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Materiais Dentários Aplicados à Clínica Integrada

Na Odontologia, quando trabalhos com materiais dentários, escolhas de tratamentos, existem


vários caminhos, caminhos mais seguros, caminhos novos, caminhos desconhecidos e
independente do caminho que escolhermos, o objetivo final é o mesmo: sucesso do tratamento.

Na vida clínica, o dia a dia, é baseado em escolhas e essas escolhas são baseadas no
conhecimento, conhecimento, esse, que pode ser adquirido pela experiência clínica ou com
embasamento científico (que é o ideal, que todas escolhas sejam escolhidas em critérios
cientificamente comprovados).

Sistemas Adesivos
Mecanismos Primários de Adesão (adesão aos tecidos dentários pode se dar por 3 maneiras):

Molhamento da Superfície – relacionado a energia da superfície ao substrato que a adesão será feita
Microrretenção
Interação Química

Adesão aos substratos dentários:


Esmalte – praticamente mineral (97% - principalmente hidroxiapatita e 3% água e compósitos
orgânicos) - condicionamento ácido cria microretenções: no momento de aplicação do sistema
adesivo elas serão permeadas pelo adesivo – gerando microembricamento mecânico

Dentina – túbulos dentinários, 70% de material inorgânico (minerais) e 20% matéria orgânica
(fibras colágenas) e 10% de água
Porção mineral disposta em túbulos que são preenchidos pelos prolongamentos odontoblásticos e
água.
Presença de Smear Layer – camada composta por restos de matéria orgânica e
inorgênica, que é formada na superfície da dentina após instrumentação. Acarreta na
oclusão dos túbulos dentinários e diminuição da permeabilidade da dentina.
Remoção no condicionamento ácido para não intervir na adesão ou adesivos
autocondicionantes
Adesivos autocondicionantes: camada de lama dentinária (smear layer) fica
incorporada dentro da camada adesiva
Formação de camada híbrida (zona de interdifusão) é fundamental para adesão
adequada em dentina e depende da correta interpenetração dos monômeros através
da zona desmineralizada;

Classificação dos Sistemas Adesivos:


(1) Em Gerações

(2) Estratégia de Condicionamento: (+ utilizada)

Com condicionamento ácido prévio – Etch-and-Rinse


 3 passos – (1) ácido (2) primer (3) adesivo
o Ácido aumenta energia de superfície do esmalte e o torna mais propenso a receber o adesivo,
porém, em dentina: diminui energia de superfície – não está apta para receber adesivo ainda, por
isso utilização do primer – aumenta energia de superfície da dentina para então receber a camada
de adesivo – aplica e não precisa lavar nem polimerizar)
o Adper Scotchbond Multi-Purpose - Adhesive System
o OptiBond FL – mais difícil de encontrar
Aplicação ácido em esmalte e dentina por 15s -> Lavar -> remover excesso de agua com seringa tríplice (deixar
levemente úmido) -> Aplicação do PRIMER (com microbrush) -> Secar por 5s (não é necessário lavar nem
fotopolimerizar) -> Aplicação do ADESIVO -> Fotopolimerizar por 10s
Sistema Adesivo da 3M (Adper Scotchbond Multi-Purpose) possui passo 3.5 que é o catalisador (serve para
situações onde não há passagem total de luz – torna a ativação do sistema adesivo DUAL) – excelente para
cimentação de pinos em condutos

Padrão ouro para 3 passos: OptiBond FL

2 passos – (1) ácido, (2) primer + adesivo


 Aplicação ativa do adesivo, de 2 a 3 camadas consecutivas
 Adper Single Bond 2 Plus Adhesive
 Prime&Bond
 OptiBond
 Ambar

Passo a passo: Aplicação do ácido fosfórico (15 s – esmalte e dentina) -> lavagem -> secar excesso de água -> Aplicar
2-3 camadas consecutivas do adesivo por 15 segundos com agitação leve (aplicação ativa) -> aplicação de ar por 5
segundos para ecaporar o solvente -> fotopolimerizar por 10 segundos

Autocondicionantes – Self-Etch
 2 passos – (1) primer ácidico (2) adesivo
o Primer acídico: quem faz o condicionamento do
substrato.
o Aplica primer e deixa agir durante 20s, secar com leve
jato de ar (evaporação do solvente), após, aplica adesivo
(2 camadas)
o Clearfil SE Bond Primer – Kuraray – padrão ouro
(recomenda técnica de condicionamento seletivo do
esmalte; apesar de ser autocondicionante permite condicionamento do esmalte)

 1 passo – (1) primer + adesivo juntos


o Adper Easy Bond – não disponível no BR
o Adper Prompt L-Pop Self-Etch Adhesive – uni dose
o OprtiBond All-In-One – Substituído pelos universais, não tem mais

Passo -a-passo: aplico adesivo sobre superfície (20s) -> secar para evaporar solvente (5s) -> polimerizar

ADESIVOS UNIVERSAIS
Autocondicionante - Pode ser de 2 passos ou 1 passo – optando por fazer ou não o condicionamento ácido
 “Novos” no mercado
 Versatilidade no modo de condicionamento
 Presença de monômeros funcionais – 10MDP
Esse monômero tem estrutura molecular diferente;
Adição de adesão através da forma química. Além disso, grupo fosfórico responsável também pelo
condicionamento do substrato – adesão química e adesão micromecânica;
Diferencial: Interage com cálcio da hidroxiapatita e deposita nano-sais e forma a NANO-LAYERING; Melhor
performance em relação a longevidade da adesão;

Single Bond Universal – 1º adesivo disponível comercialmente no Brasil. Possui três diferenciais
Tecnologia VMS
 V - Copolímero do Vitrebond – interação química com substrato
 M – MDP
 S – Silano – agente de união utilizado para adesão na cimentação de cerâmicas
Exemplos:
 OptiBond universal
 Prime&Bond universal
 All-bond universal
 Ambar universal
 Single Bond universal

Posso utilizar em 1 passo ou 2 passos (com condicionamento por ácido fosfórico)

Performance dos adesivos universais


Em laboratório:
 Em esmalte – a estratégia de
condicionamento ácido prévio
melhorou a resistência de união ao
esmalte
 Dentina – a resistência de união a
dentina foi dependente do pH do
adesivo
Ultra-suave (pH mais alto)
Suave (2 -2,5)
Intermediário (pH abaixo de 2)

Em clínica:
 Número de estudos significativamente menor do que a de estudos in vitro;
 Primeiros estudos clínicos com tempos menores de acompanhamento – em geral sem diferença de
performance entre as estratégias;
 A grande maioria dos estudos inclui o Single Bond Universal;
 Performance pode ser considerada como material-dependente;
 Acompanhamento de 5 anos: Em 5 anos, o comportamento clínico da estratégia de Condicionamento Ácido
Prévio foi melhor quando comparado à estratégia Autocondicionante. Sugere-se a estratégia de
Condicionamento Seletivo do Esmalte.
Ou seja, houve mais falhas adesivas ao utilizar a estratégia autocondicionante.
Porém em 3 anos não se notou diferença entre as estratégias, em 5 anos sim.
 São necessários mais estudos clínicos, com maiores tempos de acompanhamento e com diferentes
materiais.

Cimentos Resinosos
O que é um cimento resinoso?
Compósitos resinosos, com menor % de partículas de carga, podendo ou não conter monômeros funcionais
em sua composição.
Fica entre um sistema adesivo (pouquíssima quantidade de carga) e uma resina composta (maior
quantidade de carga).
Cimento resinoso possui certa quantidade de carga, não possui solvente (como sistema adesivo),
possui fluidez (permite escoamento para cimentação) e propriedade mecânicas reduzidas quando
comparada com resina composta – utilizado como agente de união entre peça e dente.

Classificação:
(1) CIMENTOS DUAIS
Ativação:
 Química
 Luz

Possuem foto-ativadores (CQ) e ativadores químicos (aminas terciárias)


Monômeros funcionais (auto-adesivos)
Apresentação: PASTA BASE + CATALIZADOR (ativação química)
Tempo de trabalho limitado!!!
Menor prazo de validade (6m após aberto)

2 formas de apresentação:
Convencional
Necessita de um sistema adesivo para condicionar o substrato dental
Adesivo: - Autocondicionante (2 passos/1 passo)
- Condicionamento ácido prévio (2 passos/3 passos)
- Universal (2 passos/1 passo)

Passo a passo:
Autoadesivos
 Não é necessário primer ou um sistema adesivo para condicionar o substrato dental
 Sistema simplificado

Passo a passo:

Performance dos cimentos resinosos – CONVENCIONAIS X AUTO-ADESIVOS


Laboratório:
 De acordo com estudos laboratoriais, os CONVENCIONAIS apresentam MAIOR resistência de união ao
substrato dental
 Sistemas adesivos apresentariam maior capacidade de hibridizar o substrato dental (melhor escoamento,
maior penetração no substrato dental, maior potencial condicionante)
 Maior número de passos, quando corretamente executados, permite que os componentes desempenham
melhor suas funções (primeir, solvente, monômeros funcionais)
 Adesão mais forte ao esmalte (etch-and-rinse)

(2) Cimentos foto-ativáveis


o Ativação:
 Luz
o Apenas foto-ativadores (maior estabilidade química)
o Ausência de monômeros funcionais (presentes no sistema adesivo)
o Apresentação: bisnaga única com cimento
o Maior controle do tempo de trabalho
o Maior prazo de validade
o Cimentos somente ativados por LUZ (principal ativador – canforoquinona)
o São utilizados em combinação com Sistemas Adesivos
o Composição simples – como uma resina composta Flow
o Maior estabilidade química (composição menos complexa, sem reação química de ativação)
o Grande opção de cores e níveis de translucidez
Passo a passo:

Indicações de uso dos cimentos resinosos:

Facetas laminadas?! Cimento é dual (ativação química – amina terciária não apresenta estabilidade de cor – podem
ocorrer leves alterações de cor).
Ativação exclusiva por luz.
Revisando:
Tratamento da peça: vai depender de CERÂMICA utilizada
Tratamento do dente: vai depender do tipo de CIMENTO utilizado
Cimento:
 Dual convencional – depende do tipo de Sistema Adesivo
o Etch-and-rinse ou self-etch
 Dual auto-adesivo – nenhum
o Próprio cimento condiciona e hibridiza o substrato
 Foto-ativável – depende do tipo de Sistema Adesivo
o Etch-and-rinse ou sel-etch

Não fotopolimerizar adesivo = pode causar desadaptação da peça cerâmica.

Retratamento Endodôntico
Roteiro:
1. Definição
2. Indicações
3. Contraindicações
4. Quando intervir no canal
5. Técnica
6. Material utilizado
7. Instrumental utilizado
8. Recursos tecnológicos
1. Definição:
Remoção do material sólido do interior do canal radicular, permitindo sua reinstrumentação e posterior
obturação.
Razões que levam ao retratamento:
 Erro no diagnóstico
 Falha na seleção do caso
 Dificuldades técnicas
Instrumental errado ou inadequado (lima muita usado)
 Negligência no primeiro tratamento
o Subobturações ou obturações insuficientes
o Perfurações
o Sobreobturações extensas
 Dificilmente consegue remover
o Instrumentos fraturados
 Se o instrumento estiver entre o terço cervical e médio é possível remover
Os insucessos endodônticos geralmente estão associados a fatores microbianos, podendo ser caracterizados por
uma infecção intrarradicular e/ou extrarradicular. Sabe-se que a anatomia da cavidade pulpar é muito complexa,
podendo alojar microrganismos, que por sua vez, poderão induzir ou perpetuar uma doença periapical. Por outro
lado, poucas espécies bacterianas são capazes de sobreviver na região extrarradicular, como dentro dos granulomas
e reabsorções cementárias. O retratamento endodôntico, nestes casos, nos parece a terapêutica de eleição.
Terapia de eleição: retratamento endodôntico. Dependendo do estado da infecção, dente e fatores
associados, opta-se por cirurgia paraendodôntica e por último opta-se extração.
2. Indicações para retratamento
 Dentes associados a sinais e sintomas clínicos de infecção ou inflamação
 Casos de surgimento ou aumento da periodontite apical
 Dentes que apresentam canais inadequadamente preparados ou com acesso à câmara pulpar, com
obturações deficientes ou ausentes e com indicação para troca de restauração
 Na presença de sinais de recontaminação do canal, via microinfiltração coronária, seja por cárie ou
comunicação com a cavidade oral por período de tempo excessivo – superior a 30 dias
3. Contraindicações
 Dentes com fratura vertical da raiz
o 100% condenado – extração
 Dentes que apresentam fratura no sentido mesio distal da coroa com envolvimento de tecidos de suporte do
periodonto
 Dentes com pouca estrutura dental, excessivamente enfraquecidos, com poucas condições de restauração
 Dentes que apresentam múltiplas patologias associadas a perdas ósseas apicais e laterais
4. Quando intervir no canal
Índices em retratamento endodôntico:
Com lesão apical – retratamento 78% de sucesso
Sem lesão apical – retratamento 94% de sucesso
Retratamento Endodôntico é a terapia de escolha
5. Técnica
 Colocação de solvente – avaliar o tipo de cimento
o Primeiro, broca de Gates e a partir daí colocamos eucaliptol
o Eucaliptol é menos irritante que o clorofórmio, mas o extravasamento também provoca reação
tecidual. Provoca uma diluição na guta, penetrando até 0,9mm
o Aplicamos o eucaliptol que nem colocamos EDTA
 Emprego de limas – finas 10
 Limas de nº 25 ou nº 15;
o Na cervical com 25 e depois vamos diminuindo a caminho do ápice
o Faça a desobstrução do terço cervical com a sonda e inicie o trajeto no material obturador a partir
da lima 25
 Penetrar de 2 a 3mm
Simulação de retratamento em pré-molar:
Broca de Largo – começa a remoção da guta-percha no terço cervical (entrar girando e sair girando)
Coloca eucaliptol com pinça – pega lima 30 ou 25
Broca de Gates nº 1 ou nº2 – entrando na porção reta do canal – deixando 4mm do ápice
Irrigar canal e limpar – entrar com lima 15 com EDTA para limpar ápice
Evitar usar eucaliptol nessa parte para não extravasar
Irrigação do canal e começa PQM do dente novamente
Ponto crítico:
Término obturação x Continuidade
Limas novas x movimentos curtos
Odontometria:
Cuidado, pois o ponto mais crítico é limpar o 1/3 apical
Limas finas podem ser confundidas com remanescentes material obturador
Ideal: limas nº 20 ou nº15
Preparo:
A reinstrumentação deve ser ativa, com meios químicos auxiliares eficientes, para sanear bem o sistema
endodôntico e se necessário for, medicação intra-canal.
Sempre fazer MIC no retratamento.
Casos de instrumento fraturado
A fratura de um instrumento durante o preparo endodôntico é um dos incidentes mais desagradáveis para o
profissional
Remoção via coronária:
Difícil
Demorada
Não bem sucedida (as vezes)
Fatores Anatômicos: podem ser determinantes para o sucesso ou o insucesso da remoção dos instrumentos
fraturados, assim como:
O tipo
O comprimento
A localização do instrumento
8. Recursos Tecnológicos
 Microscópio clínico operatório
 Pontas de Ultrassom
 Localizadores apicais
 Sistemas rotatórios de movimento contínuo
 Sistemas rotatórios de movimento alternado ou reciprocante

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