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Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Centro de Ciências da Saúde


Departamento de Enfermagem
Atenção Integral III

O contexto da Hospitalização
da Criança e Adolescente

Profº Drº Jonas Sâmi Albuquerque de Oliveira


Enfermeiro
Objetivos da aula

Discutir o contexto da hospitalização infantil e dos


adolescentes;
O Hospital

 Antes do século XVIII, o hospital era essencialmente uma instituição


de assistência aos pobres;
 Instituição de assistência, como também de separação e exclusão;
 O pobre como pobre tem necessidade de assistência e, como doente,
portador de doença e de possível contágio, é perigoso;
 Por estas razões, o hospital deve estar presente tanto para recolhê−lo,
quanto para proteger os outros do perigo que ele encarna;
O Hospital

 O personagem ideal do hospital, até o século XVIII, não é o doente que


é preciso curar, mas o pobre que está morrendo;
 E alguém que deve ser assistido material e espiritualmente, alguém a
quem se deve dar os últimos cuidados e o último sacramento;
 Esta é a função essencial do hospital;
 Dizia−se correntemente, nesta época, que o hospital era um
morredouro, um lugar para morrer;
 E o pessoal hospitalar não era fundamentalmente destinado a realizar a
cura do doente, mas a conseguir sua própria salvação;
 Era um pessoal caritativo − religioso ou leigo − que estava no hospital
para fazer uma obra de caridade que lhe assegurasse a salvação eterna.
Hospital a partir do Século XVII

 Aparece, assim, o personagem do médico de hospital, que antes não havia;


 O grande médico, até o século XVIII, não aparecia no hospital; era o
médico de consulta privada, que tinha adquirido prestigio graças a certo
número de curas espetaculares;
 O médico que as comunidades religiosas chamavam para fazer visitas aos
hospitais era, geralmente, o pior dos médicos. O grande médico de
hospital, aquele que será mais sábio quanto maior for sua experiência
hospitalar, é uma invenção do final do século XVIII;
 O médico como detentor do poder no hospital.
Hospital a partir do Século XVII

 Essa inversão das relações hierárquicas no hospital, a tomada de poder


pelo médico, se manifesta no ritual da visita, desfile quase religioso em
que o médico, na frente, vai ao leito de cada doente seguido de toda a
hierarquia do hospital: assistentes, alunos, enfermeiras;
 Essa codificação ritual da visita, que marca o advento do poder médico,
é encontrada nos regulamentos de hospitais do século XVIII, em que se
diz onde cada pessoa deve estar colocada, que o médico deve ser
anunciado por uma sineta, que a enfermeira deve estar na porta com um
caderno nas mãos e deve acompanhar o médico quando ele entrar.
Tratamento

O Dr. Gachet diz que sou excêntrico, mas quando


olho-o vejo que luta contra um problema nervoso
que certamente está a sofrer tão seriamente
quanto eu. É a sua profissão de médico que o
mantém, aparentemente, em equilíbrio. (Auvers-
sur-Oise, 20 May 1890)
No “Retrato do Dr. Gachet” Van Gogh o retratou com um
rosto perturbado, numa expressão de profundo desespero.
Além da tristeza do médico, também foi pintado no quadro
uma haste de Digitalis purpúrea (planta a partir da qual a
droga que Van Gogh era tratado)

Van Gogh Dr. Gachet


Hospital pediátrico

 Criança hospitalizada sem direito a acompanhante...


Década de 1990
 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (Julho de
1990)

 O ECA tornou–se Lei Federal em 13 julho de 1990 (Lei nº 8.069),


quando aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pelo então
presidente da República Itamar Franco.
Década de 1990
Década de 1990

 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE (Julho de 1990)

 Criado para proteger nossas crianças e adolescentes, garantindo aos


mesmos todas as oportunidades e facilidades , a fim de lhes facultar o
desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições
de liberdade e de dignidade.

O Eca através do seu Artigo 4 coloca como dever da família, da


comunidade , da sociedade em geral e do poder público, priorizar a
efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à educação, ao
esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Década de 1990
 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
(Artigo 12º)

 Os estabelecimentos de atendimento à saúde deverão proporcionar


condições para a permanência em tempo integral de um dos pais ou
responsável, nos casos de internação de criança ou adolescente.
Década de 1990
 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
(Julho de 1990)

 Promover Programas de
Assistência médica e
odontológica para prevenção
das enfermidades que afetam
a população infantil (Art. 14).
Hospitalização de Crianças e Adolescentes

 Muitos momentos pode ser uma experiência traumática;


 Efeitos prejudiciais permanentes;
 Provoca crise familiar:

Descontinuidade na satisfação das Mudança no papel


necessidades biológicas, psicológicas e desempenhado pelos pais.
sociais dos membros da família.

Aumento do grau de dependência de


familiares por parte da criança doente, Aparecimento do sentimento de
especialmente da mãe. culpa e ansiedade da família.
Hospitalização de Crianças e Adolescentes

A hospitalização de uma criança é considerada um evento estressante não


só para ela como para toda a sua família.
Comportamentos apresentados pela criança ( 6 meses a 5 anos) na
hospitalização
 A privação familiar

Ansiedade pela separação: protesto, choro forte e íntimo, intensidade de


movimentos físicos, chamar a mãe, desespero, apatia, negação e desespero.
Comportamentos apresentados pela criança (6 a 10 anos) na
hospitalização
 A privação familiar

Ansiedade pela separação com menor intensidade


Comportamentos apresentados pelos adolescentes na hospitalização

 A privação familiar e dos grupos

Preocupam-se com as alterações da imagem corpórea;


Restrição da independência.
Comportamentos apresentados pelos adolescentes na hospitalização

 A privação familiar e dos grupos

Separação dos amigos, podendo resultar em maior isolamento, solidão e monotonia.


Comportamentos manifestados pela criança hospitalizada sob tensão

DEPENDÊNCIA (agarrar as pessoas, procurar ajuda)

SOLICITAR ATENÇÃO
CHORAR DIANTE DOS PAIS

AGARRAR SEU BRINQUEDO FAVORITO

EXIGIR MASTURBAÇÃO
AÇÃO DE
RECLAMAR CUPAR O
DEDO MAL HUMOR

INIBIÇÃO PARA BRINCAR DESCONFIANÇA DAS PESSOAS


Comportamentos manifestados pela criança hospitalizada sob tensão

 Influência da equipe do hospital nos comportamentos

Informações recebidas;
Conduta da equipe de saúde;
Idade da criança e do adolescente;
Duração da hospitalização;
Atitude dos pais ou responsáveis.
Comportamentos manifestados pela família da criança hospitalizada

 Sentimentos familiares Ao internar os filhos , os pais percebem


a doença e hospitalização como falha em
relação à ‘maternagem/paternagem’,
podendo mostrar sinais de ansiedade e
sentimentos de culpa.
Medidas recomendadas para favorecer a adaptação da criança
e adolescente no hospital

 LATENTES

 Atender as necessidades de alimentação, higiene, eliminação, sono, estimulação


e afeto, seguindo a rotina familiar sempre que possível;
 Manter um bom relacionamento com os pais;
 Evitar rodízio da equipe de enfermagem no cuidado com as crianças;
 Abraçar, conversar, segurar as crianças de forma afetiva, incentivando a
estimulação sensorial;
 Incentivar a permanência de objetos transicionais com as crianças, como
chupetas, paninhos e objetos preferidos;
 Ensinar os pais a se despedirem das crianças;
Medidas recomendadas para favorecer a adaptação da criança
e adolescente no hospital

 LATENTES

 Encorajar os pais a estarem presentes durante os procedimentos;


 Envolver os pais no cuidado com os filhos;
 Empregar todos os meios para dar segurança e conforto quando a criança for
submetida a um procedimento doloroso;
 Falar o que vai ser feito com voz firme e agradável;
 Oferecer chupeta;
 Dar algo para ela olhar;
 Permitir que a mãe fique perto conversando com a criança durante o
procedimento;
 Acariciá-lo, oferecer chupeta e dar colo logo após o procedimento.
Medidas recomendadas para favorecer a adaptação da criança
e adolescente no hospital

 PRÉ-ESCOLAR

 Evitar procedimentos invasivos desnecessários;


 Promover atividades recreacionais ao ar livre e na unidade de internação;
 Aceitar comportamentos de regressão (chupar dedo, solicitar mamadeira, usar
fraldas);
 Explicar aos pais os motivos desta regressão;
 Dar tempo para as crianças realizarem perguntas e respondê-las em uma
linguagem simples, concreta (utilizando desenhos, brinquedos ou objetos para
demonstrar o que está sendo falado);
 Explicar os procedimentos hospitalares;
 Elogiar a colaboração da criança.
Medidas recomendadas para favorecer a adaptação da criança
e adolescente no hospital

 ESCOLAR

 Envolver a criança no planejamento dos cuidados;


 Incentivar o auto-cuidado;
 Explicar os procedimentos e fazer uma pausa para as crianças elaborar
perguntas;
 Orientar sobre as rotinas da unidade, informando as crianças os limites
estabelecidos;
 Encorajar a criança a manter seus pertences em ordem;
 Incentivar a verbalização;
 Dar oportunidade para desenvolver atividades escolares.
Medidas recomendadas para favorecer a adaptação da criança
e adolescente no hospital

 ADOLESCENTES

 Respeitar a privacidade no atendimento de suas necessidades;


 Permitir o uso de suas próprias roupas e a ingestão de alimentos favoritos
respeitando as restrições nutricionais e estabelecendo limites, quando
necessário;
 Promover a independência;
 Promover o contato com amigos;
 Dar oportunidade para desenvolvimento das atividades escolares;
 Desenvolver programas de promoção à saúde.
Década de 2011
Década de 2000

 2011
Década de 2000

 2015
Referências

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