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Farmacologia - Krik (19.2)
Farmacologia - Krik (19.2)
INTRODUÇÃO À FARMACOLOGIA...................................................................................... 3
FARMACODINÂMICA .............................................................................................................. 5
FARMACOCINÉTICA.............................................................................................................. 24
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS ................................................................................... 38
FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO ............................................ 42
FARMACOLOGIA DO PROCESSO INFLAMATÓRIO E FEBRIL .................................. 63
FARMACOLOGIA DA DOR ................................................................................................... 80
FARMACOLOGIA DO TRATO GASTROINTESTINAL .................................................... 98
DROGAS DE ABUSO ........................................................................................................... 106
DOENÇAS NEURODEGENERATIVAS ............................................................................. 112
SISTEMA ENDOCANABINÓIDE ........................................................................................ 119
ANTIDEPRESSIVOS ............................................................................................................. 122
ANSIOLÍTICOS ...................................................................................................................... 129
FARMACOGERIATRIA ........................................................................................................ 134
INTRODUÇÃO À FARMACOLOGIA
➢ Definição (pharmakon = fármaco, medicamento ou droga)
A farmacologia corresponde ao estudo das substâncias que interagem com
sistemas vivos através de processos químicos, particularmente pela ligação com
moléculas reguladoras que ativam ou inibem processos corporais normais.
As substâncias químicas podem produzir efeitos no organismo que variam
entre benéficos e maléficos. Quando o efeito produzido é benéfico, chamamos a
substância química em questão de fármaco e a farmacologia médica é a ciência
que estuda esses fármacos e seu uso para prevenir, diagnosticar ou tratar
doenças, através de efeitos no próprio organismo humano ou por efeitos tóxicos
reguladores em parasitas que infectam o paciente.
Quando o efeito produzido é apenas maléfico, chamamos a substância
química em questão de agente tóxico e a ciência que estuda essa substância e
sua toxicidade é a toxicologia. Alguns fármacos podem apresentar efeitos
benéficos e maléficos simultaneamente, nestes casos, os efeitos maléficos são
chamados de efeitos adversos e uso é realizado de acordo com o ponderamento
entre a ação benéfica x maléfica da substância.
As principais áreas da farmacologia são:
• Farmacologia geral: conceitos básicos e gerais aplicáveis à maioria das
classes de drogas.
o Farmacocinética: “o que o organismo faz com a droga”.
o Farmacodinâmica: “o que a droga faz com o organismo”.
• Farmacologia aplicada (especial): drogas reunidas em grupos de ação
farmacológica e/ou clínica similar.
• Farmacotécnica: preparação de formas terapêuticas.
• Farmacoterapia: terapia medicamentosa (prevenção e tratamento).
• Farmacologia clínica: efeitos das drogas no ser humano:
• Toxicologia: campo da farmacologia que estuda os efeitos indesejáveis das
drogas nos sistemas vivos.
➢ Conceitos iniciais
• Droga: é toda e qualquer substância química que interage com receptores
presentes em organismos vivos gerando uma ação, benéfica ou maléfica. No
entanto, não necessariamente essa substância tem um efeito terapêutico.
• Fármaco: é toda e qualquer substância química que tem um efeito
terapêutico, ou seja, é uma droga utilizada exclusivamente com caráter
benéfico ou terapêutico ao organismo.
• Medicamento: é a forma mais elaborada de um fármaco, isto é, a formulação
química que contém o princípio ativo (fármaco) e demais substâncias
associadas (polímeros, açúcares, excipientes, etc.). Os medicamentos são
encontrados em diversas “apresentações”, como comprimidos, cápsulas,
xarope, supositório, entre outras.
• Princípio ativo: é aquela substância que tem atividade.
• Remédio: o conceito de remédio é extremamente amplo, pois pode ser um
medicamento, que contém um fármaco, ou algo que não contém substâncias
químicas. Dessa forma, remédio significa qualquer ação ou substância que
promova um efeito benéfico, como fisioterapia, massagem, conversas,
terapias, alguns alimentos, etc.
FARMACODINÂMICA
➢ Conceitos de farmacodinâmica
A farmacodinâmica é o ramo da farmacologia que estuda o efeito das
drogas, ou seja, estuda como os fármacos agem sobre seus sítios-alvo para
alcançar seus efeitos, desejados e indesejados, sendo que o efeito ocorrerá se
houver interações químicas com constituintes celulares.
Uma vez que a distribuição dos fármacos não é uniforme entre os tecidos
(farmacocinética), para que haja uma certa interação é necessário um
constituinte celular, chamado alvo farmacológico ou receptor, que pode ser
proteína, DNA (antitumorais, carcinogênicos, mutagênicos, antimicrobianos),
pequenas moléculas (bifosfonados nos sais de cálcio).
Dessa forma, os fármacos alteram a velocidade ou a magnitude de uma
resposta celular intrínseca, portanto, um fármaco não cria uma nova função,
apenas modifica funções já existentes no organismo.
No entanto, um fármaco pode se ligar a componentes, chamados aceptores,
que não causam comumente qualquer alteração na resposta bioquímica ou
celular, por exemplo, albumina sérica.
Sob o ponto de vista numérico, as proteínas constituem o grupo mais
importante de receptores farmacológicos, como:
1. Receptores fisiológicos: o receptor β-adrenérgico possui interação com o
propranolol, o qual inibe a ação da adrenalina.
2. Enzimas: a di-hidrofolato redutase é o receptor farmacológico para o
metotrexato, o qual inibe a síntese de pirimidinas.
3. Moléculas carreadoras (ou transportadoras): o transportador de sódio nos
túbulos renais é bloqueado pelos diuréticos tiazídicos.
4. Canais iônicos: o canal de sódio sensível à voltagem é importante para ação
de anestésico locais.
Como dito anteriormente, as drogas não criam efeitos, apenas modificam as
funções. Assim, pode-se dizer que uma substância é agonista, quando ao se
ligar em um receptor (R), tende a torna-lo ativado; ou antagonista, quando sua
ligação não conduz a ativação.
É importante levar em conta que, para a maioria dos fármacos, a ligação e a
ativação são processos reversíveis e dinâmicos, pois dependem das constantes
de dissociação. Ou seja, a constante de dissociação (K–1) mede a força de
interação (afinidade) entre a droga e o receptor.
Por outro lado, a atividade intrínseca ou eficácia (α e β) é a capacidade de
ativar ou não o receptor, portanto um agonista possui atividade intrínseca,
enquanto um antagonista não possui atividade intrínseca.
➢ Dessensibilização e tolerância
A dessensibilização ou taquifilaxia é quando a diminuição do efeito do
fármaco ocorre rapidamente. Enquanto que na tolerância, a diminuição do efeito
do fármaco ocorre mais gradual (dias ou semanas).
Os mecanismos são diversos, como: alterações nos receptores, translocação
de receptores, depleção de mediadores, aumento da metabolização do fármaco,
adaptação fisiológica e extrusão ativa do fármaco das células.
➢ Relação estrutura-atividade
É importante realizar uma avalição de como o fármaco ou o ligante endógeno
interage com o seu receptor. Com a identificação do ligante endógeno, é possível
criar modificações que podem levar a alterações cinéticas e dinâmicas mais
favoráveis.
➢ Aspectos quantitativos da relação droga-efeito
A relação droga-efeito obedece a lei de ação das massas, isto é, a resposta
será gerada por um receptor ocupado por um fármaco. Portanto, a interação
entre o fármaco e seus receptores caracteriza-se por: (1) ligação do fármaco ao
receptor e (2) geração da resposta em um sistema biológico, conforme ilustrado
na equação a seguir, onde o fármaco ou o ligante é representado pela letra L e
o receptor inativo pela letra R:
Assim, quanto maior for o KD, menor será a afinidade da droga pelo receptor.
Para calcular as constantes de associação e dissociação é necessário fazer
um experimento em que se avalie o efeito da concentração de uma determinada
droga versus a ligação ao receptor, como no gráfico A. Nesse caso, a diferença
entre a ligação total e a ligação não específica representa a ligação específica.
A ligação específica corresponde a uma hipérbole retangular, como no gráfico B.
Portanto, quanto maior a concentração de um fármaco, maior é a sua ligação ao
receptor até um Bmáx, que é a capacidade de ligação da droga ao receptor. Além
disso, a Bmáx reflete a densidade de receptores no tecido, levando-se em conta
ligação de um agonista total. É possível transformar a escala de concentração
(gráfico B) em uma escala logarítmica, representada por uma curva sigmoide
(gráfico C). Dessa forma, pode-se calcular a metade da capacidade de ligação
(KD) que revela a afinidade da droga para esse receptor. A utilidade desses
dados é avaliar receptores de reserva, super sensibilidade ou ausência de
receptores, dessensibilização e tolerância.
➢ Quantificação do agonismo
A moeda corrente básica da farmacologia do receptor é a curva de dose-
resposta (ou concentração-resposta), que representa o efeito observado de
um fármaco em função da sua concentração no compartimento receptor. Em
sistemas “in vitro” utiliza-se o termo concentração (M ou mol/L), já quando é
aplicado em sistema “in vivo” o termo correto é dose (mg/kg).
Dessa maneira, ao invés de avaliar a ligação da droga ao receptor, é avaliado
o efeito da droga. O gráfico abaixo ilustra uma curva de dose-resposta típica,
que atinge um valor máximo quando o fármaco ocupa todos os sítios receptores.
A concentração do fármaco que produz 50% da resposta máxima quantifica sua
atividade e é descrita como EC50 (concentração eficaz para produzir 50% de
resposta) ou DE50 (dose efetiva para produzir 50% de resposta).
Importante: é válido ressaltar que essas curvas não podem ser usadas para
medir a afinidade da droga, pois a resposta não é necessariamente
proporcional à ocupação dos receptores.
➢ Quantificação do antagonismo
Os padrões característicos de antagonismo estão associados a determinados
mecanismos de bloqueio dos receptores:
• Antagonismo competitivo (reversível): ocorre quando um fármaco com
afinidade por seu receptor, mas sem eficácia intrínseca, compete com o
agonista pelo sítio de ligação primário do receptor. A magnitude do desvio da
curva à direita depende da concentração do antagonista e da sua afinidade
pelo receptor. Note que, nesse caso, o efeito máximo sempre é atingido, pois
se a concentração de agonista for superior ao do antagonista competitivo, o
agonista é capaz de restabelecer sua ocupação (antagonismo reversível).
➢ Agonismo tendencioso
As diferentes conformações que os receptores são capazes de adotar podem
ser preferencialmente estabilizadas por diferentes ligantes, produzindo
diferentes efeitos funcionais pela ativação de diferentes vias de transdução de
sinal. Seria possível esperar que todos os agonistas que ativam o mesmo tipo de
receptores evocassem a mesma sequência de respostas. No entanto, está claro
que diferentes agonistas podem exibir tendência para gerar uma resposta em
vez de outra, ainda que estejam atuando no mesmo receptor, provavelmente
porque estabilizam diferentes estados conformacionais do receptor.
➢ Modulação alostérica
Além do local de ligação do agonista (chamado de ligação ortostérico), no
qual os antagonistas competitivos também se ligam, as proteínas dos receptores
possuem muitos outros locais de ligação (ditos alostéricos). Dessa forma, os
moduladores alostéricos se ligam a locais no receptor diferentes do local de
ligação do agonista e conseguem modificar a atividade do agonista.
Os modulares alostéricos podem influenciar a função do receptor de várias
maneiras: (1) alteração da afinidade do agonista, (2) alteração da eficácia do
agonista ou (3) desencadeando eles mesmos, diretamente, a resposta.
➢ Outras formas de antagonismo
Outros mecanismos também podem ser responsáveis por interações
inibitórias entre os fármacos. Os mais importantes são:
• Antagonismo químico: quando duas substâncias se combinam em solução
e o efeito do fármaco ativo é perdido. Como quelantes, por exemplo
dimercaprol, que quelam íons Ca2+; ou quando anticorpos, como infliximabe,
bloqueiam determinadas citocinas (ação anti-inflamatória).
• Antagonismo farmacocinético: quando um fármaco reduz a concentração
de outro por aumento de metabolização.
• Bloqueio da relação receptor-resposta: quando um fármaco, ao invés de
bloquear o receptor, bloqueia a resposta adiante do receptor.
• Antagonismo fisiológico: quando dois fármacos possuem efeitos
fisiológicos opostos e um bloqueia o efeito do outro.
➢ Canais iônicos
Os fluxos iônicos passivos gerados pelos gradientes eletroquímicos das
células são regulados por uma família numerosa de canais iônicos localizados
na membrana. A família de canais iônicos diferentes pode ser dividida em
subfamílias com base nos mecanismos que abrem os canais, sua arquitetura e
os íons que eles conduzem. Assim, existem três principais tipos de canais
iônicos:
• Canais controlados por voltagem: canais de Na+, K+, Ca2+ e Cl-. Na
imagem abaixo é possível visualizar um canal de Na + ativado por voltagem
com o poro nos estados aberto e fechado.
Dica:
✓ FarmacoCinética é a ação do Corpo sobre a droga.
✓ FarmacoDinâmica é a ação da Droga sobre o corpo.
➢ Absorção
Absorção é a transferência de um fármaco do seu local de administração para
a corrente sanguínea. A velocidade e a eficiência da absorção dependem do
ambiente onde o fármaco é absorvido, das suas características químicas e da
via de administração (o que influencia sua biodisponibilidade). Excetuando a via
intravenosa, as demais podem resultar em absorção parcial e menor
biodisponibilidade. Dessa forma, as barreiras podem ser externas, como a pele
(epitélio pavimentoso estratificado); ou internas, como as mucosas, as quais
possuem especializações de membrana (zona de oclusão, desmossomos), que
impedem a livre passagem das moléculas do fármaco por entre as células.
Portanto, dependendo das propriedades químicas, os fármacos podem ser
absorvidos do trato gastrointestinal por quatro mecanismos:
1. Difusão passiva.
2. Difusão facilitada.
3. Transporte ativo
4. Endocitose.
➢ Difusão passiva
A força motora da absorção passiva de um fármaco é o
gradiente de concentração através da membrana que separa
dois compartimentos corporais. Em outros termos, o fármaco se
move da região de concentração alta para a de concentração
baixa. A difusão passiva não envolve transportador, não é
saturável e apresenta baixa especificidade estrutural. A maioria
dos fármacos é absorvida por esse mecanismo. Os fármacos
hidrossolúveis atravessam as membranas celulares através de
canais ou poros aquosos, e os lipossolúveis movem-se
facilmente através da maioria das membranas biológicas,
devido à sua solubilidade na bicamada lipídica.
O número de moléculas apolares que atravessam a
membrana plasmática por unidade de área na unidade de
tempo é determinado pelo coeficiente de permeabilidade (P), e pela diferença
de concentração nos dois lados. Existem alguns fatores físico-químicos que
influenciam o coeficiente de permeabilidade, como: a solubilidade na membrana
(coeficiente de partição da substância na fase da membrana plasmática e no
meio aquoso) e a difusibilidade (medida de mobilidade na bicamada lipídica).
𝑯𝑨 ⇋ 𝑯+ + 𝑨−
𝑩𝑯+ ⇋ 𝑩 + 𝑯+
Um fármaco atravessa a membrana mais facilmente se estiver não ionizado.
Assim, para os ácidos fracos, a forma HA não ionizada consegue permear
através das membranas, mas o A- não consegue. Para a base fraca, a forma não
ionizada, B, consegue penetrar através das membranas celulares, mas a BH+
protonada não consegue. Portanto, quanto maior o grau de ionização da
substância, menor será a taxa de absorção.
➢ Difusão facilitada
Outros fármacos podem entrar na célula por
meio de proteínas transportadoras transmembrana
que facilitam a passagem de moléculas grandes,
como cátions orgânicos. Essas proteínas
transportadoras sofrem alterações conformacionais,
permitindo a passagem de fármacos ou moléculas
endógenas para o interior da célula, movendo-os de
áreas de alta concentração para áreas de baixa concentração. Esse processo é
denominado difusão facilitada. Ele não requer energia, pode ser saturado e pode
ser inibido por compostos que competem pelo transportador. Na difusão
facilitada, o transporte de cátions orgânicos é do tipo uniporte.
➢ Transporte ativo
Esta forma de entrada de fármacos também
envolve transportadores proteicos específicos,
como ânions orgânicos que atravessam a
membrana. O transporte ativo dependente de
energia é movido pela hidrólise de ATP e estão
acoplados ao gradiente eletroquímico de Na+ ou
outros íons. Ele é capaz de mover fármacos contra
um gradiente de concentração, ou seja, de uma região com baixa concentração
de fármaco para outra com concentração mais elevada. Esse processo é
saturável. Os sistemas de transporte ativo são seletivos e podem ser inibidos
competitivamente por outras substâncias cotransportadas. Nesse caso, pode
haver transporte de uma molécula em troca de outra (antiporte) ou o transporte
de duas moléculas juntas na mesma direção (simporte).
➢ Endocitose e exocitose
Estes tipos de absorção são usados para
transportar fármacos excepcionalmente grandes
através da membrana celular. A endocitose envolve
o engolfamento de moléculas do fármaco pela
membrana e seu transporte para o interior da célula
pela compressão da vesícula cheia de fármaco. A
exocitose é o inverso da endocitose. Muitas células
usam a exocitose para secretar substâncias para
fora por um processo similar ao da formação de vesículas.
➢ Fatores que influenciam a absorção
• Características químicas do fármaco (pKa).
• Solubilidade do fármaco.
• Formulação farmacêutica e via de administração.
• Superfície de absorção e fluxo de sangue local.
• Área disponível para absorção.
• Tempo de contato com a superfície de absorção.
• Degradação/inativação (enzimática, pH).
• Metabolismo da primeira passagem.
➢ Biodisponibilidade
A biodisponibilidade representa a taxa e a extensão com que um fármaco
administrado alcança a circulação sistêmica. Por exemplo, se 100 mg de um
fármaco são administrados por via oral, e 70 mg desse fármaco são absorvidos
inalteradamente, a sua biodisponibilidade é de 0,7, ou 70%. Dessa forma, a
concentração plasmática do fármaco varia com o tempo e depende da dose
administrada e da via de administração.
A administração intravenosa confere 100% de biodisponibilidade. No entanto,
outros modos de administração de fármacos, como intramuscular, subcutânea e
oral, conferem biodisponibilidades diferentes, pois enfrentam diversas barreiras
durante a absorção.
A biodisponibilidade é calculada pela concentração máxima (Cmax) alcançada
pelo fármaco em um determinado tempo (Tmax):
➢ Via sublingual
A colocação do fármaco sob a língua permite que ele se difunda na rede
capilar e, assim, entre diretamente na circulação sistêmica. A administração
sublingual tem várias vantagens, incluindo facilidade de administração; absorção
rápida (latência curta); capacidade de evitar a biotransformação de primeira
passagem, pois a drenagem da boca dirige-se para a veia cava superior,
desviando da circulação portal; e maior biodisponibilidade comparada à via oral.
No entanto, existem algumas desvantagens, como: irritação da mucosa;
possibilidade de engolir a droga, podendo perder o efeito do fármaco; e sabor
desagradável.
➢ Via retal
Como 50% da drenagem da região retal não passa pela circulação portal, a
biotransformação dos fármacos pelo fígado é minimizada com o uso desta via.
A via retal permite a administração de drogas líquidas (enema) ou drogas em
forma de supositórios. As vantagens da via retal são: evitar a destruição do
fármaco no ambiente gastrointestinal; evita náusea e/ou vômito; degradação
enzimática baixa; e pode ser usada em pacientes inconscientes ou não
cooperativos. Por outro lado, essa via possui baixa aceitação e adesão;
metabolização pré-sistêmica parcial (presença de CYP3A4 nos segmentos
proximais do intestino); e a duração do efeito é imprevisível, devido a interação
do conteúdo retal e latência para defecação.
➢ Permeabilidade capilar
A permeabilidade capilar é determinada pela estrutura
capilar e pela natureza química do fármaco. A estrutura
capilar varia em termos de fração exposta da membrana
basal com junções com frestas entre as células endoteliais:
• No fígado e no baço, uma fração significativa da
membrana basal é exposta em razão de os capilares
serem descontínuos e grandes, através dos quais podem
passar grandes proteínas plasmáticas.
• No cérebro, a estrutura capilar é contínua, e não existem
frestas. Para entrar no cérebro, o fármaco precisa passar
através das células endoteliais dos capilares do SNC ou
ser transportado ativamente. Já fármacos lipossolúveis
entram facilmente no SNC, pois se dissolvem na
membrana das células endoteliais. Fármacos ionizados
ou polares em geral fracassam tentando entrar no SNC,
pois não conseguem passar através das células
endoteliais, as quais não apresentam junção com
frestas. Essas células intimamente justapostas formam
junções estreitadas que constituem a barreira
hematoencefálica.
➢ Meia-vida
Alguns fármacos são eliminados mais rapidamente que outros. Esta
velocidade é determinante para a meia-vida, que é definida como o tempo
necessário para que a concentração plasmática do fármaco reduza à metade.
Algumas situações clínicas podem aumentar a meia-vida, entre elas:
diminuição do fluxo sanguíneo renal ou hepático; diminuição na capacidade de
extrair o fármaco do plasma, como na doença renal; e diminuição da
biotransformação, por exemplo, quando outros fármacos inibem a
biotransformação ou na insuficiência hepática. Há também situações em que há
redução da meia-vida: aumento do fluxo sanguíneo hepático; aumento da
biotransformação; e menor ligação às proteínas plasmáticas.
➢ Monitoramento terapêutico
Monitoramento terapêutico é o uso de ensaios que permitem determinar a
concentração plasmática, interpretar e aplicar o resultado dessa concentração
para desenvolver regimes de tratamento seguros e eficazes.
➢ Interações farmacocinéticas
As interações farmacocinéticas em relação a absorção ocorrem, em grande
parte, no trato gastrointestinal. Além disso, pode ocorrer interação local, como
no músculo, alterando o fluxo sanguíneo e, consequentemente, a absorção. As
interações farmacocinéticas no trato gastrointestinal são devido às:
• Alterações físico-químicas: como drogas que alteram o pH (ranitidina,
cimetidina, antiácidos), quelação (tetraciclina e Ca2+; cafeína e haloperidol) e
adsorção (carvão ativado).
• Alterações da motilidade gastrointestinal: quanto maior o esvaziamento
gástrico, maior é a velocidade de absorção de drogas. Esse efeito pode ser
causado pela metoclopramida. O inverso também é verdadeiro, quanto
menor o esvaziamento gástrico, menor é a velocidade de absorção de
drogas. Esse efeito pode ser causado por opiáceos, atropina e
antidepressivos (tricíclicos).
• Alterações da flora bacteriana.
• Função da mucosa.
Uma vez que a droga é absorvida ocorre a sua distribuição. Assim, as
interações farmacocinéticas em relação a distribuição dependem de vários
fatores estudados da aula de farmacocinética, como: fluxo sanguíneo, ligação a
proteínas plasmáticas, ligação a proteínas teciduais e transporte ativo para o
local de ação. O exemplo a seguir mostra que 85% de uma droga está ligada a
uma proteína plasmática (albumina) e apenas 15% está farmacologicamente
ativo. Com a administração de uma segunda droga que possui maior afinidade
pelos sítios de ligação da proteína plasmática, a primeira droga é deslocada,
aumentando a sua fração disponível. No entanto, rapidamente essa porção
farmacologicamente ativa é redistribuída e metabolizada pelo organismo. Dessa
forma, após algum tempo a fração não-ligada volta para o seu estado basal.
Em relação ao deslocamento de proteínas plasmáticas, as interações de
drogas são clinicamente significantes quando:
• Administração de drogas que provoca o deslocamento (maior afinidade) é
iniciada em altas doses após início do tratamento com droga a ser deslocada.
• O volume de distribuição da droga deslocada é pequeno.
• A resposta à droga é mais rápida do que sua redistribuição ou eliminação.
Após o fármaco ser distribuído pelo organismo, inicia-se a etapa de
biotransformação, que ocorre principalmente no fígado. A maioria das
interações relativas a enzimas da fase I está relacionada ao citocromo P450.
Existem fármacos, chamados indutores, que podem induzir o aumento da
síntese do citocromo P450, como os barbitúricos, carbamazepina, rifampina,
ingestão crônica de álcool e cigarro. Essa indução aumenta a velocidade de
metabolização, consequentemente, aumenta-se a velocidade de produção de
metabólitos. Se os metabólitos forem tóxicos, aumenta-se a chance de uma
toxicidade; se os metabólitos forem inativos, diminui-se a chance de efeitos
terapêuticos; já se for uma pró-droga, aumenta-se a velocidade de conversão na
droga ativa. Além disso, os indutores diminuem a meia-vida sérica e as
concentrações séricas (livre e total) da droga original.
Por outro lado, existem fármacos, chamados inibidores, que podem inibir a
atividade do citocromo P450, como cimetidina, propoxifeno, vários ISRS, álcool
agudo em usuário ocasional. Essa inibição diminui a velocidade de
metabolização, consequentemente, diminui-se a velocidade de produção de
metabólitos. Se for uma pró-droga, diminui-se a velocidade de conversão na
droga ativa, o que diminui a sua eficácia. Além disso, se a droga original é quem
possuir a atividade metabólica, os inibidores irão diminuir a depuração total,
aumentando a sua meia-vida sérica, aumentando as concentrações sérias (livre
e total) e aumentando a atividade farmacológica (terapêutica ou tóxica).
➢ Sinergismo
Existem duas situações para o sinergismo:
• Adição: efeito da interação é igual a soma dos efeitos das drogas
isoladamente (C = A + B).
• Potenciação: efeito da interação é maior do que a soma dos efeitos das
drogas isoladamente (C > A + B).
➢ Antagonismo
As interações antagonistas foram estudas nas aulas de farmacodinâmica,
sendo as mais importantes:
• Farmacológica: competitivo (reversível e irreversível) ou não competitivo.
• Fisiológica.
➢ Neurotransmissores
A comunicação entre os neurônios – e entre os neurônios e os órgãos
efetores – ocorre por meio da emissão de sinais químicos específicos
(neurotransmissores) pelos terminais nervosos. Essa liberação é desencadeada
pela chegada do potencial de ação no terminal nervoso, levando à
despolarização. Um aumento no Ca2+ intracelular inicia a fusão das vesículas
sinápticas com a membrana pré-sináptica e a liberação do seu conteúdo. Os
neurotransmissores difundem-se rapidamente pela fenda ou pelo espaço
sináptico (sinapse) entre os neurônios e combinam-se com receptores
específicos na célula pós-sináptica (alvo). A fibra nervosa autônoma pode ser
dividida em dois grupos com base no tipo de neurotransmissor liberado:
• Acetilcolina: se a transmissão é mediada pela acetilcolina, o neurônio é
denominado colinérgico. A acetilcolina intermedeia a transmissão do impulso
nervoso por meio dos gânglios autônomos nos sistemas nervosos simpático
e parassimpático. A transmissão dos nervos pós-ganglionares autônomos
para órgãos efetores no sistema parassimpático e para alguns órgãos do
sistema simpático também envolve a liberação de acetilcolina.
• Norepinefrina (ou noradrenalina) e epinefrina (ou adrenalina): quando a
noradrenalina e a adrenalina são os neurotransmissores, a fibra é
denominada adrenérgica. No sistema simpático, a noradrenalina intermedeia
a transmissão dos impulsos dos nervos pós-ganglionares autônomos para o
órgão efetor.
➢ Transmissão adrenérgica
Esse tipo de transmissão envolve as chamadas catecolaminas, que que
contêm um núcleo catecol (anel benzênico com dois grupos hidroxil adjacentes)
e uma cadeia lateral amina. As catecolaminas são: a norepinefrina ou
noradrenalina (NE), o principal transmissor da maioria das fibras simpáticas
pós-ganglionares e de certas vias do SNC; a dopamina (DA), o transmissor
predominante do sistema extrapiramidal dos mamíferos e de várias vias
neuroniais mesocorticais e mesolímbicas; e a epinefrina ou adrenalina (EPI), o
principal hormônio da medula suprarrenal.
Na disciplina de farmacologia médica básica é importante conhecer os
principais aspectos dos mecanismos de síntese, armazenamento, liberação,
recaptação e inativação das catecolaminas e da sua modificação por fármacos.
A síntese das catecolaminas se dá da seguinte forma:
1. Tirosina: a tirosina entra na célula por transportador de sódio.
2. DOPA: a tirosina é convertida em DOPA pela tirosina hidroxilase.
3. Dopamina: a DOPA é transformada em dopamina (dopamina-β-hidroxilase).
4. Norepinefrina: a proteína VMAT leva a dopamina para dentro de vesículas,
onde ela é transformada em noradrenalina.
5. Epinefrina: a noradrenalina é N-metilada no tecido cromafim para dar origem
à epinefrina. Esse grupo metil aumenta a ação β-adrenérgica.
As catecolaminas são armazenadas em vesículas, assegurando, assim, a
sua liberação regulada por influxo de íons Ca2+; esse armazenamento diminui o
metabolismo intraneuronal desses transmissores e o seu extravasamento da
célula. Além disso, a noradrenalina liberada na fenda sináptica pode atuar em
receptores pré-sinápticos, regulando a sua própria liberação, e também a do ATP
coliberado. Acredita-se que isso ocorra para que a noradrenalina liberada exerça
um efeito inibitório local sobre as terminações das quais ela se origina: o
chamado mecanismo de retroalimentação autoinibitória. O mecanismo de
retroalimentação inibitório opera por meio dos receptores α 2-adrenérgicos, que
inibem a adenilil ciclase e impedem a abertura de canais de Ca2+.
Receptores α2:
✓ Vasoconstrição.
✓ TGI: redução motilidade/tônus.
✓ Redução da secreção de insulina.
✓ Aumento da agregação plaquetária.
✓ SNC: sedação e controle inibitório da salivação.
✓ Pré-sináptico: reduz liberação de noradrenalina e acetilcolina.
Receptores β1:
✓ TGI: redução motilidade/tônus.
✓ Miocárdio: cronotrópico/inotrópico positivo.
✓ Nodo AV: aumento da velocidade de condução de impulsos.
✓ Célula justaglomerular: aumento da liberação de renina.
✓ Pré-sináptico: aumento da liberação de noradrenalina.
Receptores β2:
✓ TGI: redução motilidade/tônus.
✓ Músculo detrusor: relaxamento.
✓ Músculo esquelético e fígado: glicogenólise.
✓ Músculo liso vascular de músculo esquelético: dilatação.
✓ Útero e brônquios: relaxamento.
Receptores β3:
✓ Aumenta a lipólise no tecido adiposo.
✓ Polimorfismo no receptor: risco de obesidade e diabetes.
➢ Drogas simpatomiméticas
Os fármacos adrenérgicos atuam em receptores adrenérgicos que são
estimulados pela norepinefrina (noradrenalina) ou pela epinefrina (adrenalina).
Os fármacos adrenérgicos que ativam os receptores adrenérgicos são
denominados simpaticomiméticos, e os que bloqueiam a ativação dos receptores
adrenérgicos são os simpatolíticos. Os simpaticomiméticos são classificados
quanto a sua ação:
• Agonistas de ação direta: estes fármacos atuam
diretamente nos receptores α ou β, produzindo
efeitos similares aos resultantes da estimulação dos
nervos simpáticos ou da liberação de adrenalina da
medula suprarrenal. Exemplos de agonistas de
ação direta incluem adrenalina, noradrenalina,
isoproterenol e fenilefrina.
• Agonistas de ação indireta: estes fármacos
podem bloquear a captação de noradrenalina ou
promover sua liberação das reservas
citoplasmáticas ou das vesículas dos neurônios
adrenérgicos. A noradrenalina, então, atravessa a
sinapse e se liga aos receptores α ou β. Exemplo
de inibidor da captação de noradrenalina (NE) é a
cocaína e de liberadores de NE são as anfetaminas.
• Agonistas de ação mista: a efedrina e seu
estereoisômero, pseudoefedrina, estimulam os
receptores adrenérgicos diretamente e liberam
noradrenalina do neurônio adrenérgico.
➢ Drogas simpatolíticos
Os antagonistas adrenérgicos (também denominados bloqueadores
adrenérgicos ou simpatolíticos) ligam-se aos receptores adrenérgicos, mas não
iniciam os usuais efeitos intracelulares mediados pelos receptores. Esses
fármacos atuam ligando-se reversível ou irreversivelmente aos receptores,
evitando, assim, sua ativação pelas catecolaminas endógenas. Como os
agonistas, os antagonistas adrenérgicos são classificados de acordo com suas
afinidades relativas para os receptores α ou β no sistema nervoso simpático.
Numerosos antagonistas adrenérgicos têm papéis importantes na clínica,
principalmente para tratar doenças associadas com o sistema cardiovascular.
➢ Antagonistas β-adrenérgicos
Todos os β-bloqueadores disponíveis para a clínica são antagonistas
competitivos. Os β-bloqueadores não seletivos atuam em receptores β 1 e β2, ao
passo que os β-antagonistas cardiosseletivos bloqueiam principalmente
receptores β1. Embora todos os β-bloqueadores reduzam a pressão arterial, eles
não causam hipotensão postural, pois os receptores α permanecem funcionais.
Por isso, o controle simpático normal dos vasos é mantido.
As principais drogas desse grupo incluem: propranolol, timolol, pindolol,
nadolol, labetalol e carvedilol (observe que todos os nomes dos β-bloqueadores
terminam em “olol”, exceto labetalol e carvedilol).
Alguns fármacos, chamados de β-bloqueadores cardiosseletivos, como
atenolol, esmolol, metoprolol, practolol e nebivolol, bloqueiam preferencialmente
os receptores β1, pois minimizam a indesejada broncoconstrição (efeito β 2)
observada com o uso do propranolol em pacientes asmáticos. Dessa forma, os
β-bloqueadores cardiosseletivos são úteis em pacientes hipertensos com função
respiratória comprometida.
Dentre os principais usos terapêuticos estão:
• Hipertensão: o propranolol não diminui a pressão arterial em pessoas com
pressão sanguínea normal. Ele diminui a pressão arterial na hipertensão por
diversos mecanismos. O mecanismo primário é a redução do débito cardíaco,
mas a inibição da liberação de renina pelos rins, a diminuição na resistência
periférica total no uso prolongado e a redução do efluxo simpático do SNC
também contribuem para o seu efeito anti-hipertensivo.
• IAM: o propranolol e outros β-bloqueadores têm efeito protetor no miocárdio.
Assim, o paciente que teve um infarto pode ser protegido contra um segundo
ataque com o uso profilático dos β-bloqueadores.
• Arritmias cardíacas e insuficiência da válvula mitral.
• Redução dos sintomas periféricos da ansiedade.
• Glaucoma: tratado como timolol é eficaz para diminuir a pressão intraglobular
no glaucoma. Isso ocorre por diminuição da secreção do humor aquoso pelo
corpo ciliar.
• Profilaxia da enxaqueca: o propranolol é um dos β-bloqueadores mais úteis
para essa indicação devido a sua natureza lipofílica, que lhe dá acesso ao
SNC.
• Hipertiroidismo: são eficazes em diminuir a ampla estimulação simpática que
ocorre no hipertiroidismo. No hipertiroidismo agudo (tempestade tireóidea ou
tireotoxicose), os β-bloqueadores podem salvar a vida e proteger contra
arritmias cardíacas graves.
No entanto, existem diversos efeitos colaterais dos β-bloqueadores, como:
broncoconstrição, bradicardia, insuficiência cardíaca, hipoglicemia, fadiga e
extremidades frias.
➢ Drogas parassimpatomiméticas
Os fármacos colinérgicos, denominados parassimpatomiméticos, atuam em
receptores que são estimulados pela acetilcolina. Os parassimpatomiméticos
são classificados quanto a sua ação:
• Agonistas colinérgicos de ação direta: mimetizam os efeitos da acetilcolina
atuando diretamente nos receptores, como ésteres da colina e alcaloides.
• Agonistas colinérgicos de ação indireta ou anticolinesterásicos: não
possuem ação sobre os receptores colinérgicos, mas inibem a enzima
acetilcolinesterase, como os anticolinesterásicos de vida curta (reversíveis),
de ação intermediária (reversíveis) e anticolinesterásicos irreversíveis.
➢ Drogas parassimpatolíticos
Antagonista colinérgico ou fármacos parassimpatolíticos é um termo geral
para os fármacos que se ligam aos receptores muscarínicos ou nicotínicos e
previnem os efeitos da acetilcolina ou outros agonistas colinérgicos. Os
compostos de amônio terciário, como atropina, escopolamina (hioscina),
ciclopentolato, tropicamida, diciclomina, trihexafenidila, homatropina, tolterodina,
cruzam mais facilmente a barreira hematoencefálica; enquanto que os
compostos de amônio quaternário, como propantelina, metantelina, ipratrópio,
tiotrópio, glicopirrolato e metilescopolamina, não apresentam tal ação.
Os efeitos farmacológicos dos anticolinérgicos incluem:
• Olho: bloqueiam toda a atividade muscarínica no olho, resultando em
midríase persistente (dilatação da pupila), ausência de resposta à luz e
cicloplegia (incapacidade de focar a visão para perto).
• Respiratório: reduzem as secreções do trato respiratório superior e inferior
(boca, faringe e brônquios). São usados em crises leves de asma.
• Trato gastrointestinal: são usados como antiespasmódico para reduzir o
tônus e motilidade da musculatura e relaxamento de esfíncteres.
• Trato geniturinário: atropina é um forte dilatador do ureter e da bexiga para
retirada de cálculo renal; enquanto que tolterodina e darifenacina reduzem a
incontinência urinária (bexiga hiperativa).
• Coração: a atropina produz efeitos divergentes no sistema cardiovascular,
dependendo da dose. Em doses baixas, o efeito é a diminuição da frequência
cardíaca, devido ao bloqueio dos receptores M1 nos neurônios pré-juncionais
(ou pré-sinápticos) inibitórios, permitindo assim aumento da liberação de
ACh. Dosagens mais altas de atropina causam aumento progressivo na
frequência cardíaca pelo bloqueio dos receptores M2 no nódulo sinoatrial.
• Circulação: ação pequena devido à ausência de M3 em leitos vasculares.
• SNC: redução do tremor no mal de Parkinson.
• Útero: pacientes relatam a melhora de cólicas.
• Glândulas sudoríparas: redução da secreção.
O uso dos anticolinérgicos produz alguns efeitos colaterais, como: dispepsia
(dor na parte superior do abdômen), xerostomia (boca seca), constipação, visão
borrada e prejuízo cognitivo.
➢ Resposta inflamatória
A resposta inflamatória é caracterizada pelos cinco sinais cardinais: calor,
rubor, dor, edema e perda de função. A inflamação não é a doença em si, apenas
está presenta em diversas doenças, incluindo: infecções por parasitas, fungos,
bactérias e vírus; anafilaxia; doenças ambientais (inalação de fumaça, exposição
à asbesto, etc.); artrite reumatoide, gota, doenças autoimunes (como lúpus
eritematoso sistêmico) e intestinais (doença de Crohn); doenças crônicas tais
como diabetes e aterosclerose; isquemia miocárdica; acidente vascular cerebral;
e algumas doenças neurodegenerativas (doenças de Parkinson e Alzheimer).
Portanto, a resposta inflamatória tem a função de restringir, diluir e destruir o
agente agressor. No entanto, durante esse processo de defesa, muitas células
do próprio indivíduo são destruídas. É nesse momento, em que o dano tecidual
causado pela inflamação é maior do que o benefício de defesa, que se faz
necessário o tratamento farmacológico para bloquear a resposta inflamatória.
➢ Mediadores inflamatórios
No local da inflamação, algumas células secretam mediadores inflamatórios,
que servem para ativar ou aumentar aspectos específicos da inflamação. Dentre
esses mediadores, os mais importantes são: substância P; bradicinina e outras
cininas; C5a e C3a (anafilotoxinas do sistema complemento); histamina; óxido
nítrico (NO); e prostaglandinas (via COX-1).
• Substância P: liberada principalmente por neurônios nociceptivos (neurônios
sensoriais relacionados com a percepção da dor), quando estes são
estimulados por ATP, ácidos ou estiramento. Uma vez liberada, atua em
receptores NK-1 presentes nas células endoteliais, mastócitos e nos próprios
neurônios nociceptivos, provocando vasodilatação, aumento da
permeabilidade vascular, dor e liberação de histamina.
• C3a e C5a: possuem uma origem plasmática através da ativação do sistema
complemento e atuam em receptores, C3aR e C5aR, localizados em
mastócitos e células endoteliais, culminando na liberação de histamina e
migração celular.
• Bradicinina e outras cinininas: quando há uma lesão tecidual, ocorre uma
exposição de substâncias carregadas negativamente, principalmente o
colágeno, o qual ativa o fator XII (fator de Hageman). Uma vez ativado, o fator
XIIa ativa a pré-calicreína, presente no plasma, em calicreína. Esta, por sua
vez, transforma o cininogênio em cininas (como: calidina e bradicinina).
Essas duas cininas podem seguir três caminhos diferentes: (1) atuar em
receptores B2; (2) sofrer metabolização pela cininase I em peptídeos ativos,
os quais tem preferência por receptores B1; ou (3) sofrer metabolização pela
cininase II em peptídeos inativos. Ao ligar-se aos receptores localizados nas
células endoteliais há uma vasodilatação e aumento da permeabilidade
vascular, enquanto que ao liga-se aos receptores localizados nos neurônios
nociceptivos ocorre a percepção da dor.
• Histamina: sob ação da substância P, C3a e C5a ocorre a degranulação dos
mastócitos e liberação da histamina. Na resposta inflamatória, este
mensageiro químico se liga os receptores do tipo H1 presentes em células
endoteliais, provocando vasodilatação e aumento da permeabilidade
vascular, e em neurônios pruritogênicos, provocando prurido.
• Óxido nítrico (NO): a histamina, bradicinina e outras cininas e a substância
P ligam-se aos seus receptores nas células endoteliais provocando um
aumento de Ca2+ intracelular. A liberação desse íon ativa a NO sintase
constitutiva (cNOS), que transforma L-arginina em NO e citrulina. O NO
difunde-se para músculo liso vascular e ativa a enzima guanilato ciclase,
transformando GTP em GMPc. O aumento de GMPc no músculo liso vascular
promove a vasodilatação.
• Prostaglandinas: os derivados do ácido araquidônico podem ser formados
em qualquer tipo celular, pois são derivados dos fosfolipídios de membrana
celular. Assim, toda vez que houver o aumento de Ca2+ intracelular, haverá a
ativação da fosfolipase A2, a qual transforma o fosfolipídio de membrana em
glicerol e ácido araquidônico. Esse ácido graxo pode ser metabolizado por
diversas enzimas, dentre elas: a cicloxigenase-1 (COX-1), que dá origem a
endoperóxidos cíclicos (PGH2), os quais são muito instáveis e, por isso, são
transformadas em prostaglandina I2 (pela PGI2 sintetase); ou em tromboxano
(pela TXA1 sintetase); ou em prostaglandinas D2, E2 e F2α (pelas isomerases);
e 5-lipoxigenase, que dá origem a leucotrienos B4, C4, D4 ou E4.
Observe que todos esses mediadores são formados rapidamente e, portanto,
para permanecer por mais tempo, é necessária uma amplificação da resposta
inflamatória. A função de amplificação é realizada principalmente por citocinas.
➢ Citocinas
O organismo reconhece um determino patógeno através de padrões
moleculares associados à patógenos (PAMPs). As PAMPs são um conjunto
limitado e definido de padrões moleculares conservados que estão presentes em
todos os microrganismos de uma determina classe (patogênica ou comensal).
Dessa forma, o organismo desenvolveu um grupo correspondente de
receptores, conhecimento como receptores de reconhecimento de padrão
(PRRs), que detectam a presença do patógeno. Os receptores do tipo Toll (TLR)
pertencem a uma das famílias mais importantes para a resposta inflamatória.
Como as respostas inflamatórias não ocorrem apenas quando há uma
infecção, pode-se dizer que existem padrões moleculares associados ao
dano (DAMPs). As DAMPs são um conjunto limitado e definido de padrões
moleculares conservados que estão presentes no hospedeiro, em geral, no meio
intracelular, e que é liberado após o dano tecidual. Exemplo: DNA mitocondrial.
Portanto, tanto as PAMPs quanto as DAMPs atuam em receptores do tipo
Toll, os quais desencadeiam uma cascata de quinases, levando ao aumento de
diversos fatores de transcrição, por exemplo:
• Síntese de citocinas, como IL-1β e TNF-α.
• Síntese de receptores B1 de cininas.
• Síntese de moléculas de adesão (migração celular).
• Síntese de COX-2 e, consequentemente, derivados do ácido araquidônico.
• Síntese de iNOS e, consequentemente, de NO.
Assim, embora apenas um macrófago tenha entrado em contato com o
agente agressor, diversos tipos celulares ficaram ativados através das citocinas.
Conclui-se que, a principal função das citocinas é manter a comunicação entre
as diferentes células (leucócitos, neurônios e células endoteliais), amplificando
o sinal da resposta inflamatória.
➢ Edema
O edema é dependente de dois processos:
1. Vasodilatação.
2. Aumento da permeabilidade venular nas vênulas pós-capilares.
Quando se inicia a resposta inflamatória, há a liberação da substância P,
bradicinina e histamina, que provocam um aumento de Ca2+ intracelular. O
influxo desse íon: (1) ativa a cNOS no endotélio, produzindo NO; e (2) ativa a
COX-1, produzindo prostaglandina (PG). Tanto o NO quanto a PG promove a
vasodilatação. Com o decorrer da inflamação, há a amplificação causada pelas
citocinas (IL-1β, TNF-α, IL-6), as quais causam: (1) indução de iNOS, produzindo
mais NO; e (2) indução da COX-2, produzindo mais PG. Consequentemente,
aumenta-se ainda mais a vasodilatação.
➢ Dor
A dor é “uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a
uma lesão tecidual real ou potencial ou descrita em termos de tal lesão”.
Enquanto as fibras Aα e Aβ conduzem propriocepção e toque leve, os
nociceptores (receptores da dor) são terminações nervosas livres que
carreiam informações da periferia para o sistema nervoso central. Essas fibras
são do tipo Aδ (dor em pontada) e C (dor em queimação) e possuem um alto
limiar de desencadeio, ou seja, são menos sensíveis. As fibras do tipo Aδ são
um pouco mais calibrosas e mais mielinizadas que as fibras C,
consequentemente, as fibras Aδ transmitem informações mais velozmente que
as fibras C. Além disso, elas se diferem no sentido de as fibras Aδ conduzirem
informações de dor mais localizadas, enquanto fibras C são relacionadas a dor
irradiada. Outra característica interessante é que elas são polimodais, pois
informações mecânicas, químicas e térmicas ativam um receptor no nociceptor
que faz com que o sistema integre a informação e responda às mudanças do
ambiente. Essas terminações nervosas livres, além de serem estimuladas por
calor, frio, estímulos mecânicos e ácido, são estimulados por diversas
substâncias, incluindo: histamina, serotonina, bradicinina, prostaglandinas (as
quais fazem sensibilização das fibras nociceptivas), ATP, H+, fator de
crescimento neural, TNFα, endotelinas e outras interleucinas.
Terminologia:
✓ Nocicepção: descreve o componente sensorial da dor.
✓ Hiperalgesia: potencialização da dor.
✓ Alodinia: processo que transforma uma sensação não dolorosa em dolorosa.
✓ Dor nociceptiva: dor sem uma patologia associada.
✓ Dor inflamatória: dor que ocorre durante o processo inflamatório.
✓ Dor neuropática: o sistema nociceptivo está alterado promovendo dor.
✓ Nociceptores: são os receptores de dor (terminações nervosas livres).
➢ Efeitos cardiovasculares
Pacientes com hipertensão e aterosclerose apresentam muita chance de
desenvolvimento de trombos. Dessa forma, fármacos como o AAS, com alto grau
de seletividade pela COX-1, mostraram efeito protetor cardiovascular
provavelmente devido à redução na produção de TXA 2, impedindo a agregação
plaquetária. Como o AAS inibe irreversivelmente a COX-1, o efeito
antiplaquetário persiste por toda a vida da plaqueta. O uso crônico de doses
baixas assegura a inibição continuada conforme novas plaquetas vão sendo
produzidas. O AAS também é usado para diminuir o risco de morte em infarto do
miocárdio agudo e em pacientes submetidos a certos procedimentos de
revascularização.
Fármacos com maior seletividade relativa para a COX-2 são associados ao
aumento do risco de eventos cardiovasculares, possivelmente por diminuir a
produção de PGI2 mediada pela COX-2. O ibuprofeno inibe tanto a COX-1
quanto a COX-2; o diclofenaco em doses baixas bloqueia a COX-2 e em doses
altas, bloqueia as duas enzimas.
A droga mais utilizada para uma pessoa com risco cardiovascular é o
naproxeno, um AINE não seletivo, porém, bloqueia mais a COX-1 e, como esta
enzima está mais presente na plaqueta, ele evita a formação de trombos.
➢ Hipersensibilidade
Os pacientes com hipersensibilidade à aspirina apresentam na verdade
hipersensibilidade a todos os medicamentos da classe de AINES, exceto o
paracetamol e dipirona. Além disso, os AINEs devem ser usados com cautela
em pacientes com asma, pois a inibição da síntese de PGs pode causar desvio
em direção à produção de leucotrienos e, consequentemente, levar a
broncoconstrição e aumentar manifestações de asma.
➢ Anti-inflamatórios esteroidais (AIES)
A glândula suprarrenal é dividida em duas camadas: camada cortical (córtex)
e camada medular (medula). Essas duas camadas podem ser consideradas dois
órgãos distintos, de origens embriológicas diferentes, apenas unidos
anatomicamente. As adrenais, então, possuem dupla origem embriológica:
mesodérmica (região cortical) e neuroectodérmica (região medular).
A medula secreta epinefrina, ao passo que o córtex secreta dois tipos de
corticosteroides (glicocorticoides e mineralocorticoides) e os androgênios
suprarrenais. O córtex suprarrenal tem três zonas, e cada zona sintetiza um tipo
de hormônio esteroidal diferente a partir do colesterol:
• Zona glomerulosa: mais externa, produz mineralocorticoides (por exemplo,
aldosterona), que é responsável pela regulação do metabolismo da água e
do sal. A produção de aldosterona é regulada primariamente pelo sistema
renina-angiotensina.
• Zona fasciculada: camada intermediária, sintetiza os glicocorticoides (por
exemplo, cortisol), que estão envolvidos com o metabolismo normal e a
resposta ao estresse.
• Zona reticular: camada interna secreta os androgênios suprarrenais.
A secreção das zonas intermediária e interna e, em menor extensão, da zona
externa é controlada pelo hormônio adrenocorticotrópico (ACTH, também
denominado corticotropina), que é liberado em resposta ao hormônio liberador
da corticotropina (CRH), produzido pelas células da região parvocelular do
núcleo paraventricular do hipotálamo. É o chamado eixo hipotálamo-pituitária-
adrenal (HPA). Além disso, os glicocorticoides (cortisol) servem de feedback
negativo da secreção de ACTH e CRH.
➢ Receptores de corticosteroides
O cortisol é um hormônio esteroide derivado do colesterol. Dessa forma, a
característica lipofílica dessa molécula e de seus análogos é essencial para que
atravessem a membrana celular e possam chegam até os receptores, que são
estruturas intracelulares. Dentro da célula, essas substâncias regulam a
expressão dos genes responsivos aos corticosteroides, modificando, assim, os
níveis e o conjunto de proteínas sintetizadas pelos vários tecidos-alvo. Em
consequência do tempo necessário para modular a expressão gênica e a síntese
de proteínas, os efeitos dos corticosteroides não são, em sua maioria, imediatos,
porém tornam-se aparentes depois de várias horas. Esse fato possui importância
clínica, devido à demora geralmente observada para a manifestação dos efeitos
benéficos da terapia com corticosteroides.
Portanto, os receptores intracelulares possuem um domínio de ligante ao
cortisol (ou à droga) de maneira muito semelhante. Porém, como é possível
haver a ação distinta de glicocorticoides e mineralocorticoides? A especificidade
destes receptores está relacionada ao tecido. Os receptores glicocorticoides
(GC) são amplamente distribuídos pelo organismo, ao passo que os receptores
mineralocorticoides (MC) estão confinados principalmente nos órgãos de
excreção, como rins, colo e glândulas salivares e sudoríparas. Além disso, sabe-
se que a isoenzima 11β-hidroxiesteroide desidrogenase tipo 2 (11β-HSD2)
desempenha um papel essencial na especificidade dos corticosteroides,
particularmente nos rins, no cólon e nas glândulas salivares. Essa enzima
metaboliza glicocorticoides, como o cortisol, a derivados 11-ceto inativos para os
receptores, como a cortisona. A cortisona nestes órgãos é inativa e não se liga
aos receptores de mineralocorticoide, permitindo a ação da aldosterona, que,
embora em menor quantidade, não é transformada.
➢ Mecanismos de ação dos glicocorticoides
As propriedades terapêuticas mais importantes dos glicocorticoides são suas
potentes atividades anti-inflamatórias e imunossupressivas. Esses efeitos
terapêuticos dos glicocorticoides são resultado de numerosas ações:
• Inibição da expressão de genes inflamatórios: o glicocorticoide ao entrar
na célula, forma um complexo com seu receptor que se dirige ao núcleo e,
através da presença de dedos de zinco, pode-se ligar a genes já ativados. A
presença deste complexo permite a ligação da histona desacetil transferase
(HDAC2), que desacetila as histonas e, consequentemente, realiza a
repressão gênica (compactação do material genético). Além disso, o
complexo glicocorticoide + receptor pode se ligar ao NF-kB ativo presente no
citoplasma, impedindo indiretamente a transcrição gênica e liberação de
citocinas pró-inflamatórias.
• Ativação da expressão de genes anti-inflamatórios: o complexo
glicocorticoide + receptor dirige-se ao núcleo com o objetivo de promover a
acetilação das histonas e, consequentemente, o desenrolar do material
genético. Assim, pode ocorrer a síntese do RNAm de proteínas anti-
inflamatórias como anexina-1 e receptores B2 adrenérgicos.
• Efeitos não genômicos: os glicocorticoides inibem a habilidade dos
leucócitos e dos macrófagos de responder a mitógenos e antígenos. Eles
inibem, através da enzima anexia I, a fosfolipase A2, que bloqueia a liberação
de ácido araquidônico (o precursor de prostaglandinas e leucotrienos) dos
fosfolipídios ligados à membrana. Finalmente, os glicocorticoides influenciam
a resposta inflamatória estabilizando membranas de mastócitos e basófilos,
o que resulta em menor liberação de histamina.
Resumindo: de maneira geral, os glicocorticoides, por diferentes mecanismos
de ação, reduzem a síntese de proteínas inflamatórias e aumentam a síntese
de proteínas anti-inflamatórias. Os possíveis mecanismos de ação, incluem:
✓ Inibição da transcrição de proteínas inflamatórias.
✓ Inativação do fator NF-kB, impedindo a síntese de citocinas inflamatórias.
✓ Aumento da transcrição de proteínas anti-inflamatórias.
✓ Diversos efeitos não genômicos.
CARACTERÍSTICA FARMACODINÂMICA
▪ Morfina
▪ Meperidina
▪ Metadona
▪ Codeína
AGONISTAS TOTAIS
▪ Fentanil
▪ Etorfina
▪ Sulfentanil
▪ Alfentanil
▪ Pentazocina
▪ Nalbufina
AGONISTAS PARCIAIS ▪ Butorfanol
▪ Buprenorfina
▪ Dezocina
▪ Naloxona
▪ Naltrexona
ANTAGONISTAS ▪ Naloxonazina
▪ Nor-binaltorfimina
▪ Ciclazocina
POTÊNCIA ANALGÉSICA
▪ Codeína
OPIOIDES FRACOS ▪ Propoxifeno
▪ Tramadol
▪ Morfina
▪ Petidina
▪ Metadona
OPIOIDES POTENTES ▪ Buprenorfina
▪ Fentanil
▪ Oxicodona
▪ Nalbufina
➢ Receptores opioides
Os efeitos mais importantes dos opioides são mediados por quatro famílias
de receptores, designadas comumente μ (mi ou MOP), κ (capa ou KOP), δ (delta
ou DOP) e ORL-1 (receptor órfão ou receptor de nociceptina tipo 1 ou NOP). Os
quatro receptores opioides são receptores transmembrana com sete domínios
transmembrânicos (com a porção N-terminal no meio extracelular e C-terminal
no meio intracelular). Além disso, todos esses receptores possuem o mecanismo
de transdução de sinal relacionados à proteína Gi (proteína G do tipo inibitória).
Eles também estão associados a canais iônicos, aumentando o efluxo pós-
sináptico de K+ (hiperpolarização) ou reduzindo o influxo pré-sináptico de Ca2+,
impedindo, assim, o disparo neuronal e a liberação do transmissor
A diferença entre cada família reside no fato de que cada receptor apresenta
uma especificidade diferente para os fármacos com os quais ela se liga. Ou seja,
a propriedade analgésica dos opioides é mediada primariamente pelos
receptores μ, que modulam respostas nociceptivas térmicas, mecânicas e
químicas. Os receptores do tipo μ são os principais alvos dos fármacos opioides
de interesse clínico, como: morfina, buprenorfina, metadona e codeína. Já os
receptores κ possuem maior afinidade pela diamorfina, mas também contribuem
para a analgesia em nível espinhal. Por outro lado, as encefalinas interagem
mais seletivamente com os receptores δ na periferia. É importante ressaltar que
as β-endorfinas (substância liberada pós-exercício físico) apresentam afinidade
pelos três tipos de receptores.
➢ Anticonvulsivantes
Os fármacos carbamazepina, lamotrigina, pregabalina, gabapentina e
oxcarbazepina, foram inicialmente prescritos para o controle das crises
convulsivas, uma vez que reduzem as crises por meio de mecanismos como
bloqueio dos canais voltagem-dependentes (Na+ ou Ca2+), aumento da
neurotransmissão gabaérgica (transmissão inibitória) e redução da
neurotransmissão glutamatérgica (excitatória). Dessa forma, essas drogas estão
relacionadas com a inibição da excitabilidade do neurônio pós-sináptico.
ANTICONVULSIVANTES
▪ Carbamazepina (epitol ou tegretol)
▪ Lacosamida
BLOQUEADORES DO ▪ Lamotrigina
CANAL DE SÓDIO ▪ Oxcarbazepina (trileptal)
▪ Topiramato (topamax)
▪ Valproato
BLOQUEADORES DO ▪ Gabapentina (gralise ou neurontin)
CANAL DE CÁLCIO ▪ Pregabalina (lyrica)
➢ Capsaicina
A capsaicina é um composto químico encontrado em todas as pimentas,
sobretudo nas vermelhas e picantes. É exatamente essa substância que confere
a determinadas pimentas uma ardência bastante característica.
Farmacologicamente, a capsaicina é utilizada para o tratamento da dor em
aplicações tópicas ou dores neuropáticas locais. Dessa forma, não é utilizado via
oral, mas principalmente na forma de pomadas.
Como a capsaicina é um agonista de receptores TRVP1 (receptores de
potencial transitório vaniloide tipo 1) presentes em neurônios sensoriais, o
mecanismo de ação ocorre a partir da ativação desses receptores, os quais
promovem um influxo de Na+ e Ca2+, induzindo a síntese de CGRP (peptídeo
relacionado ao gene da calcitonina), glutamato e substância P. Embora a ideia
de que o influxo de íons pudesse proporcionar maior excitabilidade neuronal, os
receptores TRVP1 apresentam a capacidade de dessensibilização, o que
justifica a ação analgésica, já que o receptor deixa de responder aos agonistas.
➢ Anestésicos locais
Os anestésicos locais bloqueiam a condução dos impulsos sensoriais e, em
concentrações mais altas, os impulsos motores da periferia ao SNC. O
mecanismo de ação ocorre através do bloqueio dos canais de Na+, prevenindo
o aumento transitório na permeabilidade da membrana do nervo ao Na+, o que
é necessário para o potencial de ação. Quando a propagação dos potenciais de
ação é bloqueada, a sensação não pode ser transmitida desde a fonte do
estímulo até o cérebro.
A atividade anestésica local depende de vários fatores, sendo o mais
importante o pH do tecido. No pH fisiológico, esses compostos são ionizados. A
forma ionizada interage com o receptor proteico do canal de Na+, inibindo sua
função e produzindo anestesia local. No entanto, o pH pode cair em locais
infectados e inflamados (devido a acidificação do meio) retardando o início da
ação ou mesmo impedindo-o.
➢ Doenças ácido-pépticas
O desequilíbrio ente os fatores agressores endógenos da mucosa, como o
ácido clorídrico e a pepsina, e os fatores protetores endógenos da mucosa, como
a barreira muco-bicarbonato e fluxo sanguíneo, podem desenvolver diversas
doenças gástricas (dispepsia, gastrite e ulcerações).
Além disso, existem fatores agressores externos da mucosa gástrica, como
estresse, tabagismo, álcool, infecção com o gram-negativo Helicobacter pylori e
o uso de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs). Os principais sintomas
envolvem uma dor epigástrica, náuseas, vômitos e alterações do apetite.
A bactéria H. pylori, um bacilo flagelado, desenvolve-se principalmente na
região do antro pilórico na camada mucosa protetora do revestimento gástrico,
local em que se encontra menos exposta às secreções ácidas. Nessa região, o
bacilo promove uma resposta inflamatória local e, através da enzima urease,
hidrolisa a ureia em CO2 e amônia (alcalina), elevando o pH do meio. Desta
forma, a elevação do pH facilita a disfunção da barreira de muco e, através da
sua atividade flagelada, a bactéria consegue colonizar as camadas gástricas.
O aumento do pH também estimula as células G a secretarem mais gastrina,
que irá estimular as células parietais a secretar HCl para corrigir o pH. No
entanto, a gastrina também induz a proliferação celular e, consequentemente, o
aparecimento de câncer gástrico. Praticamente todas as pessoas com infecção
pelo H. pylori apresentam inflamação gástrica (gastrite). Às vezes, a infecção
pode causar gastrite erosiva e até mesmo uma úlcera gástrica.
➢ Doença do refluxo gastroesofágico (DRGE)
A doença do refluxo gastroesofágico é a condição que se desenvolve quando
o conteúdo do estômago retorna ao esôfago e provoca sintomas desagradáveis
e/ou complicações, como: pirose retroesternal, eructações, regurgitação, tosse
crônica, broncoespasmo, soluços e rouquidões.
Como o esôfago não tem um revestimento protetor semelhante ao estômago,
os ácidos e enzimas gástricas e o refluxo duodenal (bile) que retornam para o
esôfago podem causar a DRGE. Numerosos fatores podem contribuir para esse
refluxo se tornar patológico, merecendo destaque as aberturas ou relaxamentos
transitórios do esfíncter esofágico inferior (EEI).
➢ Fármacos antimicrobianos
Pacientes com úlcera péptica (gástricas ou duodenais) infectados com H.
pylori precisam de tratamento antimicrobiano. A erradicação bem-sucedida da
H. pylori (80-90%) é possível com várias associações de antimicrobianos.
Atualmente, o tratamento de escolha consiste em um IBP combinado com
amoxicilina (metronidazol pode ser usado em pacientes alérgicos à penicilina)
mais claritromicina. O tratamento quádruplo com subsalicilato de bismuto,
metronidazol e tetraciclina combinada a um IBP é outra opção. O tratamento com
um único antibacteriano é muito menos eficaz, resultando em resistência
microbiana, e não é recomendado em absoluto. Os principais fatores indutores
de fracasso é a resistência ao antibiótico e a baixa adesão ao tratamento.
➢ Excitotoxicidade
O glutamato é altamente tóxico para os neurônios, fenômeno denominado
excitotoxicidade. Isso ocorre pois, o glutamato ativa os receptores NMDA, AMPA
e metabotrópicos, permitindo a permissividade de Na+ e Ca2+, gerando
despolarização e a transmissão do sinal. A concentração de Ca2+ provoca:
• Aumento da liberação de glutamato nos terminais nervosos.
• Ativação das proteases (calpaínas) e lipases, causando lesão da membrana.
• Ativação da óxido nítrico sintase; embora baixas concentrações de óxido
nítrico sejam neuroprotetoras, concentrações elevadas, na presença de
espécies reativas de oxigênio (EROs), geram o peroxinitrito e os radicais
hidroxila livres, que lesam muitas biomoléculas importantes, incluindo os
lipídeos da membrana, as proteínas e o DNA.
• Aumento da liberação de ácido araquidônico, que aumenta a produção de
radicais livres e mediadores inflamatórios, e inibe a captação de glutamato.
➢ Doença de Parkinson
A doença de Parkinson (DP), antigamente vista como uma doença com
manifestações puramente motoras, segundo as primeiras descrições de James
Parkinson, atualmente é tida como uma doença com as mais diversas
apresentações. Para o diagnóstico de parkinsonismo, a presença de pelo menos
dois dos sinais cardinais abaixo é essencial:
• Bradicinesia: é a pobreza do movimento automático. Observa-se isso na
presença de lentidão para realizar tarefas a que estava habituado. Na
marcha, observam-se passos pequenos e lentos, além da pobreza de
movimentos automáticos, como o balançar dos braços.
• Tremor: tipicamente de repouso, o tremor do parkinsonismo costuma ter
características peculiares, como o movimento em “contar de notas”, com uma
amplitude moderada e uma frequência que varia de 5 a 8 Hz.
• Rigidez: presente quando se observa uma menor amplitude ao realizar os
movimentos associados à rigidez muscular, sendo confirmado com a
presença do sinal da roda denteada. Esse sinal é verificado quando
determinado membro é deslocado passivamente pelo examinador e se
verificam, superpostos à rigidez, curtos períodos de liberação muscular
rítmicos e intermitentes;
• Instabilidade postural: incapacidade de equilibrar-se, às vezes com história
de quedas frequentes.
A causa da doença de Parkinson está relacionada com a degeneração de
neurônios dopaminérgicos na substância negra com consequente redução das
ações da dopamina no corpo estriado (caudado e putâmen), parte do sistema
de gânglios basais que estão envolvidos no controle motor. Dessa forma, o
achado patológico característico da DP é a perda dos neurônios dopaminérgicos
pigmentados da parte compacta da substância negra, com aparecimento de
inclusões intracelulares conhecidas como corpúsculos de Lewis.
Cada neurônio dopaminérgico da substância negra faz milhares de contatos
sinápticos no interior do neoestriado e, assim, modula a atividade de um grande
número de células. Ao mesmo tempo, o neoestriado está conectado à substância
negra por neurônios que secretam o transmissor inibitório GABA nas suas
terminações. Na doença de Parkinson, a destruição das células na substância
negra resulta na degeneração dos terminais nervosos que secretam dopamina
no neoestriado. Assim, a influência inibitória normal da dopamina nos neurônios
colinérgicos no neoestriado diminui significativamente, resultando em
superprodução ou hiperatividade relativa da ACh pelos neurônios estimulantes.
Isso inicia uma sequência de sinais anormais, resultando na perda do controle
do movimento muscular.
➢ Receptores canabinoides
Os receptores canabinoides do tipo 1 (CB1), localizados na membrana
plasmática das terminações nervosas, são membros típicos da família dos
receptores acoplados à proteína Gi (receptor metabotrópico) e, portanto, quando
um agonista se liga ao receptor, ocorre as seguintes ações:
• Inibição da adenilato ciclase e, consequentemente, redução do AMPc e da
atividade da proteína quinase A (PKA).
• Redução do influxo de cálcio (inibição dos canais de Ca2+).
• Ativação dos canais de potássio.
Dessa forma, a ativação do receptor CB1 inibe a liberação de
neurotransmissor via inibição da entrada de Ca2+ e hiperpolarização em função
da ativação dos canais de potássio. Os receptores CB também influenciam a
expressão gênica, tanto diretamente, pela ativação da proteína quinase ativada
por mitógenos (MAPK), quanto indiretamente, pela redução da atividade da
proteína quinase A, em consequência da atividade reduzida da adenilato ciclase.
Além de sua bem identificada localização no SNC, os receptores CB também
são expressos em tecidos periféricos, são os chamados CB2. O receptor CB2
possui apenas cerca de 45% de homologia de aminoácidos com o CB 1 e está
localizado principalmente no tecido linfoide (baço, tonsilas e timo, bem como
linfócitos e monócitos circulantes e mastócitos dos tecidos) e estão presentes na
micróglia (células imunológicas do SNC) que, quando ativadas, contribuem para
a dor crônica.
➢ Endocanabinoides
A descoberta de receptores canabinoides específicos levou à busca de
mediadores endógenos. Os primeiros a serem descobertos foram a anandamida
e o 2-araquidonoil glicerol (2-AG).
• Síntese: a anandamida é sintetizada a partir de fosfolipídeos de membrana
pós-sináptica. O 2-AG é também produzido pela hidrólise de precursores
derivados do metabolismo fosfolipídico. Ambas as enzimas responsáveis
pela formação desses endocanabinoides são sensíveis ao Ca2+, o que é
coerente com a atividade do Ca2+ intracelular agindo como estímulo
fisiológico para a síntese de endocanabinoides.
• Metabolismo: os endocanabinoides são rapidamente captados do espaço
extracelular. Sendo lipossolúveis, difundem-se através das membranas
plasmáticas a favor do gradiente de concentração. A enzima-chave para a
anandamida é uma serina hidrolase microssômica conhecida como ácido
graxo amida hidrolase (FAAH). A FAAH converte a anandamida em ácido
araquidônico mais etanolamina e também hidrolisa o 2-AG, produzindo ácido
araquidônico e glicerol.
➢ Mecanismo de ação do canabidiol (CBD)
O canabidiol, derivado da Cannabis, não atua diretamente nos receptores
canabinoides. Na realidade, o canabidiol inibe a FAAH e, consequentemente,
aumenta o conteúdo de anandamida, ativando os receptores CB1 e CB2. Além
disso, o canabidiol age como antagonista dos receptores de membrana GPR55,
impedindo o influxo de Ca2+ e contribuindo para o efeito anticonvulsivante; e
estimula os receptores 5-HT conferindo os efeitos ansiolítico e antidepressivo.
Dessa forma, o canabidiol é considerado uma “droga suja”, pois não apresenta
seletividade por um único receptor.
O CBD é metabolizado pelo CYP2C19 e CYP3A4, no entanto, o CBD também
é um inibidor desses citocromos e, portanto, interferem na biodisponibilidade de
outros fármacos que dependem desses citocromos para serem metabolizados.
Um exemplo disso, é o clozabam, um fármaco utilizado no tratamento de
epilepsia, que quando associado ao uso de CBD, propiciam maior sonolência,
pois pela redução do metabolismo, esses fármacos apresentam maior
concentração plasmática.
Outros ensaios clínicos com CBD indicam:
• Tratamento da dependência à opioides.
• Transtornos de estresse pós-traumático.
• Tratamento de depressão e ansiedade.
• Tratamento de dores.
• Estudos de interação medicamentosa com contraceptivos orais.
CÂNHAMO MACONHA
Planta alta e esguia, com poucas
ramificações laterais. Toda a Planta com baixa estatura, mais
estrutura pode ser usada para incorporada e com muitas flores
extração de canabinoides
➢ Antidepressivo ideal
• Elevada eficácia.
• Recuperação sintomática e funcional.
• Rápido início de ação.
• Baixa incidência de interações medicamentosas.
• Efeitos adversos mínimos.
• Seguro na intoxicação.
• Administração simples.
• Baixo custo.
• Boa relação custo-efetividade.
• Eficaz para um amplo espectro de transtornos mentais.
• Eficaz em transtornos frequentemente associados à depressão.
• Alta eficácia e tolerabilidade em crianças e idosos.
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➢ Inibidores seletivos da receptação da serotonina (ISRS)
Os inibidores seletivos da captação de serotonina são um grupo de fármacos
antidepressivos que inibem especificamente a captação da serotonina,
apresentando uma seletividade de 300 a 3.000 vezes maior para o transportador
de serotonina do que para o de noradrenalina. Isso contrasta com os
antidepressivos tricíclicos (ADTs) e os inibidores da captação de serotonina e
noradrenalina (ICSN), que inibem a captação de noradrenalina e de serotonina
não seletivamente. Os ISRS incluem fluoxetina, citalopram, fluvoxamina,
paroxetina e sertralina.
• Mecanismo de ação: os ISRS bloqueiam a captação de serotonina, levando
ao aumento da concentração do neurotransmissor na fenda sináptica.
• Farmacocinética: todos os ISRS são absorvidos após administração oral,
sendo que a maioria tem meia-vida entre 16 e 36 horas. A fluoxetina difere
dos outros fármacos da classe por ter uma meia-vida muito longa (50 h), e a
meia-vida do metabólito ativo, S-norfluoxetina, é ainda mais longa (10 dias).
• Efeitos adversos: embora se considere que os ISRS tenham efeitos
adversos menos graves do que os ADTs e os IMAOs, eles não são isentos
de efeitos adversos, como cefaleia, sudoração, ansiedade e agitação, efeitos
gastrintestinais (náuseas, êmese e diarreia), fraqueza e cansaço, disfunções
sexuais, alterações de massa corporal, distúrbios do sono (insônia e
sonolência) e interações farmacológicas potenciais
Em termos gerais, independente da classe de antidepressivos, todos
apresentam uma eficácia semelhante, em torno de 2/3. A escolha do melhor
medicamento leva em conta as preferências do médico e do paciente, além das
questões farmacocinéticas. Uma das vantagens da fluoxetina é seu alto tempo
de meia vida. A suspensão abrupta do medicamento não leva a uma crise de
abstinência, pois o nível plasmático decairá lentamente. Drogas com tempo de
meia-vida mais curta como a paroxetina e fluvoxamina, provavelmente
ocasionarão síndromes de abstinência.
➢ Fitoterápicos
O Hypericum perforatum é um dos poucos antidepressivos naturais que age
por inibição da recaptaçao serotonina (5-HT) e noradrenalina, além de atuar na
inibição da MAO. No entanto, os efeitos adversos incluem: gastrointestinais (leve
náusea, diminuição do apetite e desconforto gástrico); reações alérgicas; fadiga;
tontura; ansiedade; fotossensibilidade; e virada maníaca.
DROGAS ANSIOLÍTICAS
▪ Diazepam
▪ Bromazepam
Benzodiazepínicos ▪ Lorazepam
▪ Clonazepam
▪ Alprazolam
▪ Buspirona
Azapironas ou
▪ Gepirona
azaspirodecanediona
▪ Ipsapirona
Massa corporal
19 12
magra (%)
Fluxo sanguíneo
100 55 – 60
hepático
➢ Critérios de Beers
Os Critérios de Beers, criado pela Sociedade Americana de Geriatria, têm
objetivo de facilitar a escolha da medicação, reduzir os eventos adversos e
fornecer uma ferramenta para avaliar o custo, os padrões e a qualidade do
atendimento das pessoas com 65 anos ou mais.
Esses critérios fornecem informações com listas importantíssimas:
• Medicamentos que são potencialmente inapropriados nos idosos.
• Medicamentos que normalmente devem ser evitados em idosos com certas
condições (conceito interação droga-condição).
• Medicamentos para serem usados com cautela
• Medicamentos com interações medicamentosas entre as drogas.
• Medicamentos que necessitam de ajuste da dose de droga com base na
função renal.