Este trabalho consiste em uma síntese do conteúdo a partir das construções teóricas realizadas em aula.
A Teoria Freudiana definitivamente dividiu os estudos sobre o ser humano de uma
maneira pragmática. Não há como pensar o sujeito sem relacioná-lo com a teoria do inconsciente. Termo este, que por sua vez é carregado, ao mesmo, tempo de uma mística, sendo concebido dentro daquilo que conhecemos como metapsicologia, e de outro modo como a base de uma teoria, a psicanálise. Logo, neste segundo entendimento, o inconsciente é um dos pilares deste vasto campo do conhecimento. Mas, como não é possível localizá-lo, nem apontá-lo, foi preciso investigar sua fenomenologia. Não à toa, Jaques Lacan, o segundo maior teórico desta corrente, tenha definido sua manifestação como linguagem. Não que se faça no discurso corrente, mas sim nas “falhas” deste processo (como bem apontou Freud), isto é, nos atos falhos, nos chistes, nos lapsos e nos sonhos. E, não que haja um consenso comum entre toda a academia sobre a influência deste conceito na vida psíquica do ser humano e nem mesmo sobre sua existência, mas, sua importância é tamanha, que por ele a psicanálise afirmou que nossos comportamentos são afetados por algo que está além da razão, da consciência, e do ego. Há algo da ordem do ilógico que nos afeta, e seja o que for, têm suas próprias características. Tais especulações deslocaram mais uma vez os humanos de suas rotas, afinal, “não somos senhores de nossa própria morada”, pois, habita nela um desconhecido desconfortável, pelo qual nossos processos mentais se modulam. Na segunda tópica, o próprio Freud, “refez” suas especulações se referindo não mais ao termo inconsciente, mas usando o termo “id”, tal circunstância se deu pela enorme problemática que havia nas ambiguidades do primeiro conceito. O “isso” não possui lugar, não é palpável a um processo empírico dedutivo, todavia, suas manifestações são comuns a toda parte de gente, ou seja, há algo que se manifesta de alguma maneira e que de algum modo influencia nossos processos mentais. Freud instaura um determinismo psíquico, do qual não nos livramos, mas podemos tentar decifrá-lo, através do que ele mesmo chamou de associação livre, ou psicanálise, está é a única regra: que a fumaça escape pela chaminé. A chave do inconsciente é a palavra, e não qualquer palavra, mas aquela que pode ser ouvida. Essa trama grega é típica de Édipo que precisa decifrar o enigma da esfinge para adentrar o portal. Ou, da cristã medieval, que precisa exorcizar um demônio, e o faz descobrindo seu nome. O que é isso? Pois bem, o isso é uma força que atua com o processo histórico-afetivo de cada um. Uma instância constitutiva da vida mental e dos processos constituintes da vida oculta e manifesta. Por estas e mais razões é que a psicanálise se tornou algo do desejo de inúmeros apaixonados que tentam prosseguir mais passos com suas elucidações. Outro pilar importante para a teoria é o conceito de sexualidade, que para Freud está entrelaçado em todo o campo da afetividade e compõe certo tipo de energia vital. A sexualidade, por sua vez, se assenta sobre aquilo que o autor chamou de complexo de Édipo - uma tríade de relações que envolvem as funções de pai-mãe-filho e é determinante para a estruturação psíquica do sujeito, de suas identidades afetivas e sexuais. As impressões psíquicas registradas nesse processo de constituição em que cada um de nós passará serão marcações circunstanciais para a formação das estruturas sob as quais estamos assentados, e que amarram nossa forma de lidar com o mundo. Aqui, podemos perceber que tudo pelo qual passamos gera certo tipo de significações, algumas delas quando carregadas de afetos significantes imprimem nossa maneira de relação. E, para Freud, podemos nos relacionar tendo em vista a maneira como assimilamos em nós a culpa que se faz presente por meio da intervenção de uma falta não assimilada no primeiro momento, mas que se faz necessária. Há aqueles que, se acham culpados, chamados neuróticos. Outros, não assumem a culpa, e por consequência, a falta, seja negando-as ou “desconhecendo-as”. Aliás, é pela tentativa de lidarmos com o que nos falta que é pautada nossa existência. Mas, o que nos falta? Esse é o problema, não é algo do concreto, mas uma incompletude insaciável que nos projeta alegoricamente como um fantasma. É como se pudéssemos lidar o tempo todo apenas com o nosso reflexo. Somos uma tentativa de lidarmos com o que somos. Mas, o que isso tem a ver com o complexo e com as estruturas? Pois é, para a psicanálise tudo está ligado. O Sujeito é alguém sujeitado a essa estenosa rede de conflitos que chamamos de vida. E a energia que temos para nos impormos como um em meio a tantos nos determina. O mais assustador ainda está por vir... No fim das contas ainda que passemos a vida tentando nos conhecer e ainda que possamos ter condições de análise não existem garantias que conseguiremos, não existe garantia no trabalho psicanalítico. No final das contas, tudo se decide por um detalhe; uma decisão consciente é a tomada de milésimos de segundos de consciência e pode ser apenas uma repetição inconsciente ou uma condição de não repetir. Talvez aí esteja a graça da psicanálise, é que sendo ela uma tentativa de conhecer a nós mesmos, possa ser um instrumental importante para nos dar condições de sermos outra coisa, de optar por uma via diferente daquela que antes nos era inconsciente. Talvez a falta de garantias advenha da constatação de que somos produtos de nós mesmos, e as consequências que produzimos somos nós, não há como escapar de sermos, e como vivemos sempre pelo reflexo, ou seja, pelo aquilo que produzimos, isto é, os sintomas, estamos fadados a faltar, inclusive fadados à falta de garantias. Não há garantias de sucesso, de felicidade e de tudo o que aparentemente elegemos para uma vida boa. Cada um deve lidar com o que lhe cabe. Não existe possibilidade de cura, de cura de nossos sintomas, pois até estes somos nós mesmos. E, ninguém se cura de si mesmo. Isso seria o fim.
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