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Por anos, a direita tem promovido os

vouchers educacionais como uma alternativa


às escolas públicas. Isso sempre foi uma
ilusão. As escolas que adotam os vouchers se
tornam território dos reguladores
governamentais, enquanto o dinheiro para os
vouchers é tomado às claras dos pagadores
de impostos que já foram roubados para o
financiamento de escolas públicas. Vouchers
aumentam, e não reduzem, o envolvimento
do governo na educação.
Vamos dar uma olhada no recém
implementado e muito propagandeado programa
de vouchers da Flórida. Crianças com histórico
acadêmico bom ou até satisfatório não são
elegíveis para o programa. Apenas os piores
estudantes das piores escolas públicas são
autorizados a usar o voucher. Alguns defensores
esperam ver o programa ser expandido a todos,
mas isso ainda não responde à questão real.
Deixemos de lado seu impacto
discriminatório e custos, e consideremos apenas
seus efeitos nas escolas. Na melhor das hipóteses,
vouchers são uma tentativa clara de reinventar as
escolas públicas, caracterizando um esforço
fadado ao fracasso. Na pior das hipóteses, eles são
uma tentativa de forçar escolas privadas a operar
exatamente como as escolas públicas.
Considerando toda a burocracia a que as escolas
privadas se sujeitam, os vouchers são um grande
passo na direção errada.
Depois que o governo se infiltrar nas escolas
privadas, elas serão exatamente como escolas
públicas. Elas devem:
• fornecer enormes e contínuos relatórios
financeiros ao estado (não há privacidade
interna);
• se submeter a todas as leis federais anti-
discriminação (não haveria escolas para um
único sexo ou escolas confessionais);
• aceitar bolsistas “de forma totalmente
aleatória e laica sem considerar a histórico
acadêmico do estudante” (coelhos idiotas e
wiccans merecem o tapete vermelho);
• “empregar ou contratar professores que
tenham bacharelado ou certificado de
ensino superior, ou ter ao menos 3 anos de
experiência em ensino em escolas públicas
ou privadas” (não se aplica a mães
amorosas);
• “aceitar como mensalidades e taxas
completas o montante fornecido pelo
estado por cada estudante” (leia-se: controle
de preços);
• “concordar em não obrigar nenhum aluno a
frequentar a escola privada, caso haja
oportunidade de bolsa, a professar uma
crença ideológica específica, orar ou adorar
(leia-se: não há currículo independente);
• garante o poder de veto ao governo sobre
procedimentos disciplinares, de tal forma
que nenhum estudante beneficiado pelo
voucher possa ser expulso.
Estamos falando sobre montanhas de papel
e o sacrifício de qualquer independência. É
compreensível que poucas escolas particulares na
Flórida se dispuseram a se submeter aos
regulamentos. Esperemos que aquelas que
recusaram esse controle não encarem restrições
financeiras que as levem a aderir ao sistema de
vouchers.
A solução para esse problema não é revogar
as regulações. Assim que o dinheiro público é
envolvido, o governo sempre dominará o show –
como artistas, eles têm figurado até agora. O
público, de fato, está certo em esperar alguma
responsabilidade na forma como os dólares dos
impostos são gastos. A solução é desenhar uma
linha estrita de separação entre escola e estado
nunca permitindo que as finanças de um se
misture com as do outro.
Mas os vouchers não economizam dinheiro?
De fato, isso é o oposto da verdade. O plano de
vouchers da Flórida aumenta os gastos para
acima do presente nível de US$1,2 bilhões. Além
disso, nenhum dinheiro que é economizado na
mensalidade é devolvido aos pagadores de
impostos, mas retorna ao sistema de educação
público. Tornando os problemas ainda piores, o
fato de as escolas públicas terem se declarado
ruins demais para permitir que seus estudantes
frequentem as escolas privadas tomadas pelo
welfare aumenta a renda do governo. Dito isso, os
pagadores de impostos serão saqueados.
Não admira que a esquerda esteja altamente
interessada nos vouchers. É um grande programa
governamental que aumenta, e não reduz, o
papel do governo na educação, e tornará
qualquer instituição que aderir aos vouchers em
cópia das escolas estatais. Por exemplo, a
notoriamente esquerdista Urban League
argumenta a favor da constitucionalidade dos
vouchers, até mesmo sob o federalismo, e sua
constitucionalidade não deve estar em questão
(como contra sua sabedoria). Do que a Urban
League gosta é do aspecto de welfare do
programa. É o vale-refeição da educação.
Escrevendo em julho de 1999 no Atlantic
Monthly, o comentarista liberal Matthew Miller
repreende a esquerda por não enxergar as
vantagens inerentes dos vouchers. Eles
aumentam os gastos com educação, dão
preferências aos pobres e sujeitam escolas
particulares ao controle público. Da perspectiva
socialista, ele questiona, qual é o problema? Boa
pergunta.
O verdadeiro mistério é por que
conservadores, libertários ou ativistas religiosos
comemoram o plano de voucher da Flórida e
qualquer outro. Talvez eles tenham começado a
acreditar em sua própria retórica
neoconservadora sobre a desigualdade
educacional, a situação dos pobres que não
podem pagar pela escola dos sonhos e os
privilégios injustos dados àqueles que podem
pagar boas escolas. Reparem que é nas escolas,
em vez de nos queridinhos nelas, que está a
culpa.
Como um experimento imaginário, Miller
propõe um novo programa de gastos federais no
valor de 8 milhões de dólares, então maus alunos
em seis grandes cidades podem tirar seus F’s e às
vezes trazer comportamento criminoso às escolas
privadas às nossas custas. Incrivelmente, em
entrevistas, Miller tomou a opinião do eterno
candidato republicano Lamar Alexander e do
advogado libertário Clint Bolick do DC Institute
for Justice para endossar a ideia. Novamente, é
um total de 8 milhões de dólares de um programa
federal endossado por autoproclamados
conservadores e libertários.
Se a educação americana tiver futuro, não
será através de mais gastos governamentais,
controle e centralização. É através do aumento do
controle e gastos privados locais. A ideia é de
envolvimento governamental nulo. Por que
qualquer amante da liberdade tem que ser
lembrado disso?

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