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Educação: Livre e Compulsória

O conhecido ensino “Público e Universal” é amplamente


venerado pelos pretensos defensores das classes menos favorecidas,
que alegam proteger os direitos iguais de educação para todos,
independentemente de sua renda ou classe social. Ocorre que, como
sempre, a confiança de que o governo, por meio da extorsão, poderá
promover algo de útil para a sociedade é completamente equivocada,
pois apenas a propriedade privada e as relações voluntárias tem o
poder de tornar livre a educação, afastando-a do controle coercitivo e
compulsório que o estado nos impõe.
É importante destacar primeiramente que, a classificação do
ensino como “Público e Universal” não se passa de um eufemismo
para a verdadeira natureza do estado totalitário. Platão, o pai da
filosofia coletivista, costumava dizer que “os filhos pertencem, antes
dos pais, ao estado”, por mais inimaginável que pareça essa doutrina,
é a prática da educação estatal, criada para fins exclusivos de
doutrinação e controle do governo sobre seus cidadãos. Uma vez que
indivíduos agem em prol de seus próprios interesses, seria
ingenuidade achar que um estado, por mais honesto que pareça ser,
não utilizaria da educação forçada e uniforme para ensinar o que lhe
convém a seus eleitores, adulterando a história e os fatos da melhor
forma que lhe servir, permitindo assim, a preservação eterna da
ordem social vigente e do status quo. Foi apenas mais tarde, quando
essa prática explicitamente autoritária se tornou impraticável aos
olhos da opinião pública, é que sua finalidade foi superficialmente
substituída pelos discursos de igualdade e solidariedade de políticos
demagogos. A educação estatal desde então é um dos elementos
fundamentais de todos os regimes totalitários, desde a Alemanha
Nazista até a China Revolucionária. Pode-se então perceber, que,
quando um governo se dá o poder de educar os seus próprios
eleitores, então está garantido a perpetuidade de seu poder.
Tendo em mente o verdadeiro intuito da educação estatal e sua
natureza, retornemos ao ponto inicial e mais difundido entre os
progressistas defensores do sistema de ensino público: de que uma
educação gratuita e de qualidade é um direito de todos, e por isso é
dever do estado assegurar esse direito. Essa premissa, que aparenta
ser humanitária e benéfica, é inteiramente contraditória, e a nada
tem a resultar senão a escravidão generalizada. Mas comecemos
então pela definição de direito: direito, ou ao menos um direito
genuíno, é algo que você possui por natureza, e que ninguém, exceto
você, tem alguma autoridade sobre esse algo. A sua vida, o seu
próprio corpo, e os objetos que você adquire através de suas ações são
exemplos de coisas das quais cada um de nós possui direito. O
homem, miserável por natureza, não nasce possuidor de nada além
de sua vida e seu próprio corpo, e são suas ações seguintes e seu
trabalho que definirão quais objetos lhe pertencem, agora
denominadas propriedade privada. Sabendo-se que apenas a vida, o
corpo e a propriedade podem ser proclamados como direito,
podemos concluir então que, diferentemente do que nos é ensinado,
a educação não é um direito, mas um serviço assim como qualquer
outro, com a diferença de que este nós julgamos mais importante.
Quando o estado então passa a tratar a educação, não como um
serviço, mas como um direito, então a definição original de direito
como uma norma negativa é esquecida, e o direito se torna uma
norma positiva, isto é, o que antes era uma proibição, se torna uma
obrigatoriedade. Essa mudança ocorre justamente devido à natureza
de um serviço, um bem escasso que, diferente do ar ou de grãos de
areia, não é abundante em todo lugar, mas que existe apenas como
fruto do trabalho humano. Dessa forma, para que um indivíduo A
possua o direito à educação, à saúde ou ao que for, então será
necessário que outro indivíduo, B, seja forçado coercitivamente a
arcar com os custos desse serviço, o que, claro, será uma direta
violação do direito de B sobre seu corpo e sua propriedade. Podemos
concluir, portanto, que todo direito positivo, quaisquer que sejam
suas intenções, é inerentemente maléfico e só poderá resultar na
escravização geral de uma população, onde todos são forçados a
trabalhar por todos, e não mais existe liberdade.
Expostas todas as contradições e adversidades de se ter a
educação como direito, está claro que um governo, por mais bem-
intencionado que seja não está qualificado para fornecê-la aos seus
cidadãos, isso não significa, portanto, que a educação deve deixar de
ser fornecida. É impossível negar o papel fundamental que a
educação exerce em nossa sociedade, o avanço extraordinário da
espécie humana desde o período paleolítico se deve em grande parte
pela perpetuação do conhecimento e a educação das gerações
seguintes. Justamente devido a essa enorme importância é que jamais
deveríamos permitir que um agente coercitivo, como o estado, se
torne o fornecedor desse serviço. Pelo contrário, a educação deve ser
fornecida pelos indivíduos, livre e voluntariamente, sem a presença
de regras e ameaças impostas por terceiros, e regulada somente pela
estrutura resultante das associações e trocas voluntarias, a que
chamamos de livre mercado, e claro, seus consumidores. Nos dias
atuais, é comum notarmos constante mudança nos itens e produtos
que consumimos, novos dispositivos, tecnologias, ideias e inovações
surgem a todo momento, tornando o que antes era acessível somente
as elites, comum às camadas mais baixas da população. Infelizmente
essa situação não está presente quando se trata de escolas e
instituições educacionais, a pedagogia, as matérias e o método de
ensino quase não se alteraram nas últimas décadas, com exceção de
certas mudanças aprovadas por legisladores e funcionários do
ministério da educação, que muito provavelmente não fazem a
menor ideia da real vontade dos pais e educadores. O resultado
inerente de uma educação extremamente regulada e uniforme é
sempre a eterna estagnação. Na situação oposta, em uma economia
de mercado, a educação, assim como qualquer outro serviço, está em
total controle dos clientes e consumidores que a utilizam, mais
especificamente os pais e responsáveis, que podem oferecer a
empresa privada o seu maior objetivo, lucro. Isso, longe de ser ruim, é
a ferramenta que garante a soberania dos consumidores em um
sistema de livre mercado. A tarefa de empresários e investidores se
resume quase que exclusivamente a prever a demanda de seus
clientes e então oferecê-los a oferta, por um menor preço e maior
qualidade do que todos os demais produtores do mesmo serviço; e
não há motivo para se achar que não fariam o mesmo com a
demanda por educação caso lhes fosse permitido, oferecendo
exatamente o que procuram seus clientes. Outra importante
característica da economia de mercado, a especialização dos produtos
e serviços para diferentes públicos e pessoas, poderia muito bem se
mostrar lucrativa neste cenário. Diversas escolas, métodos de ensino
e pedagogias, adaptadas para cada tipo de criança ou estudante, e até
mesmos sites de ensino a distância e homeschooling, ocorreriam
como tendência natural do mercado, e com isso resultando em um
aperfeiçoamento profundo da educação, que um sistema
monopolizado jamais poderia alcançar. E é justamente devido a essa
mutabilidade e competição entre diferentes tipos de ensino e
metodologias que se torna impossível prever com exatidão o sistema
educacional vigente em um futuro livre mercado, isso só poderá ser
delimitado através da tentativa e erro, da livre iniciativa. É garantido
que haverá um forte incentivo para o ensino de matérias mais
práticas e profissionalizantes, que tem como retorno muito mais
lucro que a educação maçante e quase completamente teórica ao qual
estamos acostumados, onde a monotonia e o desinteresse dos alunos
é um problema recorrente. Existem, além desses que foram
abordados, incontáveis outros problemas éticos, lógicos e empíricos
que acercam a educação estatal, uma das maiores aberrações já
criadas pelo estado, abaixo apenas dele próprio.
Concluída toda a extensa crítica ao estado como educador,
ainda resta apresentar a solução definitiva, porém radical, para todo
esse problema. A libertação genuína da educação e da sociedade só
poderá ser alcançada pela desestatização total e contínua do ensino;
pela abolição dos direitos positivos e a abertura de um mercado
plenamente livre e voluntário; e, finalmente, pela instauração do
único sistema econômico capaz de tornar o indivíduo soberano e a
ordem espontânea, ou seja, pelo sistema capitalista.

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