Artigo

publicado
na edição 72
SET/OUT 2019

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 Torre de Controle
e resultados obtidos com a sua
implantação
Caso de sucesso na Klabin
Décio Tarallo
Formado em Engenharia Mecânica Aeronáutica
pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA),
com Especialização em Pesquisa Operacional,
é sócio-diretor da Prosperity Consultoria
em Logística e Supply Chain, trabalhou
anteriormente como executivo da Bunge,
Seara, Copersucar, Ultra e TNT, foi professor
convidado para o MBA da Fundação Instituto
de Administração da Universidade de São
Paulo (FIA-USP) e professor de MBA da Escola
Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).
dtarallo@prosperity.com.br
Arnaldo Gunzi
Formado em Engenharia de Infraestrutura
Aeronáutica pelo Instituto Tecnológico de
Aeronáutica e com mestrado em Engenharia
Eletrônica pela Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ), possui MBA em Gestão de
Projetos pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e
é responsável por projetos de inovação na área
florestal da Klabin S.A.
asgunzi@klabin.com.br
Darlon Orlamünder
Formado em Engenharia Florestal e com
mestrado em Ciências Florestais, ambos pela
Universidade Federal do Paraná (UFPR), possui
MBA em Gestão Estratégica de Empresas pelo
Instituto Superior de Administração e Economia
da Fundação Getulio Vargas (ISAE/FGV) e é
responsável pelas operações florestais da Klabin
S.A., no Paraná.
dosouza@klabin.com.br
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O antigo ditado popular sobre gestão diz
que: “o olho do dono é que engorda o por-
co”, indicando, de forma simples e didática,
que é o gestor que efetivamente faz a empre-
sa obter lucros e resultados. Porém, quando
os negócios crescem muito, as operações se
tornam mais complexas, atendendo a milha-
res de clientes, com uma gama muito ampla
de produtos, em prazos cada vez menores e
em condições mais dinâmicas. Dessa forma,
o gestor não consegue manter “os olhos no
porco” da mesma maneira.
A visibilidade dos processos que envolvem
diversos elos: fornecimento de matérias-pri-
mas, beneficiamento, transportes, opera-
ções logísticas, processos produtivos, entre
outros, tornou-se muito difícil, e a atuação
dos gerentes se direciona apenas a situações
que não estão em conformidade (urgências
e emergências) ou à promoção de mudanças
(projetos), cujo resultado será analisado mui-
to tempo após a implantação.
A atuação imediata e a tomada de deci-
são, que realmente provoquem as mudanças
enquanto a operação ocorre, são muito mais
difíceis. A Torre de Controle é o meio que fal-
 As empresas com operações complexas ou que envolvem
múltiplas atividades conectadas estão adotando a plataforma
de Torre de Controle, com a semelhança conceitual daquelas que
atuam em aeroportos, com o propósito de gerenciar os diversos
elementos envolvidos e mitigar os riscos e desvios. Os recursos de
automação, comunicação e de dados, atualmente disponíveis no
mercado, permitem a conexão desses elos da Supply Chain com a
velocidade e visibilidade em tempo real, oferecendo aos gestores
o potencial de controlar, interagir e gerenciar os recursos,
serviços e materiais disponíveis. O case da Klabin apresentado
exemplifica claramente o potencial da Torre de Controle, seus
objetivos e resultados.

tava para os gestores terem a visibilidade das operações os operadores logísticos e/ou transportadores, ou in-
em tempo hábil para agir e ajustar. ternamente as diferentes áreas da empresa podem ser
sinalizados e rapidamente tomarem ações de correção,
apoio ou redirecionamento de recursos. Situações como
AS CARACTERÍSTICAS DA TORRE DE CONTROLE
ocorrem em operações de campo, na colheita de cana de
Visibilidade, ações imediatas, colaboração e automa-
açúcar (por exemplo, a colheitadeira sinaliza que o veí-
ção são as principais funcionalidades que os produtos
culo está quebrado e necessita manutenção), em tempo
de mercado, voltados à Torre de Controle, oferecem às
real, faz com que a área de manutenção possa se deslo-
empresas.
car até o ponto no campo para tratar o problema e evitar
A visibilidade é entender rapidamente o que está
a parada da colheitadeira.
acontecendo no momento, nas operações: onde estão
Em áreas extensas, como em plantações de cana
os veículos carregados, quais estão retornando à base,
de açúcar, qualquer deslocamento poderá levar muito
quais estão parados além do tempo estimado, quais es-
tempo e o acionamento imediato é importante para as
tão quebrados e quais fluxos estão funcionando e estão
metas de produtividade. Muitos outros pontos podem
lentos, por exemplo.
ser, inclusive, automatizados, por meio de regras de ne-
As ações imediatas permitem direcionar os recursos
gócio, desde o controle de inventário, pontos de ressu-
para modificar a situação do momento: um veículo está
primento, até mesmo, a otimização dos recursos, com
quebrado e teria entregas a terminar. Nesse caso, o ges-
modelagens mais complexas, que envolvam milhões de
tor acionará um outro veículo, que já finalizou as suas
parâmetros.
entregas, para ir em direção ao carro quebrado, fazer o
transbordo da carga e finalizar as entregas.
Sem a Torre de Controle sinalizando os problemas no FERRAMENTAS PARA A TORRE DE CONTROLE
local, o prazo entre a detecção até a tomada de decisão O mercado vem disponibilizando diversas ferramen-
do gestor não seria suficiente para resolver o problema tas, que pretendem atender às necessidades origina-
em tempo e minimizar o impacto para o cliente. das do conceito de Torre de Controle. As soluções são
A Torre de Controle permite que a colaboração entre fundamentais para que o processo funcione, e muitas
os elos seja mais rápida e dinâmica. Esses elos, como empresas adotam a estratégia de desenvolver a própria

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Torre de Controle e resultados obtidos com a sua implantação

solução, uma vez que o seu modelo de negócio é sin-
gular e não encontram no mercado fornecedores com
aderência.
No caso de soluções de mercado, uma vez que a vi-
sibilidade em tempo real esteja pronta e as facilidades
de tomada de decisão corretiva estejam estabelecidas, a
terceira fase da torre de controle é a troca de informa-
ções para além das fronteiras da empresa. As soluções
colaborativas ajudam os gestores com múltiplas cama-
das de parceiros, fornecedores e Third Party Logistics
(3PL), oferecendo à empresa a possibilidade de atingir,
também, o upstream e o downstream de seus processos.
As soluções também trazem facilidades, como per-
mitir a criação de regras de negócio automatizadas. Por
exemplo, a geração de ordens de ressuprimento para os
itens que atingirem o nível estabelecido de estoque, evi-
tando a falta de itens no atendimento.
bra curta (eucalipto), celulose de fibra longa (pinus) e
celulose fluff.
A empresa tem 17 unidades industriais no Brasil e
uma na Argentina, mais de 19 mil colaboradores dire-
tos e indiretos, e foi a primeira empresa no setor, no he-
misfério Sul, a obter a certificação Forestry Stewardship
Council (FSC®). A Klabin maneja 239 mil hectares de
florestas plantadas de pinus e eucalipto, e mantém 211
mil hectares de florestas nativas.
LOGÍSTICA FLORESTAL
O Projeto Puma, nome dado à construção de uma
nova fábrica de celulose, foi o maior empreendimento
privado do Paraná, à época (2016). A logística florestal
foi bastante demandada, após a plena implementação
desse projeto, conforme números da Figura 1.

CRESCIMENTO
MACHINE LEARNING E OTIMIZAÇÃO MATEMÁTICA
CAMINHÕES 150%
A inteligência artificial deverá ser outra característi-
ca embutida nas Torres de Controle, que capacitará às META DIÁRIA (T) 108%
soluções analisarem continuamente os eventos e seus
resultados, construindo um caminho de aprendizagem DESTINOS/HORA 107%

para a solução, que indicará as recomendações ao ges- FRENTES DE

144%
tor, em eventos futuros. Por exemplo, uma revisão dos CARREGAMENTO

parâmetros de estoque, para que o ressuprimento ocor- Figura 1: Evolução dos parâmetros produ-
ra ou a utilização de determinado equipamento, em tivos da logística florestal da Klabin.
função dos históricos de quebra ou atraso. A fim de gerenciar o fluxo dessa operação, minimi-
Uma modelagem matemática pode ser utilizada para zar os custos, maximizar o resultado global e a utili-
determinar as soluções otimizadas de uso dos recursos, zação de ativos, foi realizado o investimento em uma
dependendo das atividades que estão definidas, dos re- Central de Monitoramento Logístico (veículos e gruas
cursos alocados, dos prazos de movimentação e entre- de carregamento). O projeto envolveu a criação de toda
ga, dos volumes e produtividades a serem atingidos. a infraestrutura de comunicação, um software de geren-
O case da Klabin, neste artigo, demonstra bem essa ciamento de eventos e a programação matemática para
situação, na qual uma modelagem matemática foi de- a distribuição da frota.
senvolvida para minimizar os tempos de fila dos veí-
Transmissão de
culos, garantir o carregamento e o abastecimento da dados e voz
produção, maximizar o uso das gruas e priorizar os
produtos.
Software de
gerenciamento
de eventos
CASE KLABIN: CENTRAL DE MONITORAMENTO
DO FLUXO LOGÍSTICO
A Klabin é a maior produtora e exportadora de pa- Programação
matemática
péis do Brasil e líder na produção de papéis e cartões de distribuição da
para embalagens, embalagens de papelão ondulado e frota
sacos industriais. É, também, a única empresa do País Figura 2: Projetos da Central de
a fornecer simultaneamente ao mercado celulose de fi- Monitoramento.

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 Todo o desenvolvimento foi feito em parceria com
fornecedores especializados em cada uma dessas áreas,
sendo o produto final proprietário da Klabin.
TRANSMISSÃO DE DADOS
A fim de prover a infraestrutura necessária para a
transmissão de voz e dados, utilizou-se a tecnologia de
rádio digital.
Foram construídos:
• Seis sites com repetidoras;
• Três sites para fechar a malha de transmissão de da-
dos e voz;
• Três canais, sendo dois para voz e um para dados.
Figura 3: Área de cobertura do projeto.
A cobertura abrange um raio de 120 km, a partir do
centro de Telêmaco Borba, e a transmissão de dados
ocorre em intervalos de 2 minutos. Nas máquinas, fo-
ram instalados os equipamentos de rastreamento e co-
municação de dados com a central, a fim de:
• Monitoramento de todas as máquinas de carga e des-
carga de madeira, e tratores de apoio;
• Monitoramento de todos os caminhões de madeira,
biomassa e transporte de máquinas.
CENTRAL DE MONITORAMENTO
Os controladores acompanham os veículos pelo
software de monitoramento de evento e verificam, em
tempo real, os indicadores de abastecimento das fábri-
cas e de performance dos equipamentos monitorados.
A Central de Monitoramento funciona 24 horas e é
responsável por:
• Gestão de eventos em tempo real;
• Controle de velocidade dos caminhões;
• Controle de eventos não planejados (paradas inde-
vidas);

HODIE
MONITORAMENTO LOGÍSTICO DE ENTREGAS
Mexico

Opere con la
Suíte Hodie en
América Latina
MONITOREO DEL MONTAJE CONTROL DE DOCK PORTAL DEL
TRACKING
CICLO DE PEDIDOS DE CARGAS PATIO SCHEDULING CLIENTE

IDIOMAS

CONTROL DE PROGRAMACIÓN TRATO DE MONITOREO INDICADORES LOGÍSTICA PORTUGUÊS

REDESPACHOS DE ENTREGAS INCIDENTES DE ENTREGAS KPI INVERSA
ESPAÑOL

HODIE +55 (11) 4521-1986

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MONITORAMENTO LOGÍSTICO DE ENTREGAS
www.runtec.com.br
Torre de Controle e resultados obtidos com a sua implantação
• Gestão da disponibilidade dos veículos;
• Controle de abastecimento das fábricas.
Figura 4: Central de Monitoramento da Logística Florestal.
PROGRAMAÇÃO MATEMÁTICA
A distribuição dos veículos nas frentes de campo é
definida pelos controladores da Central de Monitora-
mento, com o auxílio de um software de programação
matemática. O software de distribuição tem dois hori-
zontes, um de 24 horas e um online (despacho dinâmi-
co). Como ambos têm uma lógica semelhante, somente
o despacho dinâmico será detalhado na Figura 5.
Pelo software de monitoramento, sabe-se de todas
as informações sobre todos os veículos e gruas do ci-
clo: volume de carregamento, disponibilidade de cami-
nhões e gruas, tabela de troca de turno dos motoristas,
tempos de ciclo dos caminhões e distribuição das fren-
tes. Além disso, outro input é a programação de abaste-
cimento das fábricas, vindo de um horizonte maior de
planejamento.
A variável de decisão é definir a frente de carrega-
mento para cada veículo, que inicia o ciclo, obedecendo
às restrições, como a jornada de trabalho do motorista,
a prioridade de carregamento de produtos e a dispo-
nibilidade das frentes de carregamento. O objetivo é
minimizar a fila dos veículos em campo, maximizar a
utilização de gruas e atender às demandas das fábricas
de acordo com a prioridade de produtos a serem trans-
Programação matemática
Figura 5: Ciclo dos veículos.
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portados. A ferramenta tem como resposta as frentes de
carregamento preferenciais, ordenadas de acordo com
a menor penalização encontrada pela heurística, para o
momento da solicitação de viagem. O controlador tem
a liberdade de escolher entre as melhores opções apre-
sentadas.
RESULTADOS OBTIDOS
A Central de Monitoramento está rodando desde
2016 e, de lá para cá, foram obtidos os seguintes resul-
tados:
• R$ 2,4 mi de economia no combustível, com o au-
mento de cruzamentos positivos;
• R$ 4,5 mi de economia, com o aumento da eficiência
da frota;
• R$ 4,8 mi de economia, com a melhoria do tempo de
campo (11 minutos, na média geral);
• R$ 2,5 mi de economia no nível de serviço, com as
paradas indevidas.
Os próximos passos desse trabalho incluem a me-
lhoria da cobertura de dados, o aumento da quantidade
de informações enviadas e o aumento de equipamentos
rastreados para os equipamentos de colheita e apoio.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Torre de Controle deve consolidar as informa-
ções e os processos de todos os parceiros de negócio,
fornecedores e prestadores de serviço, em um sistema
de controle em tempo real, monitorando, gerenciando
e orquestrando toda a cadeia de suprimentos. O obje-
tivo é a otimização dos recursos ao mesmo tempo que
mantém o foco no atendimento esperado dos fluxos de
materiais, tratando rapidamente as não conformidades
e estabelecendo parâmetros de controle para os elos e
elementos da cadeia.