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biblioteca-sustentavel-na-escola

Publicado em NOVA ESCOLA 24 de Maio | 2018

Ciências

Como construir uma


biblioteca sustentável na
escola
Projeto Casateca estimula trabalho em grupo e responsabilidade
ao envolver alunos na construção e preservação do espaço
Paula Calçade

Casateca é projeto de construção sustentável da escola Medianera em


Curitiba.

Foto: Paulinha Kozlowski

Crie um projeto em conjunto com os alunos para estimular sua criatividade. Faça a
turma se envolver na produção e construção. Depois, todo mundo é responsável por
cuidar do espaço. Esse é basicamente o coração do projeto Casateca, da escola Nossa
Senhora Medianeira em Curitiba, no Paraná. Inspirado nas técnicas de construção
sustentável da bióloga Ângela Feijó, idealizadora do Espaço de Reutilização Artesanal
(ERA), o projeto faz alunos do quinto ano colocarem a mão na massa.

LEIA MAIS Como mostrar aos alunos que todos somos responsáveis pela água do
planeta

As reflexões sobre a influência humana na alteração e destruição das paisagens,


responsabilidade social em recuperar parte do que foi perdido e a produção de
resíduos estão entre as propostas pedagógicas por detrás das aulas práticas do núcleo
de Matemática e Ciências.

Liderado pela professora Eliane Santos, o trabalho começou em 2016. Após uma aula
sobre biomas, mudanças climáticas, causas e consequências, as crianças de 9 e 10 anos
foram estimuladas a pensar como reutilizar material descartável. Com ajuda da equipe
de Marcenaria, os alunos construíram oito placas com caixas de leite longa vida e
garrafas PET. No ano seguinte, as novas turmas tiveram o mesmo conteúdo sobre
biomas e discutiram o que poderiam fazer a partir das placas. Veio então a ideia de
construir uma “casa” – que se transformou em uma biblioteca infantil.

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“A direção nos autorizou a fazer uma casa de um andar e nós tivemos que ter um
projeto de verdade, com as medidas, largura da porta, da janela. Levei isso para os
alunos para que pudéssemos estudar juntos quais seriam os formatos das novas
placas, se seriam retangulares, triangulares, para se encaixarem na nossa construção”,
lembra Eliane. Essa conscientização surge em meio a uma necessidade urbanística e
ambiental, já que segundo a bióloga Ângela são produzidas 300 mil toneladas de lixo
por dia no Brasil e apenas 1% passa por algum processo de reciclagem. “Ao dar um
novo uso a materiais, reduz-se a quantidade de resíduos a tratar e a quantidade de
gasto de energia”, define Ângela na página de seu programa.

“Conversamos de novo sobre o uso desse espaço construído por nós. Vai ser só para
brincar? Vai ser um espaço de convivência? ”, lembra a professora. A casa sustentável
então virou uma pequena biblioteca, com livros que foram doados e que os alunos
podem compartilhar e levar para suas casas. “Dentro do espaço tem uma parede sem
revestimento algum para o pessoal ver que é feita de caixa de leite”, afirma Eliane,
ressaltando também que o lugar é de todos na escola e as próprias crianças são
responsáveis pela manutenção da casa.

Passo a passo

Eliane Santos resume o projeto Casateca para que ele possa ser replicado. Escolher
resíduos plásticos para colocar dentro de caixas de leite é o primeiro passo. “Por
exemplo saquinhos de frutas e verduras, de pão, macarrão, açúcar, tudo isso vale”,
pontua. Coletando as caixas, é necessário construir uma armação quadrada de
madeira com 1 metro em cada lado, que são as medidas internas, para acomodar esses
novos “tijolos”. O revestimento é feito com tiras de jornal alternando com camadas de
cola.

“É preciso também cobrir a placa com duas camadas de tinta emborrachada, conhecida
também como batida de pedra, encontrada em lojas de tinta automotiva”, ensina a
professora. “Essa tinta será responsável pela impermeabilização das paredes para que
resista ao calor do sol e a umidade e chuva”. As portas da Casateca também foram
reutilizadas: eram de outro espaço da escola e as janelas foram construídas com
reutilização de madeira. O telhado foi feito com reaproveitamento de telhas,
intercaladas com garrafas pet, que garantem maior entrada de luz no ambiente, além
de ser sido utilizado o telhado verde, que é uma camada de terra e plantas colocada
em cima de uma lona, que permite refrigeração do ambiente, mostra Eliane.
A decoração interna da casa sustentável ficou por conta dos móveis também
construídos pelos alunos e suas famílias, reutilizando objetos como pneus, garrafas pet
que se transformaram em pufes, sofás, porta-lápis e vassoura. Com o projeto pronto, o
impacto é sentido dentro e fora da escola de Curitiba, ressalta a professora. “Os alunos
que concluíram a Casateca formaram um grupo para conversar com os alunos que
haviam iniciado o trabalho um ano antes, para que eles soubessem que a casa
também era deles e nós já estamos recebendo até pedido de outras escolas que
ficaram sabendo do nosso projeto e estão interessadas em replicar com os alunos”,
conclui Eliane.

Passo a passo da Casateca utiliza telhados, janelas e portas de materiais


reutilizáveis.

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