Diagnóstico Psicopedagógico Institucional – Trabalho Final
Por: Alexandre Augusto Izaias
Aprender a Aprender: Uma Vida
A vida é feita de escolhas. Quando escolhi fazer o curso de Psicopedagogia
não sabia o que me esperava. Ao adentrar o campus da faculdade me deparei de novo com aquela sensação de insegurança, como no primeiro dia de aula, quando não conhecemos ainda nossos colegas e professores e nem sabemos muito bem o que nos espera. Mas, como bem diz a primeira estrofe do poema “Aprendência”, aprender é estar aberto ao mundo na espera do novo. Essa sempre foi minha postura, sempre curioso desde muito cedo, a ponto de me sentir incomodado. Aos poucos conheci cada colega, fiz novos amigos, me coloquei em relação, e presenciei aulas incríveis, ministradas por mestres excepcionais. Mesmo em meio à pandemia não desistimos, nem eu e nem os bravos professores. Um dos desafios que se fez presente foi justamente se desapegar dos preconceitos e aprender a aprender, para isso não se pode economizar, ou se entrega de corpo e alma ou se colhe tudo pela metade e não há meio termo quando o assunto é a aprendizagem. Já na aula de Diagnóstico Psicopedagógico Institucional descobri um mundo incrível ao olhar por mais essa janela proporcionada pelo curso. Soube que existem muitas áreas em que se pode trabalhar com a psicopedagogia, não se limitando a área escolar. O campo de atuação é vastíssimo e pode tanto se concentrar em instituições, tais como hospitais, empresas, casas de acolhimento, quanto no terceiro setor, onde estão as ONGs, ou ainda, de forma particular, em consultório próprio. Onde houver um aprendente e um ensinante ali estará a psicopedagogia, pois como bem fala Gonçalves (2006), a psicopedagogia apesar de se encontrar no limiar fronteiriço de áreas como a educação e a saúde é um conhecimento no âmbito educativo, de acordo com a ordem de seu objeto estudado. Esse objeto de desejo de cada um de nós é a aprendizagem, motor nosso de cada dia. Desde que nos levantamos até quando nos deitarmos estamos aprendendo, trata-se de um processo dialético, para relembrar Friedrich Hegel, que acontece por meio de confrontos, nos quais nos colocamos a refletir em busca de algo melhor. Isso nos faz repensar que apesar de ser a aprendizagem algo intrínseco ao ser humano, não deixa de ser ela também uma escolha. Minha escolha de vida é aprender, e é isso que eu faço, ora conscientemente, outrora inconscientemente. E como nos ensina Barbosa (2010), a aprendizagem para a psicopedagogia se refere a um processo onde quem aprende tem um papel ativo, tanto do lado cognitivo, quando afetivo, o que faz com que o aprendizado seja um objeto de desejo. Aprendemos, a meu ver, porque nos sentimos desafiados. Gostamos de desbravar os limites do desconhecido, respirar novos ares. Tal como o “objeto a”, proposto por Jaques Lacan, que representa a falta, estamos sempre à procura de algo para nos completar, e o bom do conhecimento é que ele não tem fim. Quando alcançamos um nível já surgem vários outros a serem vencidos. Faz parte da nossa humanidade querer o que não temos. Nesse sentido a psicopedagogia funciona como uma mediadora que leva a cada um dos sujeitos mais longe, é algo humano, das ciências humanas. Nas palavras de Gonçalves (2006), “A Psicopedagogia [...] é uma área de conhecimento que se dirige para o estudo da aprendizagem enquanto fato e ação inerente ao ser humano e, portanto, se configura como um campo específico das ciências factuais humanas”. Nesse sentido, faz-se necessário trazer à tona os muitos aprendizados que obtive nessa matéria, como quando aprendi sobre o diagnóstico institucional, que é um processo investigativo que surge a partir de uma demanda, que pode ser traduzida em forma da queixa de um determinado problema. Mas não é qualquer um que pode fazê-lo, mas sim o psicopedagogo, que possui conhecimento e instrumentação para tanto e que sabe que este processo obedece a etapas que vão desde a coleta de dados, passando pela elaboração de hipóteses, até a apresentação dos dados obtidos, e finalmente a proposta de intervenção. Trata-se de um processo que exige um olhar diferenciado de quem o realiza, mas não só isso, também é necessário conhecer da epistemologia genética de Jean Piaget, da Psicologia Social e a teoria de grupos operativos (centrados na tarefa) de Pichon Rivière, e porque não, da psicanálise de Sigmund Freud. Isso por si só já é animador, quanta coisa nova para aprender e quanto já pude experenciar nessa nova jornada em que me coloquei. Olho tudo com admiração e sou agradecido pela minha escolha, certamente não sei o que vai ser do meu futuro, mas já sei que não sou o mesmo depois dessa experiência magnífica chamada Psicopedagogia. Há quem diga que a ignorância é uma benção pois não nos corrompe, porém, talvez a benção seja corromper esta ignorância que não cansa e me alcança em cada momento. Vamos aprender.
(Alexandre Augusto Izaias, 2020).
Referência Bibiográficas
BARBOSA, Laura Monte Serrat (org.). Intervenção Psicopedagógica no
Espaço da Clínica. Curitiba: Ibpex; 2010.
GONÇALVES, Júlia Eugênia. A Pesquisa em Psicopedagogia: Implicações
e Aplicações na Prática Profissional. Revista Científica da FAI, Santa Rita do Sapucaí, MG, v.6, n.1, p. 54-62, 2006.