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Sistemas adesivos

Os sistemas adesivos são os materiais responsáveis por produzir a adesão do material


restaurador às estruturas dentais. São a combinação de monômeros resinosos de diferentes
pesos moleculares e viscosidades, diluentes resinosos e solventes orgânicos (acetona, etanol
ou água).

Os monômeros resinosos podem ser hidrofílicos, os quais permitem que o adesivo seja
compatível com a umidade natural do substrato dentinário, ou hidrofóbicos, que apresentam
maior peso molecular, são mais viscosos e conferem maior resistência mecânica e estabilidade
ao material.
Atualmente, os sistemas adesivos são indicados para restaurações estéticas de lesões
cariosas, alteração de forma, cor e tamanho dos dentes, colagem de fragmentos, adesão de
restaurações indiretas, selantes de fóssulas e fissuras, fixação de braquetes ortodônticos,
reparo de restaurações, reconstrução de núcleo para coroas, cimentação de pinos intra-
articulares e para dessensibilização de raízes.

De acordo com a classificação, os sistemas adesivos podem ser divididos em convencionais e


autocondicionantes.

Sistemas adesivos convencionais


Adesivos convencionais são os sistemas que empregam o passo operatório de
condicionamento ácido da superfície do esmalte ou dentina separadamente dos outros passos
clínicos.
Podem ser de dois passos (condicionamento ácido e combinação de primer e agente adesivo
em um único frasco) ou três passos (condicionamento ácido, primer e agente adesivo em
frascos separados). Estes adesivos consistem na remoção completa da smear layer e
desmineralização da sub superfície dentinária intacta através da utilização do condicionamento
ácido.
PRIMER: solução de monômeros resinosos diluídos em solventes orgânicos. Corresponde à
função hidrofílica do material.
ADESIVO: função hidrofóbica, não contém solventes orgânicos nem água em sua formulação.
É composto por monômeros mais viscosos do que aqueles presentes nos primers, porém com
baixa viscosidade, garantindo fluidez suficiente para que o adesivo possa penetrar na
superfície preparada pelo primer.

Procedimento Adesivo
1° passo- condicionamento ácido do esmalte e dentina. Concomitante ao condicionamento
ácido do esmalte (30 segundos), para uma adequada adesão à dentina, a mesma deve ser
condicionada com ácido fosfórico em concentrações entre 30% e 37% durante 15 segundos, o
qual irá solubilizar a smear layer e desmineralizar a matriz de dentina subjacente, expondo as
fibrilas de colágeno.
2º passo- Lavagem e secagem. O ácido deve ser lavado pelo menos pelo dobro do tempo de
condicionamento para assegurar a completa remoção dos subprodutos de reação e do mineral
solubilizado na superfície. Para que ocorra uma eficiente hibridização do tecido dentinário é
fundamental que, após a desmineralização com ácidos, as fibrilas de colágeno expostas se
mantenham expandidas pela presença de água, preservando os espaços interfibrilares para a
posterior infiltração do agente adesivo. Para isso, a remoção do excesso de água não deve ser
realizada com jatos de ar da seringa tríplice, o que pode ocasionar o ressecamento demasiado
da estrutura dentinária levando a um colapso da rede colágena.
Com o intuito de deixar a superfície levemente úmida e prevenir o colapso das fibrilas de
colágeno, devem ser utilizadas bolinhas de algodão hidrófilas ou pedaços de papel absorvente
colocados nas margens do preparo. O passo de secagem do substrato dentinário requer ainda
alguns cuidados clínicos, levando em consideração o sistema de união a ser utilizado. Para
adesivos que contêm água na sua composição, a superfície da dentina deve ser mantida
ligeiramente mais seca, sem que se perceba a presença de uma lâmina de água sobre ela
(sem brilho). Mas caso a secagem seja excessiva e haja colapso das fibrilas de colágeno, a
água presente no adesivo se encarregará de re-expandir as fibrilas aumentando o tamanho dos
espaços entre as mesmas e devolvendo a condição ideal para a infiltração dos monômeros
resinosos. Para adesivos que não contêm água na sua composição, a superfície dentinária
deve ser mantida visivelmente úmida, com a presença de uma lâmina de água sobre a mesma
(com brilho). Caso a secagem seja excessiva e haja o colapso das fibrilas de colágeno, não
haverá fonte de água para re-expansão, pois o solvente anidro presente não é capaz de re-
expandir a dentina colapsada.
3°passo- aplicação do primer (convencional 3 passos) ou primer/adesivo (convencional 2
passos) A água presente nos espaços interfibrilares deverá ser removida para que ocorra a
infiltração dos monômeros resinosos. A remoção da água presente no substrato dentinário
ocorre por um processo de desidratação química, liderada pelos solventes anidros contidos nos
sistemas adesivos. Quando aplicados sobre a superfície úmida da dentina, os solventes
(etanol, acetona) rapidamente se misturam com a água e carregam para a intimidade da matriz
os monômeros hidrofílicos. Após a saturação da superfície, a mistura de solventes com água
será eliminada por evaporação. A eliminação da água e dos solventes residuais é fundamental
para garantir adequada polimerização e consequente desempenho do material e isso é válido
para todos os sistemas adesivos. Desta forma, quanto maior o tempo de espera para a
fotoativação, maior quantidade de solvente e água irá evaporar e melhor será a qualidade de
união. Após a aplicação do primer (convencional 3 passos) ou primer/adesivo (convencional 2
passos), recomenda-se esperar 30 segundos antes da fotoativação, para permitir a evaporação
da água e do solvente, e durante este tempo, pode-se aplicar um leve jato de ar, com
aproximadamente 10-20 cm de distância do preparo, o que favorece a circulação de ar na área
e a evaporação. Após 30 segundos, verificar a presença de brilho no preparo, o que indica a
camada de adesivo existente, porém, caso esteja opaca, deve-se aplicar uma nova camada e
aguardar mais 30 segundos previamente à fotoativação. Para os sistemas convencionais de 3
passos, deve-se ainda realizar a aplicação do adesivo (hidrofóbico), o qual não contém
solventes orgânicos nem água em sua formulação. É composto por monômeros mais viscosos
do que aqueles presentes nos primers, mas ainda assim sua baixa viscosidade garante fluidez
suficiente para que o adesivo possa penetrar na superfície preparada pelo primer. Deve ser
fotoativado por 20 segundos. Deve-se considerar que os adesivos que contém água na sua
formulação e que, consequentemente, se evaporam mais lentamente, devem ser aplicados de
forma 9.
Ativa, de modo a favorecer a evaporação da água já no momento da aplicação, realizando
movimentos suaves de espalhamento do adesivo sobre as paredes cavitárias. Estes
apresentam menor sensibilidade em relação à umidade de superfície e modo de aplicação. Já
os adesivos que não contém água e que, normalmente, contém solventes altamente voláteis
como a acetona ou o etanol, não devem ser aplicados de forma ativa. Se esses adesivos forem
aplicados de forma ativa, corre-se o risco de que os solventes se evaporem precocemente e
não exerçam sua função de deslocar a água residual presente entre as fibrilas,
comprometendo a infiltração dos monômeros resinosos. Esses adesivos devem ser
simplesmente dispensados sobre a superfície, sem espalhamento.
Com aplicação do adesivo, tem-se o procedimento conhecido como hibridização, ou seja,
formação de uma “camada híbrida, a qual pode ser definida como a impregnação de um
monômero à superfície dentinária desmineralizada, formando uma camada ácido-resistente de
dentina reforçada por resina.
Atualmente, os sistemas de união de 3 passos à base de água e etanol são considerados os
melhores padrões em termos de durabilidade de união, especialmente em preparos cavitários
que apresentam margens em dentina.

Considerações clínicas
Quando o adesivo é aplicado no preparo cavitário em excesso e tenta-se espalhá-lo com a
aplicação de jatos de ar para diminuir a espessura da sua camada, tal procedimento resulta na
incorporação de oxigênio, o que pode comprometer a sua polimerização e, consequentemente,
a adesão. Adicionalmente, a espessura de adesivo não será uniforme, havendo acúmulo de
material nos ângulos internos do preparo e extravasamento de adesivo para além dos limites
cavitários.
Se o sistema adesivo for aplicado e prontamente fotoativado, sem aguardar um tempo
suficiente para sua correta evaporação, o mesmo não irá polimerizar adequadamente, podendo
trazer consequências negativas que comprometam a união, com efeitos na resistência adesiva
e selamento, sensibilidade pós-operatória e degradação precoce da interface adesiva.

Problemas associados aos sistemas adesivos convencionais


A finalidade do procedimento adesivo é a completa infiltração e recobrimento das fibrilas de
colágeno pela resina de união, protegendo-as da degradação. Idealmente, o adesivo deveria
penetrar toda a extensão da dentina desmineralizada pelo condicionamento ácido, formando
uma zona de Inter difusão entre dentina e resina, conhecida como camada híbrida.
No entanto, quando a profundidade de desmineralização da dentina é maior que a infiltração
dos monômeros resinosos, as fibrilas de colágeno desmineralizadas e não envoltas por resina,
ou seja, expostas, tenderão a sofrer uma lenta hidrólise pela penetração de fluidos externos ou
dentinários, comprometendo a durabilidade da união.
Alguns autores têm mostrado que a extensão do tempo de aplicação do ácido fosfórico na
dentina (acima de 15 s) também pode resultar em fibrilas de colágeno mais expostas e
desmineralizadas, o que leva a uma reduzida impregnação da resina adesiva, aumentando as
chances de degradação da interface adesiva.
Clinicamente, a degradação desta interface pode enfraquecer a adesão e conduzir à formação
de fendas entre o dente e o material restaurador.
Outro fato a ser considerado é que os solventes orgânicos (etanol ou acetona) têm a função de
promover a desidratação química (evaporação da água) da dentina desmineralizada para que
os monômeros resinosos possam ocupar os espaços entre as fibrilas de colágeno, previamente
preenchidos pela água.
Portanto, outra preocupação relacionada aos atuais adesivos hidrófilos é que, à medida que a
mistura de solvente e água evapora, ocorre um aumento proporcional da concentração de
monômeros resinosos na mistura, reduzindo a capacidade de evaporação tanto dos solventes
como da água, em função da gradativa redução na pressão de vapor desses fluidos.
Consequentemente, resíduos de água e do solvente podem permanecer no interior da dentina
desmineralizada, comprometendo a conversão dos monômeros e contribuindo com a formação
de polímeros frágeis e permeáveis, com restrita capacidade de selar e proteger a dentina sadia
remanescente.
A retenção de água na matriz da dentina desmineralizada pode, ainda, impedir a completa
infiltração dos monômeros resinosos nos espaços interfibrilares localizados nas regiões mais
profundas da matriz desmineralizada.
Como visto, a água desempenha papel fundamental na obtenção da adesão, mas também
estabelece as situações que determinam os mecanismos de degradação da interface adesiva.

Sistemas Adesivos Autocondicionantes


Uma das principais causas de falhas no processo de adesão ao substrato dentinário é a
discrepância entre a área desmineralizada e a área infiltrada pelo agente de união. Na tentativa
de se eliminar este inconveniente foi proposta uma técnica adesiva com sistemas de união
denominados de autocondicionantes, os quais não requerem a aplicação isolada de um ácido
para produzir porosidades no substrato.
Embora os sistemas autocondicionantes apresentem como vantagem a ausência do passo
operatório de condicionamento ácido, tal fato não é totalmente verdadeiro quando se trata de
adesão ao esmalte (especialmente do esmalte não instrumentado).
Diversos trabalhos mostraram que o condicionamento ácido somente do esmalte, previamente
à aplicação destes tipos de adesivos, está indicado para melhorar seu desempenho clínico
neste substrato. Desta forma, recomenda-se o condicionamento do esmalte com ácido
fosfórico por 15 segundos, lavagem, secagem com jatos de ar e aplicação do sistema
autocondicionante.
A incorporação de monômeros resinosos ácidos na sua formulação permite à dissolução da
camada de detritos, a desmineralização da porção mais superficial da dentina subjacente e,
simultaneamente, a infiltração da resina adesiva nos tecidos dentais, ou seja, a smear layer é
incorporada na interface de união verificaram que os primers autocondicionantes utilizados
penetravam de 3 a 4 μm pela smear layer e foram capazes de desmineralizar a dentina
intertubular a uma profundidade de 0,4 a 0,5 μm. Nesses sistemas ocorreu a difusão do agente
resinoso por entre as fibrilas de colágeno na porção mais superficial da dentina (0,1 a 0,2 μm),
formando uma camada híbrida pouco espessa. No entanto, apesar da pequena espessura
desta camada, geralmente abaixo de 2 μm, alta resistência adesiva inicial foi obtida.
Os sistemas adesivos autocondicionantes podem ser de dois passos, onde o agente
condicionador e o primer estão combinados em um mesmo frasco e o adesivo é aplicado
separadamente; ou de passo único, que combina ácido, primer e adesivo em uma mesma
aplicação. Alguns autores relataram que esses materiais são menos sensíveis às questões de
umidade superficial da dentina, evitando a sensibilidade pós-operatória quando comparados
aos sistemas convencionais.
Isto ocorre porque o primer é acidificado, ou seja, ao mesmo tempo em que condiciona a
estrutura dentária, promove junto com o adesivo, um embricamento micromecânico, o que
elimina uma etapa, o condicionamento com ácido fosfórico e sua posterior lavagem e secagem,
resultando em uma área de menor desmineralização da estrutura dentária e significativa
redução da sensibilidade pós-operatória.
Estes primers ácidos apresentam capacidade tampão, com um PH entre 1.5 e4. 5 na superfície
dentinária um minuto após a aplicação, o que preserva o ataque da dentina mineralizada sadia
subjacente.
Procedimento adesivo:
Adesivos autocondicionantes de dois passos (primer autocondicionante) 1°passo- aplicação do
primer ácido (caráter ácido e fluido, responsável pela formação da camada híbrida com os
tecidos dentais). O primer autocondicionante é aplicado em todo o preparo (esmalte e dentina)
de forma ativa por 20 a 30 segundos, seguida de leves jatos de ar. 2°passo- aplicação do
adesivo (resina de baixa viscosidade, com características hidrofóbicas e que não contém
solventes ou água, garantindo resistência e estabilidade). Aplica-se uma camada uniforme do
adesivo, seguida de leves jatos de ar e fotoativação por 20 segundos. Adesivos
autocondicionantes de passo único (adesivo autocondicionante) Uma única solução contém
monômeros ácidos, solventes, diluentes e água, que são aplicados diretamente sobre o
substrato dental não condicionado e desempenha a função de desmineralização, infiltração e
posterior ligação com o material restaurador. A simplificação dos passos operatórios
determinou maior complexidade da formulação e o comprometimento da eficiência desses
adesivos.
Este sistema adesivo é aplicado de forma ativa por, no mínimo, 15 segundos em todo o
preparo cavitário, seguido de leves jatos de ar. Uma nova camada é aplicada, seguida de
novos jatos de ar, e a fotopolimerização realizada por 40 segundos (o tempo precisa ser longo
devido ao caráter hidrofílico do sistema adesivo).
Para seu melhor desempenho, alguns trabalhos recomendam a aplicação de uma camada de
resina adesiva hidrofóbica sobre os sistemas autocondicionantes de passo único, o que os
transformaria em autocondicionantes de dois passos. Implicações clínicas dos Sistemas
Adesivos Adesivos simplificados funcionam como membranas permeáveis.

Estudos realizados in vitro e in vivo mostraram que os adesivos convencionais de dois passos
e os autocondicionantes de passo único, tornam-se membranas semipermeáveis após a
polimerização, pois são susceptíveis à sorção de água e se degradam mais rapidamente que
os adesivos que apresentam o passo de aplicação da resina hidrofóbica (convencional 3
passos e autocondicionantes de 2 passos).
Com a aplicação de uma camada de resina hidrofóbica, esta membrana semipermeável é
neutralizada. A capacidade da água em permear tais sistemas adesivos após a polimerização
está diretamente relacionada à sua característica hidrofílica, permitindo o rápido fluxo de água
da dentina hidratada através da camada de adesivo polimerizada. Na presença de monômeros
hidrofílicos, solvente e água residual presentes após a polimerização, a água do meio externo é
absorvida com facilidade e migra para áreas de porosidade interna e sítios do polímero onde se
localizam as moléculas hidrofílicas. Imediatamente após a polimerização, a exposição dos
adesivos ao meio aquoso inicia o processo de absorção de água.
A água exerce de imediato um efeito plastificador das moléculas,
Assim, estudos laboratoriais permitem especular que o comprometimento da interface de união
dentina/resina composta é, em parte, o resultado da degradação de seus componentes
resinosos que gradualmente absorvem água operatória. A sensibilidade pós-operatória pode
ser considerada um sintoma complexo, a qual pode ocorrer por diversos fatores.
Fisiologicamente, a dentina normal não desencadeia sensibilidade, porém os estímulos táteis,
térmicos e químicos que chegam à polpa são percebidos como dor.
Desta forma, todas as agressões geradas pelos procedimentos operatórios devem ser evitadas
ou minimizadas, como o desenvolvimento de calor gerado pelos instrumentos rotatórios, falhas
na hibridização, contração de polimerização das resinas compostas e cito toxicidade dos
agentes adesivos. Um dos maiores desafios tem sido minimizar a sensibilidade pós-operatória
pela correta utilização do sistema adesivo, o que implica na necessidade de conhecimento, por
parte dos profissionais, a respeito dos princípios biológicos e da execução criteriosa das
técnicas restauradoras. Assim, as restaurações adesivas requerem cuidados fundamentais,
pois se sabe que muitos problemas, como a sensibilidade pós-operatória, advém da técnica
incorreta de aplicação dos sistemas adesivos, podendo resultar em colapso das fibrilas
colágenas e em consequente impedimento da difusão do primer por entre as mesmas.
Durante o preparo cavitário há uma exposição de grande número de túbulos dentinários,
aumentando sua permeabilidade, principalmente nas áreas mais próximas à polpa, onde o
diâmetro e a densidade tubular são maiores. Isso pode favorecer a ocorrência de danos à
polpa pelos produtos tóxicos produzidos pelas bactérias e pelos materiais restauradores que
podem causar irritação.
Assim, quanto mais próximo à polpa, maiores as chances do paciente apresentar sensibilidade
pós-operatória. Sendo assim, recomenda-se a utilização de agentes forradores para proteger o
complexo-dentino pulpar e favorecer a adesão em cavidades profundas, previamente à
aplicação do adesivo. Além disso, a ocorrência de sensibilidade pós-operatória pode-se dar
pela força da contração de polimerização da resina composta que excede a resistência de
união do sistema adesivo à estrutura dentária, fato que pode ser minimizado pela utilização da
técnica incremental de inserção do compósito.
Os adesivos convencionais apresentam etapas críticas durante a realização da técnica, como o
sobre condicionamento ácido e a secagem excessiva após a lavagem, acarretando o colapso
da rede colágena, impedindo a completa difusão dos monômeros por entre as fibrilas e,
consequentemente, levando a falhas na hibridização. Essa sensibilidade de técnica inerente
desses sistemas adesivos está intimamente relacionada à sensibilidade pós-operatória devido
ao comprometimento da qualidade da camada híbrida formada, o que proporciona um aumento
da micro infiltração e irritação pulpar.

Tendências atuais
Uso da Clorexidina-A clorexidina é preconizada como agente de limpeza cavitária, sendo
efetiva em penetrar no interior dos túbulos dentinários para remover os resíduos.
Atualmente, vem sendo indicada pelo efeito benéfico na preservação da força de união
dentina-resina, pela inibição das MMPs (metaloproteinases). Suspeita-se que a ativação das
MMPs, presentes na dentina ou na saliva, esteja envolvida na degradação das fibrilas de
colágeno expostas devido à incompleta infiltração da resina adesiva previamente condicionada
com ácido, o que explica a progressiva diminuição da camada híbrida observada tanto in vitro
como in vivo ao longo do tempo.
Após o condicionamento ácido e lavagem da cavidade tem sido indicado à aplicação do
digluconato de clorexidina a 2%, por 60 segundos, não seguido de lavagem, pois este tem o
potencial de inibir as MMPs e, consequentemente, inibe a degradação da camada híbrida e das
fibrilas de colágeno expostas.
Este procedimento tem mostrado melhorar a força de união dentina-resina. Para
STANISLAWCZUK et al. a adição de digluconatode clorexidina a 2% ao ácido é outra
excelente ferramenta para aumentar a estabilidade das fibrilas de colágeno contra hospedeiros
derivados das MMPs, sem a necessidade de um passo adicional ao protocolo de união.
Técnica de adesão com etanol (etanol bond)Acredita-se que as restaurações adesivas podem
se tornar relativamente estáveis se forem constituídas por sistemas de união mais hidrófobos e,
portanto, menos susceptíveis à sorção de fluidos intra e extra-orais.
Com isso, alguns estudos clínicos e laboratoriais têm avaliado a viabilidade do uso da técnica
de adesão à dentina úmida com etanol, como forma de viabilizar a infiltração de monômeros
hidrófobos na dentina desmineralizada. Estudos recentes têm demonstrado que uma forma
conveniente de desidratar a dentina sem provocar o colapso excessivo das fibrilas de colágeno
expostas pelos 12
Condicionamento ácido é tratando a matriz de dentina com solventes anidros que sejam
capazes de manter tal substrato expandido e ao mesmo tempo livre de água, apto, portanto a
ser infiltrado pelos monômeros resinosos do sistema de união.

Dos solventes avaliados (acetona, metanol, etanol, butanol, etileno glicol), o metanol e o etanol
foram os solventes que melhor se comportaram, mantendo a matriz de dentina
desmineralizada tão expandida ou apenas ligeiramente menos expandida do que quando
comparada com a expansão produzida pela presença de água. Estudos mostraram que os
espaços interfibrilares da camada híbrida apresentaram-se melhor preenchidos pela resina do
adesivo nos casos em que a matriz de dentina desmineralizada foi saturada com etanol.

Torna-se, portanto, necessário investigar se a infiltração de monômeros hidrófobos em tempo


clínico viável na dentina desmineralizada e saturada com etanol é capaz de proporcionar o
adequado selamento das fibrilas de colágeno, formando camadas híbridas coesas, sem
remanescimento de colágeno exposto à degradação.

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