O Projeto de Lei de “Criminalização do Funk como crime de saúde
pública à criança e aos adolescentes e à família” alcançou entre os dias 24 de Janeiro e 16 de Maio o apoio de mais de 20 mil pessoas. O número é suficiente para a sugestão ser enviada à Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), onde se discute se a proposta se tornará projeto de lei. A sugestão, de autoria do webdesigner e gerente da página no Facebook Funk É Lixo, Marcelo Alonso, foi enviada pelo Portal E-Cidadania e recebeu até as 18h23 do dia 15 de Agosto, 50.992 votos a favor da criminalização do Funk e 38.032 contra. Sem citar qualquer pesquisa, números, especialistas no tema, ou mesmo provas, Marcelo Alonso escreveu no texto enviado que os “pancadões” são um recrutamento organizado nas redes sociais com o objetivo de atender aos interesses de “criminosos”, “estupradores”, “pedófilos”, com o objetivo de levar a criança e o adolescente a fazerem uso de bebidas alcoólicas, drogas, e serem agenciados para a “orgia”, “exploração sexual”, “estupro”, “sexo grupal entre crianças e adolescentes”, “pornografia”, “pedofilia”, “arruaça”, “sequestro”, e “roubo”. Marcelo Alonso, em entrevista ao Alma Preta, diz que o governo brasileiro não fiscalizou, coibiu ou censurou essa “falsa cultura”, maneira como ele se refere ao Funk. Em entrevista ao Le Monde Diplomatique, o autor do projeto, ao explicar o que entende por cultura que deva ser combatida, fez a seguinte comparação: “um índio que pega uma criança que nasce com síndrome de Down e a pisoteia até a morte e depois a enterra em um buraco na floresta também é cultura, mas nem por isso a sociedade aceita e irá tolerar. Assim é com o Funk”. O descontentamento com a sugestão de projeto de lei é compartilhado por Luiz Fernando Pacheco, advogado e ex-integrante do Conselho Nacional Antidrogas do governo Lula. “Vale frisar que qualquer tentativa de criminalizar manifestações culturais é expressamente vedada por nossa Constituição Federal que prestigia a igualdade, a dignidade da pessoa humana e a diversidade cultural”. Ele também lembra que a “livre expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”, é garantida, e que o artigo 215 da Constituição Federal determina que “O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais”.
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