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LUANA ANDREATTO GIROTTO

ENSAIO:
INCLUSÃO, UMA RETOMADA ACERCA DAS AULAS DE
METODOLOGIAS DO ENSINO II

Londrina
2023
A inclusão de pessoas com deficiência é um tema de extrema importância e
necessidade em nossa sociedade contemporânea. Maria Teresa Eglér Mantoan expressou de
forma significativa que "incluir é estar com", revelando que a inclusão transcende a mera
permissão para que indivíduos com deficiência frequentem os mesmos espaços que os demais.
Ela demanda que sejam acolhidos e considerados como membros ativos e integrantes de nossa
sociedade.

Infelizmente, ainda se enfrenta inúmeras barreiras para a inclusão plena


dessas pessoas, e uma dessas barreiras reside na tendência de infantilizá-las. É comum a crença
de que elas são incapazes de realizar determinadas atividades, o que acaba subestimando suas
habilidades. É crucial, portanto, enxergar além da deficiência, reconhecendo suas
potencialidades e competências. Também deve-se levar em conta que aqueles que observam as
pessoas com deficiência são sujeitos moldados por fatores culturais, históricos e sociais, e cada
perspectiva reflete nossas próprias limitações, expressões e experiências. É fundamental adotar
um olhar positivo, que leve em conta as limitações, mas que também reconheça a capacidade e
o potencial de cada indivíduo. Enxergar a pessoa com deficiência como um sujeito autônomo e
único é essencial para promover a inclusão.

O modelo pré-estabelecido pela sociedade muitas vezes acaba por excluir as


pessoas com deficiência, e é importante compreender que a deficiência é uma questão política
e educacional. A definição de normalidade não deve ser baseada apenas em estilos de vida e
valores morais, mas sim em uma sociedade que se percebe e se aceita como heterogênea,
valorizando suas diferenças. É preciso reconhecer que a necessidade de inclusão surge
justamente devido à existência da exclusão.

Portanto, devemos buscar uma transformação social e cultural, rompendo


com os estereótipos e preconceitos, para construir uma sociedade mais inclusiva e igualitária.
Isso implica em criar políticas e estruturas que garantam o pleno acesso e participação das
pessoas com deficiência em todos os aspectos da vida em comunidade. Ao fazer isso, estaremos
avançando na promoção dos direitos humanos e na construção de uma sociedade mais justa e
solidária para todos.

Para uma educação verdadeiramente inclusiva, é fundamental que os


professores estejam habilitados para trabalhar e entender as especificidades de cada aluno.
Vygotsky afirmou que a deficiência deve ser enfocada como um processo de desenvolvimento,
não vinculado a processos patológicos. Não é a deficiência que define a constituição da pessoa,
mas o que acontece nas relações concretas de sua vida pessoal. A arte é fundamental nesse
processo, utilizá-la como ferramenta de aprendizado na inclusão é imprescindível para
desenvolver e estimular a aprendizagem nos ambientes de ensino. A expressão artística desloca o
olhar, transcende a racionalidade e desafia o estigma da deficiência, pois organiza o pensamento, revela
a emoção, estimula a criatividade e está intrinsecamente ligada à ideia de indivisibilidade. Ela dá forma
e torna visível o intangível (a imagem), e, ao se manifestar como construção, revela-se como uma
linguagem e uma representação simbólica. Na produção artística, estão presentes dimensões sensíveis,
como a impessoalidade, a abstração e os conceitos, de tal maneira que a deficiência não representa um
obstáculo para a capacidade de construção simbólica nem para a sensibilidade.

Esse conhecimento embasado se legitima na dimensão criativa e se apresenta


repleto de possibilidades para a educação inclusiva. A concepção da arte como uma linguagem
mediadora do conhecimento considera que a aprendizagem não se limita apenas às operações
mentais. Ela reconhece a importância de abraçar a expressão artística como uma ferramenta
poderosa de compreensão e comunicação, capaz de promover a inclusão e oferecer
oportunidades de aprendizado significativas para todos. Ao incorporar a arte no ensino
inclusivo, amplia-se as perspectivas e enriquece as experiências dos estudantes, reconhecendo
a diversidade de habilidades e promovendo o desenvolvimento integral de cada indivíduo.

A deficiência intelectual é uma condição que requer especial atenção,


caracterizada por um funcionamento intelectual abaixo da média e limitações no funcionamento
adaptativo em pelo menos duas áreas de habilidades. É fundamental avaliar as necessidades
específicas das pessoas com deficiência intelectual por meio de abordagens multidisciplinares,
que envolvam avaliações neurológicas, psiquiátricas, sociais e clínicas, evitando assim uma
abordagem de diagnóstico simplista e isolada. A classificação da deficiência intelectual é
baseada na intensidade dos apoios necessários, variando desde apoio intermitente até apoio
dependente. Dessa forma, reconhecemos que cada indivíduo possui necessidades e demandas
únicas, e é essencial fornecer o suporte adequado para promover seu desenvolvimento e bem-
estar.

As causas da deficiência intelectual podem ter origem pré-natal, como


desnutrição materna, doenças infecciosas durante a gravidez, alcoolismo, consumo de drogas
ou medicamentos, tabagismo, exposição à poluição ambiental, além de fatores genéticos. No
entanto, também é importante considerar fatores pós-natais, como desnutrição grave,
desidratação, infecções, intoxicações externas ou acidentes que possam afetar o
desenvolvimento cognitivo. É fundamental compreender que a deficiência intelectual não
define a totalidade de uma pessoa. Cada indivíduo possui suas próprias habilidades, interesses
e potenciais, e é através das relações concretas em sua vida pessoal que se pode compreender
sua constituição como sujeito. Portanto, é necessário promover uma abordagem inclusiva e
centrada na pessoa, fornecendo adaptações e oportunidades de aprendizagem que atendam às
suas necessidades individuais.

Pensando na deficiência auditiva, a dificuldade em relação à capacidade


auditiva pode ser classificada como parcial ou total. Para oferecer apoio pedagógico adequado
a pessoas com surdez, é necessário considerar fatores como o grau de afetamento, a idade em
que ocorre e o método de comunicação utilizado. Uma das formas de comunicação utilizadas
por indivíduos com deficiência auditiva é a leitura labial, onde a pessoa interpreta a fala por
meio da observação dos movimentos da boca do interlocutor. No entanto, mesmo um leitor de
lábios experiente perde cerca de metade das palavras articuladas pelo emissor, ademais é
essencial entender que o uso de aparelhos auditivos não restaura a audição normal, mas oferece
acesso a alguns estímulos sonoros. A surdez adquirida pode ter diversas causas, incluindo
obstrução por cera, objetos estranhos, problemas na trompa de Eustáquio, infecções de ouvido,
perfuração do tímpano, envelhecimento, lesões, intoxicação, doenças infecciosas, distúrbios
glandulares e deficiência de vitamina D. Considerando essas informações, a inclusão de pessoas
com deficiência auditiva requer uma abordagem sensível e adequada. É fundamental fornecer
suporte pedagógico personalizado, levando em consideração as necessidades individuais de
cada pessoa, respeitando sua preferência de comunicação e garantindo acesso à informação de
maneira acessível, por meio de recursos visuais, como língua de sinais e estímulos visuais. A
inclusão deve ser baseada na valorização da diversidade e na criação de ambientes inclusivos,
nos quais as pessoas surdas possam participar ativamente, expressar-se livremente e ter
igualdade de oportunidades em todos os aspectos da vida, incluindo educação, trabalho,
comunidade e sociedade em geral.

A inclusão de pessoas com deficiência visual é de suma importância para


garantir sua plena participação na sociedade. A deficiência visual pode variar desde uma baixa
visão até a cegueira total, e cada nível requer abordagens específicas para promover a inclusão.
Pessoas com baixa visão podem se beneficiar do uso de lentes de aumento, lupas, telescópios,
bengalas e treinamentos de orientação para melhorar sua visão e mobilidade. Aquelas próximas
à cegueira ainda conseguem distinguir luz e sombra, mas podem precisar do sistema braile para
leitura e escrita, recursos de voz para acessar programas de computador, além de bengalas e
treinamentos de orientação e mobilidade para se locomover. Para pessoas cegas, que não têm
percepção de luz, o sistema braile, a bengala e os treinamentos de orientação e mobilidade são
essenciais para comunicação, deslocamento e realização de tarefas cotidianas.

O diagnóstico precoce da deficiência visual é possível na maioria dos casos,


exceto em doenças degenerativas como catarata e glaucoma, que se desenvolvem ao longo do
tempo. A definição e classificação da deficiência visual são realizadas por meio de escalas
oftalmológicas que medem a acuidade visual e o campo visual. É importante destacar que a
cegueira total implica na completa perda da visão, inclusive da percepção luminosa, o que
requer métodos de educação não baseados na visão.

A deficiência visual impõe algumas limitações às pessoas afetadas, como a


privação de importantes pistas sociais, como gestos, movimentos e expressões faciais de outras
pessoas. Além disso, elas podem enfrentar desafios na locomoção independente em ambientes
desconhecidos e dificuldades no acesso direto à palavra escrita. Essas limitações podem resultar
em atrasos no desenvolvimento da mobilidade, coordenação das mãos e no surgimento de
maneirismos, como regressão a padrões motores primitivos e movimentos não direcionados.

Portanto, é de extrema importância oferecer suporte adequado e recursos que


promovam a inclusão de pessoas com deficiência visual. Isso envolve o acesso a tecnologias
assistivas, como leitores de tela e dispositivos de ampliação, além de ambientes físicos e digitais
acessíveis, programas de treinamento e sensibilização para garantir uma sociedade inclusiva
para todos.

Sendo assim, inclusão é um processo histórico, que envolve uma questão


globalizada e política. É capacidade de entender e reconhecer o outro e ter o privilégio de
conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. A inclusão é um processo que deve ser
construído por todos, garantindo que todas as pessoas tenham acesso aos mesmos direitos e
oportunidades, independentemente de suas deficiências.

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