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PROVÉRBIOS
CHANGANAS
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601
PROVÉRBIOS CHA.NGA.NAS


PADRE ARMANDO RIBEIRO, C.M.

601
,PR ,OVÉR'BIOS CHANGA,NAS

Com posto e impresso em «O Brado Afr icano»


197 1
INTRODUÇÃO
Se, por vezes, a Gramática dita le is à linguagem, o rigi nàriamente
fo i da linguagem que se fez a Gramática. E, por isso , um comp lemento
ind ispensável ao estudo de qualquer língua é o co nh ecimento, o exame
e a análise dos seus mo numentos literá rios, verdadeiros tratados de
Gramática aplicada e reflexos vivos da o r igem, desen volv imento e enri-
quecimento progressivo da linguagem.
In felizmente, o nativo , apesar de possu ir uma língua viva, rica e
pitoresca , apesar de ter verdade iros mestres na arte de dizer, e até
exímios poetas na arte de exprim ir os mais profundos sentimentos da
alma e os m_ais belos conceitos do espírito, não possue nenhum monu-
mento escrito da linguagem, que criou. Estamos em fr ~nte de uma lín•
gua sem história nem literatura escritas.
M;is, se não tem os literatura escr ita, não podemos d izer que não
haja literatura. Sim. Apesar de , pouco conhecida, pode mos falar com
verdade de. literatura africana: li teratura oral e po pular, espontânea-
mente nasci da, fielmente conservada, religiosamente trans mitida de
geração em geração e, ao longo dos séculos, enriquecida com novos
temas, novas obras, novas criações.
É nas noites quen tes de Verão, ao luar, ou no Inverno, ao calor
da fogu eira, que pequenos e grandes escutam atentamente da boca das
vel has da aldeia a história dos antepassados, as vicissitudes da sua tribo,
as glórias do seu povo 1 .

1 No int erior ainda se conserva esta trad ição tão característica dos povos

africanos . Começa m gera l me nte pe las adivinhas ( pa ra atrair e chamar a atenção )


ao que cha mam: Ku t cha tintekatekani; passam depois aos contos e lendas (geral-
mente cantados em graciosa melope ia ), ao que chamam : Ku tcha minsun gu ou
ku tcha mi nkar inga ni - contar contos; ku tcha bsihitani - narrar lendas ; e ter,•
min am pela narração de factos ve rdade iros da história dos antepassados ao que
chamam : Ku rungula ta la'va khale .

-V-
Aí se entretêm no jogo infantil das adivinhas, aguçando e desen -
volvendo a inteligência. Aí ouvem as lendas, contos e fábul as tradicio- l sem estudar a fundo suas tradições, seus contos e lendas , seus cantos. suas
adiv inhas, seus provérbio5, num a palavra : todos os géneros da sua litera-
nais , fixando-as com admirável facilidade, bem como a lição que cada
uma contém . Aí se riem da estupidez do elefante corpulento enganado· tura que foi onde ele gravou mais profundamente o seu modo de ser.
pelo pequenino coelho 1 e concluem que «mais vale a astúcia que a Os provérb ios são , talvez, o produto mais autêntico da literatura
f~rç~». e que «os homens não se medem aos palmos». Ve m de pois a àfricana. Nos cantos , há sempre novos que vêm substituir e fazer esque-
h1stona do morcego que, aproveitando-se da sua natureza dúbia não cer os antigos; os contos vão-se mo derni zando e cada qual vai acres-
q_uis tom~r partido na guerra entre as aves e os outros animais ~ que centando da su'a lavra , de modo a mudar-lhes por vezes a estrutura pri-
ainda hoJe esconde a sua covard ia nas trevas da noite . É O coelho mitiva, porq ue : «quem conta um conto sempre lhe acrescenta um
matreiro que, depois de enganar quase todos os outros animais com ponto». Os provérbios não. Podem aparecer alg uns novos mas os anti-
a ~ua astúcia, se deixa vergonhosamente enganar pelo cágado , pelo cama- gos conservam sempre o seu valor e príst ina pureza. Mesmo porque :
leao, pelo caracol e pela galinha. Lição: Ninguém deve abusar da sua «Ditados velhos são evangelhos» .
esperteza. Muitas vezes vem o desaire donde menos se espera. E ass im «Os prové rb ios est ilizam casos normais e anormais da vida; são
toda uma trama de contos , fábulas , histórias e lendas, de feição vinca- ·axi omas t irados da observação dos homens , dos animai~ e da natureza
Cilamente instrutiva e moralizadora , de tal ~odo vivas e presen tes na e, depois , aplicados a t odos os casos idênticos co m a mesm a forç~ de
família e na tribo, que podem considerar-se o tesouro espiritual do povo. verdade e oportuni dade» . Na sua concisão são a expressão mais fina
É aue a prática de contar contos não é apenas um agradável passa .. da filosofia popu la r, um resumo das atitudes do homem peran te a vida,
tempo mas também uma instituição clânica, digamos mesmo , uma escola um código de proced imento , um caminho traçado ao longo da existência.
fam iliar, pois é aí que a criança aprende as regras de educação e res• Quant o à or igem e interpretação dos provérbios, sua forma e utiliza-
peito , recebe a prime ira noção do dever, começa a conhecer e a inte- ção , acontece o qu e acontece com os provérbios de qualquer outra língua:
grar-se na sociedade no meio da qual tem de viver, respeitando suas -Alguns são reminiscências de contos de todos conhecidos , o ponto
leis, evitando seus tabus , sujeitando-se às suas ex igências. E por isso , cul mi nante da história, um dito mais expressivo (Ver n.0 8 22, 23, 188,
cada velha que, à noite, se rodeia de miúdos para lhes contar as co isas: 525 e 529) ,
de antanho, pode ser considerada a educadora nata da tribo, a defen- - Há provérb ios que são quase a tradução literal dos nossos, iden-
sora dos costumes ancestrais, a heroína anónima que mantém acesa a tidade tal que até leva a desconfi ar da sua autenticidade. Afirm aram-me
chama do passado. que também esses eram «palavras dos antigos», o que apenas prova que
!É, pois, ao meio do povo, ao seu rico folclore , que temos de ir pro- a alma humana é igual em todas as latitudes nas suas observações, nos
curar e recolher essas peças de tão original literatura. E ninguém tenha a seus juízos e conclusões ( Ver n.08 1, 30, 40, 42, 46, 1OS, 182, 207, 211,
pretensão de conhecer a língua, muito menos a mentalidade do negro , 218, 282, 312 e 504).
- Muitos são ricas expressões poéticas, alegorias · cheia's de beleza
no realismo profundo do seu significado (Ver n. 08 162, 163, 230, 231,
1
Entre os changanas, como em geral entre todos os bantes, o coelho ( íi wa- 284, 285, 417, 468, 565, 591, 592, 593 e 594).
-mpfundlha - que alguns traduzem por lebre) personifica a esperteza e a astúcia - Há-os que acusam data relativa mente recente mas que em nada
conseguindo quase sempre, pelas suas artimanhas, levar a melhor sobre os grande;
desmentem o poder de observação e concisão dos antigos (Ver n.0 • 32,
animais da floresta.
87, 256, 329 e 572).

- VI -
YJl -
- Outros finalm ente são t ão o rigi nais, tão cheios de cor local , de
tão fina observação , q ue só se rão bem compreendidos por quem esti -
ver be m ao par dos cost u mes da t erra e do espír ito das suas ge ntes
(Ver n .º' 13 , 20 , 47, 75, 127 , 212, 238 , 264, 267, 328, 399, 538, 554 e 599).
Aparecem vár ios pro vérb io s com a mesm a a pli cação (3 - 19 - 27;
34-69 -564 ; 74 -27 1; 85-595; 11 7 -259-402 ; 160- 161 ; 204-374;
51 2 - .5 17 - 528 - 53 l ) ; ·ou t ros , so b a mesma forma podem te r vár ias apl i-
cações ( 146 - 173 - 29 1 - 344 - 439 - 580) ; há provér bio s q ue se contra-
dizem ( 54 - 576 ; ~ 17 - 283 ), q ue se usam já na afirm at iva já na negat iva
{56 -57; 155 - 156) , em que há ape nas inversão de term os (38-326;
2 00 - 20 l ). A lguns, f ina lmen te . não passam de corrup te las de outros,
devido a sem e !h~nças fo nét icas ( 100 - 152). Todo s estes fenómenos se
.e ncon tra m. por cxe mp o, e m po rtug uês e t ê m a s ua exp li caçfo.
Os p rovérbios são de uso mu ito frequ e nte na boca do nativo . Um
p rovérbio po de âirimir uma co nte nda, just if c'ar uma acção, f unda menta r
um pe d ido , corro bo ra r u ma afir mação co m fo rça de argumento, desc ul-
par u ma fa lta , encerrar um conselho , censurar um proced imento , con-
t er um a regra de ed ucaçã.o , um cost ume da terra, u ma lei da tri bo .
E pode t am bém ser a me ' hor das pià das d ito co m âCe rto e na ocasião
ap rop riada. É sobretudo nas grandes discussões das ban jas e nas reu-
niões o nde se d iscutem os pequ e nos e grand es probl emas fam ·1ia res
,q ue os provérbios são em pregados com a máx ima nat uralida de , com
toda a sua fo~ça de expressão, co m inigu alável a-propós ito, e , tantas
vezes, co m aquele sabor acre de ironia capaz de refu t ar todos os argu- '
mentos e impo r silênc io ao melhor o rado r.
En tre mos nu ma banja. Sau dado o régul o e seus conse lh eiro s, todos
se senta m em círculo para t rat ar qualq uer assun t o: uma qu ei xa, um
desmando, um roubo , questões de terras, etc. Levanta-se o primeiro
orador e ex põe o se u pon t o de vista. É ouvido em profundo silêncio,
v silênôc qu e, às vezes, até parece distracção ou desinteresse. Mas não.
Al i não s.e perde uma palavra . Se o orador falou muito mas não disse
coisa de jeit o , se «mist urou alhos com bugalhos» , ao sentar-se ouvirá
qualque r coisa co mo isto: «O luma- luma ingi i kon dlho» - mordeu
aqui, mordeu acolá como um rato . Se não encarou a coisa com o devia

Vlll-
' ser, mas procurou fugir à questão, desviar-se do assunto, ouvirá certa-
mente: «O be tsandza, o tshika ngoma» - bateu o tronco oco e deixou
o tambor. «U nga khandziyi a nsinyeni hi maravi» - não subas à árvore
pelos ramos. Se, pelo contrário, encarou o assunto de frente, como devia
ser, e o esgotou, todos levantarão os olhos para ele em sinal de apro-
vação, dizendo: «O be marhumbu la'matsongo» - bateu, chegou às tri-
pas finas. Está tudo dito, nada ma is há a acrescentar. Se algum atrasado
se levanta e· repete o que já foi dito ou começa a falar de uma coisa
de que se não estava tratando, ouvirá como censura: «Wo nghena hi
hlo mbe, ngoma ya kona a u yi tivi» - entras batendo as palmas para
a dança mas não sabes a cantiga. Ouviste cantar o galo mas não sabes
aonde . Queres-te meter à conversa sem saber do que se t rata. Se o
a cusado não consegue defender-se o u te nta refutar uma prova evidente
da sua culpabilidade, dir-lhe-ão logo: «I chithlangu cha tlhuka» - é um
escudo feito de fo lhas de árvore; «muviko wa nh lampf urha» - defesa
de folha de ríc·no. Quanto mais se defende mai s se enterra. Se alguém
ar r isca uma afirmação gratuita, ou virá certamente: «Hi ta ku i mangwa
loko hi vona mavala» - diremos que é uma zebra quando virmos as
suas listras. Prova o que dizes. Só pa)avras não bastam . E assim por
diante. Desde as grandes banjas à vida familiar, desde os fluentes dis-
cursos às conversas dos cami nhos, em todas as circunstâncias em que
é preciso recorrer à eloquência 1 , sempre aparece o provérbio a matizar
a fala, a embelezar o discu rso, a dar força à palavra e tam bém a mos-
trar erudição , pois se trata da sabedoria dos antigos que é precis<:> mos-
trar, com orgulho , que se conhece.

Nesta colecção de provérbios que agora sai a lume , mais com fim
linguístico do qu e folclór Íco, isto é, encarando cada provérbio sobretudo

1 Ser eloquente, saber falar, dizem eles «ku va ni chifuva» -ter peito, ex-

pressão que indica menos a força ou timbre da voz , como poderia parecer, do que
:a clareza da ex posição, a força do a rrazoado, o pod er de convencimento.

- IX -

'
como exem plo de linguage m, apresentar-~e-á em prim e iro lugar, o pro-
vérbio changana tal q ual como foi ou vido do povo; em segundo lugar,
a su;;,. tradução literal 1 ; e em terceiro lugar, o se u sentido e apl icação ,
quanto possível .expressos por um ou mais provérbios port ugueses, a
não ser que a tradução literal seja por si suf icie nteme nte clara. Para A
mu itos , como é natu ral, não se e ncontro u ou não há provérbio portu-
l- A CHINCKAMA A CHI TILW ISI.
guês correspondente e por isso contentar-no s-em os com uma exp licação
Um carneiro não se provoca à luta a si mesmo.
ou um caso exem pli ficand o a su a ap licação . Qu alq uer particulari dade
julgada necessária à clare za da interpretação será apontada em nota. Um carneiro não turra só.
Dado o fim restrito deste trabalho, ju lgou-se que a melho r ordem seria Um teimoso não teim3. só.
Quando um não quer, dois não bulham.
a alfa bética e assim se fez .
Os provérb ios reco lh idos são apenas uma amostra do mu ito, do
muitíssimo que há. Precisamos de os recolher enquanto é tempo. Por- 2-A CHIZIVA CHIMPSHA CHI DHLAYA A NGUVU LE'YA KHAL E-
que : «Wuthlari va fa nabzo» - A sa bedori a morre-se com ela . Tudo Um remendo novo rasga uma capulana velha .
desaparecerá com os velhos. Para isso não ser ia de desaconselhar a orga- Pode haver um novo sensato e um velho insensato.
ni zação de um concurso de provérbios em «O Brado Africano» . Era
uma ma neira de reco lher os provérbios das várias regiões e até das.
?iferentes língu as e d ia lectos fala dos na Província. Digam qualquer ?-A CNOLO YI TIVIWA HI MUTCHAYELI .
co isa os entendidos.
A carroça conhece-a quem t ange ( os bois) .
Cada um é que sabe dos seus negócios.
P. A. R. Cada um sabe de si.

4-A HOMU A YI NGE PSALELI NTHLAMBINI.


A vaca não pare no meio da manada.
MBUTI A YI PSALELI NTHLAMBINI.
A cabra não pare no meio do rebanho.
Há segredos que se não devem divulgar.

5- A HOSI A YI NA CHAKA.
O rei não tem parente.

1 Às vezes, até literal de mais , mas t alvez útil para se· poder fàcilmente des - Para a justiça não há ,parentela.
co brir a const rução sintáctica do provérbio changana .

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-X-
.f:i-A HUKU YI HAN YA HI KU HANDZA.
A galinha vive esgaravatando. 11 - A KU LELA KU VANGA VUYENI.
O despedir causa as visitas.
Sem trabalho nada se a lcança.
O homem deve vi ver do seu trabalho. É nas despedid'.'l.s que se marcam as visitas.
Trabalha e terás, madruga e verás.

12-A KUME CHILONDZA , MAFURHA YO CHARHA KU HAVA..


7 - A KEN TCHAN I' RI DJA RI TUMBETA A NHOMPFU .
O lobo come e escon e o · focinho.
. Apanhou uma ferida ma's não tem gordura para a untar.

A desgraça não traz o remédi o cons'igo.


É próprio do vilão atirar a ped ra ,e esconder a mão. R eceber um favo r e não ter com que retribuir.
Não mostres má cara ao receber um presente.
13-A KU NA NHLAN GA YO KALA NGATI.
8-A KHOMBO RI NI CHILANDZO. Não há tatuagem sem sangue.
A desgraça tem séquito.
Não há ventura sem amargura.
Uma desgraça nunca vem só. Não há rosa sem espinho.
Abençoada a desgraça que vem só.
14-A KU YAMBALA I MAVALA, KU VELEKA I WUKOSI.
Vestir-se bem é só cores, riqueza é ter filhos.
9 - A KU FAMBA A KU NA VEMBA.
A viagem não tem prazo. De nada vale a beleza sem a virtude.
Ninguém diga volto já.
O caminho não tem prazo. 15 - A KUWA RO BSHUKA A RI PFUMALI BSIVUNGU A NDZEN L
Sabe-se a hora da partida, não se sabe a da chegada. A um figo maduro não faltam bichos dentro.

As aparências iludem.
10-A KU HLW ELA A KU HANYA U TA SALA U BSI VONA. Não há bela sem senão.
Se viveres muito hás-de ver muitas coisas. Nem tud o o que luz é ouro, nem o que alveja é prata-

Quem cá ficar muito terá que contar.


Quem viver verá as voltas que o mundo dá. 16 - A LUMA-LUMA INGI I KONDLHO.
Quem mais vive mais vê. Rói aqui, rói acolá como um rato.
. Quanto mais vivemos mais aprendemos .
Misturar alhos com bogalhos.
1
Dar uma no cravo, outra na ferradura.
Cão sel vagem .
Não sabe o que está a dizer.

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22 - A MPFUNDHLA WU FE KOLA 1 .
l17-A MANGA NI KONDLHO A BSI LAYANI. Aqui morreu o coelho.
O amendoim e o rato não estão bem frente um ao outro.
Aqui é que a porca torce o rabo.
Estopas ao pé do lume não estão seguras. Aqui é que é o busílis.

118-A MBITA YA YOVO YI ,DHLAYA LE'TO TIYA. 23-A MPFUNDHLA WU RHUME NDLHOPFU .
Uma panela fraca parte as panelas fortes. O coeiho deu ordens ao elefante.
Uma pessoa doente pode viver mais que uma pessoa sã.
CHINHANA CHI RHUME NDLHOPFU.
A rela deu ordens ao elefante .
.
,19-A MBITA YI TIYIWA HI MUPHAMELI .
A panela conhece-a quem distribui a comida. N SO KOTI YI RHUME NDLHOPFU.
A formiga deu ordens ao elefante.
Cada um sabe de si.
Cada um sabe dos seus negócios.
Cada um sabe aquil o, com que conta. NC HUNDZU WU DLHAYE NDLHOPFU.
(Ver n.º 3). A sanguessuga matou o elefante.

,
NSOKOTI YI DHLAYE NDLHOPFU.
20-A MBITA YI VILA HI MABSEKO MANHA.RU 1•
A formiga matou o elefante.
A panela ferve em cima de t rês pedras.
Os homens não se medem aos palmos.
Testem unho dum só não faz fé . Mais vale a astúcia que a força.
Palavra de três Deus a fez. NOTA: Todos estes provérbios são títulos de contos tradicionais.

2 1 -A MPALO W A NDLHOPFU A WU RIVALIWI.


O elefante não esquece o lugar de repouso. 24-A MURHI KU DJIWA LO'WU TIVIWAKA.
Toma-se o remédio que se conhece.
Ninguém esquece a terra em que nasceu.
Quem casa deve saber quem leva.
1
Mabseko são pedras o u panelas ve lh as voltadas com a boca para ba ixo , em
cim a das quais se põe a panel a ao lume . Assim como uma só pedra não sustenta 1 Referência a um conto tradicion al. O coe lho com fama universal da matreiro
a panela e duas a suste ntam ma l, assim ta mb é m uma ac usação , pa ra t er valor, t e m mete- se num beco se m ~aída .
de se r testemu nha da por t rês pessoas.

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25 ...:_ A MU TCHELI WA KHELE KU _H0DJ0M ELA YENA. 3t - A NGA NA NENGE A LAVA KU KHAVA.
O que faz o buraco cai nele. Não tem perna e quer dar um pontapé.
Cair no b uraco que cavou.
Não tem pé e quer dar coice.
Cair na própria ratoeira.
Quem arma a esparrela muitas veze,. cai nela.

3J -A NHLEK0 A WU HLEKELI CHAKA NTSENA.


26 - A NDLHELA A VA RI HI. Não se ri só para o parente.
Ninguém se vingue do caminho ( dizendo mal dele) .
O rosto nem sempre mostra o que vai no coração.
Ninguém diga por este caminho não _voltarei a passar.
Ninguém diga desta água não beberei .

32 - A NKOMPFA A WU NA CH IVANG0.
A banana não tem rugas.
27 -A NDZ HAKU KU VUYELA SINGE.
Atrás ( só ) volta o tolo.
O branco tem sempre razão.
Só o tolo cai duas vezes no mesmo buraco.

33-A NSILA VA HLAMPSHELA MAH0SI.


28-A NDZIVA WUKULU A WU PFUMALI MBINYI.
1
A sujidade lava-se atrás da casa.
Numa indziva grande arranja-se sempre um cabo.
A roupa suja não se lava na praça.
O rico tem sempre que dar.
Pedir é a quem tem.

3'4-A NSfNYA VA WU W0L0LA NA WU RI WUTS0NGO.


29 - A NFUTSÚ A YI TCHU KU METI CHIKHAMBA CHA Y0NA. Endireita-se a árvore enquanto é pequena.
A tartaruga não atira fora a sua carapaça.
De pequenino se torce o pepino.
HUMBA A YI TCHUKUMETI CHIKHAMBA CHA Y0NA.
O caracol não atira fo ra a sua concha.

O hábito é uma segunda natureza. 35 - A NTAVA AVA YI KHWELI HI KU TSUTSUMA.


Com a pele qão se mudam os costumes. Uma montanha não se sobe a corf'ler.

Mais vale jeito que força.


1 Á rvo r e.

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36 -A NTCHELE WA MAMBA YA YALA KU TC HELA, A KU HLO, 42 ~ A U TSHOYELI LAHA U NGA BZALANGIKI.
METELA VA HLOMETELA. Não podes colher onde não semeaste.
Não se cava o buraco da mamba 1, mas pode-se espreitar,
Quem não semeia não colhe.
Nada ·se perde em experimentar: Se queres colher, nãb te esqueças de semear.
Ninguém colhe onde não semeou.

37 -A NTHLAMU WU PHASA NWINYI.


A armadilha apanhou o seu dono. 43 -A VA YUMBELI MBITA A KU YI TCHUKU META 1 .
Não se faz uma panela para a deitar fora.
Cair na própri'.l ratoeira.
Quem arma a esparrela muitas vezes cai nela. Não se cria um filho para o deixar morrer.

2
44-A WUKOSI BZI KUMEKA A NDZHOPENI •
38-A NYANGA A YI LAYI MUYABZI.
A riqueza encontra-se na lama.
Não é o médico que procura o doente.

Quem precisa é que estende a mão. O que tem valor custa a adquirir.
O que não custa não lustra.
Não há honra sem trabalho.
39 -A RIHLANYI A RI PFUMALI A MUNGHANU .
Ao tolo nunca falta um amigo.
45-A WULOMBE RI NANDZIYA HA ROCHE .
O tolo tem sempre outro que o admira. O mel é doce por si mesm!),

A verdade por si aparece.


40 - A Rl TO RA HOSI A RI TH LELI NDZHAKU. A verdade pode tardar, mas sempre chega.
Palavra de rei não volta atrás.
A verdade é como o azeite: vem sempre à tona.

El-rei errou, mas. faça-se o que ele mandou. '!


46 - A WUNGHANU I WUPFUNDZI.
A amizade é uma riqueza.
41-A TA RHUMA MAYELE MA YA TCHOMBENI. São ricos os que têm amigos.
Mandará as mamas à fonte.

Ser extrem3.rnente pobre. 1 Apl ica-se ao amor dos pa is para com os filhos e à Providência de Deus.
2 A lama significa o t rabalho árd uo , penoso, difícil.

1 Aplica,.~e para ani ma r alguém que vai fa zer um pedido a uma pessoa com
fama · de má. Quase tem a certe za de não ser atendido. Mas vai tentar. Nada perde
C' m experimentar.

-- 8 -
51-BSA RIYALA A BSI HELI .
As coisas da planície não têm fim.

As misérias da vida não têm fim.


B NOTA : A .planície nua e estéril, a perder de vi ~ta, representa ai mí!érias
e sofr imentos da vida.
47 - BEDJO RI TCHUKIWA A BANDHLA 1 •
A pele prepara-se na reunião dos velhos.

Uma questão resolve-se em tribunal.


52- BSA VA KA RICHAKA U NGA BSI NGHENELI.
Não te metas em coisas de parentes.
2
48 - BOCHA MBONGA •
Entre pai e irmão não metas a f1ão.
Cava a imbonga até chegares ao mel.

Vamos ao ponto da questão.


53- BSA YAMPSHA WUNGWENDZA KU NI NTEKANO.
Mais vale o estado de solteiro que o de casado. ·
49- BSA KHALE A BS.I VUYI.
As coisas antigas não voltam. Mais vale solte'iro que mal casado.
O passado não volta.
O passado já lá vai.
54- BSA WUNANDZI A BSI TATI NKOMBE.
O que é saboroso não enche a colher.
50-BSA NCHAVO I BSO TOTIWA HI TCHAKA.
As coisas de valor são as que se sujam. O que é bom é sempre pouco.
O bem bem pouco dura.
Prata velha não cai do louceiro.
Em ruim pano não cai nódoa.
O que não presta não tem perigo.
55 - BSIHLOKA BSIMBIRI BSI HANTHLISA BSI WISA NSINYA.
Duas machadas deitam mais depressa uma árvore abaixo ( que
1 Ainda hoje muitos aproveitam as longas discussões em casa do régulo para
fazer certos trabalhos manuais : esteiras , cestos , preparar peles, etc. O trabalho
uma só machada).
manual passou a significar a questão a resolver.
2 Pequena abelha que constrói o favo debaixo da terra, à profundidade de
Dois vêem mais que um.
um metro mais ou menos, e geralmente em terreno muito duro.

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-11 ~
56- BSIPENE BSIMBIRI HI MPIN GU 1 WUNWE A BSI YENTCHEKI.
Dois cabritos num só pau, não pode ser.

BSIPENE BSIMBIRI A BSI YENTCHEKI.


Dois cabritos não pode ser.

U NGA PHATSI BSIPENE BSIMBIRI .


Não juntes dois cabritos.
59 - CHAKA U RI NAYE.
U NGA RHWALI BSIPEN E BS IMBIRI. ,Amigo na presença.
Não carregues dois cabritos. Ser amigo só pela frente.
Liwnjeador.
Não se pode matar dois coelhos duma só cajadada.
Não cabem dois proveitos num só saco.
60 - CHA KU VE KA CHO BOLA.
O que se guarda apodrece.
57 - BSIPENE BSIMBIRI MPINGU WUN WE .
Dois cabritos num só pau. Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje.
Bate-se no ferro enquanto está quente.
Matar dois coelhos duma ~ó cajadad:i. Palavra atrasada perde a piada.
As coisas querem-se a tempo .
. 58 - BZALA A RI NA HOS I.
Ou: BZALA A RI - NA NKULÚ . 61 - CHA WENA HI LECH I U DJEKE .
A bebida não tem rei. Teu é o que comeste.
Entre bêbados são iguais o rei e o criado. Da barriga ninguém mo t'ira.

62- CHIBALA CHA TIHOMU A CHI TIYI LOKO KU NGA RI N~


CHIBALA CHA MARHOLE'.
O curral dos bois não é forte se não houver um curral de bezerros.
Ai do lar sem filhos.

63-CHIDAKWA A CHI NA KHOMBO.


O bêbado não tem perigo.
Ao menino e ao borracho põe Jesus a mão por baixo.
O impingu é um pau bas~ante comprido em que se trans porta quafquer to isâ
1
ao dependuro, ao ombro de dois homens, um à frente, outro atr6s.

-12- - 13 -
64- CHIHANDZI CHA NDZILO CHO TIHANDZELA.
Quem espalha o lume ~spalha-o para si mesmo.

Quem brinca com fogo acaba por se queimar.


Com lume não se brinca.
Q0em mete o nariz onde não é chamado sai com ele
esmurrado.

65-CHIHLOBZANA CHA LE MAHLWENI CHI DHLAYISA HI


TORHA.
A pequena fonte que está à frente mata de sede.

Mais vale prevenir que remediar.

66-CH.IKHUPA CHIHLOVO VANWANI VA TA Hf KU KHA.


Um abre o poço, os outros vêm só tirar água.

Uns têm o trabalho, outros o proveito.

67 - CHIKOMU CHO LOMBA A CHI NA NDZIMA.


Uma enxada emprestada não cava.

Não esperes que outros venham fazer o teu trabalho.

68- CHIIÇOSI A CHI VONI.


, A nuca não vê.

Patrão fora, dia santo na tasca.


O ausente não ouve nem sente.

69-CHIKUMBA VA SONGA .CHA HA TSAKAMA .


Dobra-se a pele enquanto está verde.

-14-
SONGA . A CHIKUMBA CHA HA TSAKAMA.
Dobra a pele enquanto está verde.

É de pequenino que se torce o pepino.


(Ver n.º 34).

70- CHIKUTSU CHA MAFURHA CHI VONEKA HI NOMU WA


CHONA.
A cabaça do azeite conhece-se pela sua boca.

Cada vaso transpira ao que dentro arrecada.


A boca fala da abundância· do coração .

. 71 - CHIKUTSU CHO RILA HI MOYA A CHI NA MATI.


Cabaça que assobia com o vento não tem água.

Cântaro vaz'io muito soa.


Muito riso, pouco siso.
Muito palavreado, pouco arrazoado.

72 - CHIKWEMBU CHI HACHILE , A <::HI BZALANGA.


Deus atirou a semente às mãos cheias, não semeou grão a grão.

A abundância é a marca da Providência.

NOTA : Aplica-se este provérbio ·ao rapaz que se lastima de ter sido aban-
donado pela rapariga dos seus amores . É como se dissessem : Deixa lá! Nio
faltam raparigas.

73-CHILO CHA KU NYIKIWA U NGA CHI VEKI THUVA.


Não ponhas demora a uma coisa dada.

Se te derem uma vitela, va:i logo por ela.

-15-
74- CHltvl lNTA MATSENGELE CHI TSHEMBA NKOLO. 79- CHIPHASA VA WUTHLARI A MANWINI I HOSI.
Quem engole matsengele 1 confia na goela. É o régulo que apant-ia os espertos na sua esperteza.

Quem se atira à água é porque sabe nadar. Mais vale a muita experiência que a muita esperteza.

75 - CHINGOMBELA 2 CHI TCHI NIWA HI WUCHAKA . 80- CHIPICHI NI KONDHLO A BSI TSHAMI BSINWE.
A chingombela dança-se por parentesco. O gato e o rato não podem estar juntos.

CHINGOMBELA CHI YA HI WUCHAKA Ser como o gato e o rato.


A chingombela vai por parentesco. Estopas ao pé do lume não estão .seguras.
(Ver n. l 7 e 76).
0

CHINGOMBELA VA NYIKANA HI WUCHAKA.


Na chingombela troca-se o par por parentesco.
81 - CHIPICHI VA THENA A NHOVENI.
Primeiro os da nossa família. O gato castra-se no mato.
Primeiro os amigos.
A roupa suja não se hva na praça.

76-CHINGOVE NI KOND°LHO A B51 LAVANI.


O gato e o rato não estão bem frente um ao outro. 82~CHIRHUMBANA CHI VAVA NWINYI WA CHONA.
A borbulha dói ao seu dono. ·
Estopas ao pé do lume não estão seguras.
Ser como o gato e o rato. Cada um coça-se onde lhe come.
(Ver n. 0 17). Cada um sabe onde o sapato lhe aperta.
Cada um sabe de si.

77 - CHINYAMANI CHITSONGO HI KU NONA.


Pouca carne mas gorda. 83- CHISIWANA A CHI RHUMIWI A NTIRHWENI.
Ao pobre n~o é preciso mandá-lo trabalhar, (a própria necessidade-
Mais vale pouco e bom. ºobrigará a isso).
Palavras não se querem muitas senão boas.
O remédio da pobreza é o trabalho.
A necess'idade mete a velha a caminho.
78-CHINYANYANA CHI VONIWA HI TIMPAPA.
O passarinho conhece-se pelas asas.
84- CHISOLA HOSI HI ,KU SUKA.
Qual te acho, tal te julgo. Dizer mal do régulo depois de sair da sua área. '
'J
Quem o não quer ser, não o pareça.
Não digas mal da autoridade.
1 Frute do mato . Sê prudente, se queres viver em paz.
2 Dança da lua nova.

- 17 -

i
11

1
1 ... ..
:85- CHITCHUNGWA CHA YINDLHU CHI PFALA BSINYING I. 90- CHIYAMBANA CHI SASELA TINUNGU.
O cocuruto da palhota fecha muitas coisas. O teixugo prepara ( o buraco) para os javalis 1 •

Pedra e cal encobrem muito mal. Uns têm o trabalho, outros o proveito.
As telhas do telhado encobrem muita miséria. Oulro virá gozar do teu trabalho.

91- CHYANDHLA FAMBA, CHYANDHLA VUYA.


,86-CHITHLANGU, MAVIKELA YA CHONA CHI TIVIWA HI Mão vai (dando), mão vem ( recebendo).
NWINYI.
A maneira de se defender com um escudo é conhecida pelo seu Quem dá de bom coração não retira vazia a mã0i
don9.

Cada um é o melhor advogado de si mesmo. 92- CHIYENDHLWA CHI YIMBA MPALENI.


O grilo canta no seu buraco.

Cada um manda em su::i. casa.


87 - CHITIMELA CHI FAMBA HI MAKHALA.
O comboio anda a carvão.
93 - CHO KA CHI NGA HELI CHO HLOLA.
Estômago vazio não anda caminho. O que não acaba é um milagre. ,

Tudo acaba.
Tudo tem o se~ fim.
~ 8- CHIVANDZANA CHO LEVA CHI VONIWA HI MARHUVA YA
CHONA.
O animal feroz conhece-se pelas suas garras. 94 - CKHIVI RI PSHA KUTSONGO-KUTSONGO.
A lagoa seca pouco a pouco.
Qual te acho, tal te julgo .
. Pelas obras se conhecem os homens. TIVA RI KOKA HI MA THLELO
Quem o não quer ser, não o pareça. Ou: TIVA RI PSHA HI MATHLELO.
À lagoa seca pelos lados.

Gota a gota o mar se esgota.


;89 - CHIYAMBANA A CHI VONIWI CHI RI KHARI CHI TCHELA De pequena bostela se levanta grande mazela.
MISAVA.
Pequena faúlha ateia um grande incêndio.
O teixugo não se vê enquanto cava a terra. Cabelo hoje, cabelo amanhã, fica um homem careC3'.
Fazer as coisas pela calada.
Pregá-las à socapa. 1 O teixugo cava a sua toca que ao fim de algum tempo abandona e que OS•
javalis aproveitam para seu esconderijo.

- 16- -19-
'
' 25- CKULU LI RUNGIWA A BANDLHA. •
A pele cose-se na banja.

As questões resolvem-se em tribunal.


(Ver n.º 47).
o
16-DJANA BSA WENA HI WUNANDZI, NI TA DJA BSA MINA
HI ;W UBIHI.
• Come as tuas coisas com gosto, eu comerei as minhas sem gosto.

Mais vale o pouco honrado que o muito roubado.

~7- DJANA MAVE LE YA MUFI NA U RIMA.


Come o milho dum defunto, cultivando ( o teu campo}.

Não estejas à espera por sapatos de defunto.


Quem espera por sapatos de defunto toda a vida anda
descalço.

9ü- DJANANI, MUNDZUKU MARHAM BO .


' Comei, amanhã (seremos) ossos.

Comamos e bebamos porque amanhã morreremos

99- DJANA NI TA KU LAMULELA.


Come que eu defender-te-ei.

Não te fies cm promessas.


'
NOTA: fate provérbio é t irado, por onom atope ia, do canto e da ati-tude da
toutinegra que, pousada nos ramos, parece incitar os outros passarinhos a ire m
comer o farelo nas povoações , ond e gera lmente há armadi lhas, di zendo: «Djana ni
ta ku lam ulela; djana ni ta ku lamulela». Quando, porém, a lgum pardalito fica
preso, ela foge para longe, abandonando-o à sua trfs~e sorte.

- 21-
- 20 -

-
100- DJANA U SIYELA MUNDZUKU 1•

Come deixando apara amanhã.

De'ixa que comer, não deixes que fazer.


H
101 - DJANA U YANAKANYA RHESA.
Come mas l,e mbra-te de pagar o imposto. 103-HAMBI KAYA KA YO BIH A, KAYA AVA RIVAU
A (nossa) casa por má que seja nunca se esquece.
Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje.
O passarinho não esquece o seu ninho ainda que seja
pequenino. ·
102 - DUNA RI YON IWA HI MIDIWA.
O touro conhece-se pelas fer idas ( que recebeu na luta com os
outros). 104- HAMBI U FAMBA NKOYEN I LUNDZA LI TA VONAKA.
Ainda que caminhes numa baixa, a corcunda há-de ver-se.
O herói conhece-se pelas cicatrizes. Não é fáci l encobrir os defeitos.
Por mais que se faça fica sempre o rabo de fora.

105 - HAMBI WU NGA BI NKUKU , RI TACHA .


Ainda que não cante o galo, há-de amanhecer.
Ainda que não cante o galo, a madrugad:'l sempre
rompe.

106- HI TA KU I MANGWA LOKO HI VONA MAYALA.


Diremos que é uma zebra quando virmos as suas listras.
Prova o que dizes.
Só palavras não bastam.

107- HLANTA BZALA MACHAKA MA NGA HELI; HLANTA NGAn


VA TA KU TCHAVA.
Vomita cerveja, não faltam parentes; vomita sangue: terão medo
de tí.
1
Aparece ta mbém: Mbzana , siyela mundzuku. Cão, de ixa qualquer coisa para
Na necessidade se prova a amizade.
a man hã. Esta form a é certamente derivada da semelhança fonética entre djana N:1 advers'idade se conhece a amizade.
e m bzana.

-22- . _,, 23 -
108- HLANTA U TA WONGOLIWA HI VA WENA. 113 - HOMU YI PFUCHIWA LE'YI TIPFUCHAKA.
Vomita, serás tratado pelós teus. Ajuda-se a levantar um boi que se levanta a si mesmo.
Na necessidade se prova a amizade. Ajuda-te e Deus te ajudará.
Na desgraça se vê o amigo fiel.

109- HLEKA WE NA, MUNDZUKU BSI TA VUYA HA WENA. 114- HOS! 1 VANHU .
Ri-te, amanhã será a tua vez ( de chorar). O rei são as pessoas ( que ele governa).
Quem se ri do mal do vizinho o seu vem pelo caminho.
Não te rias de quem chora Não há rei sem vassalos.
É coisa que o céu ordena;
Nada é o rei sem vassalos.
1,
1, Pode a roda desandar
Sofreres tu a mesma pena.
115- HUBZENI A VA PSHITELI.
Na reunião dos velhos não se cospe.
110- HLEKA WULEMA NA WA HA RI NDZl;NI.
, Ri-te dos outros estando ainda no ventre ( da tua mãe).
A juízo trazem-se coisas séria~
HLEKA WULEMA NA WA RI NWANA.
Com coisas sérias não se b!'inc.:a
Rit-te dos outros sendo ainda criança 1 •
Acima de tudo respeito.

Ninguém se ria do mal dos outros.


116- HUKU, FELA MANDZEN I.
11 l - HOMU VA YI KHOMA HI TIMHONDZO; MUN HU VA MU Galinha, morre nos ovos.
KHOMA HI NOMU.
O boi agarra-se pelos chifres; o homem agarra-se pela boca. Nem lá vou nem faço míngua.
Vagar . demasiauo, vagar desastrado.
Ao boi pelo corno; ao homem pela palavra.
Pela boca morre o peixe.

l 17- HUKU YA CHINGONDZO YI PSALA BSINGONDZO-KULOBZE.


112- HOMU YA KU BASA A Y! NA NTSWAMBA. Uma galinha de poupa dá outras galinhas de poupa.
Vaca branca não dá leite.
Tal pai, tal filho.
A boniteza não se põe na mesa. Pil riteiro ciá pfüitos.
De • nada vale a beleza sem a virtude . . De tal acha, tal racha.
De tal gente, tal semente.
Quem sai aos seus não degenera.
i Isto é: Nunca te rias dos males dos ou tro s.

- 24 -
- 25-
1

118- HUKU YI t-llSIWA HI TAN DZA.

Ili~
A gal inha está a ser queimada pelo ovo.

Se não desembucha, rebenta.


Está a ferver por falar. I
119 - HUKU YI TIDZU N ISA HI WUCHA KA RA YONA. 123 -1 CH IDZEDZE CHO KALA MPFULA.
A galinha orgulha-se da sua parentela. É uma tempestade sem chuva.

IIHIIII Cada qual gaba o seu e a terra onde nasceu.


Só faz barulho.
Só tem garganta.
120- HUMA PHIRI, KU N GH ENA MA MBA.
Sai, bululo ( cobra venenosa ), para entrar a mamba ( cobra ainda
mais venenosa) .
124- 1 CHIRHOMB E-RHOMBE NI NKANYI.
Ir de mal parn pior. É como o chirromberrombe e o canhoeiro 1.
Sair do diabo e meter-se na mãe.
Ser como a unha e a carne.
121 - HUMBA VA YI LANDZA HI RIHLAKALA.
O caracoi segue-se pela baba.
125 - 1 CHITHLANGO CHA THLUKA.
Pelo fio se vai ao novelo. É um escudo feito de folhas de árvore. ·

122 - HU MBA YI SIYA LEMB U LAHA YI FAMBAKA KONA. Quanto mais se desculpa mais se etaterra.
O caracol deixa baba por onde passa. Enterrar-se até às orelhas.

Pelo pé se conhece quem andou no terreiro.


Pelos vestígios se segue o ladrão.
126 - 1 HELE. RI LO WELA BSAKUDJEN I.
É uma barata que caiu na comida.

Meter-se onde se não é chamado.


Écomo um cabelo na sopa ou uma viola nu m entecro.

1 Duas árvores que frequentemente se encontram juntas na floresta.

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- 26 ·- ·
127 - 1 KONDLHO RO TSHAMA NKAMBANINI. 133-1 NHLATAW9 YALA MUBZALI , WU LAVA MUTCHELI.
É um rato que está dentro da tijela. Batata doce que não gosta de quem a semeou e ama quem a
arranca.
É pior iJ. emenda que o sanem.
. Mais vale deixar correr. Filho que liga mais aos estranhos que às pessoas de
família.
NOTA : Aplica-s e a questões de parentes de que se não deve falar. Se se
tenta mat ar o rato parte-se a tijela e será maior o prejuízo.

134 - 1 NHONGANA N I CHILON DZA .


128 - 1 MAKHOLWA-KU VONA . É como a mosca e a ferida.
Ver para crer.
Ser como a unha e a carne.
Ver para crer, como S. Tomé.

129 - 1 MHUNTI YO FELA TIN YAWE NI. 135 - 1 NYAMA YO KHWEKELA MA TINYENI.
É carne que ficou nos dentes.
É uma gazela morta no campo dos feijões.

MHl:J NTI, FELA TINYAWENI. Isso já é sabido de todos.


Gazela, morre no campo dos fe ijões.
Ser apanhado com a boca na botija. 136 - 1 RHANGA RO WUPFA, HO BANANA HA RONA.
É uma abóbora madura, batemo-nos uns aos outros com ela.
130 - 1 ,"1 PFUNDHLA. Sofrer do mesmo mal.
É um coelho. Contar as mesmas desgraças.
Ser fino como um rato.
Ser astuto como uma raposa.
137 -1 TIMHONDZO TA HUMBA TA KU HUMA NONWINL
São chifres de caracol que saem dá boca.
131 -1 MPFUNDHLA WA MBZANA YA WENA.
É um coelho levantado pelo teu cão. Só tem garganta.
Só é forte em palavras.
Quem as urdiu que as teça.
Acarreta com a responsabilidade das tuas acções. ' !'"
138-1 YINDLHU YO PFU~ALA BZANYI.
É uma palhota sem capim .
.132-1 MUNHU WO TIDJISA MAHELE.
É uma pessoa que come baratas.
Cabeça, oca.
Gloriar-se com o trabalho dos outros. Pessoa sem juízo.

- 28 - - 29 -
K
n, - KAHLULA HI MINENGE, KU NGA RI HI NOML!.
Corre cpm as pernas, não com a boca.

Garganta há muita.
Mais obras e menos palavras.

,J.40 - KAMA RHUMBA.


Espreme o tumor.

Vamos ao ponto da questão.

1141 - KANDZAKANYA KU MINTA, MUHANYI A NGA RIM I.


Come muito e vive sem trabalhar.

Viver à custa alheia.


Comer à pala.

H2- KHALA RI PSALA NKUMA.


A brasa dá cinza.

Muitas vezes os filhos são a vergonha dos pais.

(1"43- KHOMBO KUTILAYELA I NRHWALO WA WE r::íWINYI.


A desgraça que tu mesmo procuraste acarreta com ela.

Quem ao perigo corre nele morre.


Quem se mete na meada que se desenvencilu.

-30-

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