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Artigo

publicado
na edição 70
MAI/JUN 2019

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A evolução para as
Torres de Controle 4.0
Neste artigo, são descritos os diferentes modelos
de torres de controle, em termos de abrangência de
atuação, funcionalidades e tecnologias empregadas,
e como são desenhados para atender às necessidades
e ambientes diversos. Será detalhado, também, como
as torres de controle podem evoluir, tornando-se
mais ágeis, inteligentes e autônomas, para atingir
patamares superiores de desempenho, tirando o
máximo proveito das novas tecnologias digitais.

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Leonardo Larcerda
Managing director da Sínora Insights, é formado em
Engenharia Industrial, com mestrado em Pesquisa
Operacional pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra
de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/
UFRJ), tem experiência de mais de 25 anos em
consultoria na área de Supply Chain, aplicando
métodos analíticos avançados, com resultados tangíveis
para um amplo espectro de indústrias.

sido aplicado também, há algumas poucas décadas, em diversos outros


ambientes da Supply Chain, como na indústria de bens de consumo e em
operações do agribusiness, na mineração e na indústria de óleo e gás, apenas
para citar alguns, nos quais existem aplicações que desenvolvi e/ou conheço
pessoalmente.
No Brasil, a adoção de torres de controle na Supply Chain sucedeu a uma
tendência que se iniciou no final dos anos 90 e início dos anos 2000, e que
buscava tornar mais integradas as suas operações. Nesse mesmo momento,
até como uma consequência, começaram a surgir os cargos de diretoria e
gerência de Supply Chain, que traziam a missão ou a perspectiva de integra-
ção de processos interdepartamentais, visando descontruir a visão predo-
minante, que, até então, era excessivamente funcional.
Nesse contexto, aconteceram as primeiras iniciativas de criação das tor-
res de controle, podendo se dizer que está no seu “DNA” o conceito de visão
UMA BREVE PERSPECTIVA cross-funcional e de processos, como uma estratégia para buscar eficiência
HISTÓRICA nas operações e nível de serviço superior aos clientes.
A control tower é, atualmente, É curioso observar que, nos seus primórdios, a sua formatação típica era
um tema em voga em Supply Chain. praticamente a de uma grande sala, onde se concentravam os representan-
Impulsionadas por novas tecnolo- tes das diversas unidades de negócios ou áreas envolvidas e que, anterior-
gias digitais, típicas do ambiente de mente, cuidavam separadamente de suas funções. Com a implantação das
Supply Chain 4.0, essas estruturas torres de controle, os integrantes passaram a ter um ambiente mais propício
organizacionais têm sido imple- para se comunicarem, favorecidos pela proximidade física e por uma nova
mentadas por empresas de diversos governança cross-funcional, mas sem nenhum aparato tecnológico distinto
segmentos, com resultados muito do que se usava antes.
positivos. O termo e seu arcabouço Esse arranjo já promovia certa integração e produzia benefícios advin-
foram emprestados do ambiente da dos da eliminação de redundâncias funcionais, em consequência da inte-
aviação, no qual as torres de contro- gração das atividades. Produzia, também, ganhos de escala pela contratação
le são usadas no controle do tráfe- conjunta de serviços antes contratados separadamente e gerava sinergias
go aéreo, direcionando aeronaves nas operações pelo compartilhamento de recursos entre as diversas áreas
no solo e no espaço aéreo, e tendo do negócio envolvidas, tais como a área de distribuição, de suprimentos e
como seu principal objetivo evitar de apoio à manufatura.
colisões, organizar e agilizar o fluxo Nesses últimos 20 anos, o conceito de torres de controle para as ope-
de transporte aéreo. rações de Supply Chain evoluiu bastante, como resposta às mudanças no
No entanto, esse conceito tem ambiente de negócios, notadamente as seguintes:

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A evolução para as Torres de Controle 4.0

• A elevação da “régua” das expec- na indústria de óleo e gás, e na gestão de embarcações de apoio à produção
tativas dos clientes, em termos e exploração de petróleo.
de agilidade e confiabilidade de Existem, também, muitas torres de controle desse primeiro tipo focadas
atendimento, o que diminui o em transporte rodoviário, com o objetivo de mitigar os riscos de acidentes e
tempo disponível de reação; roubos de carga, controlar a execução do serviço por terceiros e otimizar a
• A deterioração recente do am- operação, por exemplo, buscando programações de rotas, de forma a fechar
biente de negócios brasileiro, os circuitos de transporte para as cargas de retorno.
com o achatamento das margens
e consequente aumento da pres-
ABRANGÊNCIA INTERNA: ESCOPO CROSS-FUNCIONAL
são por redução de custos;
As torres de controle que envolvem diversas funções e áreas de uma em-
• As mudanças e inovações tecno-
presa geralmente têm a sua criação motivada pela necessidade de oferecer
lógicas, conhecidas como “Supply
alto nível de serviço aos clientes. Para isso, operam como uma plataforma
Chain 4.0” ou “Digital Supply
que possibilita a coordenação ágil entre os diversos atores da organização e
Chain”, que estão facilitando e
permite que ajam de forma colaborativa e tempestiva.
habilitando as novas possibilida-
Nesse tipo de torre de controle, é possível encontrar as áreas de compras,
des e modos de operar.
planejamento, manufatura, logística e customer service, enfim, aquelas que
influenciam o resultado final sobre o nível de serviço ao cliente.
ABRANGÊNCIA DE ATUAÇÃO
As torres de controle podem ABRANGÊNCIA EXTERNA
abranger uma grande diversidade As torres de controle com abrangência externa são aquelas que envolvem
de processos e atores, tanto inter- adicionalmente os clientes e/ou fornecedores. Sua motivação predominante
nos, quanto externos, como forne- é, também, oferecer nível de serviço superior aos clientes. Elas surgem em
cedores e clientes da Supply Chain ambientes em que a cadeia de valor é mais interdependente e onde se reco-
de uma empresa. Para fins esque- nhece a necessidade de estender os esforços de coordenação e colaboração
máticos, é possível organizar o seu aos entes externos, buscando maior integração e capacidade de resposta
espectro de abrangência em três ti- mais efetiva e rápida.
pos, conforme descrito a seguir. A montagem de torres de controle desse tipo precisa superar obstáculos
diversos, como a assimetria na capacidade e disposição dos parceiros em
ABRANGÊNCIA INTERNA: trocar informações. É também dependente de um ambiente de negócios
ESCOPO FUNCIONAL entre os parceiros, no qual as relações comerciais permitam arranjos mais
Muitas torres de controle têm colaborativos e menos adversariais. A complexidade de operar esse tipo de
abrangência apenas interna à em- torre é proporcional à quantidade de elos da cadeia de valor e de parceiros
presa e são focadas em uma ou pou- envolvidos.
cas funções da operação. São estru-
FUNCIONALIDADES
turas forjadas para obter a máxima
Sob o aspecto das funcionalidades, as torres de controle se dividem en-
eficiência e excelência na execução
tre aquelas que têm função majoritariamente analítica e as que são opera-
de um processo em específico, que,
cionais de fato, ou seja, que efetivamente executam ações de controle em
geralmente, envolve ativos com alto
relação aos processos sob a sua responsabilidade. Essas últimas podem in-
valor e/ou alta criticidade e/ou uma
corporar distintas capacitações, que as habilitam a executar determinadas
operação com alto nível de comple-
xidade. funcionalidades, como verá a seguir.
Existem exemplos de torres de
controle desse tipo nos ambientes TORRES DE CONTROLE ANALÍTICAS
de agribusiness, no abastecimento Essas torres estão focadas na consolidação, depuração e visualização de
de cana de açúcar nas usinas, na mi- dados para fins diversos. Uma torre de controle analítica tem a capacidade
neração, em operações de veículos de fornecer insights valiosos, que auxiliam os processos tradicionais de pla-
de grande porte “fora da estrada” e nejamento, em curto, médio e longo prazos, pois fornece uma visão sistêmi-

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ca da operação, da sua capacidade e do seu desempenho. tadas e impulsionadas pelas novas
Dependendo do nível de granularidade e instantaneidade com que cap- tecnologias digitais e, obviamente, a
turam e processam as informações utilizadas, podem ter a capacidade de sua aplicação e nível de sofisticação
monitoramento de eventos, acompanhamento de viagens, pedidos, esto- das tecnologias que emprega de-
ques, produtividade e performance, em geral e, a partir daí, detectam tem- penderão da pertinência em relação
pestivamente as necessidades de intervenções e ajustes. ao contexto em que se inserem.
Quando possuem a abrangência de atuação expandida (abrangência in-
terna cross-funcional ou externa), têm a possibilidade de prover visibilidade
end-to-end da Supply Chain e, assim, gerar mais sincronismo nas operações Capacidade de resposta rápida
e previsibilidade aos clientes. (sense & react control towers)
A capacidade de resposta rápida
TORRES DE CONTROLE OPERACIONAIS significa a capacidade de perceber
As torres de controle operacionais acumulam as capacitações das torres (sense) a necessidade de mudar al-
analíticas, mas possuem, adicionalmente, a capacidade de ação efetiva para gum parâmetro da Supply Chain
direcionar, alterar e repriorizar os esforços na Supply Chain. Existe uma mi- em reação ao evento ou condição
ríade de variações sobre como são estruturadas e de objetivos a que servem que esteja ocorrendo, determinar
essas torres. a melhor direção a tomar e respon-
Para fins esquemáticos, estão descritos, a seguir, três importantes capa- der (react) de forma ágil, alterando
citações que se relacionam a estágios de maturidade das torres de controle os parâmetros da Supply Chain de
operacionais e que representam características desejáveis, tendo grande in- acordo com a necessidade.
fluência no desempenho da operação. Essas capacitações têm sido facili- A latência da reação das torres
A evolução para as Torres de Controle 4.0

guarda, com efetiva capacidade de resposta rápida, caracterizam-se por


conjugar as seguintes características:
• Possuem visibilidade granular e instantânea (ou próxima de instantânea)
As tecnologias sobre um amplo espectro de processos da Supply Chain, inclusive, das
cadeias dos seus fornecedores e dos seus clientes;
empregadas
• Utilizam sistemas de apoio à decisão (prescriptive systems), que represen-
nas torres de tam, por meio de modelos, o escopo da Supply Chain sob a sua responsa-
controle refletem bilidade e que lhes permitem avaliar rapidamente e com confiabilidade
os requisitos as alternativas que dispõem, quantificando os seus custos e trade-offs;
• Desenvolvem um processo ágil de tomada de decisão, favorecido por
decorrentes das uma governança enxuta e orientada a processos (não departamental) e
suas diferentes uma equipe com empowerment, para tomar decisões críticas.
funcionalidades e
abrangências. Capacidade de antecipação
As torres de controle de resposta rápida são hábeis para perceber e rea-
gir rapidamente a eventos na Supply Chain, mas as torres de controle com
capacidade de antecipação vão além, buscando identificar os riscos de rup-
de controle envolve os intervalos de tura e as oportunidades de otimização mais cedo ainda, a partir de sinais
tempo entre a ocorrência do even- antecedentes.
to, que requer uma ação, o acesso às Essa capacidade é mais frequentemente encontrada em ambientes com
informações necessárias para a sua alta criticidade de atendimento, nos quais o custo de faltar produtos ou ma-
análise, a análise para definir qual teriais para os clientes e usuários é muito alto. Os exemplos a seguir ilus-
a ação a ser tomada e a tomada de tram algumas dessas situações:
ação propriamente dita. Quanto • Veículos militares em missões em países distantes possuem sensores co-
menor a latência, mais eficientes nectados (Internet of Things (IoT)) a centrais de comunicação, que mo-
e eficazes serão os seus resultados nitoram o comportamento de partes críticas do equipamento, por meio
e valor gerado. A agilidade da res- de medidas, como vibração, temperatura e pressão, utilizam algoritmos
posta permite minimizar ou anular para estimar o tempo médio entre as falhas e acionam a reposição de
os efeitos de falhas que ocorram a peças para os locais de estocagem próximos, caso essas peças estejam
montante da Supply Chain sobre os com níveis de estoque baixo e a propensão a falha atinja níveis críticos;
clientes finais, quando alternativas • O varejista de e-commerce utiliza técnicas de machine learning para de-
de atendimento são acessadas tem- tectar comportamentos de pré-falha de seus transportadores e toma pro-
pestivamente. vidências para mitigar os possíveis problemas, antes que ocorram ou se
A capacidade de resposta rápida, avolumem, chegando a redirecionar dinamicamente o fluxo de pedidos
que as torres de controle provêm, é de entrega a outros transportadores, com melhor capacidade de atendi-
um antídoto para a alta volatilidade mento. Os problemas são resolvidos antes que afetem o atendimento aos
da demanda, para a veloz expan- clientes.
são dos portfólios de produtos e Essa habilidade em usar tanto o passado, quanto as informações recen-
para a multiplicidade de canais de tes, antecipando os potenciais pontos de ruptura, gera um tempo de rea-
distribuição, que são condições tão ção extra, que possibilita acessar planos com mais opções de otimização,
características do atual ambiente de resultando em melhor nível de atendimento, mas também com maior nível
negócios. Tal capacidade se insere de eficiência.
em uma estratégia que prioriza a
flexibilidade e a agilidade em vez Capacidade de sincronização
de colocar tanto esforço em prever A capacidade de sincronização compreende a habilidade de alinhar, inte-
o que acontecerá. Tarefa que é cada grar e colaborar, com o objetivo de reduzir as ineficiências da cadeia, fazen-
vez mais difícil. do o melhor uso das informações e ativos, sejam próprios ou de terceiros.
As torres de controle de van- Tal capacidade implica na existência de requisitos avançados de tecnologia,

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processos e governança, dada a complexidade de orquestrar um conjunto controle analíticas podem utilizar
amplo de funções da própria organização, de fornecedores e, eventualmen- alguns dos seguintes componentes:
te, de fornecedores dos fornecedores (N-tier). • Conectores: É um nome genéri-
Um líder brasileiro do segmento de distribuição de combustíveis atin- co para os procedimentos e ferra-
giu um nível excelente de sincronização e orquestração de sua cadeia de mentas utilizados para capturar,
abastecimento de etanol. Ao conectar centenas de usinas (fornecedores), consolidar e indexar os dados, de
transportadores e suas dezenas de bases de estocagem de etanol, a torre forma com que fiquem acessíveis
de controle dinamicamente é capaz de identificar desbalanceamentos nos para o uso quando necessário,
seus estoques, nas capacidades de seus fornecedores em atender ao fluxo de inclusive, instantaneamente. São
produto requerido e na quantidade de veículos disponibilizada pelos trans- Application Programming Inter-
portadores. Os sinais de desbalanceamento disparam um processo colabo- face (API), webservices ou banco
rativo de ajuste de capacidade em toda a cadeia, direcionando-a para um de dados centralizados, com ro-
nível mais cadenciado e eficiente para todos os participantes. tinas específicas, que atualizam
os servidores e compõem data
lakes acessíveis pelas aplicações
MONITORAR RESPONDER ANTECIPAR SINCRONIZAR
da torre de controle. As cone-
xões podem ser feitas com as vá-
BENEFÍCIO

rias fontes de informação, como


Habilidade de Enterprise Resource Planning
acompanhamento de
viagens, pedidos, eventos, (ERP), Warehouse Management
estoques, produtividade,
serviços e performance System (WMS), Transportation
geral.
Management System  (TMS),
bases de dados de Serviços de
Atendimento ao Cliente (SACs),
sistemas de planejamento de
Habilidade em Habilidade em
usar tanto o alinhar, integrar produção etc;
passado, quanto as e colaborar,
Capacidade de resposta informações do dia com o objetivo • IoT: Destacam-se, também, os
ágil a fatores internos a dia, antecipando de reduzir
ou externos, que podem potenciais pontos de ineficiências da dispositivos conectados como
provocar rupturas,
minimizando riscos e
rupturas, otimizando
os trade-offs de custo e
cadeia, fazendo
o melhor uso das
uma das possíveis fontes de in-
custos, sem impactar os
níveis de serviço.
melhorando os níveis
de serviço.
informações e
ativos.
formação a serem acessadas
pelas torres de controle. Esses
COMPLEXIDADE
dispositivos podem ser veícu-
Figura 1: Níveis de maturidade das torres de controle. los, produtos, equipamentos em
geral etc. Quando isso acontece,
ARQUITETURA TECNOLÓGICA está lidando com o nível extremo
As tecnologias empregadas nas torres de controle refletem os requisitos de granularidade da informação,
decorrentes das suas diferentes funcionalidades e abrangências, e o seu grau o que requer uma capacitação de
de sofisticação pode variar bastante. Existem arranjos tecnológicos que po- manuseio de dados adequada,
dem levar a torres com alto grau de inteligência e autonomia, mas também como tecnologias de big data.
é possível encontrar arranjos mais simples, que fazem o uso de tecnologias • Dashboards: São a ponta mais
amplamente disponíveis e de relativo baixo custo, mas que estarão associa- visível das torres de controle, na
qual as informações relevantes
das a funcionalidades mais básicas. Portanto, uma forma de organizar as
são mostradas para os que pre-
opções tecnológicas é associá-las às funcionalidades das torres de controle.
cisam acessá-las. Existem mui-
tas soluções de mercado para
TECNOLOGIAS PARA TORRES DE CONTROLE ANALÍTICAS dashboards. O ponto crítico é de-
Para consolidar, depurar, visualizar os dados, gerar insights e detectar finir as visualizações relevantes,
as necessidades de ajustes ou intervenções na Supply Chain, as torres de que gerem insights e chamem a

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A evolução para as Torres de Controle 4.0

atenção para as situações que realmente exijam atenção; 5 O FUTURO E O PRESENTE


• Sistemas analíticos descritivos: Tornam possível o processo de exami- As torres de controle são estru-
nar os dados e buscar as informações úteis, insights, inferências sobre turas centralizadas, que fazem o uso
algum processo de interesse e obter correlações e classificações implí- intensivo de dados (data driven),
citas ou explícitas sobre determinadas variáveis de interesse. Podem ser mas que são orientadas à execução
utilizados ad hoc por equipe de experts em análise de dados ou podem (execution-oriented). Existe uma
ser embutidos em rotinas de análise automatizadas; tendência clara de torná-las mais
• Sistemas de gestão de eventos (gestão por exceção): Como os hu- conectadas, inteligentes e autôno-
manos não gostam e não devem ficar olhando continuamente para os
mas, o que permitirá, no futuro,
dashboards ou planilhas de dados, é preciso que os sistemas façam esse
tornar as cadeias de suprimentos
trabalho e alertem quando ocorrem eventos que mereçam a atenção.
das empresas verdadeiramente au-
Exemplos de eventos a serem gerenciados são os desvios de plano de
toajustáveis e, portanto, muito mais
produção, os níveis de estoque acima/abaixo de determinados targets,
o tempo de viagem maior do que o planejado, os equipamentos críticos ágeis, confiáveis e eficientes.
atingindo alto nível de propensão a falhas e diversas outras possibilida- As inovações tecnológicas, como
des, com diferentes níveis de granularidade. a proliferação de dispositivos co-
nectados, e as redes de comunica-
TECNOLOGIAS PARA TORRES DE CONTROLE OPERACIONAIS
ção de baixo custo, resultaram em
As torres de controle operacionais, com capacidade de resposta rápida,
um considerável aumento da dis-
podem acumular os componentes das torres analíticas, mas precisam de
ponibilidade de dados, permitindo
componentes adicionais, para dar um passo à frente e efetivamente atingir
a verdadeira agilidade. que as tecnologias de inteligência
• Sistemas de workflow automatizados: Direcionam as ações que devem artificial e de sistemas prescritivos
ser executadas quando um determinado evento pré-definido acontece. de apoio à decisão pudessem ser
O ponto relevante é minimizar a subjetividade no processo de tomadas utilizadas em escalas gigantescas.
de decisão e agilizar e controlar o fluxo de ações, que deve ser executado O caminho para construir as
na sequência. A ideia é que não adianta ser ágil somente na detecção da torres de controle inteligentes e au-
necessidade de agir, mas também no encaminhamento de todo o proces- tônomas, chamadas Torres de Con-
so subsequente; trole 4.0, não é de um passo só, mas
• Sistemas prescritivos: Quando se lida com sistemas complexos, o curso de vários passos e com rotas alter-
de ação a ser tomado em determinadas situações pode não ser óbvio. nativas. É possível implementar já,
Pelo contrário, por ser de grande complexidade e oferecer múltiplas op- mesmo que parcialmente, diversas
ções, os sistemas prescritivos ajudam a definir o melhor curso de ação funcionalidades e usufruir de bene-
em uma dada conjuntura e, assim, torna possível reagir de forma rápida, fícios em curto prazo. Há tecnolo-
mas também de forma eficiente. Os sistemas prescritivos, em geral, ba- gia disponível para isso.
seiam-se em técnicas de otimização, nas quais se busca maximizar ou
Entretanto, é preciso ir além da
minimizar uma determinada função objetivo sujeita a um conjunto de
inovação tecnológica, para atingir
restrições;
o máximo potencial. As torres de
• Sistemas preditivos: Os sistemas preditivos são usados para fazer previ-
controle são arranjos organizacio-
sões sobre os eventos futuros e utilizam diversas técnicas de data mining,
nais, que precisam romper as bar-
estatísticas e inteligência artificial, como machine learning, para analisar
os dados passados, atuais e, até mesmo, os dados coletados em real time. reiras departamentais internas e,
No contexto das torres de controle, os sistemas preditivos são utilizados mesmo, as relações adversárias en-
para antecipar os eventos relevantes e detectar as mudanças nos compor- tre os clientes e os fornecedores. Es-
tamentos de consumidores (padrões de consumo, por exemplo) e forne- sas são condições para obter a má-
cedores (lead times de entrega, por exemplo). A capacidade de antecipa- xima agilidade e possibilitar acessar
ção de eventos, que pode causar rupturas ou que requer uma mudança mais graus de liberdade, na avalia-
no direcionamento da Supply Chain, traz vantagens pela mitigação de ção de alternativas eficientes para a
riscos, o que aumenta a sua confiabilidade e eficiência. Supply Chain.

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