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II
III
Como é que o psicopata chega a este caminho? Por que é tão temeroso de
precisar? Que eventos distorcem sua mente?
Cada pessoa começa sua vida num estado de desamparo e necessidade. A
existência de uma criança depende de outras pessoas. Sem proteção, cuidados e nutrição
dos pais, esses jovens não vão sobreviver. E numa rua de mão única, os pais dão, a
criança recebe ou toma. E é isto que numa geração posterior farão com sua prole. E
então o rio segue colina abaixo, sempre.
Não duvidaria você de seu juízo se visse o fluxo de água subindo a
montanha? Você deveria dizer “é loucura, não pode ser”. Há uma ordem natural na
vida. O que pode uma criança pensar se toma consciência de que os papéis estão
invertidos, que a mãe está procurando a criança para maternidade e preenchimento?
Quantas vezes ouvi pacientes dizerem “fui uma mãe para minha mãe”. Virar a ordem
natural de cabeça para baixo causa uma devastação incrível na personalidade da criança.
O desenvolvimento da personalidade de uma criança passa por muitas pressões e
tensões, antes que ela esteja forte o suficiente para lidar com a realidade, um caminho
adulto. Um dos maiores stress é a situação edipiana. Cada criança sente atração sexual
pelo pai do sexo oposto. Essa experiência é um fluxo poderoso de sexualidade entre os
três e os seis anos. Isto está no mesmo plano com o primeiro dente do bebe, outra
expressão de preciosa maturidade. Esse dente cai quando o dente permanente irrompe.
Similarmente, a florescência sexual precoce retrocede para preparar caminho para a
sexualidade permanente da puberdade.
Caracteriza-se o psicopata como uma pessoa que faz uma promessa com cujo
cumprimento não se sente comprometido. Isto significa falta de integridade. Este é um
bom termo, mas requer definição. Nós só podemos entender o que é integridade
examinando a personalidade psicopática bioenergeticamente.
Note-se que o problema básico não é a inabilidade de sentir ou ter senso, mas a
negativa do corpo, do sentimento e do senso. Obviamente, a negativa pelo ego na
função perceptual cria um vazio de sentimento no nível perceptivo, mas esta lacuna não
é a mesma que ocorre no estado esquizóide. A negação pelo ego é uma condição
patológica no aparato físico, o que justifica o termo psicopático. Na esquizofrenia
estamos lidando com uma quebra ou dissociação. O sentimento não é negado, ele está
contude, desconectado.
O esquizofrênico também tem falta de integridade, mas podemos desculpá-lo
porque ele não vê virtude nesta falta, como o psicopata vê.Voltarei a isto depois.
A falta de integridade na estrutura psicopática é causada pela mente se
voltando contra o corpo ou, melhor dizendo, pelo pensamento que nega sentimentos. A
falta de integridade manifesta-se fisicamente, em nível do corpo. A cabeça não está
conectada energeticamente com o corpo. Não se ajusta ao corpo. Algumas vezes, vemos
a cabeça de uma criança em um corpo maduro, ou a cabeça de um adulto em um corpo
infantil. Às vezes é uma cabeça pequena num corpo grande ou vice-versa. A causa para
este distúrbio é o anel de tensão na base do crânio
Outra característica física é o colocar-se acima do chão, de modo que os pés
não estão energeticamente conectados ao chão. Freqüentemente, essa colocação
ascendente se reflete na parte superior do corpo, de modo que fica marcadamente uma
desproporção com a metade inferior. Seja este ou não o caso, o caráter psicopático não
está conectado com seus pés. A função de estar enraizado e sobre a terra está
severamente perturbada.
Vocês todos devem ter ouvido falar que o caráter psicopático é difícil de
tratar. Isto não seria uma surpresa. Desde que sabemos que ele não acredita em nada, é
irracional de nossa parte pretender que ele acredite na terapia, ou que tenha qualquer
confiança no terapeuta. Entretanto, se ele se obriga a vir à terapia, significa que está
desesperado, que precisa de ajuda, quer esteja ou não consciente disso. Também
significa que ele tem algum senso de que as coisas não estão certas com ele, algum
sentimento de infelicidade.
A pior coisa que o terapeuta pode fazer é prometer-lhe que pode ajudá-lo.
Tão logo escute a promessa, sua defesa psicopática fica ativada. Ela sabe bem o jogo e
é melhor nele que o terapeuta. Ele sabe que você não pode cumprir a promessa e então
ele vê você como igual a ele. Neste caso, ele se pergunta o que é que você tem a
oferecer-lhe e cairá fora tão logo se sinta chateado com seu jogo terapêutico. Ou pode
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E-mail: libertas@libertas.com.br
L BERTA S
ficar e aprender as regras deste novo jogo, que o fará sentir-se superior a todas as almas
desesperadas que venham a ele em necessidade. O papel terapêutico pode se facilmente
usado para servir à posição psicopática.
Desde que muita gente em nossa cultura tem algum grau de psicopatia em
suas personalidades, uma sábia regra de terapia é não fazer nenhuma promessa. Eu
adoto a política de não exigir que a pessoa que vem a mim para ajuda se comprometa
com o processo. Ele é livre para sair e eu livre para terminar a terapia, se qualquer um
dos dois não estiver satisfeito com a relação. Obviamente, nós discutiremos nossas
dúvidas e desconfianças, de cada um em relação ao outro, mas eu tenho confiança de
que se ele sentir que a terapia não promete ajuda ou oferece a ele algo real, ele ficará.
Dentro deste princípio, se alguém sente que o cliente tem algumas tendências
psicopáticas, é melhor expressar suas dúvidas imediatamente, sobre o que a terapia pode
fazer. Simplesmente ficar com tal pessoa para tratamento, sem expressar a dúvida, pode
constituir-se numa promessa implícita de ajuda. E isto é um embuste.
Estamos girando em torno do assunto focalizando os problemas de nossos
clientes, tanto físicos como psicológicos. Nós podemos apontar os distúrbios em nível
do corpo e ajudá-los a entrar em contato com eles. Mas chegarmos a mudar alguém, isto
não podemos fazer. Uma proposição honesta é “é o seu corpo e não posso fazê-lo por
você”. E isto é a verdade absoluta. Não podemos respirar por ele, não podemos sentir
por ele. E não podemos tornar reta sua personalidade enrolada. Podemos somente
mostrar os pontos de enrolamento e explicar porque tomaram este caminho, mas não
podemos fazê-lo aceitar nossa explicação.
Ajudando uma pessoa a entender seu modo de ser, é importante saber o
que chamamos de ganhos secundários da doença. No nível psicológico, supõe-se que os
ganhos mantêm a pessoa presa ao funcionamento neurótico. Ao final do capítulo
anterior eu perguntei qual o fator da personalidade que mantém a pessoa presa ao
funcionamento neurótico (atitude de culpa) até a idade adulta. Podemos começar com a
questão – “O que mantém esse comportamento psicopático se freqüentemente se
reconhece, como nós também, que isto é frustrante, autodestrutivo e vazio estilo de
vida? A resposta é – ser especial. Para a pessoa culpada é o desejo de ser especial
acoplado geralmente à imagem secreta de ser também especial.
A pessoa psicopática é uma pessoa que acredita que é especial. A situação
de sedução criou o problema, convencendo-o de que era, sem dúvida, especial. Ele era
especial para o pai sedutor. Ele era usado e necessitado pelo pai, tanto emocional como
sexualmente. E ficou convencido de que tinha o poder de completar aquele pai. Que
posição para se por uma criança. Isso fortaleceu e reforçou seu senso infantil de
onipotência, em uma época de vida que deveria estar caminhando para a independência,
a separação, a realidade.
Eu não estaria exagerando se dissesse que uma criança nesta situação é
olhada como um pequeno deus. Ele pode até ter sido adorado por um dos pais. Ao
mesmo tempo, ele foi usado e abusado. Fazemos isto com nossos deuses também.
Esta visão da psicopatia pode surpreendê-lo, mas vejamos os paralelos. Um
deus não erra, não tem consciência, não acredita em nada a não ser em si próprio. Um
deus está acima da consideração humana de certo e errado, verdade e falsidade. Ele
também está acima das fraquezas e vulnerabilidades humanas comuns, que é a posição