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DUMPING SOCIAL E O DIREITO DO TRABALHO

Carina Frahm
Advogada Tributarista, Mestranda em
Direito pela Pontifícia Universidade
Católica do Paraná (PUCPR).

Marco Antônio César Villatore


Advogado Trabalhista, Professor de
Direito do Trabalho na PUCPR e nas
Faculdades Integradas Curitiba, na
Graduação e na Pós-graduação
(Especialização e Mestrado), Mestre
pela PUCSP e Doutor pela
Universidade de Roma I, “La
Sapienza”, Presidente do
Departamento Cultural da Associação
dos Advogados Trabalhistas do
Paraná (AATPR) e Membro do
Instituto dos Advogados do Paraná
(IAP).

SUMÁRIO: 1. Introdução; 2. Conceituação de dumping social; 2.1. Relação entre dumping


social e as cláusulas sociais; 2.2. Relação entre dumping social e o crescimento econômico; 3.
Evolução histórica; 3.1. Declaração sobre Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho; 4.
Competência de fiscalizar as cláusulas sociais: discussão entre a Organização Internacional do
Trabalho (OIT) e a Organização Mundial do Comércio (OMC); 4.1. Políticas para viabilizar
a adoção das cláusulas sociais; 4.2. Normas coletivas internacionais; 5. Inserção das cláusulas
sociais e o Direito do Trabalho Comparado; 5.1. Brasil; 5.2. Mercosul; 5.3. União Européia;
5.4. República Popular da China; 5.5. Japão; 5.6. Estados Unidos da América; 5.7. Área de
Livre Comércio da América do Norte (NAFTA); 5.8. Área de Livre Comércio das Américas
(ALCA); 6. Considerações Finais; 7. Referências Bibliográficas.

1. Introdução

O objetivo do presente estudo é analisar o tratamento do comércio internacional


atribuído às violações dos direitos fundamentais dos trabalhadores, os quais foram
reconhecidos pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Em especial, tem o
estudo o escopo de refletir acerca do dumping social e mecanismos utilizados para proteger
os direitos mínimos dos trabalhadores, tais como as cláusulas sociais.
A importância do dumping social, no presente, fundamenta-se nas reivindicações do
Japão, Estados Unidos e Canadá para que a proteção dos direitos mínimos dos
trabalhadores seja incluída nas discussões da IX Rodada de Negociações Multilaterais da
OMC.
Inicia-se o estudo permeando o esclarecimento de alguns conceitos como o dumping
social, sua relação com as cláusulas sociais e as conseqüências da utilização do dumping
social para o crescimento econômico de um país. Traz a primeira parte do estudo a intenção
de averiguar se a utilização do dumping social é eficaz para assegurar os direitos
fundamentais dos trabalhadores.
Prosseguindo, o estudo abarca como foram as conquistas legislativas que
embasaram a formação dos direitos fundamentais dos trabalhadores internacionalmente
reconhecidos. Paralelamente, atenta-se para os interesses políticos dos países desenvolvidos
e em desenvolvimento para fundamentar o dilema existente no tocante à fiscalização e
inserção das cláusulas sociais no ordenamento jurídico internacional.
Por conseguinte, a parte final deste estudo analisa, por intermédio do estudo do
direito comparado, o tratamento que alguns países (Brasil, Estados Unidos, China e Japão)
e blocos econômicos (União Européia, MERCOSUL, NAFTA e ALCA) atribuem à relação
entre o comércio, o dumping social e as normas trabalhistas.

2. Conceituação de dumping social

Governos e empregadores de países altamente desenvolvidos freqüentemente


acusam governos menos desenvolvidos de praticar o dumping social por deliberadamente
negligenciar regras trabalhistas. Pode, então, ser o dumping social invocado com o intuito
de proteger o mercado interno de países desenvolvidos das mercadorias produzidas pela
mão-de-obra considerada carente de direitos mínimos do trabalhador1: longas jornadas de
trabalho, utilização de mão-de-obra infantil, precário sistema previdenciário, etc.
Como o salário do trabalhador representa relevante obstáculo para o aumento do
2
lucro , explora-se a mão-de-obra para a obtenção de menores custos de produção, o que
permite também a diminuição do preço de venda, instigando, assim, a prática de dumping
social. À guisa de exemplo, a tabela a seguir demonstra a diferença salarial entre oito
países:

COMPARAÇÃO INTERNACIONAL DE SALÁRIOS DE 1997


(EUA=100)
PAÍS SALÁRIO POR HORA
ESTADOS UNIDOS 100
ALEMANHA 155
JAPÃO 106
ESPANHA 67
CORÉIA DO SUL 40
PORTUGAL 29
MÉXICO 10
SRI LANKA 3
FONTE: BUREAU OF LABOR STATISTICS

1
Como ilustração, relembramos que foi tema de grande polêmica na mídia a utilização da mão-de-
obra infantil na produção de bolas de futebol da NIKE no Paquistão, Vietnã, China e Indonésia.
2
KEYNES, John Maynard. A teoria geral do emprego, do juro e da moeda. São Paulo: Atlas,
1992. p. 33.
A expressão dumping provém do verbo inglês “dump” significando desfazer-se de
algo e depositá-lo em determinado local, deixando-o lá como se fosse ‘lixo’3. No mercado
internacional, uma empresa executa dumping quando: (a) detém certo poder de estipular o
preço do seu produto no mercado local (empresa em concorrência imperfeita); e (b) possui
perspectiva de aumentar o lucro por meio de vendas no mercado internacional. Essa
empresa, então, vende no mercado externo seu produto a preço inferior ao vendido no
mercado local, provocando elevada perda de bem-estar ao consumidor nacional, porque os
residentes locais não conseguem comprar o bem no preço a ser vendido para o estrangeiro.
Para adquirir parcela de mercado, a empresa poderá inclusive vender ao exterior a preço
inferior ao custo de produção4. O subsídio do governo pode contribuir para a prática de
dumping uma vez que aufere renda ao produtor e permite que o produto seja vendido a
preços bem inferiores ao custo de produção ou ao preço interno.
A prática do dumping tem sua vedação basilar hoje no artigo VI do Acordo Geral
sobre Tarifas e Comércio (GATT) de 19475. Estipulou-se que se a prática deste ato
provocar danos à indústria doméstica será permitido a aplicação de Direito Compensatório,
conforme a autoridade competente do país prejudicado.
O GATT disciplina muito pouco o comércio desleal provocado pela violação de
normas trabalhistas. O artigo XX, alínea “e”, é exemplo unitário da regulamentação do
GATT de tal sorte. Este artigo proíbe a comercialização de produtos fabricados em
prisões6.

3
In verbis: to put something that is not wanted in a place and leave it as rubbish. Jonathan Crowther
(Coordenador), Oxford advanced learner’s dictionary of current English. 5a. ed. Oxford: Oxford
University Press, 1995. p. 360-361.
4
KRUGMAN, Paul R.; OBSTFELD, Maurice. Economia Internacional. 5a. ed. São Paulo:
Makron, 2001. p. 147-151.
5
O Decreto Legislativo nº 43 de 20/06/1950, publicado no Diário Oficial da União em 21/06/1950,
reporta-se ao art. VI do GATT.
6
VEIGA, Pedro da Motta. As normas trabalhistas e ambientalistas na agenda de negociações
internacionais. In: CINTRA, Marcos; CARDIN, Carlos Henrique (Organizadores). O Brasil e a Alca.
Brasília: Centro de Documentação e Informação, 2002. p. 328.
2.1 Relação entre dumping social e as cláusulas sociais

O combate ao dumping social ocorre por intermédio da inserção de cláusulas sociais


em atos internacionais (combate prévio) ou por meio da imposição de salvaguardas,
preponderantemente tarifas fundamentadas no direito compensatório, equivalentes à
diferença do preço de venda e de preço honesto (combate posterior: no momento da entrada
do produto no país estrangeiro). Observa que nos casos de dumping o Estado importador
precisa constatar, em processo perante órgãos governamentais, a existência da prática de
dumping pelo país exportador.
As cláusulas sociais, ou também denominadas normas sociais, veiculam a semântica
de dispositivos inseridos em acordos comerciais internacionais com o intuito de proteger os
direitos mínimos dos trabalhadores, estabelecendo inclusive penalidades.

2.2 Relação entre o dumping social e o crescimento econômico

Ainda que na grande maioria das vezes a liberalização do comércio não represente
aumento de empregos, os países desenvolvidos forçaram a abertura dos mercados para os
produtos que exportavam; contudo, paralelamente, protegeram os produtos que
representassem ameaça às suas economias7. As políticas estratégicas adotadas auxiliaram
os países desenvolvidos na grande luta pela hegemonia dos novos mercados por meio: (a)
da promoção de indústrias com externalidades tecnológicas; (b) de incentivos para as
empresas nacionais obterem lucros às custas de suas rivais estrangeiras8.
Em contrapartida, os países em desenvolvimento concentraram-se em fomentar a
industrialização e organizar o desenvolvimento desordenado da economia doméstica, causa
do sério desemprego urbano9. Uma via alternativa para países em desenvolvimento foi
utilizada pelos países do Leste Asiático (China, Taiwan, Coréia do Sul e Japão), os quais
adotaram o entendimento de que a igualdade aumentaria o crescimento. Nesses países os
negócios prosperaram em virtude da preocupação com os limites da desigualdade salarial e
a oportunidade educacional10.
Porém, ressalta-se que estes países asiáticos, incluindo o Japão, adotaram a
ideologia de “devorar o outro” por meio da “cultura de vencer a qualquer preço”,
utilizando-se de jornadas extensas, legislação precária e governos autoritários11.
A China, país com crescimento próximo a 7% ao ano e com alta taxa de poupança
interna, é o principal país acusado de praticar o dumping. Entrementes, uma breve leitura da
Constituição da República Popular da China e sua política permite concluir que há interesse
expresso em proteger o trabalhador12. Verdade seja que se trata de mera proteção formal e
não garantia material de observância aos direitos mínimos do labor, mas tendo em vista que

7
STIGLITZ, Joseph. A globalização e seus malefícios. São Paulo: Futura, 2002. p. 93.
8
Os Estados Unidos defendem evidentes políticas estratégicas na agricultura e alto orçamento para
indústria de alta-tecnologia.
9
KRUGMAN, Paul R.; OBSTFELD, Maurice. Op. cit., p. 279-280.
10
STIGLITZ, Joseph. Op. cit., p. 114.
11
VIANA, Márcio T. Desregulamentar regulamentando. Revista LTr, São Paulo, vol. 59, nº 07,
julho de 1995, p. 885.
12
O item “5.4” deste estudo tratará especificamente sobre o direito chinês.
a atual e mais eficaz política para os países em desenvolvimento13 é a promoção de
exportação de bens manufaturados14, obstruir o comércio de um produto por motivos de
dumping social em nada contribui para a perseguição da garantia material dos direitos
mínimos do trabalhador – pelo contrário, agrava a pobreza, isto porque, como bem
expressou Amartya Sen, ganhador do Prêmio Nobel, “a rejeição da liberdade de
participar do mercado de trabalho é uma das maneiras de manter a sujeição e o
cativeiro da mão-de-obra (...) a liberdade de entrar em mercados pode ser, ela
própria, uma contribuição importante para o desenvolvimento, independentemente do
que o mecanismo de mercado possa fazer ou não para promover o crescimento econômico
ou a industrialização” (destaque nosso)15.
Agravando o cenário econômico-jurídico, percebe-se, na atual conjuntura, que desde
a década de setenta há o crescente esvaziamento da função estatal de executar políticas
sociais em função da quebra do compromisso keynesiano, do debilitamento do estado do
bem estar, do aumento do poder econômico das empresas transnacionais nas decisões
políticas e da constante influência neo-liberal.

3. Evolução histórica

Como bem lembrado por Arnaldo Süssekind, em 1919, a Constituição da


Organização Internacional do Trabalho (OIT) ressaltou, em seu preâmbulo, que “existem
condições de trabalho que implicam um grande número de pessoas em injustiça, miséria e
privações (...) a não adoção por uma nação qualquer de um regime de trabalho realmente
humanitário é um obstáculo aos esforços dos demais, desejosos de melhorar a sorte dos
trabalhadores nos seus próprios países”16.
Já no início da década de setenta, percebe-se a divulgação de estudos preliminares
do dumping social, em virtude da relevante aparição dos países em desenvolvimento no
comércio internacional. Todavia, como as crises do petróleo atraíram o foco de atenção,
apenas na década de noventa houve prosseguimento das discussões acerca dos direitos
mínimos dos trabalhadores na esfera comercial.
O conflito entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, por causa da
modificação da ocupação do mercado internacional respaldada em baixos custos e salários,
travou intenso debate sobre cláusulas sociais na Organização Mundial do Comércio
(OMC). Na Cúpula Ministerial, de 1996, em Cingapura, os países em desenvolvimento
conseguiram bloquear as exigências das cláusulas sociais e atribuíram à OIT a competência
para deliberar.
Os países desenvolvidos desejavam a inserção das cláusulas sociais impostas a
todos, fiscalizadas pela OMC e com vigor de regra supranacional. Já os países em
desenvolvimento posicionaram-se contrários à fiscalização e à aplicação de sanções pela
OMC e indicaram a OIT como órgão competente para instituir e fiscalizar regras
trabalhistas por meio de pressão moral e outros mecanismos de persuasão.

13
Em remate, por meio desta política desenvolveram-se os países de alto desempenho asiático: os
EADAs.
14
KRUGMAN, Paul R.; OBSTFELD, Maurice. Op. cit., p. 279-280.
15
SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. p. 21
16
SÜSSEKIND, Arnaldo. Convenções da OIT. 2a. ed. São Paulo: LTr, 1998. p. 17.
São os argumentos dos países em desenvolvimento insurgentes à adoção de
cláusulas sociais: 1) não há evidências na relação violação de direitos do trabalho e
exploração; 2) não é verdade que a liberalização comercial sempre acompanha a violação
de direitos do trabalho; 3) o respeito ou não dos direitos trabalhistas não é fator importante
quanto à decisão do país para instalar as multinacionais.
Assim ficou a redação final da Cúpula Ministerial de 1996:

“Nós, Ministros, renovamos o nosso compromisso para o


cumprimento de padrões trabalhistas básicos internacionalmente
reconhecidos. A OIT é o órgão competente para o estabelecer
e lidar com tais padrões, e afirmamos nosso compromisso
pelo seu trabalho em promovê-los. Acreditamos que o
crescimento econômico e o desenvolvimento suportados pelo
aumento do comércio e sua liberalização contribuem para a
promoção destes padrões”17 (destaques nossos)

Em remate, deve-se salientar que as discussões acerca do dumping social e a


proteção ambiental iniciaram a caminhada em posições similares na década de 90. Todavia,
em virtude da íntima relação com a perpetuação da humanidade, as cláusulas ambientais
ganharam relevante espaço nas atribuições da OMC, diverso do que ocorreu a proteção dos
trabalhadores.
Ericson Crivelli ressalta algumas vantagens de atribuir à OIT a fiscalização e
controle das regras trabalhistas de cunho social: a) é uma das poucas organizações que
possui antigo sistema de negociar e celebrar tratados internacionais; b) é a única
organização da ONU que tem em sua representação a sociedade civil – há a representação
tripartida: empregadores, trabalhadores e governo; c) tem experiência para dialogar com
interesses antagônicos; d) é a única organização multilateral cujos tratados atribuem
obrigações internacionais mesmo não ratificados pelos Estados membros18.
Convém, a tal ponto, lembrar sobre o surgimento da OIT por meio do Tratado da
Paz de 1919, o qual finalizou a Primeira Guerra Mundial. A XIII Parte do Tratado assegura
além da melhoria das relações empregatícias, a paz social de forma ampla. Com o
surgimento da Organização das Nações Unidas (ONU), no final da Segunda Grande Guerra
Mundial (1945), para não haver dois Organismos Internacionais com idênticas funções,
declarou-se a OIT como fazendo parte da ONU.
O Diretor Geral da OIT em 1997, como alternativa à inserção de cláusulas sociais,
elaborou proposta, sem vasta repercussão prática, para a implementação do Selo ou
Etiqueta Social a ser introduzida em produtos de empresas que respeitassem os padrões
mínimos dos trabalhadores. Prosseguindo, em 2001, o Conselho de Administração da OIT
solicitou à Comissão de Questões Jurídicas e Normas Internacionais do Trabalho o estudo
da melhor maneira de controlar as normas da OIT19.
A propósito, as denominadas Convenções Internacionais do Trabalho Fundamentais
da OIT são as oito seguintes: (a) Convenção nº. 87: liberalização sindical (liberdade de
associação) e proteção aos direitos dos sindicatos; (b) Convenção nº. 98: direito de

17
CRIVELLI, Ericson. Normas internacionais do trabalho e o comércio internacional. Revista LTr,
São Paulo, vol. 66, janeiro de 2002, p. 42.
18
Ibidem, p. 47-48.
19
Ibidem, p. 42.
negociação coletiva; (c) Convenções nº. 29 e nº. 105: abolição do trabalho forçado; (d)
Convenção nº. 100: igualdade salarial entre homem e mulher; (e) Convenção nº. 111: não
discriminação no emprego; (f) Convenção nº. 138: idade mínima para trabalhar; (g)
Convenção nº. 182: piores formas de trabalho infantil.
Das supracitadas Convenções Internacionais do Trabalho, o Brasil apenas não
ratificou a de nº. 87 tendo em vista a Unicidade Sindical, atrelada à cobrança de
Contribuição obrigatória denominada Contribuição Sindical.
Cumpre ressaltar que a OIT também aprovou três declarações fundamentais, por
meio da Assembléia Geral: 1) da Filadélfia, em 1944, sobre fins e objetivos da OIT; 2)
sobre o Apartheid, em 1964; 3) sobre Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho em
1998.

3.1. Declaração sobre Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho

Em virtude da forte pressão econômica, apenas em 1998 foi possível a conclusão de


uma Declaração sobre Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho. A elementar
importância da Declaração sobre os Princípios Fundamentais de 1998 é a inserção dos
direitos mínimos dos trabalhadores no rol dos Direitos Humanos.
A título de informação, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada por
48 votos e oito abstenções na Assembléia Geral em 1948, também estabelecia algumas
proteções ao trabalhador20: (a) direito à seguridade social (art. XXII e XXV); (b) direito ao
trabalho e à proteção contra o desemprego (art. XXIII, 1); (c) os principais direitos ligados
ao contrato de trabalho (art. XXIII, 2); (d) o salário mínimo (art. XXIII, 3); (e) repouso e
lazer, limitação da jornada de trabalho e férias remuneradas (art. XXIV); (f) direito à livre
sindicalização dos trabalhadores (art. XXIII, 4); (g) direito à educação: ensino elementar
obrigatório e gratuito, a generalização da instrução técnico-profissional e a igualdade de
acesso ao ensino superior (art. XXVI)21.
As declarações são apenas sugestões para o Estado que ratificá-las (não são
imperativas), mas participam do rol de Fontes do Direito Internacional Público não
codificado (art. 38 do Estatuto da Corte de Justiça). Ainda que a doutrina critique que as
Declarações da OIT são de pequeno alcance, por tratarem de questões ainda não
amadurecidas e não passíveis de normatização precisa, Luiz Eduardo Gunther explica que
as cláusulas sociais surtiram dois efeitos marcantes: (a) corroboraram os movimentos
sindicais haja vista o fortalecimento das condições sociais dos trabalhadores; (b)
provocaram movimentos de empresários em prol da ética nas relações comerciais22.
Por fim, é interessante observar que a Declaração veda expressamente a utilização
das normas de proteção do trabalhador com a finalidade de obstacularizar ou proteger o
comércio. São as disposições da Declaração da OIT relevantes para este estudo:

Considerando que numa situação de crescente interdependência


econômica urge reafirmar a permanência dos princípios e direitos

20
Observa-se que na base dos direitos econômicos e sociais da Declaração está o princípio da
solidariedade.
21
Ibidem, p. 230.
22
GUNTHER, Luiz Eduardo. Cláusulas anti-dumping em normas coletivas do trabalho. Trabalho
apresentado no Seminário Ítalo-Brasileiro de Direito do Trabalho (PUCPR), Marco Antônio César
Villatore (Coordenador). Curitiba, 31 de março de 2003 a 01 de abril de 2003. p. 14.
fundamentais inscritos na Constituição da Organização, assim como
promover sua aplicação universal; A Conferência Internacional do
Trabalho,
1. Lembra:
a) que no momento de incorporar-se livremente à OIT, todos os
Membros aceitaram os princípios e direitos enunciados em sua
Constituição e na Declaração de Filadélfia, e se comprometeram a
esforçar-se por alcançar os objetivos gerais da Organização na medida
de suas possibilidades e atendendo a suas condições específicas; b)
que esses princípios e direitos têm sido expressados e desenvolvidos
sob a forma de direitos e obrigações específicos em convenções que
foram reconhecidas como fundamentais dentro e fora da
Organização.
2. Declara que todos os Membros, ainda que não tenham ratificado as
convenções aludidas, têm um compromisso derivado do fato de
pertencer à Organização de respeitar, promover e tornar realidade, de
boa fé e de conformidade com a Constituição, os princípios relativos
aos direitos fundamentais que são objeto dessas convenções, isto é:
a) a liberdade sindical e o reconhecimento efetivo do direito de
negociação coletiva;
b) a eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou
obrigatório;
c) a abolição efetiva do trabalho infantil; e
d) a eliminação da discriminação em matéria de emprego e
ocupação.
3. Reconhece a obrigação da Organização de ajudar a seus Membros,
em resposta às necessidades que tenham sido estabelecidas e
expressadas, a alcançar esses objetivos fazendo pleno uso de seus
recursos constitucionais, de funcionamento e orçamentários, incluída a
mobilização de recursos e apoio externos, assim como estimulando a
outras organizações internacionais com as quais a OIT tenha
estabelecido relações, de conformidade com o artigo 12 de sua
Constituição, a apoiar esses esforços:
a) oferecendo cooperação técnica e serviços de assessoramento
destinados a promover a ratificação e aplicação das convenções
fundamentais; b) assistindo aos Membros que ainda não estão em
condições de ratificar todas ou algumas dessas convenções em seus
esforços por respeitar, promover e tornar realidade os princípios
relativos aos direitos fundamentais que são objeto dessas
convenções; e c) ajudando aos Membros em seus esforços por criar
um meio ambiente favorável de desenvolvimento econômico e social.
(...)
5. Sublinha que as normas do trabalho não deveriam utilizar-se
com fins comerciais protecionistas e que nada na presente
Declaração e seu seguimento poderá invocar-se nem utilizar-se de
outro modo com esses fins; ademais, não deveria de modo algum
colocar-se em questão a vantagem comparativa de qualquer país sobre
a base da presente Declaração e seu seguimento. (destaques nossos)
4. Competência de fiscalizar as cláusulas sociais: discussão entre a Organização
Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização Mundial do Comércio (OMC)

Depreende-se que, na esfera internacional, é de competência da OIT fiscalizar e


regulamentar a proteção mínima do trabalhador23. Há dois sistemas de controle na OIT: 1)
o sistema automático; 2) o sistema provocado.
O sistema automático, em vigor desde a década de 20, funciona por meio da
exigência de apresentar à OIT relatórios periódicos demonstrando a aplicação das
Convenções ratificadas e não ratificadas. Tais relatórios passam pelo crivo de organizações
de trabalhadores e empregadores, capacitando-os a estabelecer observações. Peritos da OIT
analisam os relatórios com o intuito de elaborar um documento anual a ser apresentado à
Comissão de aplicação de Convenções e Recomendações e, com a aprovação do plenário
da Conferência Internacional do Trabalho, encaminhado ao Conselho de Administração.
O outro sistema, presente desde a década de 50, encarrega-se de aplicar as
Convenções nº. 87 (liberdade Sindical) e nº. 98 (sindicalização e negociação coletiva), após
o recebimento de queixas de empresas, de entidades sindicais e dos Estados.
Caso a OMC recebesse a competência de fiscalizar as cláusulas sociais,
configurando o dumping social como concorrência desleal, necessário seria re-estruturar
seus complexos mecanismos de controle normativo.
O atual entendimento de defesa econômica por intermédio de salvaguardas e
compensações da OMC deverá, então, ser alterado para possibilitar que o desrespeito aos
mínimos direitos dos trabalhadores fosse solucionado sem lesionar a liberdade de participar
do mercado e sem provocar a rejeição ao mercado de trabalho (desemprego). Logo, a
modificação da estrutura funcional da OMC bem como, principalmente, a estrutura dos
acordos já pactuados, surtiria altos custos e necessitaria de um prolongado lapso temporal24.
Cumpre obtemperar que a evolução do debate da inserção de cláusulas sociais
carece ainda do amadurecimento técnico e político tanto em instâncias multilaterais, como
regionais e unilaterais25.

4.1. Políticas para viabilizar a adoção das cláusulas sociais

Para auxiliar a persecução dos objetivos da Declaração dos Princípios e Direitos


Fundamentais de 1988, a OIT promove canais de diálogo social, noutros termos,
mecanismos de negociações, consultas e trocas de informação.
No que tange à Declaração de 1998, os países são incentivados a adotar as seguintes
políticas: 1) divulgá-la no seu país; 2) demonstrar empiricamente sua importância para o
desenvolvimento econômico, criação de empregos e diminuição da pobreza do país; 3)
promover medidas políticas observando as peculiaridades de cada país; 4) estimular estudos
para comprovar que os princípios da declaração promovem o desenvolvimento econômico;

23
Conforme já explicado, a competência da OIT de fiscalizar as cláusulas sociais ficou determinada
pela Cúpula Ministerial da OMC, de 1996, em Cingapura.
24
CRIVELLI, Ericson. Op. cit., p. 48-49.
25
VEIGA, Pedro da Motta. Op. cit., p. 350.
5) instigar o envio anual de relatório refletindo o cenário jurídico e estatístico dos direitos
protegidos26.
Ericson Crivelli argumenta que a viabilidade da introdução das cláusulas sociais
representa ainda grande desafio jurídico e, com isso, estabeleceu três políticas para sua
adoção: 1) reforçar a OIT e seus órgãos de controle para a aplicação das Convenções; 2)
inserir as normas trabalhistas no Tratado de Criação da OMC e nas Normas e
Procedimentos sobre a Solução de Controvérsias (Anexo 2); 3) estabelecer vínculos
institucionais entre o sistema de solução de controvérsias da OMC e o sistema de controle
de normas da OIT27.

4.2. Normas coletivas internacionais

Como frisado por Gunther: “a negociação coletiva a nível nacional seria suficiente
para incluir a cláusula social? Não, porque essa cláusula tem conotações no comércio
internacional. Daí a razão de se examinar a necessidade de normas coletivas internacionais,
o que constitui experiência novíssima no âmbito do direito do trabalho”28.
Georgenor de Souza Franco Filho salienta, entretanto, que há sérios obstáculos à
utilização de normas coletivas internacionais, destacando: 1) a pouca experiência; 2) o
grande temor dos trabalhadores quanto à opressão patronal; 3) as evidentes diferenças
econômicas, sociais e culturais29.
A OIT e a União Européia tendem para o sentido de permitir a aplicação de
contratos coletivos nas relações que envolvam empresas transnacionais e empregados30. Por
derradeiro, salienta-se que a negociação coletiva dentro da União Européia tem algumas
facilidades: (a) há uma política supranacional, a qual facilita o combate por meio de
política comunitária; (b) há tratado que unifica a legislação; (c) há proximidade
geográfica31.

5. Inserção das cláusulas sociais e o Direito do Trabalho Comparado

No tocante à inserção das cláusulas sociais (normas sociais) de trabalho há duas


vertentes: (a) o posicionamento americano, influenciado pelo sindicalismo, que aufere
representação internacional às confederações sindicais e promove a implementação das
Convenções da OIT; (b) a concepção européia, salvo a Inglaterra, que é favorável às
exigências americanas, mas estipula regras mínimas32.

26
GUNTHER, Luiz Eduardo. Op. cit., p. 16.
27
CRIVELLI, Ericson. Op. cit., p. 46.
28
GUNTHER, Luiz Eduardo. Op. cit., p. 23.
29
FRANCO FILHO, Georgenor de Souza. Negociação coletiva transnacional. In: FRANCO FILHO,
Georgenor de Souza (Coordenador). Curso de Direito Coletivo do Trabalho (estudos em homenagem ao
Ministro Orlando Teixeira da Costa). São Paulo: LTr, 1998. p. 303.
30
GUNTHER, Luiz Eduardo. Op. cit., p. 20-24.
31
Ibidem, p. 24.
32
Exprime exemplo: regras para a migração, para as condições de trabalho, melhoria de vida, direito
ao emprego, formação profissional, informação, direito à proteção da saúde no trabalho, proteção aos idosos e
aqueles com limitações. Informação retirada de: PAULA, Nélia Cristina Cruz de. Não intervenção dos Estado
5.1. Brasil

O Brasil envereda favorável à inserção da cláusula social (normas coletivas) caso


não se configure uma barreira protecionista camuflada. Com efeito, a Central Única dos
Trabalhadores (CUT) reivindica um sistema de trocas de compromissos: observar-se-á o
mínimo padrão de trabalho, se países desenvolvidos comprometerem-se a investir em infra-
estrutura, tecnologia e programas sociais33. Outrossim, os sindicatos das categorias
econômicas e profissionais estipulam condições mínimas de trabalho a serem respeitadas,
aplicadas às relações individuais.
À guisa de exemplo, vigora a livre estipulação contratual na relação trabalhista
desde que não contravenham: (a) disposições de proteção ao trabalho; (b) normas coletivas
que lhes sejam aplicáveis; (c) decisões das autoridades competentes. Determina o parágrafo
primeiro do artigo 611 da CLT a aplicabilidade das normas coletivas à categoria e não
somente aos associados do sindicato.
Diante do cenário internacional, o Brasil é conhecido por utilizar vastamente o
trabalho infantil e por possuir trabalhadores com baixa escolaridade – em média, estima-se
que a população economicamente ativa tenha 6,7 anos de estudo34. Em 1998, cerca de 6%
da força de trabalho total foi de crianças com idade entre 5 a 15 anos. Com a pressão
internacional, o país concretizou algumas políticas de combate à exploração do labor da
criança, como o programa bolsa-escola, visando a solucionar o cerne do emprego infantil:
problema da falta de renda nas famílias35.
Apesar da significante redução do trabalho nos grupos etários de 10 a 14 anos em
todas as regiões brasileiras em 2001, o PNAD36 (Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios) avalia que o conjunto de trabalhadores ente 5 a 17 anos é de 5,5 milhões, dos
quais 1,9 milhões são do sexo feminino 37. Atualmente, 81% da mão-de-obra infanto-juvenil
iniciaram o trabalho com menos de 14 anos de idade38.
Cumpre registrar que os países desenvolvidos, em especial os países europeus,
utilizam-se da expressão brasilianizzazione para denominar o dinamismo da economia
informal no Brasil e na América Latina. Autores que adotam esta expressão observam que a
brasilianizzazione é também conseqüência do neo-liberalismo 39.

nas relações de trabalho – cláusula social nos tratados internacionais. Revista do Tribunal Superior do
Trabalho. TST – Síntese, Brasília - Porto Alegre, vol. 66, out./dez. 2000, p. 239-240.
33
CUT. Política Internacional da CUT. Retirado de: www.cut.org.br Acessado em: abril/2003.
34
IBGE. Síntese de indicadores sociais 2002. Retirado de: www.ibge.gov.br Acessado em:
julho/2003.
35
VEIGA, Pedro da Motta. Op. cit., p. 346.
36
Desde sua criação em 1967, o PNAD tem o objetivo de produzir informações básicas para o estudo
do desenvolvimento sócio-econômico do Brasil. O IBGE utiliza-se do PNAD e de sua parceria com a OIT
para elaborar os indicadores sócio-econômicos do país. Também se estipulou o Programa de Informações
Estatísticas e Monitoramento do Trabalho Infantil (SIMPOC) para combater o trabalho infantil e para
proporcionar uma visão ampla da situação da criança e do adolescente no mercado de trabalho e na escola.
37
O ingresso precoce do homem no mercado de trabalho decorrente da cultura do homem como
sendo o provedor da família.
38
IBGE. Síntese de indicadores sociais 2002. Retirado de: www.ibge.gov.br Acessado em:
julho/2003.
39
BECK, Ulrich. Il lavoro nell´epoca della fine del lavoro. Traduzido por: Hellmut Riediger.
Torino: Giulio Einaudi, 2000. p. 148-149.
Estima-se hoje que cerca de 40% da economia brasileira pertença ao setor informal
– precisamente 61,5% dos trabalhadores de 2002 têm carteira assinada. Já a taxa de
contribuição previdenciária, responsável por demonstrar a qualidade dos empregos, é de
45,7% da população ocupada40.
Em remate, Márcio Túlio Viana ressalta dois fatores específicos que agravam a
economia informal brasileira: (a) os encargos sociais e (b) a cultura do desrespeito às leis,
incentivada pela impunidade. Por conseguinte, vivemos “fragmentados e sem qualquer
poder de barganha, os informais [grifos do autor] pressionam os salários para baixo,
aguçando e aviltando a concorrência pelo mercado de trabalho. De certo modo é também o
que faz o Estado, ao fixar o salário-mínimo em níveis de quarto mundo”41. Reportando-se à
doutrina da flexibilização do direito brasileiro, Osiris Rocha traz à colação que “é preciso
advertir para a realidade (...) que estão querendo aproveitar uma fase de crise para (...)
aumentar lucros das empresas por via da redução de direitos”42.
A melhor ilustração do progresso brasileiro em virtude da pressão externa é o caso
da laranja – o Brasil é o maior produtor de laranja e de suco concentrado do mundo. Neste
caso, percebe-se a ocorrência de duas mobilizações: (a) dos empregadores preocupados na
diminuição das exportações de laranja por empregarem crianças; (b) dos norte-americanos
que solicitaram à ABECITRUS (Associação Brasileira de Exportadores de Cítricos –
associação empresarial que representa os interesses do setor) a fiscalização da observância
das regras da OIT.
Para auxiliar as confederações sindicais, foi criado o Observatório Social, em 1997,
financiado com verbas da OIT e confederações sindicais de países desenvolvidos. O
Observatório já conseguiu a alteração de algumas políticas das transnacionais43.
A indústria brasileira afetada deverá endereçar sua petição anti-dumping à SECEX44
(Secretaria do Comércio Exterior do Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo).
Observa-se que o requerente deverá representar 50% da produção nacional (artigo 20º, § 2º,
do Decreto 1.602/95)45 – este requisito é também estabelecido pela OMC. A própria
SECEX fornece um formulário, no qual deve-se comprovar a existência do dumping e
danos conseqüentes46.
Compete ao Departamento de Defesa Comercial (DECOM), subordinado à
SECEX, propor a abertura e conduzir investigações para a aplicação de medidas anti-

40
IBGE. Síntese de indicadores sociais 2002. Retirado de: www.ibge.gov.br Acessado em:
julho/2003.
41
VIANA, Márcio T. Op. cit., p. 886.
42
ROCHA, Osiris. Globalização da economia e flexibilização do direito do trabalho: bom-senso e
realidade. Revista da Academia Nacional de Direito do Trabalho, São Paulo, ano IV, nº 6, 1998, p. 78.
43
VEIGA, Pedro da Motta. Op. cit., p. 347.
44
A SECEX pertence ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).
45
O art. 20º, § 2º, do Decreto 1.602/95 estabelece que:
“Os elementos de prova da existência de dumping e de dano por ele causado serão considerados,
simultaneamente, na análise para fins de determinação da abertura da investigação.
§ 2º A SECEX procederá a exame do grau de apoio ou rejeição à petição, expresso pelos demais
produtores nacionais do produto similar, com objetivo de verificar se a petição foi feita pela indústria
doméstica ou em seu nome. No caso de indústria fragmentária, que envolva um número especialmente alto de
produtores, poderá se confirmar apoio ou rejeição mediante a utilização de técnicas de amostragem
estatisticamente válidas.”
46
BARRAL, Welber Oliveira. Dumping e comércio internacional: a regulamentação
antidumping após a Rodada Uruguai. Rio de Janeiro: Forense, 2000. p. 249.
dumping, averiguar o dano e a relação de causalidade47. O DECOM está incumbido
também de, entre outros, recomendar a aplicação das medidas de defesa comercial previstas
nos correspondentes Acordos da OMC, acompanhar a evolução de aplicação das normas
internacionais relacionadas, acompanhar as investigações de defesa comercial abertas por
terceiros países contra exportações brasileiras e prestar assistência à defesa do exportador.
Afora o DECOM, subordinado à SECEX está também o Comitê consultivo de Defesa
Comercial (CCDC), cuja incumbência é examinar em instância consultiva as questões de
dumping. “Assim, todas as decisões, preliminares ou finais, relativas ao anti-dumping, são
tomadas com base em Parecer elaborado pelo DECOM, examinado pelo CCDC”48.
Segundo a legislação brasileira, o exame para determinar a existência de dano
decorrente da prática do dumping é objetivo e leva-se em consideração a análise de: (a)
volume das importações objeto da prática desleal e de seus efeitos sobre os preços
praticados no mercado interno de produtos similares; (b) efeito destas importações sobre os
produtos domésticos similares; (c) impacto sobre a indústria doméstica49.
A título de informação, Welber Barral observa que desde a implementação do
sistema de defesa comercial de 1987 no Brasil, verifica-se que 50% dos processos iniciados
encerram com a imposição de medidas anti-dumping. Dentre os principais países
acionados, os Estados Unidos estão em primeiro lugar, seguido pela República Popular da
China50.

5.2. Mercado Comum do Cone Sul (MERCOSUL)

O processo de integração do Mercosul caracteriza-se pela preocupação com a esfera


econômica, deixando em segundo plano a esfera social51. O Tratado de Assunção, em seu
artigo primeiro, dispõe apenas sobre a livre circulação de bens e serviços, mas o artigo
quarto estabelece o seguinte:

Art. 4º - Nas relações com terceiros países, os Estados Partes


assegurarão condições eqüitativas de comércio. Para tal fim,
aplicarão suas legislações nacionais, para inibir importações cujos
preços estejam influenciados por subsídios, dumping e qualquer
outra prática desleal. Paralelamente, os Estados Partes coordenarão
suas respectivas políticas nacionais com o objetivo de elaborar normas
comuns sobre concorrência comercial. (destaque nosso)

Somente em 1998, por pressão das centrais sindicais, propôs-se um diploma legal
com o objetivo de promover o emprego, condições saudáveis de trabalho, o diálogo social e

47
GUEDES, Josefina Maria; PINHEIRO, Silvia M. Anti-dumping, subsídios e medidas
compensatórias. 2ª ed. São Paulo: Aduaneiras, 1996. p. 74.
48
BARRAL, Welber Oliveira. Op. cit., p. 250.
49
Decreto no 1.602, de 23 de agosto de 1995.
50
BARRAL, Welber Oliveira. Op. cit., p. 259-260.
51
A legislação internacional de caráter social de pano de fundo para o Mercosul é: Declaração
Universal dos Direitos Humanos (1948), Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (1966), Pacto
Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966), Declaração Americana de Direitos e
Obrigações do Homem (1948), Carta Interamericana de Garantias Sociais (1948), Carta da Organização dos
Estados Americanos (1948), Convenção Americana de Direitos Humanos sobre Direitos Econômicos, Sociais
e Culturais (1988).
o bem-estar dos trabalhadores do Cone Sul. A Declaração Sociolaboral do Mercosul52
permitiu a negociação coletiva para combater o dumping e regular as condições de trabalho
conforme as práticas nacionais, além de estabelecer regras reportando-se às oito
Convenções Internacionais do Trabalho Fundamentais da OIT (do seu artigo 1o. ao 9o.). As
principais regras, referentes à negociação coletiva e ao fomento do emprego, são as
seguintes:

Art. 10 - Os empregadores ou suas organizações e as organizações


ou representações de trabalhadores têm direito de negociar e
celebrar convenções e acordos coletivos para regular as condições
de trabalho, em conformidade com as legislações e práticas
nacionais.
Art. 14 – Os Estados Partes comprometem-se a promover o
crescimento econômico, a ampliação dos mercados interno e regional
e a executar políticas ativas referentes ao fomento e criação do
emprego, de modo a elevar o nível de vida e corrigir os desequilíbrios
sociais e regionais. (destaques nossos)

Entrementes, o Mercosul enfrenta sérios problemas estruturais. Para atribuir eficácia


aos direitos mínimos do trabalhador será necessário: 1) estudar uma convergência de
políticas macroeconômicas para o combate contra o desemprego; 2) consolidar a cultura da
concorrência; 3) harmonizar as legislações; 4) fortalecer as estruturas institucionais de
defesa da concorrência; 5) fortalecer os mecanismos de fácil consulta, em especial do
Paraguai e Uruguai. Quanto às negociações coletivas internacionais, embora o Mercosul
disponha de órgãos como a Coordenação de Centrais Sindicais do Cone Sul e o Conselho
Industrial do Mercosul, ainda não há expressiva negociação53.
Citamos, como exemplo, o Laudo do Tribunal Arbitral relativo à controvérsia entre
a República Federativa do Brasil (Parte Reclamante) e a República Argentina (Parte
Reclamada), sobre "Aplicação de Medidas Anti-dumping contra a exportação de frangos
inteiros, provenientes do Brasil, Resolução nº. 574/2000 do Ministério de Economia da
República Argentina", cujo julgamento ocorreu em 21 de maio de 2001, na cidade de
Montevidéu, tendo como árbitro-presidente o representante da República Oriental do
Uruguai o Dr. Juan Carlos Blanco, além de um representante de cada país conflitante.
No corpo do laudo se extrai que não existem normas no Mercosul que regulem as
investigações de dumping e a aplicação de medidas anti-dumping, havendo apenas a
sujeição às legislações nacionais.
O resultado final de tal laudo foi o indeferimento do pedido da Parte Reclamante
por entender que a Reclamada não descumpriu as normas de integração do Mercosul,
mantendo intacta a Resolução ora impugnada.
Por fim, devido à forte pressão para a elaboração de uma zona de livre comércio
entre a União Européia e o Mercosul, o problema latino-americano de baixa remuneração e
exploração do trabalhador torna-se sério obstáculo para o prosseguimento desta
integração54.

52
COSTA, Armando Casimiro; FERRARI, Irany; MARTINS, Melchíades Rodrigues. Consolidação
das Leis do Trabalho. 30a. ed. São Paulo: LTr, 2003. p. 208-210.
53
LIMA, Otávio Augusto Custódio. As multinacionais e as relações trabalhistas no Mercosul.
Retirado de: www.sites.uol.com.br/globalization/asmulti.htm Acessado em: abril/2003.
54
CRIVELLI, Ericson. Op. cit., p. 43.
5.3. União Européia

Desde a instituição da Comunidade Econômica Européia, em 1957, com o Tratado


de Roma, já era possível encontrar regras sobre política social, além de formação
profissional, nos seus artigos 117 a 122, ao contrário do modelo dos Estados Unidos da
América, que será comentado no próximo item.
Tais regras foram sendo transformadas por meio dos Tratados de Maastricht (1992),
de Amsterdam (1997) e de Nice, de 10 de março de 2001, e que entrou em vigor em 01 de
fevereiro de 2003. Convém salientar que os três primeiros Tratados, com algumas
modificações, foram consolidados em uma única versão55.
A única citação de dumping encontrada na versão consolidada é a presente no artigo
133, afirmando o seguinte:
Art. 133 - 1. A política comercial comum assenta em princípios
uniformes, designadamente no que diz respeito às modificações de
pautas, à celebração de acordos de pauta e comerciais, à
uniformização das medidas de liberalização, à política de exportação,
bem como às medidas de proteção do comércio, tais como as
medidas a tomar em caso de dumping e de subvenções. (destaques
nossos)
Ressalta-se que os artigos 136 e 137 da versão consolidada do Tratado da União
Européia demonstram que, como afirmado por Felice Testa, “assiste-se ao consolidamento
de uma cultura jurídica européia anti-dumping que abraça de maneira integral e completa o
problema social”56.

Art. 136 – A Comunidade e os Estados-Membros, tendo presentes os


direitos sociais fundamentais, tal como os enunciam a Carta Social
Européia, assinada em Turim, em 18 de Outubro de 1961 e a Carta
Comunitária dos Direitos Sociais Fundamentais dos Trabalhadores, de
1989, terão por objetivos a promoção do emprego, a melhoria das
condições de vida e de trabalho, de modo a permitir a sua
harmonização, assegurando simultaneamente essa melhoria, uma
proteção social adequada, o diálogo entre parceiros sociais, o
desenvolvimento dos recursos humanos, tendo em vista um nível de
emprego elevado e duradouro, e a luta contra as exclusões.
Para o efeito, a Comunidade e os Estados-Membros desenvolverão
ações que tenham em conta a diversidade das práticas nacionais, em
especial no domínio das relações contratuais, e a necessidade de
manter a capacidade concorrencial da economia comunitária.
A Comunidade e os Estados-Membros consideram que esse
desenvolvimento decorrerá não apenas do funcionamento do mercado
comum, que favorecerá a harmonização dos sistemas sociais, mas
igualmente dos processos previstos no presente Tratado e da
aproximação das disposições legislativas, regulamentares e
administrativas.

55
A versão consolidada pode ser encontrada no site: www.europa.eu.int.
56
TESTA, Felice. Clausole anti-dumping sociale nella contrattazione collettiva. Trabalho
apresentado no Seminário Ítalo-Brasileiro de Direito do Trabalho (PUCPR), Marco Antônio César
Villatore (Coordenador). Curitiba, 31 de março de 2003 a 01 de abril de 2003. p. 8.
Art. 137 - 1. A fim de realizar os objetivos enunciados no artigo 136,
a Comunidade apoiará e completará a ação dos Estados-Membros nos
seguintes domínios:
a) melhoria, principalmente, do ambiente de trabalho, a fim de
proteger a saúde e a segurança dos trabalhadores; b) condições de
trabalho; c) segurança social e proteção social dos trabalhadores; d)
proteção dos trabalhadores em caso de rescisão do contrato de
trabalho; e) informação e consulta dos trabalhadores; f) representação
e defesa coletiva dos interesses dos trabalhadores e das entidades
patronais, incluindo a co-gestão; g) condições de emprego dos
nacionais de países terceiros que residam legalmente no território da
Comunidade; h) integração das pessoas excluídas do mercado de
trabalho; i) igualdade entre homens e mulheres quanto às
oportunidades no mercado de trabalho e ao tratamento no trabalho; j)
luta contra a exclusão social; k) modernização dos sistemas de
proteção social.

O caminho da União Européia dá-se, portanto, por intermédio de uma política social
comunitária junto à livre circulação de trabalhadores, para que exista um verdadeiro
mercado comum de trabalho aumentando as chances de um melhoramento de condições de
vida e de emprego.
Felice Testa cita, ainda, que “a experiência comunitária européia constitui,
provavelmente, o mais relevante caso de integração ´internacional´ em uma ótica de
promoção de condições sociais, mas se deve frisar para que o mesmo termo ´internacional´
não seja juridicamente apto às relações existentes entre os Estados Membros da União
Européia”57.
Em 22 de setembro de 1994 foi emanada uma Diretiva Comunitária, de número 45,
regulando as modalidades de constituição de Comitês Empresariais Europeus,
estabelecendo os procedimentos de informação e de consulta dos trabalhadores nas
empresas e nos grupos de empresas transnacionais comunitárias.
Não nos podemos esquecer de que a Europa sempre foi a precursora da famosa
flexibilização, desde a década de 70, em função da falta de combustíveis que desencadeou
grande número de desempregos, naquilo que se refere à Reunião dos 15 Estados Membros,
em março de 2002, comentada por nós em outra oportunidade58.
Cumpre observar que o Sistema Geral de Preferência (SGP)59 da União Européia
permite a concessão de preferências suplementares aos países que demonstrem respeito aos
direitos trabalhistas fundamentais. Havendo violações a estes direitos pode-se suspender
temporariamente o tratamento preferencial. Benefícios atribuídos à Mianmar (ex-Birmânia,
na Ásia) foram suspensos em 1997 em virtude da utilização de trabalho forçado60.

57
Ibidem, p. 10.
58
VILLATORE, Marco Antônio César. Flexibilização do direito do Trabalho – Novidades na União
Européia. Jornal do 10o Congresso Brasileiro de Direito do Trabalho, LTr, São Paulo de 16 a 17 de abril
de 2002, p. 57-58.
59
O SGP é um programa de benefícios tarifários de cunho mercantil criado em 1970 pela Junta de
Comércio e Desenvolvimento da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento
(UNCTAD). O objetivo do programa é desenvolver a pauta de comercialização entre países por meio da
concessão de benefícios tarifários dos países desenvolvidos aos países em desenvolvimento.
60
VEIGA, Pedro da Motta. Op. cit., p. 329.
Felizmente, a União Européia adota propostas contrárias ao uso de sanções
comerciais para incentivar a proteção do trabalhador. À guisa de exemplo, o plano de
iniciativas domésticas da Comissão Européia tem como política atribuir maior eficácia aos
instrumentos da OIT por intermédio de mecanismos de supervisões, incentivos e
apresentações de queixas61.

5.4. República Popular da China

A China precisa atingir apenas um quinto da renda per capita norte-americana para
tornar-se a maior economia do mundo – desta forma, o país não precisa ser tão produtivo
quanto às demais nações. Com a abertura comercial houve grande deslocamento de
trabalhadores agrícolas para os centros urbanos. Percebe-se que o atual problema chinês é o
paulatino início da carência de trabalhadores rurais para a agricultura62.
Na Constituição da República Popular da China, 04/12/1982, há uma grande gama
de direitos trabalhistas. Em seu Preâmbulo observa-se a influência marxista-leninista na
elaboração de preceitos jurídicos e finalidades que a sociedade chinesa busca alcançar:
“Nos próximos anos, a tarefa fundamental da nação será
concentrar os esforços na modernização socialista. Sob a égide do
Partido Comunista da China e a inspiração do marxismo-
leninismo e do pensamento de Mao Zedong, o povo chinês de
todas as nacionalidades continuará a aderir à ditadura
democrático-popular e a seguir a via socialista, a melhorar
constantemente as instituições socialistas, a desenvolver a
democracia socialista e a trabalhar, arduamente e com toda a
independência, para a modernização da indústria, da agricultura,
da defesa nacional, da ciência e da tecnologia, a fim de
transformar a China num país socialista de alto nível de cultura e
de democracia (...) As classes exploradoras, enquanto tais, foram
banidas do nosso país. No entanto, a luta de classes perdurará
ainda por muitos anos dentro de certos limites. O povo chinês terá
de lutar contra as forças e os elementos que, no país e no
estrangeiro, são hostis ao regime socialista chinês e tentam
subvertê-lo. (destaques nossos)

O corpo da Constituição encarrega-se de atribuir ao Estado o dever de estabelecer


condições mínimas para o ambiente de trabalho, a obrigação de garantir o descanso do
trabalhador, o ônus de providenciar trabalho para cegos, surdos, mudos e outros deficientes.
Assim dispõe a Constituição chinesa:
Art. 42 - Os cidadãos da República Popular da China têm o direito e
o dever de trabalhar.
Servindo-se de vários meios, o Estado cria as condições propícias
ao emprego, reforça a proteção no trabalho, melhora as condições
de trabalho e, baseando-se no crescimento da produção, aumenta
as remunerações do trabalho e os benefícios sociais. O trabalho é
um dever de que se pode orgulhar todo o cidadão capaz. Todos os
trabalhadores das empresas do Estado e das unidades econômicas

61
Ibidem, p. 330.
62
KRUGMAN, Paul; OBSTFELD, Maurice. Op. cit., p.277-278.
coletivas rurais e urbanas devem cumprir as suas tarefas em
consonância com a sua condição de senhores do País. O Estado
Promove a emulação socialista no trabalho e enaltece e recompensa os
trabalhadores modelares e mais avançados. O Estado encoraja os
cidadãos a participar em trabalhos voluntários. O Estado proporciona
aos cidadãos a formação vocacional necessária antes do emprego.
Art. 43 - Os trabalhadores da República Popular da China têm
direito ao descanso. O Estado fomenta os estabelecimentos
destinados ao repouso e à recuperação dos trabalhadores e determina
as horas de trabalho e as férias de trabalhadores e funcionários.
Art. 44 - O Estado define por lei o sistema a que obedece a reforma
dos trabalhadores e funcionários das empresas e a dos funcionários
dos órgãos do Estado. A subsistência dos reformados é garantida pelo
Estado e pela sociedade.
Art. 45 - Os cidadãos da República Popular da China têm direito a um
auxílio material do Estado e da sociedade na velhice, na doença e
na deficiência. O Estado desenvolve os serviços de segurança
social, assistência social e saúde necessária para que os cidadãos
possam gozar de tal direito. O Estado e a sociedade garantem a
subsistência aos membros das Forças Armadas que adquiram
deficiências, concedem pensões às famílias dos mártires e dão um
tratamento preferencial às famílias dos militares. O Estado e a
sociedade contribuem para que os cegos, os surdos-mudos e outros
cidadãos deficientes tenham trabalho, disponham de condições de
subsistência e recebam instrução.
Art. 46 - Os cidadãos da República Popular da China têm o dever
e o direito de educação. O Estado fomenta os desenvolvimentos
morais, intelectuais e físicos das crianças e dos jovens.
Art. 47 - Os cidadãos da República Popular da China são livres de
se dedicar à investigação científica, à criação literária e artística e
a outras atividades culturais. O Estado incentiva e apóia as
atividades criadoras, de interesse do povo, levadas a cabo por cidadãos
empenhados em trabalho educativo, científico, tecnológico, literário,
artístico e cultural em geral.
Art. 48 - As mulheres na República Popular da China gozam dos
mesmos direitos dos homens em todas as esferas da vida política,
econômica, cultural, social e familiar. O Estado protege os direitos e
interesses das mulheres, aplica a homens e mulheres sem distinção o
princípio de "a trabalho igual salário igual" e forma e escolhe quadros
de entre as mulheres.
Art. 49 - O casamento, a família, a mãe e a criança são protegidos
pelo Estado. Tanto o marido como a mulher têm o dever de praticar o
planejamento familiar. Os pais têm o dever de criar e educar os filhos
menores e os filhos maiores têm o dever de manter e auxiliar os pais.
É proibida a violação da liberdade de casamento. São proibidos os
maus tratos a velhos, mulheres e crianças. (destaques nossos)

Concernente ao dumping, a China instituiu a Lei de Anti-dumping e Anti-subsídio


do Povo da República da China em 1997. Apesar de seguir as diretrizes anti-dumping da
OMC63, é característica da lei sua flexibilidade e interpretação ampla, permitindo ao

63
LAWSNET. China's new anti-dumping regulations. Retirado de:
www.lawsnet.com/china/cowlingr.htm Acessado em: julho/2003.
governo chinês utilizar-se da lei conforme suas políticas econômicas64. Compete ao
Ministério de Trocas Internacionais e Cooperação Econômica (MOFTEC) investigar os
casos de dumping.
Entre Brasil e China há um famoso caso de dumping sobre o lápis de cor e de
grafite, instituído a pedido da Labra S/A e da Johann Faber S/A em fevereiro de 1996. Em
virtude da perda do mercado nacional e caracterizado dano às empresas nacionais – redução
de empregos e níveis de preços – o Brasil aplicou direitos definitivos de 301,5% para lápis
de grafite e 203,3% para lápis de cor. Todavia, como a China não tem uma economia de
mercado, não foi possível calcular o valor normal do produto no seu mercado65.

5.5. Japão

O Japão executa majoritariamente políticas estratégicas – à guisa de exemplo, tem-


se as de estímulo aos chips, semicondutores e de proteção ao aço66. Com freqüência o Japão
recebe a atribuição de país exemplar do capitalismo bem-sucedido. A motivação que
domina os negócios japoneses é maior do que a pura vontade de maximizar lucros, em
virtude da forte influência da ética confuciana. Assim, há a combinação de
comprometimento com um ambiente competitivo e políticas públicas ponderadas67.
No tocante ao dumping, no cenário internacional há grande rivalidade entre o Japão
e os Estados Unidos. Os americanos alegam que o Japão pratica o dumping no setor
automobilístico e na comercialização do aço. As reivindicações americanas também
englobam o elevado grau de protecionismo do governo japonês – atribui-se destaque ao alto
preço do arroz no mercado interno do Japão em decorrência destas políticas.
Na 4ª Conferência Ministerial da OMC, em Doha (Quatar) nos dias 09 a 14 de
novembro de 2001, o Japão reivindicou medidas anti-dumping. Desta forma, colocou tais
discussões em destaque para os futuros encontros da OMC. Ainda assim, o obstáculo que
impossibilita o Japão a seguir em frente na política anti-dumping é sua forte proteção na
agricultura68.
Adentrando na análise do direito japonês, percebe-se a forte presença dos Estados
Unidos na elaboração de um novo arcabouço jurídico do pós II Guerra Mundial. É por isso
que o texto original da Constituição de 1946 foi em inglês. Todavia, defende-se
erroneamente que a Constituição Japonesa é cópia da Constituição americana.
A Constituição japonesa contém dois princípios diversos da Constituição
americana, os quais foram impostos pelo povo japonês. Os princípios progressivos são: 1)
proteção das pessoas socialmente e economicamente em desvantagem e 2) o ideal de que a
paz pode ser mantida na confiança daqueles que amam a paz mundial, a justiça e a fé. Este

64
YOUNG, Laura W. China´s Anti-Dumping Regulations. Retirado de:
www.wangandwang.com/dumping.htm Acessado em: julho/2003.
65
BARRAL, Welber Oliveira. Op. cit., p. 264-265.
66
Acredita-se que a política do aço foi responsável pelo aceleramento do crescimento econômico do
Japão, mas não na proporção que se esperava porque a taxa de rendimento deste investimento caiu ficando
pouco superior à média. O problema foi que se investiu muito no aço e pouco em outros setores mais
rentáveis.
67
SEN, Amartya. Op. cit., p. 301-302.
68
Japan Information Network. Medidas anti-dumpig e regras para investimentos chamam a
atenção. Retirado de: www.japao.org.br/portugues/po22.htm Acessado em: Abri/2003.
pensamento é extremamente criticado pela doutrina americana por estar em conflito com o
pensamento de paz pregado pelos Estados Unidos 69.
Estabelece o Preâmbulo da Constituição Japonesa:

We, the Japanese people, desire peace for all time and are deeply
conscious of the high ideals controlling human relationship and we
have determined to preserve our security and existence, trusting in the
justice and faith of the peace-loving peoples of the world. We desire to
occupy an honored place in an international society striving for the
preservation of peace, and the banishment of tyranny and slavery,
oppression and intolerance for all time from the earth. We recognize
that all peoples of the world have the right to live in peace, free from
fear and want. We believe that no nation is responsible to itself alone,
but that laws of political morality are universal; and that obedience to
such laws is incumbent upon all nations who would sustain their own
sovereignty and justify their sovereign relationship with other nations.
We, the Japanese people, pledge our national honor to accomplish
these high ideals and purposes with all our resources70. (destaques
nossos)

No tocante aos direitos mínimos dos trabalhadores, a Constituição japonesa dispõe


que o trabalho é dever e direito de todos, proíbe o trabalho infantil e assegura a negociação
coletiva:

Art. 26 - All people shall have the right to receive an equal education
correspondent to their ability, as provided for by law.
Art. 27 - All people shall have the right and the obligation to work. 2)
Standards for wages, hours, rest and other working conditions shall
be fixed by law. 3) Children shall not be exploited.
Art. 28 - The right of workers to organize and to bargain and act
collectively is guaranteed71. (destaques nossos)

69
TSUNEOKA, Setsuko Norimoto. Pacifism and some misconceptions about the Japanese
Constitution. The Constitution of Japan. Tokyo: Kashiwashobo, 1996. p. 126.
70
Nós, o povo japonês, desejamos paz para todos os tempos e estamos profundamente conscientes de
que há grandes ideais controlando as relações internacionais e estamos determinados a preservar nossa
segurança e existência, confiando na justiça e fé dos amantes da paz do mundo. Nós desejamos ocupar um
lugar honrado na sociedade internacional, a qual esforça-se para a preservação da paz, e a eliminação da
tirania e escravidão, da opressão e da intolerância para sempre na terra. Nós reconhecemos que todos os
povos do mundo têm o direito de viver em paz, livre do medo e de carências. ar do medo e querer. Nós
acreditamos que nenhuma nação é responsável por si sozinha, mas que as leis político-morais são universais;
e que a obediência de tais leis é dever de todas as nações que sustentam sua própria soberania e justificam sua
soberania perante outras nações. Nós, o povo japonês, prometemos em nossa honra nacional que realizaremos
estes grandes ideais e finalidades com todos os nossos recursos. (tradução nossa)
71
Art. 26 - Todos terão o direito de receber educação igual conforme sua habilidade, como é
resguardado pela lei (...)
Art. 27 - Todos terão o direito e a obrigação de trabalhar. 2) Os padrões para salários, horas,
descansos e outras condições de trabalho serão fixadas por lei. 3) As crianças não serão exploradas.
Art. 28 – Está garantido o direito dos trabalhadores de organizarem-se e negociarem e agir
coletivamente é garantida. (tradução nossa).
5.6 Estados Unidos da América

O estudo do direito americano face ao seu comportamento diante dos atos


internacionais traz questões polêmicas. Paralelo às políticas de aversão à ratificação de
dispositivos legais internacionais de resguardo aos direitos humanos, o país detém um
sistema de implementação de tratados que permite, com o apoio de vasta jurisprudência,
prevalecer a lei interna sobre o Direito Internacional. O Tratado de Livre Comércio da
América do Norte (NAFTA) obteve sua vigência no território norte-americano com a
ressalva de que “nenhum dispositivo do acordo, nem a aplicação de qualquer dispositivo a
uma pessoa ou circunstância, que seja incompatível com qualquer lei dos EUA, deverá ter
eficácia”72.
O procedimento anti-dumping nos Estados Unidos percorre duas agências
governamentais. Primeiro percorre a International Trade Administration (ITA), órgão do
Departamento de Comércio incumbido de verificar a existência de prática desleal, ou seja,
se o preço do produto importado é inferior ao preço “justo” local. Outrossim, este órgão
está encarregado de negociar acordos com o objetivo de impedir estas práticas.
Posteriormente, o processo passa pelo International Trade Comission (ITC), órgão não
vinculado a nenhum Ministério, mas responsável por analisar se houve dano à indústria
doméstica e, no caso positivo, quantificá-lo. A ITC é uma comissão também responsável
pela elaboração de estudos, relatórios e recomendações para o Presidente e o Congresso.
Argumenta-se que esta divisão de competências permite maior agilidade no trâmite das
ações.73.
A Rodada do Uruguai desencadeou efeitos positivos quanto à coibição da utilização
arbitrária da alegação de dumping por parte dos Estados Unidos. Vários abusos antes
praticados foram reduzidos. O país foi pressionado a determinar um prazo para a
manutenção dos direitos anti- dumping74.
Sob o prisma do resguardo pelos direitos dos trabalhadores, os Estados Unidos
possibilitam a suspensão do tratamento preferencial atribuído pelo Sistema Geral de
Preferências (SGP) no caso de violações dos direitos mínimos reconhecidos
internacionalmente tais como o trabalho forçado, de crianças e de desrespeito à liberdade de
associação. Ressalta-se que os direitos trabalhistas fundamentais protegidos pelos Estados
Unidos divergem dos direitos reconhecidos pela OIT. Com efeito, no ano de 1996, onze
países perderam seu direito ao tratamento privilegiado do SGP americano, ocorrendo a
reintegração posterior de cinco dos países75.

72
GOYOS, Durval Noronha. A lei dos Estados Unidos face ao Regionalismo e ao
Multilateralismo. Retirado de: www.noronha advogados.com.br Acessado em: janeiro/2003.
73
GUEDES, Josefina Maria; PINHEIRO, Silvia M. Op. cit., p. 48-49.
74
Hoje o prazo norte-americano para a manutenção dos direitos anti-dumping é de cinco anos.
Decorrido o prazo, há a obrigação do país re-analisar a necessidade desta medida.
75
VEIGA, Pedro da Motta. Op. cit., p. 328-329.
5.5. Área de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA)

A Área de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA), em vigor desde 1994,


estabelece a livre circulação de investimentos e mercadorias entre os Estados Unidos,
México e Canadá, ou seja, países em situações econômicas, sociais e tecnológicas
diferentes. Desde o vigor do acordo, em 1994, argumenta-se que a entrada de novas
fábricas no México, as quais recebem denominação de maquiladoras, provocou a
diminuição do salário médio dos mexicanos.
Para combater as violações dos direitos trabalhistas no México, pactuou-se o North
American Agreement on Labor Cooperation (NAALC), um acordo de cooperação paralelo
ao NAFTA com o objetivo de promover a aplicação das legislações trabalhistas domésticas.
O acordo enumera onze norma-princípios trabalhistas que deverão ser observadas e, por
conseguinte, discute-se que as normas trabalhistas do acordo são em maior número das
referidas pelas OIT.
São os onze princípios trabalhistas incorporados no NAALC: (1) liberdade de
associação e proteção dos direitos de organizar-se; (2) direito à negociação coletiva; (3)
direito à greve; (4) proibição ao trabalho forçado; (6) proteção ao trabalho infantil; (7)
respeito aos direitos mínimos do trabalhador em relação ao salário, horas e condições de
trabalho; (8) proibição à discriminação no trabalho; (9) direito ao salário igual por trabalhos
similares; (10) direito à saúde e segurança; (11) direito à compensação dos trabalhadores;
(12) proteção aos direitos dos trabalhadores imigrantes.
Outrossim, o acordo não prevê critérios para a avaliação uniforme do cumprimento
destas onze normas, mas obriga aos países obedecerem a suas regras domésticas.
Por força do acordo, é possível utilizar-se de mecanismos de solução de
controvérsias a serem acionados em caso de violação à legislação nacional e caracterização
da incapacidade persistente da legislação doméstica. Assim, há a previsão de multas e
sanções havendo violações. Entretanto, nenhum dos casos submetidos ao sistema de
solução de controvérsias do acordo recebeu a aplicação de multa ou sanção.

5.6. Área de Livre Comércio das Américas (ALCA)

As negociações da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) objetivam criar


uma zona de livre-comércio entre os trinta e quatro países do continente, exceto Cuba.
Iniciado pela Cúpula de Miami, em 1994, o processo de integração apenas ganhou espaço a
partir de 1998 com o começo da elaboração e exame de propostas a serem negociadas a
partir de 2002 até a data limite de 2004. O Brasil negocia juntamente com o Mercosul76.
Concernente ao dumping, o Brasil preocupa-se com a utilização abusiva de
instrumentos de defesa comercial pelos Estados Unidos77. Busca-se, então, determinar
prazos e limites para invocá-los. Observa-se, ainda, as regras da OMC para a determinação
de diretrizes nas discussões.

76
THORSTEN, Vera. O Brasil frente a um tríplice desafio: negociações simultâneas da OMC, da
Alca e do Acordo CE/Mercosul. In: CINTRA, Marcos; CARDIN, Carlos Henrique (Organizadores). O
Brasil e a Alca. Brasília: Centro de Documentação e Informação, 2002. p. 473.
77
Ibidem, p. 478.
Todavia, consta na proposta da ALCA observar os diferentes níveis de
desenvolvimento de cada Estado membro, para criar oportunidades e permitir a plena
participação das economias menores78. Consta nos objetivos gerais que: (a) a crescente
integração econômica tem em seu cerne elevar o nível de vida, melhorar as condições de
trabalho e proteger o meio-ambiente; (b) assegura-se o compromisso e respeito da
observância e promoção dos direitos trabalhistas fundamentais “conforme as nossas
respectivas leis e regulamentos, a observância e a promoção dos direitos trabalhistas”79.
Para evitar maiores conflitos, a Organização dos Estados Americanos (OEA)
estipulou uma comissão composta por Ministros do Trabalho com o fim de discutir as
propostas trabalhistas na ALCA.
No Grupo de Negociações do Capítulo de Investimentos há também propostas
apresentadas com textos obrigando os países signatários do Acordo ao comprometimento
de não reduzir ou ignorar as normas trabalhistas domésticas para atrair investimentos
externos80.

6. Considerações Finais

Como podemos verificar, no presente estudo, o dumping social tem sido muito
discutido na sociedade contemporânea. Percebe-se, porém, que a utilização do dumping
social afigura muito mais uma barreira comercial para proteger o mercado interno de cada
país, ao invés de uma preocupação quanto à exploração do trabalhador ou modalidade de
política social.
Com efeito, que modelo de anti-dumping é esse que estabelece punições monetárias
a outro país, muitas vezes de forma arbitrária, tendo por conseqüência o enfraquecimento
das exportações do país subdesenvolvido e gerando, com isso, maior desemprego?
Felizmente a União Européia vem adotando políticas que fortalecem as regras da
OIT como forma de diluir a utilização do dumping social. Nas discussões estimuladas em
sala-de-aula, no Mestrado em Direito Econômico e Social da Pontifícia Universidade
Católica do Paraná, o mestrando Rafael Palumbo muito bem apontou, como solução de
política social, que os valores arrecadados como medidas anti-dumping pelo país
importador (geralmente país desenvolvido) fossem direcionados à própria sociedade e, de
preferência, aos próprios trabalhadores que estão sendo prejudicados com jornadas
estafantes, com trabalho infantil, com discriminações entre trabalhadores (homens e
mulheres), dentre outros problemas.
Qual seria a forma de repasse de tais valores? Caso o Estado tivesse Governos
fracos e corruptos ou fosse embasado em Ditadura, o repasse poderia ser realizado através
de Organismos Não Governamentais (ONGs). Caso o Estado prejudicado fosse confiável,
tais valores poderiam ser repassados a programas de auxílio, como é o caso de nosso
Programa de Auxílio ao Trabalhador (PAT), mas desde que fossem direcionados aos
trabalhadores que sofreram as violações ou perderam o emprego com o fechamento da
empresa que estava praticando o dumping social.

78
GARCIA JÚNIOR, Armando Álvares. A Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) e seu
marco jurídico. São Paulo: LTR, 1998. p. 30
79
Ibidem, p. 37.
80
VEIGA, Pedro da Motta. Op. cit., p. 329
Defende-se neste estudo, que a melhor forma de coibir os excessos da exploração da
mão-de-obra é por intermédio da real aplicação das Convenções Internacionais do
Trabalho.
No Brasil, temos um problema cultural seriíssimo, que é a utilização das
Convenções Internacionais como sendo uma mera Recomendação da OIT, sendo que, na
maioria das vezes, mesmo após a inserção das regras no direito interno, por meio dos
Decretos, as normas ali estabelecidas são esquecidas. Pode-se citar o exemplo da
Convenção 132, da OIT, trazida ao Direito do Trabalho brasileiro por meio do Decreto no.
3197, de 5 de outubro de 1999, que estabelece regras sobre férias anuais remuneradas.
Enquanto não modificarmos o nosso pensamento, no que diz respeito às normas
emanadas de organismos internacionais e de integração de Direito do Trabalho, não
poderemos asseverar que o nosso intuito é fortalecer o Brasil – por meio de uniões entre
Estados, como o Mercosul e a ALCA – muito menos que estaremos trabalhando para
erradicar a fome no nosso país; e quiçá que haja um propósito semelhante no mundo, como
tentado na reunião do G-8.

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