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4. OS MECANISMOS DE “HOLDING”
- Sentado
- oferecendo um travesseiro ou almofada para a cabeça;
- o terapeuta coloca os pés do cliente nos seus próprios pés ou coxas;
- colocando a mão no peito do cliente (pressionando ou não);
- o cliente se encosta no terapeuta como se estivesse reclinando numa cadeira
(o terapeuta senta no chão, apoiado na parede).
- Com a voz
- fazendo sons com o cliente que tem problemas em colocar a voz (a voz do
terapeuta não deve ser mais alta que a do cliente, só impulsionar).
- Com os olhos
- com calor, admiração, olhos úmidos ou qualquer sinal de “ressonância” visto
nos olhos do terapeuta.
D. A ESSÊNCIA DO “HOLDING”
Como eu disse acima, “holding” não é uma técnica, é uma atitude. A essência do
“holding” reside sob qualquer palavra ou gesto. É encontrado na abertura e
sensibilidade de uma pessoa para com o outro ser humano. É encontrado na
capacidade específica de uma pessoa ressoar às necessidades básicas de outra.
Em francês nós temos a expressão “porter quelqu’un dans son coeur” que
significa literalmente “carregar alguém no seu próprio coração”. Eu penso que
“holding”é isto. Eu penso que “holding” é um estado de coração que nós
aprendemos a cultivar com nossos clientes, conforme os vamos conhecendo no
trabalho terapêutico. Uma vez que o coração está aberto, as necessidades
aparecem. O que ocorre é não ter que ter uma intervenção perfeita – palavra ou
toque, mas que seja “humano” e expresse as qualidades amorosas do coração.
Uma vez que os clientes são muito vulneráveis quando estão lidando com
questões dos primeiros estágios da vida, é de extrema importância ser genuíno
quando nós fornecemos “holding” tocando outra pessoa. Pode parecer tolo repetir
uma regra óbvia, mas como profissionais de ajuda, nós muitas vezes tendemos a
nos sobrecarregar quando acolhemos clientes aflitos, uma vez que
é dolorido e assustador para nós sermos testemunhas da angústia existencial e
mesmo do terror agudo sem fazer nada.
Mais uma vez a palavra e estar lá ao invés de fazer. Estar lá no sentido de ser
verdadeiramente como se é, ao invés de ficar procurando o jeito certo de fazer. Se
nós não nos sentimos próximos do cliente e o tocamos, melhor faríamos se não o
fizessemos. Melhor ficar à distância e ouvir e abrir o coração mais do que ficar
próximo e ter que cortar os próprios sentimentos. Não são os mecanismos de
“holding” que conta, mas a presença... e a capacidade de se perdoar se não
formos uma “mãe” perfeita.
A capacidade de fornecer “holding” no “setting” terapêutico pode flutuar de acordo
com o próprio estado interior e necessidades do momento e com o que está
acontecendo no relacionamento terapêutico em dado momento (assuntos
contratransferenciais ). Estas flutuações devem ser reconhecidas e respeitadas.
Não é sempre uma tarefa fácil, especialmente para terapeutas como eu, que tem
que lidar com seu próprio masoquismo e narcisismo.
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Eu acredito que quanto mais conhecemos nossas dificuldades e fracassos em
fazer a coisa certa no momento certo, mais nos tornamos humanos e menos
máquinas. Harold Searles assinala no seu “Collected papers on equizoprenia and
related subjects” (L’ effort pour rendre l’autre fou”) que frequentemente fora dos
fracassos, uma brecha é feita para compreender um tema (tanto para o cliente
como para o terapeuta). Além disso, nossas fraquezas podem deixar espaço para
o cliente nos rejeitar, nos desafiar, ou simplesmente se sentir bem não sendo
perfeito também; numa palavra, crescer. Com certeza nós devemos fazer uso de
nosso julgamento para avaliar se e quando devemos informar um cliente das
flutuações que ocorrem (certamente não quando está ocorrendo regressão),
porque se os clientes tem direito à clareza, de outro lado não têm que ficar
sobrecarregados com as nossas questões.
Bob Hilton disse na conclusão de sua apresentação na Pacific Northwest
Bioenergetic Conference dois anos atrás: “todos nós fomos machucados”. E é
deste lugar ferido que devemos compreender intuitivamente a dor e a angústia de
outra pessoa e o tipo de “holding” apropriado que deve ser dado a esta pessoa
para que o processo de cura ocorra. Além disso, se pudermos tolerar a
experiência destes espaços machucados dentro de nós mesmos e ainda assim
ficar em contato com o processo da nossa própria vida, convencemos o cliente,
apesar das palavras, que é possível experienciar o ser quebrado e continuar vivo,
encontrando formas de se curar, acreditando no próprio organismo para alcançar
o que for necessário, assim como também meio ambiente para prover o que faz
falta no início da vida.
Finalmente, temos que ter em mente que nós, como terapeutas, também
precisamos “holding” para nós mesmos, tanto quanto nossos clientes.
Especialmente, quando se espera que forneçamos “holding”, nós devemos nos
sentir suportados (ou seguros). Aquilo que nos segura é o chão. Por isto, eu quero
dizer a sensação de ser suportado pela Mãe Terra e pela força da vida que flue
através de nós, conduzindo-nos através do nosso próprio processo de
crescimento. Isto nos traz de volta ao nosso senso de grounding, acreditando nas
nossas próprias habilidades para sobreviver, confiando no suporte que o meio
ambiente dá e acreditando que em alguns momentos, de alguma forma, em
algum lugar ainda há pessoas de “coração aberto”.
NOTA DO TRADUTOR: