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INTRODUÇÃO
DADOS – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, Vol. 48, no 3, 2005, pp. 451 a 490.
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Quadro 1
Estrutura de Oportunidades de Cumprimento da Legislação Trabalhista
Alto Baixo
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Mas quanto custa não cumprir a lei no Brasil? Entre nós, a rede de pro-
teção legal ao trabalhador compõe-se de mecanismos diversos e com-
plementares, que podem ser acionados em diferentes momentos da re-
lação empregatícia. Assim, uma primeira instância de controle é esta-
belecida na relação empregador/empregado, considerado isolada-
mente. Neste caso, o empregado é o próprio “agente fiscalizador”, que
vai apontar a inadimplência do empregador (atraso, adiamento, ou so-
negação de contraprestações que lhe são devidas). Exemplos dessa si-
tuação são o pagamento em dobro das férias não-concedidas no prazo
assinalado; pagamento em dobro do trabalho em dia de repouso; au-
mento de 50% sobre o valor da hora normal, quando do trabalho em in-
tervalo destinado ao repouso; 50% de acréscimo no valor das verbas in-
controversas5, quando estas não são pagas na primeira audiência do
processo trabalhista; um salário de multa no caso de pagamento das
verbas rescisórias fora do prazo assinalado. Estas prestações geral-
mente são exigidas por ocasião da reclamação trabalhista, estando o
trabalhador, quase sempre, demitido.
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Quadro 2
Multas Trabalhistas para Infrações Selecionadas
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BREVÍSSIMO HISTÓRICO
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executivos. A eficácia dessa via está por ser avaliada; por enquanto tra-
balhamos com o fato de que a inspeção sempre se baseou nas multas
como instrumento de pressão. Ora, o recrudescimento do processo in-
flacionário depois de 1979 levou a uma rápida corrosão dos valores das
multas previstos na CLT, cuja correção dependia, como ainda depen-
de, dos humores do jogo parlamentar.
O Desenho do Sistema
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Figura 1
Organograma do Ministério do Trabalho e Emprego – 2004
Conselho Conselho
Nacional do Nacional de
Trabalho Economia Solidária
Fonte: www.mte.gov.br.
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Tabela 1
Orçamento de Investimento do MTE e Participação no OGU
e no Orçamento dos Ministérios
1995-2003
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sam US$ 750 para a jurisdição nacional, chegando a US$ 550 no DF.
Aqui, há apenas três computadores para os auditores-fiscais, que não
dispõem de veículos para deslocamento até os locais de trabalho. Além
disso, o número de fiscais é muito pequeno e vem caindo bastante nos
últimos anos. Em 1994, na jurisdição federal eles eram 388, caindo para
181 em 200422. Na Argentina, não se exige diploma de nível superior
dos inspetores, que têm, em média, onze anos de estudo. Além disso,
eles não têm uma carreira própria no funcionalismo público, e nem to-
dos estão protegidos por contratos que assegurem estabilidade no em-
prego, como recomenda a OIT (Palomino e Senén, 2005).
RESULTADOS DA INSPEÇÃO
Um quarto ponto a salientar tem a ver com a eficácia da ação fiscal, ex-
pressa no número de autuações, no de trabalhadores registrados em
razão da fiscalização e na Taxa de Regularização em Estabelecimentos
Fiscalizados – TREF que expressa a taxa de adequação das empresas à
legislação trabalhista. Uma vez mais a se crer nos dados disponíveis,
entre 16% e 30% das empresas visitadas foram autuadas a cada ano, re-
sultando em nunca menos do que 250 mil trabalhadores registrados
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Tabela 2
Fiscalização do Trabalho por parte das DRTs
Brasil, 1990-2003
Ano Nº de Empresas Empregados Tamanho Médio Empregados Empresas Au- Autuações/Nº Autos de TREF (%)
Fiscais Fiscalizadas Alcançados das Empresas Registrados tuadas Empresas (%) Infração La-
sob Ação Fiscal vrados
1990 3.285 414.875 22.721.411 55 ND 82.521 19,89 ND ND
1991 2.948 327.398 18.784.232 57 ND 85.963 26,26 ND ND
1992 2.531 321.741 19.746.980 61 ND 87.868 27,31 ND ND
1993 2.356 384.562 23.815.673 62 ND 112.949 29,37 ND ND
1994 2.139 407.732 23.650.843 58 ND 100.632 24,68 ND ND
1995 1.960 420.893 19.070.982 45 ND 94.208 22,38 ND ND
1996 2.774 404.755 15.955.168 39 268.558 65.451 16,17 101.485 64,85
1997 2.589 369.315 17.075.038 46 321.609 75.019 20,31 121.428 66,26
1998 2.398 315.605 18.014.488 57 261.274 66.549 21,09 107.697 69,10
1999 2.470 347.380 17.842.511 51 249.795 61.444 17,69 101.216 74,45
2000 2.420 353.617 19.116.793 54 525.253 58.213 16,46 95.828 80,94
2001 2.406 296.741 17.707.443 60 516.548 56.036 18,88 93.552 82,31
2002 2.371 304.254 19.934.822 66 555.454 53.622 17,62 92.988 84,89
2003 2.194 285.241 22.257.503 78 534.125 58.589 20,54 103.308 83,62
Médias 2.489 353.865 19.692.421 56 404.077 75.647 21,38 102.188 75,80
Total 4.954.109 275.693.887 3.232.616 1.059.064 817.502
Fonte: Ministério do Trabalho (www.mte.gov.br). Relação percentual entre número de itens da legislação trabalhista irregulares regularizados na ação fiscal /número de
itens da legislação trabalhista encontrados em situação irregular.
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Tabela 3
Fiscalização do FGTS – Brasil, 1996-2002
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Quais as chances de que a burla da lei por uma empresa seja descoberta
e, depois, sancionada? A construção civil é um setor estratégico para a
resposta a essa pergunta. Ali, o trabalho é, tradicionalmente, precário,
com altas taxas de ilegalidade e de trabalho autônomo. Além disso, o
setor apresenta uma das maiores taxas de acidentes de trabalho do
país, o que denota condições precárias e perigosas de trabalho25, objeto
rotineiro da inspeção. No que se segue, dois aspectos centrais serão
avaliados: de um lado, o poder fiscal do Estado e, de outro, a atuação
dos sindicatos de trabalhadores e empregadores como agentes ou in-
termediários da fiscalização. Os temas centrais a tratar serão os custos
de contratação e demissão, além do reconhecimento do vínculo empre-
gatício via registro em carteira de trabalho.
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nistério do Trabalho. Então, quando vai começar uma obra nós envia-
mos um ofício de ‘Visita Técnica Orientativa’, com a finalidade de le-
vantar possíveis pendências naquele canteiro e levar o trabalho da di-
retoria para aqueles trabalhadores. Levamos nosso check list, vemos as
pendências e damos 5 dias para arrumar o que tiver que ser arrumado.
Voltamos, foi atendido? Ótimo. Não foi? Então a gente manda um ofí-
cio solicitando que compareçam aqui à entidade para uma Mesa de
Entendimento, composta pelo diretor da pasta e um representante da-
quela equipe que visitou o canteiro com a notificação na mão. E tenta-
mos adequar a empresa à legislação e à convenção coletiva de trabalho,
evitando ao máximo levar isso à Justiça do Trabalho. Esgotamos todas
as possibilidades de negociação, até para manter um relacionamento
de parceria” (entrevista realizada em julho de 2004).
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É claro que tudo isso são discursos de dirigentes, não podem ser toma-
dos pelo valor de face. O sindicato não dispõe de um registro confiável
das visitas, nem de seus resultados em termos de atenção a normas de
segurança no trabalho e ao direito do trabalho, dados que permitiriam
uma real mensuração da melhoria na eficácia ou efetividade da fiscali-
zação ao longo do tempo. Em 2003, segundo um dirigente, entre março
e junho foram computados mais de trezentos novos registros em car-
teira decorrente das fiscalizações, mas não há como saber se esse nú-
mero é grande ou pequeno historicamente. Ele certamente parece pe-
queno tendo em vista os mais de 100 mil trabalhadores informais esti-
mados para 200228, ou mesmo tendo em vista os 32 mil trabalhadores
assalariados sem carteira assinada. Ao ritmo da fiscalização de 2003,
seriam necessários mais de 25 anos para registrar todos os assalariados
sem carteira existentes, sem contar que novos vínculos sem registro
nascem todos os dias no mercado de trabalho da construção civil. Nada
assegura que um vínculo registrado hoje continuará assim amanhã.
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obras ou das obras em lugares muito visíveis, caso das reformas nos
edifícios do centro da cidade, por exemplo. Em uma escala de 0 a 100, a
chance de um grande canteiro de obras ser fiscalizado, tendo sido de-
nunciado, é de 100. Essa chance decresce à medida que diminui o tama-
nho da obra e sua visibilidade social. Na outra ponta, a chance de uma
pequena obra tocada por um pequeno construtor (uma reforma, a
construção de casas de campo ou mesmo na cidade) ser fiscalizada
pelo sindicato ou pela DRT, mesmo que tenha sido denunciada, é de 0,
ou muito próxima disso. A fiscalização potencial, pois, é função direta
do tamanho da obra e das empresas nela envolvidas, e do fato de haver
ou não uma denúncia. A questão central, então, torna-se saber qual a
chance real de que um direito burlado suscite uma denúncia.
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Alguns pontos devem ser ressaltados nessa fala. Primeiro, que os tra-
balhadores são “instruídos a fazer acordos”, isto é, resolver a questão
na CCP e não na Justiça do Trabalho. É claro que, se algum trabalhador
ainda quiser fazê-lo, estará em seu direito, mas as palavras emprega-
das pelo sindicalista não deixam dúvidas de que essa é uma solução
não desejada pelo sindicato. O trabalhador estaria por sua conta e risco
se decidisse recorrer à Justiça. Em segundo lugar, é evidente que em-
presas também têm preferido solucionar os conflitos relativos às inde-
nizações rescisórias na CCP-CC e não na Justiça do Trabalho. Essa pre-
ferência deve estar relacionada, certamente, com a orientação do sindi-
cato de que não pode haver acordo em que a indenização paga seja me-
nor do que 60% do valor devido. O mais curioso é que o sindicalista
apresenta esse valor como sendo de interesse do trabalhador, que, de ou-
tro modo, receberia menos na Justiça do Trabalho, ou talvez em condi-
ções que não lhe seriam vantajosas, como o mencionado parcelamento
“em doze vezes”. A Justiça do Trabalho é apresentada como um lugar
onde o trabalhador perde os direitos, ou os recebe em condições desvan-
tajosas.
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CONCLUSÃO
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de quanto a outros temas por parte dos empresários que são regular-
mente inspecionados, mas não parece capaz de atrair novos agentes
para o sistema, agentes que atuam na estrita ilegalidade e que são, por
isso mesmo, invisíveis nos registros do próprio MTE, quase todos
construídos a partir de informações fornecidas pelas próprias empre-
sas no âmbito da RAIS.
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gundo dados da PNAD. Esta é a parte da população que não será atin-
gida pela fiscalização senão por puro azar.
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NOTAS
1. Uma boa revisão crítica da literatura sobre os efeitos da legislação trabalhista nos
mercados de trabalho dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvi-
mento Econômico – OCDE pode ser encontrada em Bertola, Boeri e Cazes (1999), em
que se argumenta que a evidência disponível não é suficiente para sustentar a idéia
de que mercados de trabalho mais flexíveis são mais eficientes ou mais equitativos.
Squire e Suthiwart-Narueput (1997) analisam dados de diversos países do Terceiro
Mundo para concluir na mesma direção. Um bom estudo sobre os efeitos (nulos) da
Constituição de 1988 sobre a dinâmica do mercado de trabalho no Brasil é Barros et
alii (1999). Argumentos no sentido contrário podem ser encontrados em Marques e
Pagés (1998), Scarpetta (1998) e Heckman e Pagés (2000).
2. Dentre os resultados não almejados está a crescente precariedade do trabalho e suas
conseqüências na integração social, as diferenças nos salários segundo a idade, o gê-
nero ou o grupo étnico, a subsistência de grupos altamente vulneráveis ao desempre-
go, como os jovens, ou o aumento da pobreza entre os assalariados, todos amplamen-
te documentados em diversas pesquisas, como Cardoso (2000); Cardoso Jr. (2000);
Tockman e Martínez (1999); Egger (1999a; 1999b); Berry e Mendez (1999); Guimarães
(2002), Cardoso (2003), dentre outras.
3. Exceção a essa regra é Squire e Suthiwart-Narueput (1997). É longa, no Brasil, a dis-
cussão em torno da efetividade da lei no cotidiano das relações de trabalho, embora
não da perspectiva mencionada, isto é, a eficiência dos mercados de trabalho. Um
ótimo apanhado da discussão sobre a efetividade ou não da Consolidação das Leis
do Trabalho ao longo da história é French (2001:16-23; 35-45).
4. Até o momento da redação deste artigo, a Convenção 81 fora ratificada por 133 paí-
ses, a Armênia tendo sido o último país a fazê-lo, em dezembro de 2004.
5. São exemplos de verbas incontroversas: o salário, o 13º, as férias, o FGTS, quando ad-
mitido o vínculo de emprego; são exemplos de verbas controversas: os adicionais de
hora extra, de periculosidade, de insalubridade, de isonomias salariais e outros ca-
sos em que a demanda trabalhista requer que o trabalhador proveja suas alegações.
6. No Código Penal estão tipificados os “crimes contra a organização do trabalho” –
arts. 197 a 203 – de pouco interesse para este estudo, na medida que a “Parte Especial
do Código Penal é espelho fiel do Código Rocco italiano, código sabidamente de ins-
piração fascista”, no entender de Nogueira (2000).
7. É certo que o contrário é bastante comum, na verdade típico em algumas cadeias de
produção, como a química (Mello e Silva e Rizek, 1997), a têxtil (Costa, 2002); a de
construção civil e a de produtos de linha branca, como fogões e geladeiras (Gitahy,
1997). Na indústria automobilística, em razão de acidentes graves decorrentes de fa-
lhas de controle de qualidade nas empresas terceirizadas, a transferência de padrões
tecnológicos e de qualidade vem melhorando as relações de trabalho nas franjas da
cadeia produtiva (Carvalho, 2001; Marx, Salerno e Zilbovicius, 2003), sem contudo
ser suficiente para obrigar as terceiras à adequação à lei.
8. Ver, dentre outros, Werneck Vianna (1999); Tavares de Almeida (1978); Gomes (1988);
Rodrigues (1977); Moraes Filho (1979); e French (2001).
9. São extensas, ao longo da história, as denúncias de ineficiência do sistema de fiscali-
zação. Número pequeno de fiscais do trabalho, corrupção dos fiscais existentes,
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DRTs desaparelhadas, inflação corroendo o valor das multas, esses são apenas al-
guns aspectos apontados na análise de French (2001) e que, segundo alguns, persis-
tem até hoje (p. ex., Cappellin, 2005).
10. Até então a atividade era regulada unicamente pela CLT e por instruções normativas
e decretos do Ministério do Trabalho e Previdência Social – MTPS.
11. Os dados da tabela referem-se ao orçamento efetivamente executado em cada ano,
deflacionado pela inflação acumulada média do ano, deflator construído com base
no Índice Nacional de Preços ao Consumidor. Para 2003, a execução estava fechada
até setembro no momento quando os dados foram coligidos a partir do endereço ele-
trônico da Câmara dos Deputados.
12. O aumento da participação do MTE no OGU foi algo artificial em 2003, em razão da
Lei Complementar nº 110, de 2001, que obrigou o Estado a ressarcir os titulares de
contas do FGTS das perdas de planos econômicos passados. Esses recursos (R$1.7 bi-
lhão) saíram do FAT.
13. O orçamento da União, de onde foram extraídos esses dados, pode ser encontrado no
seguinte endereço eletrônico: http://www.camara.gov.br/internet/orca-
ment/principal.
14. Decreto nº 4.552/02 – Art. 3º: “Os auditores-fiscais do trabalho são subordinados tec-
nicamente à autoridade nacional competente em matéria de inspeção do trabalho.”
15. CLT – Decreto-lei nº 5452/43: Art. 161: “O Delegado Regional do Trabalho, à vista de
laudo técnico do serviço competente que demonstre grave e iminente risco para o
trabalhador, poderá interditar estabelecimento, setor de serviço, máquina ou equi-
pamento, ou embargar obra, indicando na decisão, tomada com a brevidade que a
ocorrência exigir, as providências que deverão ser adotadas para prevenção de infor-
túnios do trabalho.”
16. A competência do auditor-fiscal, quando o empregador faz parte da administração
pública – a União, os Estados, os Municípios, autarquias, e fundações públicas – se
dá quando há empregados, ou seja, quando há contrato de trabalho regido pela mes-
ma legislação que rege o trabalho subordinado nos contratos privados. As empresas
de economia mista e as empresas públicas têm regime de contratação trabalhista pri-
vado e, portanto, estão sujeitas à fiscalização.
17. RIT – Decreto nº 4.552/02 – Art. 4º: “Para fins de inspeção o território de cada unida-
de federativa será dividido em circunscrições, e fixadas as correspondentes sedes.”
As Delegacias Regionais do Trabalho, uma em cada Estado da Federação, coincidem
com as circunscrições de que fala este artigo.
18. Essa atividade de aplicar multas é ato vinculado, isto é, o delegado tem poder/dever
de aplicar as multas e não tem autonomia para impedir o curso do processo adminis-
trativo automaticamente instalado pelo protocolo do auto de infração. No entanto, o
Ministro do Trabalho tem poder de “avocar” o processo, ou seja, retirá-lo das instân-
cias administrativas inferiores, para exame e decisão.
19. Dados em MTE (2004:5), em dólares de julho de 2004.
20. Conforme pode-se ler em documento do próprio MTE (2004:7), “La mayor fuente de
informaciones que, obedecidas las prioridades definidas en el planeamiento, orien-
tará la acción fiscal son las denuncias oriundas de entidades sindicales de trabajado-
res, Ministerio Público del Trabajo, otras entidades gubernamentales y no guberna-
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ABSTRACT
Labor Inspection in Brazil
One aspect the literature overlooks on the effects of labor regulation of labor
market efficiency is the degree of the legislation’s effectiveness, i.e., its actual
enforcement in daily work relations. Even the more sophisticated econometric
studies (which take into account the effects of interaction between labor
market regulatory institutions in explaining its dynamics) leave this central
issue aside, namely enforcement versus non-enforcement of the law. Keeping
this issue in mind, we seek to answer the following question in this article:
given that the effectiveness of labor legislation depends on the interaction
between the overall sanctions and the probability of the employer getting
caught breaking the law, and given that the law’s effectiveness is a decisive
aspect for the real measurement of a country’s labor costs, to what extent is the
Brazilian labor inspection system designed to meet its objective, namely to
enforce the law?
RÉSUMÉ
L'Inspection du Travail au Brésil
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