais comuns de lavagem de
cordas podem remover a maior parte da lama e material particulado da superfície da corda, no entanto, não
removem na totalidade todos os detritos. Novamente temos que considerar também as recomendações do
fabricante. A seguir segue um guia geral para lavar as cordas de nylon do tipo capa e alma (Kernmantle):
I – Considere a utilização de máquinas de lavar roupas. Muitos instrutores recomendam uma lavadora de
roupas do modelo que possui abertura frontal (possuem um tambor giratório sem agitador). As máquinas de
lavar com abertura na parte superior podem ser utilizadas, desde o agitador central seja retirado. O agitador
central tende a emaranhar a corda, além do mesmo causar uma fricção elevada com a capa da corda,
podendo danificá-la.
II – Caso você utilize uma máquina de lavar do tipo que apresenta abertura frontal, verifique a janela de
observação da porta seja de vidro e não de material plástico, pois as janelas de plástico podem causar danos
por calor na corda, devido ao aquecimento que sofrem por atrito entre a corda e a janela.
SECANDO A CORDA
As cordas de nylon perdem aproximadamente 15% de sua resistência à tração quando estão molhadas. Este
não é um problema que é permanente, pois quando estiver totalmente seca a corda voltará a apresentar a
resistência original. Apesar das cordas tipo CAPA e ALMA poderem ser utilizadas quando molhadas, é
altamente recomendado estocá-las apenas quando totalmente secas. Lembre-se sempre de seguir as
orientações do fabricante da corda para secá-la.
As cordas não podem ser secas em secadoras, pois a temperatura de tais equipamentos pode chegar a
aproximadamente 85°C; sendo que a esta temperatura podem ocorrer danos nas fibras de nylon, como
trincas, perdendo grande parte de sua resistência. Como regra geral temos as seguintes recomendações para
secagem de cordas:
I – Seque as cordas à sombra, nunca direto na luz solar que pode danificar o material da corda. Deixe a
corda secar durante quanto tempo for necessário, mesmo por períodos noturnos.
II – Pendure a corda em varais, e não a deixe solta sobre o concreto que pode conter produtos químicos e/ou
detritos (areia) que pode danificar a corda.
III – Apenas quando totalmente seca, re-acondicione na bolsa ou mala de armazenamento, como visto na
figura ao lado.
prática, apesar de não existir testes definitivos, boa parte dos instrutores das equipes de resgate consideram
que em atividades industriais uma corda de 100% nylon do tipo CAPA e ALMA (kernmantle) devem ser
substituídas em uma ciclo que varia entre 3 a 5 anos. Este período é devido às condições adversas
encontradas nos ambientes industriais, assim como o desgaste ocorrido devido a treinamentos periódicos
com uma média de oito horas por mês. Para alguns órgãos públicos como bombeiros, este período acaba
sendo maior, cerca de 1º anos, devido a uma exposição não tão severa a ambientes agressivos como os
encontrados nas indústrias.
De qualquer maneira, caso ocorra a perda na confiança sobre a integridade de uma corda, por qualquer
razão que seja vale a seguinte regra: QUANDO TIVER DÚVIDA RETIRE A CORDA DE SERVIÇO!
LANÇANDO A CORDA
Um bom fator de utilizar uma bolsa de corda tipo BOXER para armazená-la é a facilidade de lançar a corda
em uma situação de emergência. Se a corda foi armazenada conforme descrito acima a corda quase nunca
estará emaranhada ao retirá-la da bolsa. Para lançá-la basta retirar a corda da bolsa. De qualquer maneira
evite jogar a corda e sua bolsa de desníveis (locais altos). Quedas de elevações de 30 metros ou mais, em
superfícies duras, podem causar danos às cordas.
COMENTÁRIOS FINAIS
Neste informativo discutimos vários tópicos pertinentes às cordas utilizadas para operações de resgate em
altura e trabalho em espaços confinados. É muito importante observar, no entanto, que ainda há muitas
outras informações importantes que devem ser estudadas sobre este assunto.
Todos os anos, diversos fabricantes de cordas, localizados em vários países espalhados pelo mundo, lançam
novos modelos de cordas, empregando diferentes materiais e novas tecnologias de produção, oferecendo
assim produtos inovadores que podem substituir ou complementar os tipos de cordas colocadas neste
informativo.
Recomendamos, então, ao leitor procure por novas informações, para atualizar o conhecimento sobre este
assunto, que é bastante longo.
Como leitura complementar recomendamos a leitura dos seguintes livros e/ou documentos entre outras
fontes:
• Confined Space and Structural Rope Rescue – Michael Roop/Thomas Vines/Richard Wright - 1998
• High Angle Rescue Techniques – Tom Vines/Steve Hudson - 2004
• Norma NFPA 1983 – (Edição 2005)
• Norma Regulamentadora NR 33 – MTE - 2006
• NBR 14.787 – Espaço Confinado – Prevenção de acidentes, procedimentos e medidas de proteção –
dezembro de 2001 – ABNT.
• NBR 14.606 – Postos de Serviço – Entrada em espaços confinados – Outubro de 2000 – ABNT.