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Jor ge Batista Fer nandes


Doutorando em História Política pela PPGH/UERJ.

A Constituinte de 1890-1891
A institucionalização dos limites da cidadania

Este artigo descreve as principais medidas This article describes the main measures
adotadas pelo primeiro governo republicano adopted by the first republican government
para a convocação e controle dos for the summons and control of the electoral
procedimentos eleitorais que definiram os procedures that defined the eligibility
critérios de elegibilidade para o Congresso criteria for the Constituent Congress of
Constituinte de 1890-1891, assim como a 1890-1891, as well as the discussion of the
discussão da ampliação da cidadania política enlargement of the political citizenship involving
envolvendo os estrangeiros, os analfabetos, os the foreigners, the illiterates, the religious and
religiosos e as mulheres. the women.
Palavras-chave: cidadania, direitos políticos, nação . Keywords: citizenship, political rights, nation .

O
objetivo deste artigo é descre- 1891, assim como a discussão da am-
ver as principais medidas pliação da cidadania política envolvendo
adotadas pelo primeiro gover- os estrangeiros, os analfabetos, os reli-
no republicano para a convocação e con- giosos e as mulheres.
trole dos procedimentos eleitorais que
definiram os critérios de alistabilidade Publicado em 3 de dezembro de 1870,
e, conseqüentemente, de elegibilidade no jornal A República , o Manifesto Repu-
para o Congresso Constituinte de 1890- blicano foi a primeira declaração formal

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do movimento republicano. Nesse docu- favor da descentralização – e da diminui-


mento, além dos problemas relativos à ção do controle do Estado sobre a vida
excessiva centralização do poder impe- dos indivíduos. No entanto, podemos afir-
rial e às atribuições do Poder Modera- mar que as propostas democráticas pre-
dor, procurou-se, criticando os privilégi- sentes nas idéias republicanas contidas
os concedidos, apontar para a falta de no manifesto não contemplavam a pers-
legitimidade e de representação do sis- pectiva de igualdade defendida pelo libe-
tema político imperial, ou seja, a ques- ralismo da época, mesmo levando-se em
tão dos obstáculos para a participação consideração que não estamos nos refe-
política decorrente dos regulamentos elei- rindo aos direitos políticos, mas à igual-
torais e das fraudes eleitorais como mar- dade entre os homens perante a lei.
cas do sistema. 1
Com a proclamação da República, não se
Maior liberdade no processo eleitoral e estabelecia uma mudança radical da so-
autonomia para as províncias eram temas ciedade, mas sim organizava-se um jogo
colocados como possibilitadores do avan- para incorporar novos parceiros e conti-
ço da liberdade, dos direitos, da demo- nuar mantendo do lado de fora aqueles
cracia – embora, como o próprio docu- que nunca haviam participado dele. O que
mento afirme, esta fosse preterida em pode ser apontado como uma caracterís-
AN PH/FOT/ 6599(21)

A convenção de Itu, em 1873, lançou as bases do Partido Republicano

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tica predominante nos dois primeiros anos O maior obstáculo, enfrentado pelos no-
da República é o papel de hegemonia vos “donos do poder”, talvez tenha sido
exercido pelo Poder Executivo, que esta- tornar funcional o novo sistema político
beleceu as regras e buscou manter o (levando em consideração o conjunto dos
monopólio do exercício do poder. interesses existentes) e converter os pro-
gramas defendidos durante a propagan-
É verdade que o discurso dos panfletos,
da republicana em decisões políticas.
manifestos e matérias publicadas nos
jornais e revistas pelos republicanos em Tornada inoperante pelo decreto nº 1, de
nenhum momento defendeu a ampla par- 15 de novembro de 1889, 3 a Constitui-
ticipação política da população, como ção de 1824 deixava de regular as rela-
também não apresentou nenhuma pro- ções políticas e administrativas do país,
posta de incorporação da grande massa o que criou a necessidade de medidas
de ex-escravos à tão decantada civiliza- constantes para manter a opera-
ção defendida. Mesmo os mais radicais cionalidade do sistema político. O país
dos republicanos da época, como Silva seria governado por decretos sucessivos.
Jardim, por exemplo, não tinham a preo- Da mesma forma, o funcionamento do
cupação de abordar a temática da escra- Estado ficava exclusivamente nas mãos
vidão, tampouco de apontar propostas de do novo governo, que adicionava ao Po-
incorporá-los à sociedade nacional após der Executivo a faculdade de legislar.
a Abolição.
Uma série de outros decretos sobreveio
Certamente, a ampliação dos direitos ao decreto nº 1. Em seguida ao decreto
políticos, seja para eleitores ou para can- de 19 de novembro que redefiniu a qua-
didatos, não foi questão facilmente resol- lificação eleitoral da Lei Saraiva de 1881,
vida pelos Estados nacionais do final do no dia 20 de novembro o governo provi-
século XIX e início do XX. Países latino- sório expediu o decreto nº 7, declarando
americanos, europeus e os Estados Uni- dissolvidas e extintas as assembléias pro-
dos, por exemplo, se apresentavam re- vinciais e fixando provisoriamente as atri-
lativamente identificados com o seu con- buições dos governadores dos estados.4
trole e pouco diferenciados em relação
Não se pode desconsiderar a ocorrência
aos requisitos limitadores da participação
de um certo desconforto, que se mani-
e dos direitos eleitorais.
festou pela pressão de grupos favoráveis
Os limites impostos pela renda e pela ao retorno à legalidade institucional e ao
propriedade, pelo grau de escolaridade, fim do período “ditatorial” do governo
pelo gênero e pela idade, dentre outros, provisório, dentre eles os positivistas, que
foram sendo gradualmente suprimidos e defendiam a permanência do governo di-
modificados ao longo do século XX, na 2
tatorial; os monarquistas, que condi-
medida em que a sociedade se diversifi- cionaram seu apoio à República ao re-
cava e as ferramentas de pressão políti- torno à legalidade; e o Partido Republi-
ca se ampliavam. cano Paulista, representando os interes-

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ses dos cafeicultores de São Paulo, que duais, garantiram o controle do proces-
defendia a mais rápida aprovação dos so eleitoral. Dentre esses mecanismos,
novos códigos reguladores do jogo políti- destaca-se uma série de decretos, sendo
co republicano para assegurar os meios os mais importantes o nº 200-A, de 8 de
de acesso ao poder. 5 fevereiro de 1890, 7 e o nº 511, de 23
de junho de 1890, conhecido como Re-
Mesmo tendo convocado as eleições para
gulamento Cesário Alvim.8
o Congresso Constituinte para o dia 15
de setembro de 1890, através do decre- O novo regulamento excluía os religiosos,
to de 20 de novembro de 1889, e confir- governadores, chefes de polícia, coman-
mado pelo decreto 78-B, de 21 de de- dantes de armas e de corpos policiais,
zembro do mesmo ano, o governo provi- magistrados e funcionários da adminis-
sório somente concretizou as medidas tração. Contudo, deixava nas mãos dos
necessárias para a realização das elei- presidentes de intendência a responsa-
ções para a Assembléia Constituinte pos- bilidade do pleito eleitoral, além de reti-
teriormente. 6 A maior preocupação era rar das autoridades judiciárias a atribui-
assegurar mecanismos precisos que limi- ção de fiscalizar as eleições (esse dispo-
tassem a vitória dos “inimigos do gover- sitivo estava presente na Lei Saraiva, de
no” e, ao mesmo tempo, mantivessem um 1881), o que evidencia a preocupação
caráter elitista para a escolha dos mem- em impedir que os monarquistas e “ini-
bros da Constituinte. Seguiram à risca os migos da República” utilizassem suas in-
preceitos de atribuir à República carac- fluências sobre este poder para contro-
terísticas representativas, mas não de- lar o pleito, ressalvando-se que o gover-
mocráticas. no provisório manteve a organização do
As medidas adotadas pelo governo provi- Poder Judiciário para garantir certa fun-
sório, no sentido de institucionalizar le- cionalidade ao Estado, que somente foi
galmente a República, tiveram a preocu- reformado em novembro de 1890.
pação de aumentar o espaço de tempo Cabe assinalar, ainda, que os presiden-
entre a proclamação da República, a or- tes de intendência eram nomeados pe-
ganização do governo provisório e a efe- las autoridades estaduais, que por sua
tiva instalação da Assembléia Nacional vez eram nomeadas pelo governo pro-
Constituinte. visório. Fato que foi denunciado por
muitos constituintes que prognosticaram
Convocar a Assembléia Constituinte im-
a “origem” da estruturação da futura
plicava criar mecanismos que garantissem
política oligárquica.
a maioria de representantes do governo
no Congresso. Esse objetivo foi atendido A inelegibilidade dos governadores, dos
na medida em que as modificações no chefes de polícia, dos comandantes de
regulamento eleitoral, em conjunto com armas, dos comandantes de corpos poli-
o relativo domínio que o governo provi- ciais, dos magistrados, dos funcionários
sório possuía sobre os executivos esta- administrativos demissíveis foi suspensa

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Jorge Batista Fernandes, Ordenando a República, constituindo o progresso : o primeiro Congresso Constituinte da República
(1890-1891), dissertação de mestrado, Rio de Janeiro, IFCS/UFRJ, 1997, v. II, p. 209.

pelo art. 4º do mesmo decreto para a A eleição dos deputados e senadores se-
eleição do primeiro Congresso, que de- ria realizada por meio da eleição direta,
terminou, no entanto, que uma vez elei- participando dela os “cidadãos qualifica-
tos, aqueles perderiam os seus cargos, dos eleitores de conformidade com os
“salvo se por eles optarem, logo que se- decretos nº 200-A, de 8 de fevereiro, 277-
jam reconhecidos”. 9
D e 277-E, de 22 de março de 1890”.11
O decreto nº 200-A atribuiu a qualifica-
As eleições para a primeira Constituinte ção a comissões distritais, formadas pelo
republicana foram convocadas em 21 de juiz de paz mais votado, pelo subdelegado
dezembro de 1889, pelo decreto nº 78/ da paróquia e por um cidadão alistável,
B, e realizadas em 15 de setembro de nomeado pelo presidente da câmara mu-
1890. Nesse mesmo decreto, Deodoro da nicipal. A listagem final era organizada por
Fonseca deixa evidente que este espaço comissões municipais, formadas pelo juiz
de tempo se tornava necessário para que municipal do termo, pelo presidente da
algumas providências, que ele denominou câmara e pelo delegado de polícia.12 Fi-
de “providências preliminares”, pudessem cou estabelecido que as eleições deveriam
ser tomadas, tais como: “a organização ser realizadas através de lista completa por
do sistema eleitoral, o alistamento do novo Estado. Nesse sistema, são considerados
eleitorado, o prazo indispensável para a eleitos os mais votados até o preenchimen-
convocação deste e a preparação do pro- to do número de representantes estabele-
jeto da Constituição”. 10
cido para cada Estado.13

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Com exceção dos senadores, três por sendo publicado pelo decreto nº 510, de
estado, o Regulamento Cesário Alvim ain- 22 de junho de 1890. 19 O mesmo proje-
da determinava o número de represen- to foi revisto novamente por Rui Barbo-
tantes por Estado, sem esclarecer os cri- sa e publicado pelo decreto nº 914-A, de
térios utilizados para determinar o quan- 23 de outubro de 1890, no período en-
titativo de deputados. 14 Estabeleceu um tre as eleições e a reunião do Congresso
total de 268 constituintes, sendo 63 se- Constituinte.20
nadores e 205 deputados. A distribuição
Estabelecidos os critérios para a eleição,
por estado foi a seguinte: Minas Gerais
elaborado o projeto a ser submetido à
com 40; Bahia e São Paulo com 25 cada;
discussão do Congresso e realizadas as
Pernambuco e Rio de Janeiro com 20
eleições dos constituintes previstas para
cada; Rio Grande do Sul com 19; Ceará
15 de setembro, as chamadas “providên-
e Distrito Federal com 13 cada; Pará e
cias preliminares” apontadas por
Maranhão com 10 cada; Alagoas com 9;
Deodoro haviam sido superadas e se
Paraíba com 8; Piauí, Rio Grande do Nor-
seguiria a própria organização dos tra-
te, Sergipe, Paraná e Santa Catarina com
balhos constituintes, a discussão e a
7 cada um; Goiás com 6; Espírito Santo,
aprovação da primeira Constituição Re-
Mato Grosso e Amazonas com 5 cada
publicana em 1891.
um. 15 (ver gráfico I)
Na Câmara dos Deputados, o reconheci-
mento dos diplomas foi marcado por inú-
Como parte do que Deodoro definiu como
meras situações delicadas, evidenciando-
“providências preliminares”, 16 o proces-
se as fraudes e problemas com as atas
so de elaboração do projeto da Consti-
enviadas pelas intendências e câmaras
tuição passou por três etapas antes de
municipais. A questão das fraudes e do
ser publicado. Pelo decreto nº 29, de 3
regulamento eleitoral responsável pela
de dezembro de 1889, 17 data de aniver-
eleição dos constituintes foi abertamen-
sário do Manifesto Republicano, o gover-
te discutida durante a Constituinte. A pró-
no provisório nomeou uma comissão de
pria legitimidade dos representantes foi
cinco políticos para a elaboração de um
colocada em dúvida por alguns constitu-
p ro j e to de C o n s t i t u i ç ã o . E r a m e le s:
intes e um deles chegou a defender o
Saldanha Marinho, presidente da comis-
fechamento do Congresso e a convoca-
são; Américo Brasiliense, vice-presiden-
ção de novas eleições. 21
te; Santos Wer neck, Rangel Pestana e
Magalhães Couto. Conhecida como a Co- A atuação e a preocupação do governo
missão de Petrópolis, 18
elaborou três an- provisório em determinar as regras do
teprojetos para a Constituição. Rangel jogo para a elaboração da Constituição
Pestana sistematizou os três projetos e se fizeram evidentes, na medida em que
redigiu apenas um, entregue, em maio de procurou, de um lado, garantir a hege-
1890, ao governo provisório, que o revi- monia no Congresso com a eleição de
sou sob a orientação de Rui Barbosa, representantes favoráveis ao governo, e,

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de outro lado, instrumentalizar os traba- para a construção de uma “boa nação”,


lhos constituintes por meio dos seguin- pode ser explicado pela composição ma-
tes procedimentos: elaborando o proje- joritária no Congresso de bacharéis em
to de Constituição a ser discutido pelo direito, médicos, engenheiros e milita-
Congresso; definindo o papel dos consti- res, com alto grau de continuidade de
tuintes pelo decreto nº 510; e se anteci- políticos que atuaram na vida política
pando à reunião do Congresso ao elabo- durante a Monarquia. 22
rar uma proposta de regimento interno
Nos discursos de muitos constituintes, a
para ambas as casas do Congresso. Em-
República era a realização dos sonhos
bora a proposta de regimento interno
dos “brasileiros” e havia sido adormeci-
tenha sido alterada nas primeiras sessões
da pelo minotauro da centralização im-
do Congresso Constituinte, tais altera-
perial. A herança monarquista precisava
ções foram pouco significativas.

D
ser esquecida e os constituintes, “repre-
efinido o papel dos constituin- sentantes” da nação, justificavam sua
tes e estabelecidas as regras de queda acusando-a, repetidamente, de
funcionamento do Congresso, responsável pelas desgraças e pelo atra-
os debates se iniciaram com a constante so em que vivia o país. Além das ques-
preocupação dos constituintes em se pro- tões relacionadas ao atraso gerado pela
clamarem responsáveis pelos destinos do centralização, os males causados pela es-
país. A Constituição seria o instrumento cravidão também foram associados à Mo-
que efetuaria a legalidade e estabelece- narquia. Quando o governo provisório or-
ria o progresso; e este poder estaria nas denou a eliminação dos arquivos existen-
mãos de seus representantes. tes sobre a escravidão, vários constituin-
Em todos os momentos dos debates cons- tes louvaram esta ação e aprovaram uma
tituintes, o exterior era o exemplo a ser moção congratulando o governo.23 Um dos
seguido ou negado. Todos demonstravam constituintes justificou a medida afirman-
a preocupação em edificar uma obra que do que era necessário apagar da história
possibilitasse inserir o Brasil na chama- do país essa “página negra”.24
da “civilização” e, para tal, tornava-se
Ao buscar nos modelos externos uma vi-
primordial determinar que tipo de civili-
são positiva para os caminhos que pode-
zação era desejado. A Constituição era
riam ser trilhados pelo país, esses ho-
idealizada como a fórmula para superar
mens também procuraram caracterizar
o atraso e as características negativas do
o Brasil, atribuindo-lhe suas visões de
país; o mundo legal resolveria os proble-
mundo sobre a sociedade e sobre suas
mas e os descaminhos gerados pela co-
características físicas. Muitos constituin-
lonização e pela Monarquia.
tes procuraram nos exemplos externos
O formalismo legista da Constituinte de uma “fórmula” que solucionaria as defi-
1890-1891, em que “boas leis” produ- ciências da organização social, econômi-
zem um “bom governo” e colaboram ca e política do país. Dos exemplos de

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federalismo à defesa de uma imigração te diagnosticaram o fato do país não ser


qualificada, os constituintes atribuíam ao nação e se encontrar ainda em formação,
mundo legal a possibilidade de aplicação como foi o caso do deputado Leopoldo
de tais fórmulas. Mas esse olhar sobre o de Bulhões, que afirmou que o Brasil se-
Brasil não foi homogêneo. ria “um país novo, em via de formação,
sem caráter definido”.27
Na visão de alguns, o Brasil era um país
imenso, de grandes extensões, com sé- Quanto ao “povo brasileiro”, este seria
rias dificuldades de comunicação, com pacífico, ordeiro, predestinado a aceitar
uma população necessitada de instrução, as inovações sem resistência. Para al-
demandando um conjunto de transforma- guns, o povo teria consciência das inova-
ções que possibilitasse alterar este qua- ções que trariam progresso e felicidade
dro e criasse, como afirmou um dos para a pátria e a colocariam “na primei-
mais conhecidos constituintes, Amaro ra linha entre as nações mais cultas do
Cavalcanti, “elementos de riqueza, in- mundo”.28 Embora tenha sido rara – e isto
dispensáveis ao seu bem-estar e progres- é significativo – a existência de discur-
so”. 25
Existiam aqueles que apontaram a sos que relacionassem à índole do brasi-
unidade da raça, da língua e dos costu- leiro características negativas, um depu-
mes como fatores que indicariam a con- tado pelo estado de Minas Gerais, ao con-
solidação da nação. 26
Outros simplesmen- denar o sorteio militar para a formação

AN 02/FOT/396

Dom Pedro II e família: monarquia foi acusada de ser responsável pelo atraso do país

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do Exército e da armada, usou a forma- feito. A República, antes de tudo, era o


ção histórica heterogênea e a influência resultado do anseio da população e, se-
negativa da colonização e do negro afri- gundo muitos constituintes, havia sido
cano como os principais argumentos con- proclamada dentro da “ordem”, de for-
trários a este mecanismo. Afirmou o de- ma “pacífica”, graças às características
putado que: do “povo brasileiro”.

[...] em um país como o Brasil, Ao mesmo tempo em que se procurou


onde seu povo é completamente he- edificar uma definição mais apropriada
terogêneo, onde não há educação e positiva do país e do seu povo, condi-
nacional, onde somente se conta zente com o novo momento vivido, os
um décimo da população que sabe constituintes tentaram dar, também, uma
ler e escrever [...] composta de di- explicação mais lúdica para a proclama-
versas raças oriunda do índio bra- ção da República que fosse além da sim-
vio, porém selvagem, oriunda do ples necessidade de descentralizar ren-
preto africano imbecil e indolente, das e poder. A proclamação da Repúbli-
oriunda de nossos primeiros colo- ca no Brasil seria uma predestinação; a
nos, os portugueses, em sua maior América era republicana e a República
parte galés! Como em tão pouco era a democracia; o Brasil, finalmente,
tempo se quer a homogeneidade de iria pertencer à América, talvez mais tar-
nossa sociedade? 29 de à democracia.
Um outro deputado, que havia condena-
Era preciso, no entanto, estabelecer a
do a queima dos arquivos sobre a escra-
que América o Brasil republicano perten-
vidão, pois se estaria criando dificulda-
cia. República era a regeneração; Repú-
des para “se escrever com exatidão a
blica era o caminho do progresso e da
história do Brasil, no futuro”, disse não
prosperidade. O Brasil republicano não
se poder eliminar “os vestígios da escra-
poderia ser confundido com as repúbli-
vidão, porque, para atestá-la, aí está a
cas “platinas”; segundo os próprios cons-
debilidade de nossa raça”. 30
tituintes, o Brasil era ordeiro e pacífico e
A questão da influência negativa do ne- se diferenciava das demais repúblicas
gro e da escravidão na formação do povo vizinhas. A proclamação da República pre-
brasileiro não esteve em evidência nos cisava ser laureada e legitimada e esse
debates. Foram poucos os constituintes acontecimento não poderia estar associ-
que relacionaram a escravidão à forma- ado a uma simples quartelada. Além das
ção do povo brasileiro. A legitimação da constantes referências e explicações de
República, além de sua associação com que a proclamação havia ocorrido na “or-
a modernidade, passou pela necessidade dem”, sem “perturbações” e “sem san-
de se vangloriar a sua aceitação popular, gue” devido às características particula-
e um povo de características negativas res do povo brasileiro, era preciso justi-
não poderia ter sido responsável por tal ficar tal acontecimento sem a referência

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explícita à ação predominante dos mili- pação popular no processo de proclama-


tares. Embora muitos constituintes os ção da nova forma de governo. 32
considerassem como os responsáveis por
A busca de uma República idealizada, em
esse ato, na maioria dos discursos, os
que a participação popular tenha ocorri-
militares, no entanto, teriam agido pro-
do nos moldes de um povo “ordeiro” e
curando apenas atender aos anseios da
“pacífico”, também encontrou seus inimi-
nação e de seu povo. Para Costa Júnior,
gos. Alguns constituintes destacaram a
deputado por São Paulo, atribuir ao Exér-
preponderância do elemento militar na
cito e à Armada os “únicos fatores da
proclamação da República e questiona-
República” seria “fazer coro com os ini-
ram a completa falta de participação po-
migos da República, que atribuem a sua
pular na organização da nova forma de
proclamação a uma simples insubordina-
governo. Francisco Badaró, deputado pelo
ção de quartel”. 31
estado de Minas Gerais, ao criticar a ex-
Emendas foram encaminhadas, tanto na clusão dos religiosos a direitos políticos
primeira discussão quanto na segunda, pelo Regulamento Cesário Alvim, ironiza
buscando retirar do texto do projeto do a organização da nova forma de gover-
governo a referência ao decreto nº 1 do no: “Fiquemos descansados, senhores; a
governo provisório e adicionar ao seu República está aceita, o que resta é
preâmbulo alguma referência à partici- entregá-la ao povo. [...] Somos muito en-

AN PH/FOT/ 544(2)

A influência negativa e marcante da escravidão na formação do povo


brasileiro não esteve em evidência nos debates da primeira Constituinte republicana

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graçados, senhores; lisonjeamos o povo no oeste novo paulista contribuiram para


de longe, mas quando temos de encon- a defesa explícita da vinda de trabalha-
trar com ele, fugimos”. 33
dores estrangeiros. Além do atendimen-
to à demanda, esses trabalhadores eram
Considerando as críticas elaboradas pe-
identificados com a possibilidade de in-
los constituintes ao projeto de Constitui-
serir no país o progresso e a civilização .34
ção do governo provisório, relacionadas,
Trabalhadores brancos e europeus con-
principalmente, à questão da organização
tribuiriam para o “branqueamento” da
tributária do país, tema que permeou
população e, ao mesmo tempo, permiti-
todas as sessões da Constituinte, não
riam redefinir as noções de trabalho im-
foram poucas as intervenções com res-
pregnadas pela escravidão.35
peito ao caráter excludente da proposta
de direitos políticos presentes no mesmo O grande fluxo de imigrantes para o es-
projeto. Da naturalização dos estrangei- tado de São Paulo na segunda metade
ros, passando pelos critérios de ine- do século XIX contribuiu para o cresci-
legibilidade e inalistabilidade dos religio- mento da população do estado. Do total
sos, militares e analfabetos, até a ques- de 530.906 imigrantes que entraram no
tão do voto feminino, foram muitos os país entre os anos de 1881 e 1890,
discursos e emendas propondo modifica- 221.657 foram para São Paulo. 36 Isto
ções no projeto original. transformou o colégio eleitoral paulista
O projeto de Constituição do governo pro- num potencializador para a ascensão do
visório reproduziu parte das determina- estado no quadro das grandes bancadas
ções do Regulamento eleitoral no que diz da Federação, mas, para tal, tornava-se
respeito à cidadania política. Além do art. necessário que os imigrantes adquiris-
68 que tratava da naturalização dos es- sem direitos políticos a fim de contribuir
trangeiros, o projeto apontava para os com a consolidação dos interesses
direitos eleitorais no art. 70, definindo- paulistas no quantitativo de representan-
os pelos que não poderiam exercê-lo. tes no Congresso, fato esse ratificado
Eram considerados inalistáveis: mendi- pelos decretos nº 277-E, de 22 de mar-
gos, analfabetos, praças de pret, religio- ço de 1890, e nº 396, de 15 de maio
sos e, conseqüentemente, todos seriam de 1890, que garantiam aos estrangei-
inelegíveis. Quanto ao direito dos estran- ros naturalizados o direito de participa-
geiros e ao apoio da representação rem como eleitores. 37
paulista ao projeto do governo provisó-
Além dos fatores ligados ao crescimento
rio, é importante considerar o papel que
do eleitorado paulista, transformar os
a imigração teve naquele Estado.
imigrantes em cidadãos implicava garan-
A crise do escravismo, iniciada a partir tir o mesmo tratamento utilizado com os
de 1850 com o fim do tráfico negreiro, e trabalhadores nacionais, na medida em
a constante necessidade de mão-de-obra que, ao adquirirem nacionalidade brasi-
para as lavouras de café em ascensão leira, ficariam obrigados a viver sob as

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determinações de seu aparelho político- segunda discussão, de uma emenda de


institucional. E ainda mais, os problemas Epitácio Pessoa, deputado pelo estado da
e críticas enfrentados pelas pressões es- Paraíba.40 Essa emenda invertia o decre-
trangeiras sobre a forma como os imigran- to do governo provisório sobre a natura-
tes eram tratados no Brasil deixariam de lização, determinando que os estrangei-
ter sustentação legal, já que teriam opta- ros que desejassem adquirir a nacionali-
do pela nacionalidade brasileira. A preo- dade brasileira deveriam fazê-lo num pra-
cupação em garantir direitos políticos aos zo de seis meses. Afirmou o deputado
estrangeiros marcou o encaminhamento paulista:
de algumas emendas.
Sr. presidente, em conseqüência des-

O artigo 68 do projeto do governo pro- ta situação criada no país pelo pa-

visório determinava que os estrangeiros triótico decreto de 14 de dezembro

teriam direitos políticos para serem elei- (de 1889), gozariam os cidadãos es-

tores e candidatos nas eleições munici- trangeiros que o quisessem, median-

pais de acordo com a lei que cada esta- te tácita aquiescência, da plenitude

do viesse a prescrever. Esse artigo foi do direito político, independente de

suprimido por uma emenda da banca- qualquer prazo que não fosse o es-

da rio-grandense que foi aprovada na tabelecido para a aceitação da nacio-

primeira discussão. 38 Alguns represen- nalidade; assim foram eles incluídos

tantes paulistas, mais um representan- nos alistamentos, tornando-se elei-

te do Pará, Serzedelo Correia, encami- tores e elegíveis. [...]

nharam emenda à segunda discussão, Foi assim que muitos dignos colegas,
propondo que se restabelecesse o arti- assim como os representantes de São
go do projeto do governo, que determi- Paulo, temos em nossos diplomas o
nava aos estados a competência para voto significativo das colônias es-
regular a participação dos estrangeiros trangeiras.
no processo eleitoral. 39 Embora não te-
E pelo que vos diz respeito, temos a
nha sido aprovada, essa emenda exem-
honra de declarar que os nossos di-
plifica a preocupação paulista em garan-
plomas mereceram, e trazem, esses
tir a utilização dos imigrantes no jogo
sufrágios. 41
político dos estados.
Não podemos deixar de registrar que mui-
A importância de assegurar direitos polí-
tas emendas foram encaminhadas no sen-
ticos para os recém-naturalizados, que no
tido de garantir o artigo original do projeto
caso do interesse paulista estava direta-
do governo.42 Este foi aprovado integral-
mente relacionada ao crescimento da
mente e a emenda do deputado Epitácio
presença dos imigrantes nas lavouras de
Pessoa acabou sendo rejeitada na tercei-
café, foi demonstrada por um desabafo
ra discussão da Constituinte.43
do deputado Bernardino de Campos, que
se mostra indignado com a aprovação, na A inalistabilidade e conseqüente

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inelegibilidade dos religiosos, como de- ramento religioso demonstrava que este
terminado pelo artigo 70, parágrafo 3º seria um projeto ateu e não estaria res-
do projeto do governo provisório, foi alvo peitando os costumes e a religiosidade
de longos discursos em defesa dos direi- da nação.47
tos dos clérigos, e uma das questões mais
Emendas mais “radicais”, no sentido de
debatidas em relação aos direitos políti-
ampliação dos direitos políticos, também
cos e consenso entre as emendas enca-
foram encaminhadas. Direitos políticos às
minhadas por representantes de várias
mulheres e aos analfabetos e a proibi-
bancadas. Várias propostas supressivas
ção de leis contra a mendicância marca-
foram apresentadas ao nº 1 do artigo 26,
ram vários discursos e algumas das pro-
que tratava das inelegibilidades para o
postas de alteração aos artigos do proje-
Congresso e excluía os religiosos, 44 e ao
to original.

A
nº 4 do artigo 70, na primeira discus-
são, 45 e ao nº 4 do artigo 69 na segunda, questão do voto feminino foi
que estabeleciam os direitos políticos e apresentada de forma bastan-
também deixavam de fora os religiosos. 46 te peculiar. O seu impedimen-
to era baseado, quase sempre, nos ar-
A exclusão dos religiosos predominou nos gumentos da fragilidade física e intelec-
debates sobre os direitos políticos e fo- tual da mulher, além do seu papel como
ram muitas as emendas encaminhadas a responsável pelo lar, pela moral e for-
solicitando a supressão dessa exclusão. mação da família e, por isso, ela não
A argumentação central contrária ao dis- deveria se preocupar com as questões da
posto no projeto do governo era o fato vida política, um universo exclusivamen-
de a República ter sido proclamada como te masculino. O destino da natureza fe-
o governo de todos, e por isso não pode- minina seria o lar. Também era vista
ria deixar de fora aqueles que contribuí- como um voto vinculado ao marido e/
ram com a causa republicana e com a ou pai e, portanto, seria um voto sem
formação do caráter do brasileiro, pre- liberdade. Foram encaminhadas poucas
dominantemente católica. A questão da emendas defendendo a inclusão das mu-
exclusão dos clérigos não esteve circuns- lheres na redação da lei. Algumas emen-
crita aos direitos políticos. Joaquim das apontavam para a necessidade de
Ignácio Tosta, deputado pelo estado da garantir o princípio republicano e vin-
Bahia, destaca a existência de uma per- culavam o voto feminino às atividades
seguição à Igreja Católica desde o mo- p r o f i s s i o n a i s d a m u l h e r, c o m o , p o r
mento da proclamação da República e da exemplo, diretoras de estabelecimentos
separação da Igreja do Estado, com a comerciais, professoras e funcionárias
proibição da União e dos estados de sub- públicas e à sua qualificação educacio-
vencionarem cultos. O deputado chegou nal. 48 Embora não fossem inalistáveis do
a afirmar que o fato do projeto do gover- ponto de vista legal, pois não havia ne-
no não ter inserido na Constituição o ju- nhuma referência a tal limite no corpo

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da lei, entendia-se de que o voto era blica. Na maioria das vezes, os discur-
atribuição dos homens. Este direito só sos associavam a exclusão a uma
foi explicitado em 1932. antinomia republicana, sobretudo se
comparada com as características da
Quanto aos analfabetos, foram raros os
Constituição de 1824 e o regulamento
discursos em defesa da ampliação dos
eleitoral de 1881.
direitos políticos. Ao longo de toda a dis-
cussão constituinte, apenas quatro
Todas essas emendas encaminhadas no
emendas foram apresentadas com o
sentido de ampliar o direito de voto fo-
objetivo de retirar do texto constitucio-
ram rejeitadas ou consideradas prejudi-
nal a exclusão dos analfabetos, sendo
cadas. O encaminhamento dessas emen-
uma à Comissão dos 21, duas na pri-
das não representava o consenso das
meira discussão e uma na segunda, qua-
bancadas aos quais esses representan-
se todas encaminhadas por represen-
tes pertenciam, nem mesmo no interior
tantes do Rio Grande do Sul. Todas fo-
do Congresso. No entanto, a defesa da
ram rejeitadas.
ampliação dos direitos políticos esteve
É importante considerar que até 1881
presente nas “cabeças” de alguns repre-
não havia impedimento aos analfabe-
sentantes da Bahia, de Minas Gerais e
tos e a questão censitária era supera-
do Rio Grande do Sul. O fato de todas
da pela relação entre o valor estipula-
as emendas terem sido rejeitadas per-
do e os rendimentos da maioria da po-
mite considerar que não faziam parte das
pulação livre. Embora não fosse um cri-
preocupações da maioria dos constituin-
tério de exclusão até 1881 e tivessem
tes e, por isso, podem ser caracteriza-
participado das eleições para a esco-
das como propostas isoladas de amplia-
lha dos representantes constituintes
ção da cidadania política. Os artigos re-
em 1890, a inalis-tabilidade dos anal-
ferentes aos direitos políticos no proje-
fabetos era uma característica da mai-
to do governo não sofreram nenhuma al-
oria dos Estados nacionais america-
teração significativa. O Congresso Cons-
nos. 4 9 O diagnóstico de exclusão da
tituinte ratificou, em seu artigo 70, a ex-
população à participação política foi
clusão dos direitos políticos dos clérigos,
feito por um dos constituintes, que
dos analfabetos, dos mendigos, dos pra-
identificou neste dispositivo a preocu-
ças de pret e, indiretamente, das mu-
pação em deixar de fora a maioria da
lheres. A institucionalização da Repúbli-
população brasileira. 5 0 Este direito só
ca, com a aprovação da Constituição de
foi conquistado em 1985 e ratificado
1891, se limitou, no plano dos direitos
na Constituição de 1988.
políticos e da cidadania, a ratificar os
Com relação aos que defenderam a am- impedimentos existentes nos anos finais
pliação das franquias eleitorais, pode- da Monarquia e a aprimorar as ferra-
mos identificar que buscavam desqua- mentas de exclusão e de controle do pro-
lificar o projeto do governo e a Repú- cesso eleitoral.

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N O T A S
1. Reynaldo Carneiro Pessoa, A idéia republicana no Brasil através dos documentos: textos
para seminários, São Paulo, Alfa-Ômega, 1973, p. 39-62.
2. Jairo Nicolau, A participação eleitoral no Brasil, in Luiz Werneck Vianna (org.), A demo-
cracia e os três poderes no Brasil , Belo Horizonte, Ed. UFMG; Rio de Janeiro, Iuperj,
2003, p. 255; e Eric Hobsbawm, A era dos impérios (1875-1914) , 2. ed., Rio de Janeiro,
Paz e Terra, 1988, p. 127.
3. Reynaldo Carneiro Pessoa, op. cit., p. 168-170.
4. Citado por Amaro Cavalcanti, Regime federativo e a República brasileira , Rio de Janeiro,
Imprensa Nacional, 1899, p. 40.
5. Maria Emília Prado, Memorial das desigualdades : os impasses da cidadania no Brasil
(1870-1902), Rio de Janeiro, Faperj/Revan, 2005, p. 178; Edgar Carone, A República
Velha (evolução política), 2. ed., São Paulo, Difel, s.d., (Corpo e Alma do Brasil), p. 29.
6. Citado por Marcelo Cerqueira, A Constituição na história: origem e reforma, Rio de Janei-
ro, Revan, 1993, nota 63, p. 370; Pinto Ferreira, Curso de direito constitucional , Rio de
Janeiro, Livraria Freitas Bastos, 1964, p. 31; Renato Lessa, A invenção republicana :
Campos Sales, as bases e a decadência da Primeira República brasileira, São Paulo,
Vértice/Revista dos Tribunais; Rio de Janeiro, Iuperj, 1988, p. 60.
7. Citado por Victor Nunes Leal, Coronelismo, enxada e voto : o município e o regime
representativo no Brasil, 2. ed., São Paulo, Alfa-Ômega, 1975, p. 225.
8. Brasil, Decretos do governo provisório dos Estados Unidos do Brasil , Rio de Janeiro,
Imprensa Nacional, 1890, p. 1.387-1.400.
9. Ibidem, p. 1.388.
10. Citado por Marcelo Cerqueira, op. cit., nota 63, p. 370.
11. Brasil, op. cit., p. 1.388. O decreto nº 277-E, de 22 de março, regulamentou a partici-
pação dos estrangeiros no processo eleitoral para o Congresso Constituinte. Cf. Bra-
sil, op. cit. Nesse sentido, o governo provisório ainda providenciou outros decretos,
como, por exemplo, o nº 480, de 13 de junho de 1890, discriminado o procedimento
das comissões municipais de alistamento com relação aos estrangeiros. Brasil, op.
cit., p. 1.297.
12. Victor Nunes Leal, op. cit., p. 225.
13. Maria D’Alva Gil Kinzo, Representação política e sistema eleitoral no Brasil , São Paulo,
Símbolo, 1980, p. 97.
14. Brasil, op. cit., p. 1.387-1.400.
15. Estes quantitativos se referem ao número de deputados e senadores. Brasil, op. cit., p.
1.389.
16. Citado por Marcelo Cerqueira, op. cit., nota 63, p. 370.
17. Citado por Paulino Jacques, Curso de direito constitucional , Rio de Janeiro, Revista
Forense, 1956, p. 82.
18. Agenor Roure, A Constituinte republicana , Brasília, Senado Federal, 1979, v. I, p. 1.
19. Brasil, op cit., p. 1.365-1.386.
20. Brasil, Anais do Congresso Constituinte da República (1890-1891) , Rio de Janeiro, Im-
prensa Nacional, 1924, v. I, p. 315. A partir daqui os Anais serão citados por ACCR.
21. Badaró, ACCR, v. I, p. 944.
22. Jorge Batista Fernandes, Ordenando a República, constituindo o progresso : o primeiro
Congresso Constituinte da República (1890-1891), Rio de Janeiro, IFCS/UFRJ, 1997,
dissertação de mestrado, v. II, gráficos III e IV, p. 210. Sobre a formação do pensamen-
to político predominante na Constituinte de 1890-1891, cf. João Cruz Costa, Contribui-
ção à história das idéias no Brasil , Rio de Janeiro, José Olympio, 1956, p. 360.
23. ACCR, v. I, p. 787.
24. Seabra, ACCR, v. I, p. 787.

Acervo, Rio de Janeiro, v. 19, nº 1-2, p. 53-68, jan/dez 2006 - pág.67


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25. Amaro Cavalcanti, ACCR, v. I, p. 605.


26. Lamounier Godofredo, ACCR, v. II, p. 448.
27. Leopoldo de Bulhões, ACCR, v. II, p. 136.
28. Almeida Nogueira, ACCR, v. II, p. 39.
29. Retumba, ACCR, v. II, p. 621.
30. Badaró, ACCR, v. I, p. 788.
31. Costa Júnior, ACCR, v. I, p. 293.
32. ACCR, v. I, p. 516, 566 e 647. Todas foram consideradas prejudicadas pela aprovação
de uma emenda substitutiva da Comissão dos 21. ACCR, v. I, p. 807.
33. Badaró, ACCR, v. I, p. 947.
34. Iraci Salles, Trabalho, progresso e a sociedade civilizada : o Partido Republicano Paulista
e a política de mão-de-obra (1870-1889), São Paulo, Hucitec; Brasília, INL, 1986, p.
109.
35. José de Souza Martins, O cativeiro da terra , 3. ed., São Paulo, Hucitec, 1986, (Ciências
Sociais; 16), p. 22; Otávio Ianni, A idéia de Brasil moderno , São Paulo, Brasiliense,
1992, p. 22.
36. Eulália Maria Lahmeyer Lobo, Conflito e continuidade na história brasileira, in Henry H.
Keith e S. F. Edwards, Conflito e continuidade na sociedade brasileira , Rio de Janeiro,
Civilização Brasileira, 1970, (Coleção Retratos do Brasil; 79), p. 313-344; Paula Beiguelman,
A crise do escravismo e a grande imigração, 4. ed., São Paulo, Brasiliense, 1987, (Cole-
ção Tudo é História; 2), p. 39. Dados sobre o número de imigrantes na capital paulista
podem ser encontrados em Paul Singer, Desenvolvimento econômico e evolução urbana :
análise da evolução econômica de São Paulo, Blumenau, Porto Alegre, Belo Horizonte e
Recife, São Paulo, Editora Nacional/USP, 1968; e Richard Morse, For mação histórica de
São Paulo: de comunidade à metrópole, São Paulo, Difel, 1970.
37. Brasil, op. cit., p. 962-963.
38. ACCR, v. II, p. 331 e 433.
39. ACCR, v. III, p. 394.
40. ACCR, v. III, p. 184. Aprovada na 2ª discussão (v. III, p. 566).
41. Bernardino de Campos, ACCR, v. III, p. 696.
42. ACCR, v. II, p. 534; v. III, p. 93, 110 e 253.
43. ACCR, v. III, p. 791.
44. ACCR, v. I, p. 872, 991 e 977.
45. ACCR, v. II, p. 435, 736, 459 e 460.
46. ACCR, v. III, p. 109, 113, 170, 183, 251, 253 e 314.
47. Joaquim Ignácio Tosta, ACCR, v. I, p. 889.
48. ACCR, v. II, p. 435 e 439; v. III, p. 259.
49. Jairo Nicolau, op. cit., p. 263.
50. Lauro Sodré, ACCR, v. II, p. 476.

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