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Por que proibição de exportação de

arroz na Índia pode ser estopim para


crise global

CRÉDITO,GETTY IMAGES
Legenda da foto,
No Brasil, arroz acumula inflação de quase 11% em 12 meses (até junho); especialistas
alertam que preços globais podem subir ainda mais
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• Author,Soutik Biswas*
• Role,Correspondente da BBC News na Índia
• Há 6 horas

O que acontece quando a Índia proíbe a exportação de um alimento básico e


essencial para a dieta de bilhões de pessoas em todo o mundo?
Em 20 de julho, a Índia proibiu as exportações de arroz branco não-basmati em
uma tentativa de acalmar os preços internos em alta.
Após a decisão, surgiram relatos e vídeos de compradores em pânico e
prateleiras de arroz vazias em mercearias indianas nos Estados Unidos e no
Canadá, elevando preços com esse processo.
No Brasil, o arroz acumula alta de preços ao consumidor de quase 11% em 12
meses até junho, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística), quase o triplo do avanço da inflação geral, que foi de pouco mais
de 3% no mesmo período.
No atacado, o valor da saca de 50 kg no Rio Grande do Sul (maior produtor de
arroz do país) chegou a R$ 87,88 ao fim de julho, segundo o Indicador
Cepea/Irga-RS, alta de 7% em relação ao mês anterior, impulsionada por
restrições de oferta e aquecimento das exportações.
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Fim do Matérias recomendadas
Índia responde por 40% do comércio global de
arroz
Existem milhares de variedades de arroz que são cultivadas e consumidas no
mundo, mas quatro grupos principais são comercializados globalmente.
O arroz Indica, de grãos finos e longos, compreende a maior parte do comércio
global, enquanto o restante é composto de arroz perfumado ou aromático como
o basmati; o Japônica, de grão curto, usado para sushi e risotos; e o arroz
glutinoso ou pegajoso, usado para doces.
A Índia é o maior exportador mundial de arroz, respondendo por cerca de 40%
do comércio global do alimento. Tailândia, Vietnã, Paquistão e Estados Unidos
são os outros principais exportadores.
Entre os maiores compradores de arroz estão China, Filipinas e Nigéria.
Existem "compradores flutuantes", como Indonésia e Bangladesh, que
intensificam as importações quando há escassez de oferta doméstica.
O consumo de arroz é alto e crescente na África. Em países como Cuba e
Panamá, ele é a principal fonte de calorias.
No ano passado, a Índia exportou 22 milhões de toneladas de arroz para 140
países. Desse total, 6 milhões de toneladas eram de arroz branco Indica,
relativamente mais barato. O comércio global estimado de arroz foi de 56
milhões de toneladas em 2022.

CRÉDITO,AFP
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Agricultores plantam mudas de arroz em uma fazenda inundada na Índia
Preços globais podem subir até 15%
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O arroz branco Indica domina cerca de 70% do comércio global, e a Índia
agora cessou sua exportação.
Isso se soma à proibição no ano passado das exportações de arroz quebrado e
a um imposto de 20% sobre as exportações indianas de arroz não-basmati.
Como seria esperado, a proibição de exportação instaurada em julho provocou
preocupações sobre os preços globais descontrolados do arroz.
O economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Pierre-Olivier
Gourinchas, avalia que, com a proibição, os preços globais do cereal podem
subir até 15% este ano.
Além disso, a proibição de exportação da Índia não veio em um momento
particularmente favorável, diz Shirley Mustafa, analista do mercado de arroz da
Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
Por um lado, os preços globais do cereal têm subido constantemente desde o
início de 2022, com um aumento de 14% desde junho passado.
Em segundo lugar, a oferta está sob pressão, uma vez que a chegada da nova
safra aos mercados ainda está a cerca de três meses de distância.
O mau tempo no sul da Ásia – chuvas de monção irregulares na Índia e
inundações no Paquistão – afetou o abastecimento. E os custos do cultivo do
arroz também aumentaram devido à alta dos preços dos fertilizantes.
A desvalorização das moedas levou ao aumento dos custos de importação
para vários países, enquanto a alta inflação elevou os custos dos empréstimos

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