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publicado
na edição 70
MAI/JUN 2019
34 www.revistamundologistica.com.br
Leonardo Larcerda
Managing director da Sínora Insights, é formado em
Engenharia Industrial, com mestrado em Pesquisa
Operacional pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra
de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/
UFRJ), tem experiência de mais de 25 anos em
consultoria na área de Supply Chain, aplicando
métodos analíticos avançados, com resultados tangíveis
para um amplo espectro de indústrias.
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A evolução para as Torres de Controle 4.0
• A elevação da “régua” das expec- na indústria de óleo e gás, e na gestão de embarcações de apoio à produção
tativas dos clientes, em termos e exploração de petróleo.
de agilidade e confiabilidade de Existem, também, muitas torres de controle desse primeiro tipo focadas
atendimento, o que diminui o em transporte rodoviário, com o objetivo de mitigar os riscos de acidentes e
tempo disponível de reação; roubos de carga, controlar a execução do serviço por terceiros e otimizar a
• A deterioração recente do am- operação, por exemplo, buscando programações de rotas, de forma a fechar
biente de negócios brasileiro, os circuitos de transporte para as cargas de retorno.
com o achatamento das margens
e consequente aumento da pres-
ABRANGÊNCIA INTERNA: ESCOPO CROSS-FUNCIONAL
são por redução de custos;
As torres de controle que envolvem diversas funções e áreas de uma em-
• As mudanças e inovações tecno-
presa geralmente têm a sua criação motivada pela necessidade de oferecer
lógicas, conhecidas como “Supply
alto nível de serviço aos clientes. Para isso, operam como uma plataforma
Chain 4.0” ou “Digital Supply
que possibilita a coordenação ágil entre os diversos atores da organização e
Chain”, que estão facilitando e
permite que ajam de forma colaborativa e tempestiva.
habilitando as novas possibilida-
Nesse tipo de torre de controle, é possível encontrar as áreas de compras,
des e modos de operar.
planejamento, manufatura, logística e customer service, enfim, aquelas que
influenciam o resultado final sobre o nível de serviço ao cliente.
ABRANGÊNCIA DE ATUAÇÃO
As torres de controle podem ABRANGÊNCIA EXTERNA
abranger uma grande diversidade As torres de controle com abrangência externa são aquelas que envolvem
de processos e atores, tanto inter- adicionalmente os clientes e/ou fornecedores. Sua motivação predominante
nos, quanto externos, como forne- é, também, oferecer nível de serviço superior aos clientes. Elas surgem em
cedores e clientes da Supply Chain ambientes em que a cadeia de valor é mais interdependente e onde se reco-
de uma empresa. Para fins esque- nhece a necessidade de estender os esforços de coordenação e colaboração
máticos, é possível organizar o seu aos entes externos, buscando maior integração e capacidade de resposta
espectro de abrangência em três ti- mais efetiva e rápida.
pos, conforme descrito a seguir. A montagem de torres de controle desse tipo precisa superar obstáculos
diversos, como a assimetria na capacidade e disposição dos parceiros em
ABRANGÊNCIA INTERNA: trocar informações. É também dependente de um ambiente de negócios
ESCOPO FUNCIONAL entre os parceiros, no qual as relações comerciais permitam arranjos mais
Muitas torres de controle têm colaborativos e menos adversariais. A complexidade de operar esse tipo de
abrangência apenas interna à em- torre é proporcional à quantidade de elos da cadeia de valor e de parceiros
presa e são focadas em uma ou pou- envolvidos.
cas funções da operação. São estru-
FUNCIONALIDADES
turas forjadas para obter a máxima
Sob o aspecto das funcionalidades, as torres de controle se dividem en-
eficiência e excelência na execução
tre aquelas que têm função majoritariamente analítica e as que são opera-
de um processo em específico, que,
cionais de fato, ou seja, que efetivamente executam ações de controle em
geralmente, envolve ativos com alto
relação aos processos sob a sua responsabilidade. Essas últimas podem in-
valor e/ou alta criticidade e/ou uma
corporar distintas capacitações, que as habilitam a executar determinadas
operação com alto nível de comple-
xidade. funcionalidades, como verá a seguir.
Existem exemplos de torres de
controle desse tipo nos ambientes TORRES DE CONTROLE ANALÍTICAS
de agribusiness, no abastecimento Essas torres estão focadas na consolidação, depuração e visualização de
de cana de açúcar nas usinas, na mi- dados para fins diversos. Uma torre de controle analítica tem a capacidade
neração, em operações de veículos de fornecer insights valiosos, que auxiliam os processos tradicionais de pla-
de grande porte “fora da estrada” e nejamento, em curto, médio e longo prazos, pois fornece uma visão sistêmi-
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ca da operação, da sua capacidade e do seu desempenho. tadas e impulsionadas pelas novas
Dependendo do nível de granularidade e instantaneidade com que cap- tecnologias digitais e, obviamente, a
turam e processam as informações utilizadas, podem ter a capacidade de sua aplicação e nível de sofisticação
monitoramento de eventos, acompanhamento de viagens, pedidos, esto- das tecnologias que emprega de-
ques, produtividade e performance, em geral e, a partir daí, detectam tem- penderão da pertinência em relação
pestivamente as necessidades de intervenções e ajustes. ao contexto em que se inserem.
Quando possuem a abrangência de atuação expandida (abrangência in-
terna cross-funcional ou externa), têm a possibilidade de prover visibilidade
end-to-end da Supply Chain e, assim, gerar mais sincronismo nas operações Capacidade de resposta rápida
e previsibilidade aos clientes. (sense & react control towers)
A capacidade de resposta rápida
TORRES DE CONTROLE OPERACIONAIS significa a capacidade de perceber
As torres de controle operacionais acumulam as capacitações das torres (sense) a necessidade de mudar al-
analíticas, mas possuem, adicionalmente, a capacidade de ação efetiva para gum parâmetro da Supply Chain
direcionar, alterar e repriorizar os esforços na Supply Chain. Existe uma mi- em reação ao evento ou condição
ríade de variações sobre como são estruturadas e de objetivos a que servem que esteja ocorrendo, determinar
essas torres. a melhor direção a tomar e respon-
Para fins esquemáticos, estão descritos, a seguir, três importantes capa- der (react) de forma ágil, alterando
citações que se relacionam a estágios de maturidade das torres de controle os parâmetros da Supply Chain de
operacionais e que representam características desejáveis, tendo grande in- acordo com a necessidade.
fluência no desempenho da operação. Essas capacitações têm sido facili- A latência da reação das torres
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processos e governança, dada a complexidade de orquestrar um conjunto controle analíticas podem utilizar
amplo de funções da própria organização, de fornecedores e, eventualmen- alguns dos seguintes componentes:
te, de fornecedores dos fornecedores (N-tier). • Conectores: É um nome genéri-
Um líder brasileiro do segmento de distribuição de combustíveis atin- co para os procedimentos e ferra-
giu um nível excelente de sincronização e orquestração de sua cadeia de mentas utilizados para capturar,
abastecimento de etanol. Ao conectar centenas de usinas (fornecedores), consolidar e indexar os dados, de
transportadores e suas dezenas de bases de estocagem de etanol, a torre forma com que fiquem acessíveis
de controle dinamicamente é capaz de identificar desbalanceamentos nos para o uso quando necessário,
seus estoques, nas capacidades de seus fornecedores em atender ao fluxo de inclusive, instantaneamente. São
produto requerido e na quantidade de veículos disponibilizada pelos trans- Application Programming Inter-
portadores. Os sinais de desbalanceamento disparam um processo colabo- face (API), webservices ou banco
rativo de ajuste de capacidade em toda a cadeia, direcionando-a para um de dados centralizados, com ro-
nível mais cadenciado e eficiente para todos os participantes. tinas específicas, que atualizam
os servidores e compõem data
lakes acessíveis pelas aplicações
MONITORAR RESPONDER ANTECIPAR SINCRONIZAR
da torre de controle. As cone-
xões podem ser feitas com as vá-
BENEFÍCIO
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