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045/2011-1
SUMÁRIO: AUDITORIA DE
CONFORMIDADE. INFRAÇÃO AO REGIME
DE DEDICAÇÃO EXCLUSIVA.
ACUMULAÇÃO ILÍCITA DE CARGOS
PÚBLICOS. JORNADAS COM DURAÇÃO
EXCESSIVA. OUTROS INDÍCIOS DE
IRREGULARIDADES. ELEVADO ÍNDICE
DE INCIDÊNCIA DE ILEGALIDADES NA
AMOSTRA EXAMINADA. EXPEDIÇÃO DE
DETERMINAÇÕES E RECOMENDAÇÕES ÀS
ENTIDADES AUDITADAS. AUDIÊNCIA DE
RESPONSÁVEIS. REMESSA DE CÓPIA DE
DELIBERAÇÃO ÁS INSTITUIÇÕES
AUDITADAS E A OUTROS ÓRGÃOS.
MONITORAMENTO.
RELATÓRIO
quais foram selecionadas o Ifma e a Ufma para serem auditadas prioritariamente, em face de
apresentarem maior quantidade de servidores enquadrado s nas situações possivelmente ilegais
(272 e 704, respectivamente).
De acordo com o Relatório de Gestão de 2011, a Ufma contava, em dezembro de 2011, com
um quadro funcional composto por 3.208 servidores, sendo 3.019 “de carreira” e 189 “com
contratos temporários”. No Ifma, esses quantitativos são, respectivamente, de 1.742, 1.732 e 10.
Na estrutura organizacional da Ufma, a Pró-Reitoria de Recursos Humanos (PRH) tem as
atribuições de orientar, promover, coordenar e supervisionar a execução das atividades relativas a
administração e desenvolvimento dos recursos humanos na instituição. Ressalta-se, ainda, nesse
contexto, a existência de Auditoria Interna, órgão ligado diretamente ao Conselho Diretor, com
competências de assessoria, planejamento, organização e execução dos serviços de auditoria na
entidade.
Convém destacar ainda, nesse arcabouço, a existência do Hospital Universitário
(HUUFMA), órgão vinculado ao Centro de Ciências da Saúde e subordinado diretamente à
Reitoria, que tem por finalidade, entre outras, conforme o seu Regimento Interno: prestar
assistência hospitalar e ambulatorial à população, aplicando as medidas de promoção e
recuperação da saúde; servir como unidade de referência dentro do Sistema Único de Saúde do
Estado do Maranhão; servir ao aprendizado para o ensino de graduação das profissões das áreas
da saúde e afins.
Quanto ao Ifma, em seu organograma consta a Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas, à qual
compete planejar, superintender, coordenar, fomentar e acompanhar as atividades e as políticas de
recursos humanos. Também integra sua estrutura, vinculado à Reitoria, a Auditoria Interna, que é
o órgão de controle responsável por fortalecer e assessorar a gestão, bem como racionalizar as
ações da entidade e prestar apoio, dentro de suas especificidades no âmbito da instituição, aos
órgãos do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal e ao Tribunal de Contas da
União.
No âmbito da legislação aplicável à matéria em comento, cumpre mencionar:
- Constituição Federal, art. 37, XVI, XVII, e § 10; art. art. 95, parágrafo único, I; art. 128,
§ 5.º, II, d;
- Emenda Constitucional 20/1998, art. 11;
- Código Penal, art. 299;
- Lei 8.112/1990, arts. 117, XVIII, 118, 119, 120, 132, XII, e 133;
- Decreto 94.664/1987, inciso I dos arts. 14 e 15 do seu Anexo;
Assinala-se, ainda, que, como critério para identificação dos achados, levou-se em conta
jurisprudência do TCU, que tem admitido como limite máximo, em casos de acumulação de cargos
ou empregos públicos, a jornada de trabalho de sessenta horas semanais, a exemplo dos julgados
materializados nos Acórdãos 2.242/2007, 490/2011 e 1.927/2012 - Plenário, 54/2007, 371/2007,
3.283/2009 e 534/2011 - Segunda Câmara e 1.224/2008 e 6.847/2011 - Primeira Câmara. Esse
entendimento se coaduna com o Parecer - AGU GQ-145, de 1998.
Também, nesse contexto, existe a Súmula TCU 246/2002 que dispõe que o fato de o servidor
licenciar-se, sem vencimentos, do cargo público ou emprego que exerça em órgão ou entidade da
administração direta ou indireta não o habilita a tomar posse em outro cargo ou emprego público,
sem incidir no exercício cumulativo vedado pelo artigo 37 da CF/88, pois que o instituto da
acumulação de cargos se dirige à titularidade de cargos, empregos e funções públicas, e não
apenas à percepção de vantagens pecuniárias.
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entender cabíveis nos planos cível e criminal, na conformidade dos arts. 143 e 171 da Lei
8.112/1990;
b) instaurem o devido processo disciplinar no caso dos servidores das peças 660 e 661, com
relação aos quais a equipe da Secex-MA identificou, ao confrontar documentos existentes nas
pastas funcionais e outros coligidos no curso da auditoria, situações que, em tese, podem
caracterizar o cometimento, no ato de posse ou de resposta a notificação administrativa expedida
pela entidade, do crime de falsidade ideológica;
II) recomendar à Ufma e ao Ifma, nos termos do art. 250, III, do Regimento Interno/TCU, que
criem termo de declaração de não acúmulo de cargos, empregos ou funções com clara
identificação dos empregadores (a própria instituição e outros, quer públicos ou privados), os
vínculos e sua natureza, os locais de exercício ou prestação dos serviços, as cargas horárias
prestadas, as datas de posse, contratação ou exercício (entre os mais), aplicando -o sempre por
ocasião da investidura ou modificação de regime de trabalho do servidor e, sobretudo,
anualmente;
III) fixar prazo de 180 dias para que ambas as instituições encaminhem relatório consolidado
à Secex-MA, comunicando-lhe, circunstanciadamente, as medidas adotadas e os resultados obtidos
em cada caso;
IV) determinar à Secex-MA que:
a) monitore o cumprimento das determinações feitas acima, nos termos dos arts. 243 e 250, II
e III, do RITCU;
b) encaminhe, de acordo com o disposto no art. 18, II, da Resolução TCU 170/2004, cópia da
decisão que vier a ser proferida, assim como, no que caiba, das evidências que a embasarem, à
Procuradoria da República no Estado do Maranhão, a fim de que tome as providências que julgar
adequadas nas esferas cível e criminal.
3.2. Servidores que exercem ou exerceram cargo de docente em regime de dedicação
exclusiva cumulativamente com quaisquer outros cargos, empregos ou funções de natureza pública
ou privada
3.2.1. Situação encontrada
Verificou-se, com arrimo no levantamento feito inicialmente pela Sefip e nas evidências
levantadas em campo pela equipe de auditoria da Secex-MA, que vários agentes públicos – assim
da Ufma como do Ifma – estão (ou estiveram) a exercer cargo de docente em regime de dedicação
exclusiva em concomitância com um ou mais vínculos de natureza pública ou privada (vide peças
664 e 665).
Ademais, cabe salientar que, na análise, a equipe da Secex -MA, ainda quando não pôde
contar com pasta funcional (impressa ou digitalizada) do servidor, se valeu de outras evidências
para confirmar os achados, tais como levantamento da Sefip e consultas à Semad-São Luís, ao
Estado do Maranhão e ao CnesWeb.
Dessa maneira, a Secex-MA somente deixou de examinar as situações (exclusivamente
relacionadas a pessoal da Ufma) em que, à míngua de lastro probatório quanto à existência da
presente modalidade de acumulação irregular, se tornou inviável chegar a alguma conclusão
satisfatória, o que, de qualquer modo, ensejará determinação de providências à citada UJ (vide
peça 666).
3.2.2. Objetos nos quais o achado foi constatado
Pastas funcionais, bases de dados (Rais, Siape e CnesWeb) e planilhas provenientes da Sefip,
do Estado do Maranhão, Município de São Luís-MA e da Universidade Ceuma
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3.3. Servidores que exercem ou exerceram dois ou mais cargos, empregos ou funções
inacumuláveis, excetuando-se as situações de dedicação exclusiva
3.3.1. Situação encontrada
Excetuados os casos de docente em regime de dedicação exclusiva, a equipe técnica
identificou, à luz dos registros inauguralmente apontados pela Sefip, tanto quanto dos que
provieram de informação do Município de São Luís, do Estado do Maranhão, da Universidade
Ceuma e do sistema Cnesweb, um prodigioso rol de agentes públicos da Ufma e do Ifma com dois
ou mais vínculos inacumuláveis (vide peças 667, 670, 668 e 671).
Ademais, cabe salientar que, na análise, a equipe da Secex -MA, ainda quando não pôde
contar com pasta funcional (impressa ou digitalizada) do servidor, se valeu de outras evidências
para confirmar os achados, tais como levantamento da Sefip e consultas à Semad-São Luís, ao
Estado do Maranhão e ao CnesWeb.
Dessa maneira, a Secex-MA somente deixou de examinar as situações (exclusivamente
relacionadas a pessoal da Ufma) em que, à míngua de lastro probatório quanto à existência da
presente modalidade de acumulação irregular, se tornou inviável chegar a alguma conclusão
satisfatória, o que, de qualquer modo, ensejará determinação de providências à citada UJ (vide
peça 669).
3.3.2. Objetos nos quais o achado foi constatado
Pastas funcionais, bases de dados (Rais, Siape e CnesWeb) e planilhas provenientes da Sefip,
do Estado do Maranhão, Município de São Luís-MA e da Universidade Ceuma
3.3.3. Causas da ocorrência do achado
Primacialmente, nas duas instituições a ocorrência se deu por falsidade comissiva ou
omissiva do declarante.
Ao lado disso, as ocorrências devem-se sobremaneira à insuficiência dos meios de
verificação da possível ilegalidade, vez que as autoridades administrativas se ancoram quase que
exclusivamente na autodeclaração do empossando ou servidor.
No Ifma em particular, ressalva-se, no entanto, que a unidade gestora até possui boas
práticas (como, no ato de posse, exigir curriculum vitae e a mais recente declaração de ajuste
anual do imposto de renda do interessado), mas não consegue fazer uso eficiente e racional delas.
Acresce que as referidas unidades jurisdicionadas não implementaram procedimento
periódico com esteio no qual pudessem identificar situações de possível acumulação ilícita.
3.3.4. Critérios
Art. 37, XVI, da Constituição Federal
Arts. 46, 118, 132, XII, 133 e 143 da Lei 8.112/1990
Acórdão 770/2012 - Primeira Câmara
Acórdão 2.542/2012 - Segunda Câmara
Acórdão 784/2012 - Plenário
Acórdão 1.626/2012 - Plenário
Súmula - TCU 246/2002
Súmula - TCU 282/2012
3.3.5. Evidências
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Pública Federal, ao órgão ou entidade para qual migrou o servidor eventuais medidas
administrativas a serem adotadas;
a.3) instaurem sindicância ou, se couber, o competente processo administrativo disciplinar,
tendo em vista o que rezam os arts. 117, XVIII, e 130 da Lei 8.112/1990;
a.4) verifiquem, nos casos de servidores que possuem jornada total semanal superior a 60
(sessenta) horas semanais, se há compatibilidade de horários e se não há prejuízo às atividades
exercidas em cada um dos cargos acumulados pelos servidores, fundamentando a decisão, na
hipótese de se concluir pela licitude da acumulação, anexando, no respectivo processo, a
competente documentação comprobatória e indicando expressamente o responsável pela medida
adotada;
a.5) nos casos contidos nas peças 675 e 676 (em que constatada a combinação de acúmulo
irregular e provável falsum), promovam a restituição das importâncias indevidamente percebidas,
nos termos do art. 46 da Lei 8.112/1990, no que concerne a todo o período em que desempenharam
vínculos remunerados em concomitância, desde a data inicial da situação irregular até a de
eventual regularização, instaurando tomada de contas especial na hipótese de a ação de
ressarcimento se mostrar infrutífera e observando, nos moldes da hodierna jurisprudência
predominante, a imprescritibilidade incrustada no verbete da Súmula 282 do TCU;
a.6) encaminhem relatório consolidado à Secretaria Estadual de Controle Externo do TCU
no Maranhão, comunicando-lhe, dentro do prazo de 180 dias, as medidas adotadas e os resultados
obtidos em cada caso, especificando:
a.6.1) no caso de dívida, os detalhes do passivo de cada servidor, tais como montante da
dívida, valor do limite legal da parcela amortizável, número de parcelas do ressarcimento e
processo administrativo;
a.6.2) no caso em que não houver dívida imputável, a efetiva modificação, mediante a
juntada de comprovante de publicação do ato exoneratório na imprensa oficial competente ou da
rescisão do contrato de trabalho, da situação irregular;
a.6.3) no caso de débito parcelado, façam constar nas contas anuais da entidade
levantamento atualizado sobre a dívida, o saldo amortizado, o número de parcelas pagas e por
adimplir, o número do processo administrativo e outras informações relacionadas ao
ressarcimento de cada servidor, juntando em especial as respectivas fichas financeiras;
a.6.4) na hipótese de readequação de jornada semanal de trabalho, comprovantes da nova
jornada na UJ ou em outro órgão/entidade, com obrigatória atestação documental, tendo a
redução sucedido no âmbito federal, do correspondente decesso remuneratório;
a.7) no caso de débito parcelado, façam constar nas contas anuais levantamento atualizado
sobre a dívida, o saldo amortizado, o número de parcelas pagas e por adimplir, o número do
processo administrativo e outras informações relacionadas ao ressarcimento de cada servidor,
juntando em especial as respectivas fichas financeiras;
b) à Ufma que verifique, no caso dos servidores nominados na peça 674 (para os quais não
dispôs a equipe da Secex-MA de pastas e/ou elementos informacionais que permitissem análise
conclusiva), se a situação corresponde à de acúmulo de cargos, empregos ou funções com jornada
semanal superior a sessenta horas, adotando as medidas que urgirem;
II) determinar à Secex-MA que:
a) monitore o cumprimento das determinações acima feitas, nos termos dos arts. 243 e 250,
II, do RITCU;
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b) encaminhe, de acordo com o disposto no art. 18, II, da Resolução TCU 170/2004, cópia da
decisão que vier a ser proferida, assim como, no que caiba, das evidências que a embasarem , à
Procuradoria da República no Estado do Maranhão, a fim de que tome as providências que julgar
adequadas nas esferas cível e criminal.
3.5. Servidores com indício de jornadas incompatíveis em virtude de horário e/ou localidade
de exercício/lotação
3.5.1. Situação encontrada
No cruzamento de evidências, com grado destaque para as que provieram do Município de
São Luís, não foi possível aferir se agentes públicos do Ifma e da Ufma, sendo o caso de
acumulação lícita, estariam exercendo mais de um vínculo em horários e localidades compatíveis,
de maneira que, com a procedente dúvida surgida, resolveu a equipe de auditoria, seguindo a
prévia classificação indicativa da Sefip, manter os correlatos eventos como indiciários de
incompatibilidade parcial do exercício de cargos, empregos ou funções (vide 677, 680, 678 e 681).
Ademais, cabe salientar que, na análise, a equipe da Secex -MA, ainda quando não pôde
contar com pasta funcional (impressa ou digitalizada) do servidor, se valeu de outras evidências
para confirmar os achados, tais como levantamento da Sefip e consultas à Semad-São Luís, ao
Estado do Maranhão e ao CnesWeb.
Dessa maneira, a Secex-MA somente deixou de examinar as situações (exclusivamente
relacionadas a pessoal da Ufma) em que, à míngua de lastro probatório quanto à existência da
presente modalidade de acumulação irregular, se tornou inviável chegar a alguma conclusão
satisfatória, o que, de qualquer modo, ensejará determinação de providências à citada UJ (vide
peça 679).
3.5.2. Objetos nos quais o achado foi constatado
Pastas funcionais, folhas de frequência, bases de dados (Rais, Siape e CnesWeb) e planilhas
provenientes da Sefip, do Estado do Maranhão, Município de São Luís-MA e da Universidade
Ceuma
3.5.3. Causas da ocorrência do achado
O fato ocorreu em virtude dos inexistentes e, quando implantados, ineficazes mecanismos de
cumprimento de horário de trabalho.
Na Ufma e no Ifma, comprovou-se que o sistema de controle de jornada (que ainda é
manuscrito) em geral permite ao servidor assinar a folha de ponto com horários de entrada e saída
rigorosamente idênticos (os chamados “pontos britânicos”).
No HUUFMA, a situação não é muito melhor do que isso, porquanto, apesar de instalado
sistema eletrônico de ponto, várias incoerências foram captadas pela equipe da Secex-MA.
Cabe, ainda, apontar a incúria administrativa com relação à posse de servidores que,
detentores de outro cargo, passaram a desempenhar atribuições no Ifma e na Ufma em localidades
incompatíveis ou incompossíveis.
3.5.4. Critérios
Art. 37, XVI, da Constituição Federal;
Arts. 44, II, 46 e 47, 117, XVIII, 118, § 2.°, 130, 133 e 143 da Lei 8.112/1990
Acórdão 6.938/2009 - Primeira Câmara
Acórdão 1.224/2008 - Primeira Câmara
Acórdão 3.754/2010 - Primeira Câmara
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4 – CONCLUSÃO
As seguintes constatações, todas relativas à questão de auditoria única formulada, foram
identificadas neste trabalho:
- Servidores que, no ato de posse ou de exercício em cargo, emprego ou função pública, bem
como em resposta a notificação administrativa, em tese incorreram, por omissão ou comissão, em
falsidade ideológica (item 3.1);
- Professores que exercem ou exerceram cargo de docente em regime de DE cumulativamente
com quaisquer outros cargos, empregos ou funções de natureza pública ou privada (item 3.2);
- Servidores que exercem ou exerceram dois ou mais cargos, empregos ou funções
inacumuláveis (excetuando-se as situações de dedicação exclusiva) (item 3.3);
- Servidores em situação de acúmulo de cargos, empregos ou funções com jornada semanal
superior a sessenta horas (item 3.4);
- Servidores com indício de jornadas incompatíveis em virtude de horário e/ou localidade de
exercício/lotação (item 3.5);
- Falhas nos controles internos (item 3.6)
Anota-se que, da amostra analisada (976 agentes públicos, sendo 224 do Ifma e 567 da
Ufma), 81,04% enquadram-se em um ou mais dos achados descritos anteriormente; porém não é
possível generalizar os resultados obtidos para o universo do pessoal da Ufma e do Ifma, ou seja,
as conclusões se aplicam exclusivamente àqueles caracterizados como “responsáveis”, de acordo
com as listagens que compõem as peças 660 a 683 dos autos.
Apesar de possíveis impactos nas contas das entidades em foco nos exercícios 2009-2012, em
vista das ilegalidades relatadas e de esperado dano ao erário, não se justifica, a princípio, o
sobrestamento delas, dado que o art. 206 do Regimento Interno do TCU em sua nova redação
estipula que a decisão definitiva em processo de prestação de contas ordinária não constituirá fato
impeditivo da aplicação de multa ou imputação de débito em outros processos, salvo se a matéria
tiver sido examinada de forma expressa e conclusiva.
Entre os benefícios estimados desta fiscalização pode-se mencionar: expectativa de controle,
correção de irregularidades, fornecimento de subsídios para atuação das entidades, além de
possível economia ao erário, decorrente da sustação de pagamentos efetuados nos casos de
acumulação indevida de cargos, jornadas incompatíveis e infração ao regime de dedicação
exclusiva, e, em relação a esta última, a potencial devolução aos cofres públicos das importâncias
recebidas irregularmente.
Releva sublinhar que, em virtude da solidariedade federativa e de outros princípios que
regem a cooperação entre órgãos e entidades da Administração Pública, será mister encaminhar,
quando a hipótese se quadrar ao campo de competência dos destinatários, cópia da decisão que
vier a ser proferida, assim como listagens e evidências que a embasarem, à Procuradoria da
República no Estado do Maranhão, ao Município de São Luís-MA, ao Estado do Maranhão, à
Procuradoria-Geral de Justiça do Estado do Maranhão, ao Tribunal de Justiça do Estado do
Maranhão, à Controladoria-Geral da União, ao Tribunal de Contas do Estado do Maranhão, ao
Conselho Nacional do Ministério Público e ao Conselho Nacional de Justiça.
Nessa mesma linha, imagina-se apropriado, mormente pela dicção do art. 936 do Decreto
3.000/1999 (RIR/1999), propor remessa à Delegacia da Receita Federal do Brasil em São Luís de
elementos documentais que capacitem esse órgão fiscal da União a verificar possíveis situações de
sonegação (parcial ou total) de imposto de renda por parte dos servidores integrantes da amostra
auditada ou do próprio universo do qual esta foi extraída.
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Sugere-se ainda, haja vista que o trabalho, por razões mais que óbvias, se desenvolveu
levando em consideração apenas parcela do universo inicialmente tabulado pela Sefip, seja
incluído no planejamento de fiscalizações da Secex-MA para o exercício de 2013 auditoria cujo
escopo seja a acumulação irregular de funções, empregos ou cargos públicos para os casos ora
não analisados, incluindo-se, se exequível e não mudar a orientação da Sefip, casos que
contemplem aposentados.
Por último, e como forma de adjuvar a proposta de recomendação dirigida no item 3.6 à
Ufma e ao Ifma, tanto quanto de aumentar o princípio da eficiência, aventa-se a possibilidade de
recomendar à Secretaria de Gestão Pública, órgão central do Sistema de Pessoal Civil da
Administração Federal (Sipec) e integrante da estrutura do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão, empreenda estudos direcionados a agregar às funcionalidades do Sistema
Integrado de Administração de Recursos Humanos (Siape) dispositivos (telas, opções e outros)
capazes de permitir consulta, inclusão e alteração de dados referentes a vínculos externos
(públicos ou particulares, federais, estaduais, distritais ou municipais) de cada servidor, a ser
regularmente alimentado pelas unidades usuárias do sistema, que para tanto deverão basear-se
nas declarações de não acúmulo e em outros documentos preenchidos ou apresentados pelo agente
público, assim como em situações que emanem de relatórios, pareceres ou deliberações dos órgãos
de controle.
5 – ENCAMINHAMENTO
Diante do exposto e relatado, alvitra-se:
I) determinar, com fulcro no art. 43, I, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, II, do Regimento
Interno/TCU:
a) à Ufma que:
a) verifique, no caso dos servidores para os quais não dispôs a equipe da Secex-MA de pastas
e/ou elementos informacionais que permitissem análise conclusiva, se a situação corresponde à de:
a.1) acumulação ilegal de DE com qualquer outro cargo, emprego ou função de natureza
pública ou privada, promovendo as medidas cabíveis (item 3.2 e peça 666);
a.2) exercício de dois ou mais cargos, empregos ou funções inacumuláveis, promovendo as
medidas cabíveis (item 3.3 e peça 669);
a.3) acúmulo de cargos, empregos ou funções com jornada semanal superior a sessenta
horas, tomando as medidas que urgirem (item 3.4 e peça 674);
a.4) jornadas incompatíveis em virtude de horário e/ou localidade de exercício/lotação,
adotando as providências que urjam (item 3.5 e peça 679);
b) à Ufma e ao Ifma que:
b.1) verifiquem, no caso de servidores para os quais não dispôs a equipe da Secex -MA de
pastas e/ou elementos informacionais que permitissem análise conclusiva, se a situação contém
declaração falsa ou omissão relevante, instaurando, se constatarem esse tipo de ocorrência, o
devido processo disciplinar e encaminhando a pertinente documentação à Procuradoria da
República no Estado do Maranhão, a fim de que tome as providências que entender cabíveis nos
planos cível e criminal, na conformidade dos arts. 143 e 171 da Lei 8.112/1990 (item 3.1 e peças
662 e 663);
b.2) instaurem o devido processo disciplinar no caso dos servidores com relação aos quais a
equipe da Secex-MA identificou, ao confrontar documentos existentes nas pastas funcionais e
outros coligidos no curso da auditoria, situações que, em tese, podem caracterizar o cometimento,
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VOTO
“Art. 14. O Professor da carreira do Magistério Superior será submetido a um dos seguintes
regimes de trabalho:
I - dedicação exclusiva, com obrigação de prestar quarenta horas semanais de trabalho em
dois turnos diários completos e impedimento do exercício de outra atividade remunerada, pública
ou privada;
II - tempo parcial de vinte horas semanais de trabalho.
1º No regime de dedicação exclusiva admitir-se-á:
a) participação em órgãos de deliberação coletiva relacionada com as funções de
Magistério;
b) participação em comissões julgadoras ou verificadoras, relacionadas com o ensino ou a
pesquisa;
c) percepção de direitos autorais ou correlatos;
d) colaboração esporádica, remunerada ou não, em assuntos de sua especialidade e
devidamente autorizada pela instituição, de acordo com as normas aprovadas pelo conselho
superior competente.
2º Excepcionalmente, a IFE, mediante aprovação de seu colegiado superior competente,
poderá adotar o regime de quarenta horas semanais de trabalho para áreas com características
específicas.
Art. 15. O professor da carreira do Magistério de 1º e 2º Graus será submetido a um dos
seguintes regimes de trabalho:
I - dedicação exclusiva, com obrigação de prestar quarenta horas semanais de trabalho em
dois turnos diários completos e impedimento de exercício de outra atividade remunerada, pública
ou privada;
II - tempo integral de quarenta horas semanais de trabalho, em dois turnos diários
completos;
III - tempo parcial de vinte horas semanais de trabalho.
1º Aos docentes de 1º e 2º Graus das instituições de ensino superior não se aplica o disposto
no item II.
2º No regime de dedicação exclusiva o professor da carreira de Magistério de 1º e 2º Graus
poderá exercer as atividades de que tratam as alíneas do § 1º do art. 14.”
10. Mais recentemente a matéria passou a ser disciplinada pela Lei 12.772/2012, que dispôs
sobre o Plano de Cargos e Carreira do Magistério Federal, vedando expressamente o exercício de
qualquer outra atividade ao docente submetido ao regime de dedicação exclusiva:
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“Art. 20. O Professor das IFE, ocupante de cargo efetivo do Plano de Carreiras e Cargos de
Magistério Federal, será submetido a um dos seguintes regimes de trabalho:
I - 40 (quarenta) horas semanais de trabalho, em tempo integral, com dedicação exclusiva às
atividades de ensino, pesquisa, extensão e gestão institucional; ou
II - tempo parcial de 20 (vinte) horas semanais de trabalho.
§ 1º Excepcionalmente, a IFE poderá, mediante aprovação de órgão colegiado superior
competente, admitir a adoção do regime de 40 (quarenta) horas semanais de trabalho, em tempo
integral, observando 2 (dois) turnos diários completos, sem dedicação exclusiva, para áreas com
características específicas.
§ 2º O regime de 40 (quarenta) horas com dedicação exclusiva implica o impedimento do
exercício de outra atividade remunerada, pública ou privada, com as exceções previstas nesta
Lei.”
11. Quanto à acumulação ilícita de cargos públicos, apontada no relatório de auditoria, cabe
reproduzir o inciso XVI do art. 37 da Constituição Federal, que trata dessa questão:
"Art. 37 A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
(...)
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver
compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI.
a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões
regulamentadas; (...)".
12. Vê-se, pois, que o cargo de professor só pode ser acumulado com outro de professor ou
com outro técnico ou científico, sendo esse último definido na jurisprudência como "aquele que exige
formação específica, não podendo possuir atribuições de natureza eminentemente burocráticas ou
repetitivas" (AI 192.918-AgR, STF; RMS 14456/AM e MS 7.216/DF, STJ).
13. Além disso, a permissão para a acumulação de cargos condiciona-se à compatibilidade de
horários, cuja definição encerra alguma controvérsia, visto que nem a Constit uição Federal nem a lei
estabeleceram limites máximos para a jornada dos servidores.
14. Conforme asseverei ao relatar outros processos de auditoria desta natureza, como por
exemplo nos Votos condutores dos Acórdão 1.168/2012 e Acórdão nº 1927/2012, ambos do Plenário,
ainda que não expressamente demarcada, a compatibilidade de horários deve sempre observar,
prioritariamente, o atendimento ao interesse público, não podendo se circunscrever à simples
comprovação de ausência de superposição de jornadas.
15. Por certo, o legislador, ao vedar, em regra, a acumulação de cargos, ou admiti- la de forma
restrita, buscou, dentre outros objetivos, garantir melhor qualidade na prestação dos serviços públicos.
Não é demais relembrar que o princípio da eficiência, nos termos do art. 37, caput, da Constituição,
também deve nortear o funcionamento da Administração.
16. E Mais :
“7. A propósito do parâmetro que tem sido adotado, considero ser válido. Fazendo um
paralelo com a legislação trabalhista, o art. 58 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT
permite o máximo diário de 8 horas, sendo possível acréscimo de 2 horas suplementares (art. 59,
CLT). Tendo em vista a obrigatoriedade de um dia de repouso semanal, obter-se-ia um total de 60
horas semanais.
8. Anoto também que não existe normativo brasileiro que fixe a carga de trabalho que
poderia ser considerada factível para o servidor público. Contudo, deve-se ter em conta que a
legislação não é a única fonte do direito. Outros meios, como a doutrina, a jurisprudência e os
costumes podem ser utilizados. Registre-se, inclusive, que o art. 4º da Lei de Introdução ao Código
Civil prevê, em casos de omissão do legislador, que o julgador pode fundamentar-se em analogia,
costumes e princípios gerais de direito.
9. Nesse contexto, tendo em vista a lacuna legal, a decisão a respeito da regularidade da
acumulação em apreço, deve ter por base o princípio da razoabilidade ‟.
13. Vê-se, pois, que a jornada máxima de 60 horas baseou-se na limitação estabelecida na
própria CLT, de 10 horas trabalhadas/dia, associada ao repouso semanal definido na Constituição
Federal (art. 39, § 3º, c/c o art. 7º, inciso XV).
14. Nada obstante a adoção do limite de 60 horas semanais em inúmeras deliberações
desta Corte, não há também como ignorar a existência de decisões que, no exame do caso
concreto, consideraram aceitáveis jornadas superiores a esse limite. No Acórdão 1.338/2011- P,
prevaleceu o entendimento de que a compatibilidade de horários e o prejuízo às atividades
exercidas deviam ser verificados caso a caso, ante a au sência de lei específica tratando desse
assunto. Tal apuração, ademais, poderia ficar a cargo dos próprios órgãos e entidades a que
estivessem vinculados os servidores.
17. Além disso, quanto ao rito adequado para a regularização de acumulações ilegais de cargos
e empregos públicos, deve-se ter em mente o comando do art. 133 da Lei nº 8.112/1990. Cumpre
observar, em especial, o disposto em seu § 5º, que franqueia ao servidor a possibilidade de opção
visando o saneamento da irregularidade apontada.
Providências Saneadoras
18. Destaco, quanto aos achados da equipe, o elevadíssimo número de ocorrências que
denotam algum tipo de possíveis irregularidades. Consoante anotado no Relatório de Auditoria acima
transcrito, da amostra analisada (976 agentes públicos), e m 81,04% dos casos foram identificados
uma ou mais das possíveis irregularidades acima catalogadas. Ao todo, 224 agentes do Ifma e 567
da Ufma apresentaram situação funcional com ao menos um tipo de indício de irregularidade.
19. Em face do ambiente normativo acima delineado e dos achados de auditoria anteriorme nte
enunciados, impõe-se a adoção de medidas saneadoras e outras providência, que passo a relacionar.
20. Caracterizada a infração ao regime de dedicação exclusiva, impõe-se a regularização das
situações funcionais e a adoção de providências com vistas ao levantamento dos montantes
indevidamente recebidos por docentes, com o objetivo de obter a reposição dos respectivos valores,
nos mesmos moldes, entre outros, dos recentes Acórdãos 1544/2013 e 1711/2013, ambos do Plenário.
Tais medidas devem ser implementadas pelas instituições de ensino, por meio de processo
administrativo em que se assegure aos agentes afetados o contraditório e a ampla defesa.
21. Assim como nos citados Acórdãos, deverão ser apurados os casos de acumulação ilícita de
cargos e instaurados, com fundamento no art. 133 da Lei nº 8.112/1990, procedimentos visando à
regularização de tais situações (opção). Deixo, portanto, de endossar a proposta de se determinar às
entidades a instauração de procedimento com o objetivo de promover a demissão de servidores que
acumulam ilicitamente cargos em empregos, sem prejuízo de informar àquelas entidades e ao
Ministério Público Federal sobre os respectivos achados de auditoria, a fim de que adotem as
providências que entenderem cabíveis.
22 Quanto aos casos de acumulação que resultem jornada semanal superior a 60 horas,
compete àquelas entidades verificar se há compatibilidade de horários entre as jornadas prestadas pelo
servidor e se não há prejuízo para atividades exercidas, em cada um dos cargos acumulados. Nos casos
em que forem consideradas lícitas as acumulações, a entidade deverá fundamentar tal decisão e anexar
ao processo a respectiva documentação, com a indicação expressa do responsável por tal conclusão.
Medidas dessa mesma natureza, ressalto, foram implementadas em processos com ocorrências
similares às deste feito, como nos casos das acima citadas deliberações.
23. Devem as instituições também verificar, nos períodos de acumulações irregulares, se
houve o cumprimento integral da jornada de trabalho por parte dos mesmos e, caso contrário, buscar o
ressarcimento aos cofres das entidades. Veja-se, a propósito, que a equipe de auditoria identificou
várias ocorrências de “servidores com indícios de jornadas incompatíveis em virtude de horário e/ou
localidade de exercício/lotação” – grifos deste Relator.
24. A verificação de ter havido, por parte de servidores daquelas entidades (subitem 3.1 do
Relatório), declaração inverídica de que não exerciam outros cargos ou empregos inacumuláveis,
porém, não deve ser utilizada como fator decisivo para a exigência de devolução de valores por eles
recebidos. Caso tenha efetivamente havido a prestação dos serviços, a devolução dos respectivos
valores implicaria enriquecimento ilícito do ente que remunerou o servidor.
25. Caberá, pois, à Ufma e ao Ifma, em relação aos agentes relacionados nas peças 677, 678,
679, 680 e 681 (incluídos aí os servidores para os quais não foi possível, em razão de document ação
insatisfatória, a formação de juízo preliminar acerca da situação dos servidores) verificar se teriam os
respectivos agentes efetivamente cumprido as jornadas inerentes a seus cargos. Caso contrário,
deverão essas instituições buscar o ressarcimento dos valores indevidamente recebidos pelos
respectivos servidores, como ocorrido nas acima citadas deliberações.
26. Quanto aos sistemas de controle daquelas entidades, é possível afirmar que os
procedimentos por elas adotados não se prestavam a coibir acumulações ilegais de cargos públicos e
infrações ao regime de dedicação exclusiva. Devem, por isso, ser aprimorados. Reputo, pois,
pertinentes as propostas de aprimoramento de controles apresentadas pela Unidade Técnica, com
ligeiros ajustes que me parecem adequados. A implementação da sistemática sugerida contribuirá para
a condução a um ambiente de normalidade, em que a violação à legislação vigente configure, em vez
de regra, circunstância excepcional.
27. Quanto à sugestão de inclusão em plano de auditoria do exame de situações funcionais não
verificadas no presente trabalho, penso que se reveste de razoabilidade, especialmente em face dos
indícios de irregularidades que alcançam servidores pertencentes a outros entes da Administração
Pública Federal. Considero, no entanto, adequado submeter tal sugestão à Segecex, a fim de que seja
ela cotejada com outras possibilidades fiscalizações a serem efetuadas pela Secex/MA (art. 6, § 1º, da
Resolução 185/2005).
28. Anoto, ainda, que a ausência de controles minimamente adequados, no âmbito da Ifma e da
Ufma concorre para disseminar percepção generalizada de ausência de consequências para infrações
funcionais graves como as referidas pela Unidade Técnica. Em face, pois, do elevado índice de
situações que indicam a ocorrência de irregularidades (item 18 deste Voto), muito superior ao
verificado em processos de auditorias realizadas em outras entidades de ensino que relatei, e do
elevado potencial lesivo dessas irregularidades, afigura-se adequada a realização de audiências de
responsáveis daquelas entidades.
29. Observo, a esse respeito, que os gestores máximos daquelas instituições (reitores), os
dirigentes de setores responsáveis pela gestão de pessoas (pró-reitores de recursos humanos), assim
como os titulares dos setores de auditorias merecem ser ouvidos em audiência acerca das aparentes
falhas grosseiras de gestão e ausência de controles efetivos que permitem ocorrência e perpetuação de
elevadíssimo número de situações funcionais que violam preceitos básicos que regem a matéria, com
violação a princípios constitucionais da eficiência, legalidade e moralidade, além de sistemático
desrespeito à legislação específica referida em trechos anteriores deste Voto.
30. Parece-me pertinente, também, a recomendação sugerida pela Unidade Técnica à
Secretaria de Gestão Pública, órgão central do Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal
(Sipec) e integrante da estrutura do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, de que realize
estudos com o intuito de incluir no Siape dispositivos (telas, opções e outros) capazes de permitir
consulta, inclusão e alteração de dados referentes a vínculos externos (públicos ou particulares,
federais, estaduais, distritais ou municipais) de cada servidor. Tal providência pode disponibilizar mais
uma ferramenta útil ao controle.
31 Em face das ocorrências identificadas na Auditoria realizada naquelas entidades de ensino
e do ambiente normativo acima explicitado, endosso, em seus aspectos fundamentais, o
encaminhamento proposto pela equipe de auditoria e pelo Sr. Diretor e pelo Sr. Secretário da
Secex/MA, com as ressalvas acima explicitadas. Impõe-se, pois, a realização de recomendações e
determinações ao Ifma e à Ufma, além de audiência de seus gestores máximos. Há, também, de
determinar à Unidade Técnica que monitore o cumprimento das respectivas determinações.
Ante o exposto, Voto no sentido de que seja adotado o Acórdão que ora submeto à
apreciação deste Tribunal.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 18 de setembro de 2013.
JOSÉ JORGE
Relator
1. Processo nº TC 031.045/2011-1.
2. Grupo I - Classe de Assunto: V - Relatório de Auditoria.
3. Interessado: Tribunal de Contas da União - TCU.
4. Entidades: Fundação Universidade Federal do Maranhão – Ufma e Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Maranhão - Ifma.
5. Relator: Ministro José Jorge.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo - MA (SECEX-MA).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria destinada a avaliar a regularidade
da acumulação de cargos, bem como o respeito à compatibilidade de horários e ao regime de
dedicação exclusiva, no âmbito da Fundação Universidade Federal do Maranhão – Ufma e do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão – Ifma;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do
Plenário, diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. determinar, com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei nº 8.443, de 1992, c/c o
art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU à Fundação Universidade Federal do Maranhão –
Ufma que, no prazo de 90 (noventa) dias:
9.1.1. adote providências com vistas a promover a regularização da situação de todos os
servidores em relação aos quais tenha ocorrido o pagamento indevido de gratificação de dedicação
exclusiva, em particular daqueles relacionados na peça 664 (subitem 3.2 do Relatório de Auditoria da
Secex/MA, transcrito no Relatório que embasa este Acórdão), com o intuito de assegurar a observância
da legislação vigente que regula a matéria, em especial do comando contido no art. 20 da Lei
12.772/2012;
9.1.2. efetue levantamento do montante indevidamente recebido a título de dedicação
exclusiva pelos docentes que se enquadram na situação de que trata o subitem 9.1.1 deste Acórdão,
desde a data inicial da situação irregular até a de eventual alteração do regime de trabalho,
assegurando-se aos mesmos o direito ao contraditório e à ampla defesa, com o objetivo de obter a
devida reposição aos cofres públicos dos respectivos valores, por meio da sistemática estabelecida no
art. 46 da Lei nº 8.112/90 e alterações posteriores;
9.1.3. verifique, para o caso dos servidores nominados na peça 666 dos presentes autos, em
relação aos quais a equipe da Secex-MA não teve acesso a pastas funcionais ou outros elementos de
informação que permitissem análise conclusiva, se as respectivas situações correspondem à de
acumulação ilegal de gratificação de dedicação exclusiva com qualquer outro cargo, emprego ou
função de natureza pública ou privada, e promova, quando necessárias, as medidas cabíveis
especificadas nos subitens 9.1.1 e 9.1.2 supra;
9.1.4. adote medidas no sentido de instaurar o devido processo legal de que trata o art. 133
da Lei 8.112/1990 (opção), com o objetivo de promover a regularização da acumulação ilícita dos
cargos pelos servidores especificados nas peças 667 e 670 destes autos (subitem 3.3 do Relatório de
Auditoria da Secex/MA) e de outros que se encontrem nessa situação, tendo em vista os indícios de
enquadramento na hipótese de exercício simultâneo de atividades inerentes a dois ou mais vínculos
inacumuláveis;
9.1.5 verifique, no caso dos servidores referidos na peça 669 (subitem 3.3 do Relatório de
Auditoria da Secex/MA), para os quais não dispôs a equipe da Secex-MA de pastas ou outros
elementos de informação que permitissem análise conclusiva sobre se a situação do agente
da legislação vigente que regula a matéria, em especial do comando contido no art. 20 da Lei
12.772/2012;
9.2.2. efetue levantamento do montante indevidamente recebido a título de dedicação
exclusiva pelos docentes que se enquadram na situação de que trata o subitem 9.2.1 deste Acórdão,
desde a data inicial da situação irregular até a de eventual alteração do regime de trabalho,
assegurando-se aos mesmos o direito ao contraditório e à ampla defesa, com o objetivo de obter a
devida reposição aos cofres públicos dos respectivos valores, por meio da sistemática estabelecida no
art. 46 da Lei nº 8.112/90 e alterações posteriores;
9.2.3. adote medidas no sentido de instaurar o devido processo legal de que trata o art. 133
da Lei 8.112/1990 (opção), com o objetivo de promover a regularização da acumulação ilícita dos
cargos pelos servidores especificados nas peças 668 e 671 destes autos e de outros que se encontrem
nessa situação (subitem 3.3 do Relatório de Auditoria da Secex/MA), tendo em vista os indícios de
enquadramento na hipótese de exercício simultâneo de atividades inerentes a dois ou mais vínculos
inacumuláveis;
9.2.4. verifique a compatibilidade de horários e se não há prejuízo às atividades exercidas
em cada um dos cargos acumulados pelos servidores relacionados nas peças 673 e 676 (subitem 3.4 do
Relatório de Auditoria), uma vez que os mesmos exercem jornada semanal superior a 60 (sessenta)
horas;
9.2.5. aplique aos servidores de que trata o subitem 9.2.4. anterior, se houver
incompatibilidade de horários ou quando se verificar prejuízo para as atividades exercidas, o
procedimento especificado no comando contido no art. 133 da Lei nº 8.112/1990 (opção);
9.2.6. na hipótese de se concluir pela licitude da acumulação por servidores de que trata o
subitem 9.2.4 deste Acórdão, deverá a decisão sobre cada caso ser devidamente fundamentada, com
anexação ao respectivo processo da documentação comprobatória e indicação expressa do responsável
pela medida adotada;
9.2.7. apure, no caso dos servidores nominados nas peças 678 e 681 (subitem 3.5 do
Relatório de Auditoria), a carga horária laboral efetivamente exercida pelo servidor, tendo em vista os
indícios de incompatibilidade parcial de jornada de exercício de cargos, empregos ou funções e
instaure, quando devido, processo visando a restituição dos valores referentes às horas não trabalhadas
em decorrência de acumulação sem compatibilidade de horários, assegurando-se aos mesmos o direito
ao contraditório e à ampla defesa, com o objetivo de obter a devida reposição aos cofres públicos dos
respectivos valores, nos termos do art. 46 da Lei nº 8.112/90 e alterações posteriores;
9.2.8. junte, nos casos em que isso não se fez comprovado na pasta funcional ou em outro
repositório formal relativo a cada servidor, comprovante de publicação do ato exoneratório na
imprensa oficial do organismo federativo competente ou, se o vínculo for de natureza privada, a cópia
da CTPS anotada e/ou do termo de rescisão do contrato de trabalho, com a finalidade de atestar a
inexistência de ocorrências da mesma natureza que as apontadas nos subitens 3.2, 3.3 e 3.4 do
Relatório de Auditoria da Secex/MA;
9.2.9. comunique, se algum agente público porventura foi exonerado desta instituição em
razão de posse em outro cargo inacumulável da Administração Pública Federal, ao órgão ou entidade
para qual migrou o servidor eventuais medidas administrativas a serem adotadas com o intuito de
sanear pendências porventura existentes (subitens 3.2 a 3.5 do Relatório da equipe de auditoria);
9.3. determinar, com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei nº 8.443, de 1992, c/c o
art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU à Fundação Universidade Federal do Maranhão –
Ufma e ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão – Ifma que, no prazo de
180 (cento e oitenta) dias, encaminhem relatório consolidado à Secretaria Estadual de Controle
Externo do TCU no Maranhão, comunicando, dentro do prazo de 180 dias, as medidas adotadas e os
resultados obtidos em cada caso, especificando notadamente:
9.3.1. no caso de dívida, os detalhes do passivo de cada servidor, tais como montante da
dívida, valor do limite legal da parcela amortizável, número de parcelas do ressarcimento e processo
administrativo, além das medias adotadas quando não for possível lança mão da sistemática prevista
no art. 46 da Lei nº 8.112/1992 para obter a reposição de valores (subitens 3.2, 3.3, 3.4 e 3.5 do
Relatório de Auditoria);
9.3.2. no caso em que não houver dívida imputável ao servidor, a efetiva modificação da
situação irregular, mediante a juntada de comprovante de publicação do ato exone ratório na imprensa
oficial competente ou da rescisão do contrato de trabalho (subitens 3.3, 3.4 e 3.5 do Relatório de
Auditoria);
9.3.3. na hipótese de readequação de jornada semanal de trabalho, comprovantes da nova
jornada na entidade ou em outro órgão /entidade, com obrigatória atestação documental, tendo a
redução sucedido no âmbito federal, do correspondente decesso remuneratório (subitens 3.4 e 3.5 do
Relatório de Auditoria);
9.3.4. no caso de débito parcelado, levantamento atualizado sobre a respectiva dívida, o
saldo amortizado, o número de parcelas pagas e por adimplir, o número do processo administrativo e
outras informações relacionadas ao ressarcimento de cada servidor, em especial as respectivas fichas
financeiras (subitens 3.2, 3.3, 3.4 e 3.5 do Relatório de Auditoria), devendo tais informações constar
das respectivas prestações de contas;
9.4. Dar ciência à Fundação Universidade Federal do Maranhão – Ufma e ao Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão – Ifma de que:
9.4.1. levar a efeito atos de posse quando o empossando, flagrante e declaradamente, for
ocupante de cargo, emprego ou função inacumulável afronta o texto constitucional e as normas
estatutárias que disciplinam a matéria (subitem 3.6 do Relatório de Auditoria);
9.4.2 permitir ato de investidura sem que o candidato ou servidor satisfaça as condições
editalícias e legais previstas para o provimento (originário ou derivado) do respectivo cargo, função ou
emprego de natureza pública ofende disposições próprias da Lei 8.112/1990 (subitem 3.6 do Relatório
de Auditoria);
9.4.3. foram identificadas situações de servidores dessas entidades que indicam ter havido
fornecimento, no ato de posse ou em resposta a notificação administrativa, de informações falsas, com
o intuito de viabilizar, a juízo dessas entidades, a adoção das providências cabíveis (vide subitem 3.1
do Relatório de Auditoria);
9.5. Recomendar à Fundação Universidade Federal do Maranhão – Ufma e ao Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão – Ifma que:
9.5.1 criem termo de declaração de não acúmulo de cargos, empregos ou funções com
clara identificação dos empregadores (a própria instituição e outros, quer públicos ou privados), os
vínculos e sua natureza, os locais de exercício ou prestação dos serviços, as cargas horárias prestadas,
as datas de posse, contratação ou exercício (entre os mais), aplicando-o sempre por ocasião da
investidura ou modificação de regime de trabalho do servidor e também anualmente (subitem 3.1 do
Relatório);
9.5.2 realizem estudo tendente a verificar a possibilidade de adotar procedimento mais
racional no que concerne à posse de novos servidores, objetivando certificar a existência ou
inexistência de indícios de acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas, a exemplo de
consulta ao Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos (Siape), ao Cadastro Nacional
de Estabelecimentos de Saúde (CnesWeb, link http://cnes.datasus.gov.br) e à Relação Anual de
Informações Sociais (Rais), sem embargo de outros mecanismos porventura mais eficazes, mantendo
em cada pasta funcional cópia das respectivas telas de acesso e dos documentos assim obtidos
(item 3.6);
9.6. recomendar à Secretaria de Gestão Pública, órgão central do Sistema de Pessoal Civil
da Administração Federal (Sipec) e integrante da estrutura do Ministério do Planejamento, Orçamento
e Gestão, empreenda estudos direcionados a agregar às funcionalidades do Sistema Integrado de
Administração de Recursos Humanos (Siape) dispositivos (telas, opções e outros) capazes de permitir
consulta, inclusão e alteração de dados referentes a vínculos externos (públicos ou particulares,
federais, estaduais, distritais ou municipais) de cada servidor, a ser regularmente alimentado pelas
unidades usuárias do sistema, que para tanto deverão basear-se nas declarações de não acúmulo e em
outros documentos preenchidos ou apresentados pelo agente público, assim como em situações que
emanem de relatórios, pareceres ou deliberações dos órgãos de controle de contas ( item 4 do Relatório
de Auditoria);
9.7. Determinar à Secex-MA que:
9.7.1. promova a audiência dos seguintes responsáveis: reitor da Ufma, Sr. Natalino
Salgado Filho; Pró-reitora de Recursos Humanos da Ufma, Sra. Maria Elisa Cantanhede Lago Braga
Borges; Chefe da Auditoria Interna da Ufma, Sra. Maria Eugênia Rodrigues Araújo; Reitor do Ifma,
Sr. Francisco Roberto Brandão Ferreira; Pró-reitora de Gestão de Pessoas, Sra. Valéria Maria Carvalho
Martins; Chefe da Auditoria Interna, Sra. Maria do Socorro Silva Lages, em razão de omissão na
implementação de medidas tendentes a coibir a consumação ou perpetuação de irregularidades da
mesma natureza que as descritas no Relatório e no Voto que antecedem este Acórdão, no âmbito de
cada uma dessas entidades, o que teria configurado gestão insatisfatória de recursos humanos e
ausência de controle efetivo sobre questões dessa ordem, tendo em vista a elevadíssima incidência dos
indícios de irregularidades verificadas, com afronta aos princípios constitucionais da moralidade,
eficiência e legalidade e ausência de observância dos comandos específicos que regem a matéria (itens
9 a 17 do Voto), no âmbito de cada uma dessas entidades;
9.7.2. monitore o cumprimento das determinações contidas neste Acórdão e dirigidas à
Fundação Universidade Federal do Maranhão – Ufma e ao Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Maranhão – Ifma;
9.7.3. determinar à Segecex que avalie a pertinência de inclusão no planejamento de
fiscalizações da Secex-MA para o exercício de 2014, auditoria com a finalidade de apurar a
acumulação irregular de funções, empregos ou cargos públicos, inclusive os vínculos de aposentados
que não analisadas na presente fiscalização, e, se for o caso, ofereça proposta nesse sentido (art. 6º da
Resolução 185/2005);
9.7.4. encaminhe cópia deste Acórdão e do Relatório e Voto que o fundamentam, assim
como dos anexos, planilhas e evidências que a embasarem:
9.7.4.1. à Procuradoria da República no Estado do Maranhão (subitens 3.1, 3.2, 3.3, 3.4 e
3.5 do Relatório de Auditoria);
9.7.4.2. ao Município de São Luís/MA (item 4 do Relatório de Auditoria);
9.7.4.3. ao Estado do Maranhão (item 4 do Relatório de Auditoria);
9.7.4.4. à Procuradoria-Geral de Justiça do Estado do Maranhão (item 4 do Relatório de
Auditoria);
9.7.4.5. ao Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão (item 4 do Relatório de Auditoria);
9.7.4.6. à Controladoria-Geral da União (item 4 do Relatório de Auditoria);
9.7.4.7. ao Tribunal de Contas do Estado do Maranhão (item 4 do Relatório de Auditoria);
9.8. determinar à Sefip que providencie, segundo reza o art. 18, caput, II, e § 2º, da
Resolução TCU 170/2004, remessa de minuta de aviso à Segepres, que ficará responsável pela
expedição de comunicação ao Conselho Nacional do Ministério Público e ao Conselho Nacional de
Justiça (item 4).
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
PAULO SOARES BUGARIN
Procurador-Geral