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Universidade Federal de Pernambuco

Centro de Filosofia e Ciências Humanas


Departamento de Psicologia
Curso de Graduação em Psicologia

SEGUNDA AVALIAÇÃO

Trabalho apresentado por Rodolfo


Henrique Felix da Silva ao Prof. Sylvio
José Barreto da Rocha Ferreira referente
à segunda avaliação da disciplina de
Projetos de Subjetivação.

Recife, 2016
Eu, diante de mim, na minha busca e na minha fuga de mim mesmo: o que posso
dizer de mim com relação às aulas de processos de subjetivação?

Depois de ter tido uma experiência como atender às aulas de Processos de


Subjetivação, a noção de mim nunca mais foi a mesma. Cheguei quase como um corpo
despedaçado, que não tem uma experiência de si como um ser unificado. Ao contrário
do que se costuma dizer, o eu é essencialmente corpóreo. Sem o corpo não há eu. Por
isso tomamos o outro como espelho na formação do eu. E o outro, nesse caso, foi o
percurso das aulas que me guiaram na minha busca e fuga por mim mesmo.

A partir daí, tomei a fantasia como princípio dos desejos. Sem ela, não existe
“faz de conta”. Não existe o “e se...”. Porém, a fantasia, como fator essencial à
construção do indivíduo, também está presente na ideia de castração e de complexo
Édipo. A partir disso, é imprescindível tomar o princípio do prazer como origem das
fantasias, pois ele desconhece a realidade, a responsabilidade, os deveres, o tempo. Ele
afastar-se de qualquer evento que possa despertar desprazer. Por outro lado, o princípio
de realidade regula a busca pela satisfação levando em conta as condições impostas pelo
mundo externo e vem substituir o princípio de prazer como uma proteção e não como
uma deposição deste último.

E nessas nunca cessantes busca e fuga por mim, tomei conhecimento do quanto
os sonhos são fundamentais para compreender como funciona o aparelho psíquico.
Sonhos são mitos dos indivíduos. Tomando como base a teoria de Freud que explica
esse funcionamente através de três instâncias: consciente, pré-consciente e inconsciente,
é possível notar como os sonhos são formas diretas de acessar o inconsciente. Mas os
sonhos têm por característica sua a falta de senso, sua não obediência às leis que nos
regem na vigília. O que Freud formula é que os sonhos seguem uma lei própria, seguem
uma lógica que não é a lógica cotidiana. É levado assim a demonstrar que nosso aparato
mental é formado pela consciência, cujas regras reconhecemos, e pelo inconsciente,
cujos efeitos nos surpreendem por seguir uma lógica diferente e desconhecida. Desta
forma, um desejo que não condiz com nossa posição social, nosso sexo, nossa situação
civil etc é jogado naquele campo que não segue as mesmas regras de nossa consciência.
No inconsciente, este desejo vai procurar sua expressão a qualquer custo. Se não é
possível que ele se expresse conscientemente, ele vai buscar alguma expressão
substitutiva que consiga escapar à censura. O sonho pode ser entendido como a
expressão de uma série de desejos, que encontram nele a única via para a consciência.

O conceito de personagem trabalhado na disciplina foi algo que me deixou um


tanto perturbado como aliviado. É fato que todos somos reprodutores dos papéis que
nos são concedidos. Atores. Isso significa, também, que não somos tão diferentes assim
um dos outros. Trocou de lugar, trocou de personagem; chegando até a sermos
personagens de nós mesmos. Somos tão parecidos que tudo de bom e tudo de ruim que
acontece pode ser caracterizado como condição da espécie. Um jogador de basket que
marca o ponto quase no último segundo do jogo, uma pessoa que comete suicídio. Nada
de estranho. Tanto a pulsão de vida, como a pulsão de morte são inerentes ao indivíduo.
A pulsão de vida seria representada pelas ligações amorosas que estabelecemos com o
mundo, com as outras pessoas e com nós mesmos, enquanto a pulsão de morte seria
manifestada pela agressividade que poderá estar voltada para si mesmo e para o outro e
do movimento de retorno à inércia pela morte também. Apesar disso, é possível afirmar
que exista a constução de uma singularidade nos indivíduos, mas só através do
reconhecimento do outro como eu.

Há sempre uma tensão entre a construção interna do sujeito, composta pela


sujetividade e pela singularidade, e a construção externa, social, pois uma tenta dominar
a outra. Entretanto, essa tentativa de dominação se dá porque a construção externa
produz modos de subjetividade plurais, sem os quais não podemos nos orientar, ou seja,
são modos de pensar que percorrem um campo de possibilidades e limites. O
inconsciente que não é avesso à dimensão social, pois nos espelhamos nela como
possibilidade de existência que desdobra-se em nós um rogo de singularização. O desejo
social orienta nossa subjetivação. Portanto, é válido dizer que a estruturação do sujeito
se dá num movimento de busca por uma subjetividade que se constitui em torno de um
sentido.

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