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Para evitar venenos, opte por alimentos

orgânicos
14 Setembro 2016 | 95 Visualizações | Disponível em:

Fonte: http://portuguese.mercola.com/sites/articles/archive/2016/09/14/comer-alimentos-
organicos.aspx?
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m_campaign=9142016_comer-alimentos-organicos

Por Dr. Mercola

Um dos argumentos de venda mais fortes para comer alimentos orgânicos é o fato de


que isso pode reduzir significativamente a exposição a pesticidas e outros produtos
químicos usados na agricultura tradicional.

Uma vez que os padrões orgânicos proíbem o uso de pesticidas e herbicidas sintéticos, é
lógico que os alimentos orgânicos apresentariam menos contaminação e os estudos têm
confirmado que as pessoas com uma alimentação primordialmente orgânica têm menos
toxinas em seu sistema.

Considerando o fato de que a exposição de longo prazo a pesticidas tem sido associada
à infertilidade, defeitos de nascença, problemas endócrinos, distúrbios neurológicos e
câncer, também é uma conclusão unânime que ter menos produtos químicos tóxicos no
corpo pode resultar em mais saúde.

Na verdade, uma parte importante da alimentação saudável e do estilo de vida em geral


é a ausência de produtos químicos tóxicos.

Exposição a pesticidas é reconhecida como grande


ameaça à saúde
Em dezembro de 2014, entrevistei André Leu sobre seu livro The Myths of Safe
Pesticides (Os mitos dos pesticidas seguros).

Recentemente, um relatório da Federação Internacional de Ginecologia e


Obstetrícia (International Federation of Gynecology and Obstetrics, FIGO), que
representa obstetras e ginecologistas em 125 países, alertou que a exposição a produtos
químicos representa agora uma grande ameaça à saúde e reprodução humana.

Os pesticidas são uma das várias categorias de toxinas incluídas no relatório. Os


pesticidas também foram incluídos em uma nova declaração científica sobre produtos
químicos causadores de problemas endócrinos pela força-tarefa da Sociedade de
Endocrinologia.
Essa força-tarefa alerta que o impacto na saúde causado pelos produtos químicos
causadores de problemas hormonais é de tal grandiosidade que todos precisam tomar
medidas proativas para evitá-los — principalmente as mulheres grávidas, as que
pretendem engravidar e as crianças pequenas.

Quando as crianças comem produtos orgânicos, os


níveis de pesticidas caem
Um dos estudos mais recentes sobre alimentos orgânicos e seu impacto na carga de
pesticidas foi publicado na edição de outubro da Environmental Health Perspectives. O
estudo contou com 20 crianças residentes em Oakland, Califórnia, e outras 20 residentes
em Salinas, Califórnia, sendo esta última uma importante comunidade agrícola.

Nos primeiros quatro dias, todas as crianças tiveram uma alimentação convencional.
Nos sete dias seguintes, elas comeram apenas alimentos orgânicos, seguidos por mais
cinco dias de alimentos convencionais. Conforme publicado no The New York Times:

"Cerca de 72% das amostras de urina, coletadas diariamente, continham evidências de


pesticidas.

Entre os seis pesticidas detectados com maior frequência, dois deles caíram quase 50%
quando as crianças tiveram uma alimentação orgânica, e os de um herbicida comum
caíram 75%.

Outros três pesticidas detectados com frequência não caíram muito com a alimentação
orgânica. Os níveis estavam mais altos em geral nas crianças de Salinas do que nas
crianças de Oakland".

Pessoas que seguem uma alimentação orgânica têm


níveis 65% menores de organofosfatos
Os organofosfatos (OF) estão entre os pesticidas mais comuns utilizados nas fazendas
americanas. Em um dos maiores estudos na área, os pesquisadores estudaram a
alimentação de quase 4.500 pessoas residentes em seis cidades americanas, avaliando o
nível de exposição a organofosfatos através dos alimentos.

Os níveis de organofosfatos dos participantes foram estimados usando os dados do


USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) sobre os níveis médios de
resíduos de pesticidas encontrados nas frutas e hortaliças que cada indivíduo informou
ter ingerido.

Para verificar a precisão das estimativas, eles compararam o cálculo de exposições a


pesticidas aos níveis reais de metabólitos de pesticidas excretados na urina de um
subconjunto de 720 participantes.

Conforme esperado, aqueles que comeram produtos agrícolas cultivados de modo


convencional tiveram altas concentrações de metabólitos de OF, enquanto os que
comeram alimentos orgânicos tiveram níveis significativamente menores.
Aqueles que comeram produtos orgânicos "com frequência ou sempre" tiveram níveis
65% menores de resíduos de pesticidas em comparação àqueles que comeram a menor
quantidade de produtos agrícolas orgânicos.

Segundo a principal autora Cynthia Curl:

"Se você me disser o que você come normalmente, eu posso lhe dizer qual é o seu grau
provável de exposição a pesticidas. O estudo indica que o consumo de versões
orgânicas desses alimentos com alto grau de resíduos de pesticidas pode fazer uma boa
diferença".

Herbicida mais usado foi considerado carcinogênico


O glifosato, ingrediente ativo do herbicida Roundup, campeão de vendas da Monsanto,
é um dos herbicidas mais usados em todo o mundo, seja em culturas convencionais ou
geneticamente modificadas. Estima-se que sejam pulverizadas 450 mil toneladas por
ano nas plantações americanas, fazendo com que cada cidadão comum coma centenas
de kg de alimentos contaminados com glifosato todos os anos.

Em março, o glifosato foi reclassificado como um "provável carcinógeno" de Classe 2A


pela Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (IARC), uma divisão da
Organização Mundial da Saúde (OMS). A Agência de Proteção Ambiental (EPA) da
Califórnia seguiu o exemplo e emitiu recentemente um aviso de intenção de rotular o
glifosato como "causador de câncer".

Trabalhadores agrícolas processam Monsanto por


exposição ao glifosato
Depois da determinação da IARC, os trabalhadores agrícolas começaram a processar a
Monsanto por exposição prévia ao glifosato. O fazendeiro americano Enrique Rubio
alega que os nove anos de aplicação de glifosato usando nada mais do que uma máscara
de papel para proteção causaram seu câncer ósseo, e Judi Fitzgerald, auxiliar de
horticultura, processou a empresa também alegando que teve um papel na sua leucemia.

Os processos jurídicos acusam a Monsanto de "fraude científica" no marketing e venda


do Roundup, enganando propositalmente os reguladores sobre os perigos do herbicida e
falhando em alertar devidamente os usuários sobre seu potencial carcinogênico.
Segundo a Bloomberg:

"Uma auditoria da Agência de Proteção Ambiental dos Laboratórios de Testes


Biológicos — firma contratada pela Monsanto para testar a toxicidade do Roundup nos
anos 70 — revelou 'falsificação rotineira dos dados' no laboratório, invalidando os
estudos do produto da Monsanto, segundo as reclamações.

Fitzgerald e Rubio também alegam que o proprietário da Craven Laboratories — outra


firma contratada pela Monsanto nos anos 90 — foi condenado por práticas de
laboratório fraudulentas no teste de pesticidas e herbicidas, tais como o Roundup".
A queixa de Rubio afirma que: "A Monsanto garantiu ao público que o Roundup era
inofensivo. Para provar isso, ela defendeu dados falsificados e atacou estudos legítimos
que revelavam o seu perigo".

EPA condenada por violação legal ao aprovar potente


inseticida
Os pesticidas ameaçam não só a saúde humana, mas também podem ser devastadores
para os preciosos agentes de polinização. As abelhas e as borboletas-monarcas são duas
espécies que têm desaparecido devido ao uso em excesso de pesticidas. Os
neonicotinoides foram identificados como especialmente nocivos a esses insetos
importantes, porém pouco foi feito para refrear seu uso nos Estados Unidos.

Dois anos atrás, a Agência Americana de Proteção Ambiental (EPA) aprovou o


neonicotinoide Sulfoxaflor — uma decisão que gerou grande preocupação para os
grupos comerciais de apicultura, entre eles a Associação Americana de Produtores de
Mel e a Federação Americana de Apicultura.

Depois de analisar os dados do registro, a EarthJustice descobriu que a agência não


havia cumprido com suas próprias diretrizes ao aprovar o inseticida, e um processo foi
aberto contra a EPA.

Conforme informado pela PRI.org:

"Os tribunais geralmente concedem à EPA alto grau de deferência nessas questões
porque elas envolvem um alto nível de conhecimento científico; os tribunais não
querem criticar a ciência normalmente. Porém, no caso do Sulfoxaflor, [o advogado da
equipe da EarthJustice, Greg] Loarie, afirma: 'a ciência estava tão carente de dados e
era tão claro que a EPA não tinha essas informações fundamentais que o tribunal
decidiu que o registro teria que ser revertido a menos que e até que essas informações
fossem apresentadas".

Por enquanto, o Sulfoxaflor está fora do mercado, mas é estarrecedor o fato de que a
EPA teria sido tão imprudente em aprovar um pesticida sem os testes de segurança
adequados quando a extinção das abelhas representa uma ameaça gravíssima à produção
de alimentos. Isso só mostra até que ponto os lucros corporativos vêm antes da
sustentabilidade em longo prazo e da sobrevivência humana.

Maioria dos países da União Europeia opta por não


cultivar OGMs
Embora um dos argumentos de venda das plantas geneticamente modificadas (GM)
tenha sido de que elas reduziriam o uso de pesticidas, essas promessas acabaram sendo
totalmente equivocadas. Desde a introdução das culturas GM, o uso de pesticidas
aumentou drasticamente e, com isso, a exposição a pesticidas através dos alimentos, já
que essas safras são mais contaminadas.
As culturas Bt foram até mesmo projetadas para produzir a toxina Bt internamente, e as
próprias plantas são registradas como pesticida.

As culturas GM também promovem destruição ambiental ao piorar a qualidade do


solo e reduzir a biodiversidade, princípios básicos da agricultura sustentável e da
segurança dos alimentos. A Europa tem sido mais resistente, em geral, em relação
aos organismos geneticamente modificados (OGMs), e essa resistência não parece estar
diminuindo.

Na verdade, 19 dos 28 países-membros da União Europeia solicitaram a eliminação do


plantio de culturas GM — ideia que foi aprovada como lei em março.

Entre os países que se recusaram a plantar OGMs em partes de seu território estão:
Áustria, Bélgica (na região da Valônia), Grã-Bretanha (na Escócia, País de Gales e
Irlanda do Norte), Bulgária, Croácia, Chipre, Dinamarca, França, Alemanha, Grécia,
Hungria, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Polônia e
Eslovênia.

Conforme divulgado pela Reuters:

"A lei foi introduzida para acabar com os vários anos de impasse já que as culturas
geneticamente modificadas dividem a opinião na Europa. Embora cultivadas
amplamente nas Américas e na Ásia, a oposição pública é forte na Europa e os
ambientalistas têm levantado questões sobre o impacto na biodiversidade...

Conforme a nova lei, a Comissão Europeia é responsável pelas aprovações, mas


solicitações de exclusão também precisam ser enviadas à empresa que está fazendo o
pedido. Em resposta às primeiras solicitações de exclusão da Letônia e Grécia em
agosto, a Monsanto disse que estava obedecendo-as, embora as tenha considerado não
científicas".

Mais uma boa notícia: Academia Americana de


Pediatria põe fim à parceria com Monsanto
A exclusão do cultivo de OGMs na Europa talvez não beneficie os
americanos diretamente, mas ela com certeza desacelera a tentativa mundial de domínio
do setor de biotecnologia, e oferece esperança de que ainda possamos mudar as coisas
nos Estados Unidos também. A Monsanto há muito tempo tem passe livre para exercer
seu poder à vontade nos Estados Unidos, mas já se podem ver sinais de mudança aqui
também.

Por exemplo, a Academia Americana de Pediatria (AAP) confirmou agora que está
cortando os laços com a gigante de tecnologia química depois de uma campanha de
sucesso movida por mães preocupadas. (A Academia também cortou sua relação com a
Coca-Cola — outra "vitória" das crianças e famílias de todos os Estados Unidos.)

Quais alimentos orgânicos são os mais importantes


para comprar?
Todos nós podemos ser prejudicados por pesticidas, mas se você é uma mulher em
idade fértil ou tem crianças pequenas, é muito importante que você tome medidas para
diminuir a exposição. O ideal é que todos os alimentos que você e sua família
consomem sejam orgânicos. No entanto, nem todos têm acesso a uma ampla variedade
de produtos agrícolas orgânicos e, às vezes, isso pode ser mais caro do que comprar os
alimentos convencionais.

Um modo de economizar e, ao mesmo tempo, diminuir o risco é comprar determinados


itens orgânicos e "aceitar" outros de plantio convencional. Produtos de origem animal,
como carne, manteiga, leite e ovos são os mais importantes que devem ser adquiridos
como orgânicos, uma vez que eles tendem a acumular biologicamente toxinas das
rações contaminadas com pesticidas, apresentando concentrações maiores do que as
encontradas nas hortaliças.

Diferentemente das frutas e hortaliças, em que as etapas de descascar e lavar podem


reduzir a quantidade dessas toxinas, os pesticidas e as drogas aos quais esses animais
são expostos durante a vida toda podem ficar incorporados nos tecidos, principalmente
na gordura. Portanto, se você está com o orçamento apertado, escolha primeiro
alimentos orgânicos de origem animal.

Além dos alimentos de origem animal, a carga de pesticidas de diferentes frutas e


hortaliças pode variar muito. A Consumer Reports analisou 12 anos de dados do
Programa de Dados de Pesticidas do USDA para determinar as categorias de risco (de
muito baixo a muito alto) dos diferentes tipos de produtos agrícolas.

Como as crianças são especialmente vulneráveis aos efeitos de produtos químicos


ambientais, como os pesticidas, a avaliação de risco baseou-se em uma criança de 3
anos e meio. A recomendação foi comprar todos os produtos agrícolas orgânicos que
ficassem dentro das categorias de risco média ou superior, restando os seguintes
exemplos de alimentos que você deve sempre tentar comprar a versão orgânica.

Pêssego Cenoura
Morango Vagem
Pimentão Pimenta
Tangerina Nectarina
Amora Batata-doce
Recursos e Referências
 1  Environmental Health Perspectives July 9, 2015 [Epub ahead of print] (PDF)
 2  Institute of Science in Society September 30, 2015
 3  FIGO.org October 1, 2015
 4  Reuters October 1, 2015
 5  FIGO.org
 6  Endocrine Society Scientific Statements
 7  Medicinenet.com September 28, 2015
 8  Environmental Health Perspectives October 2015 DOI:10.1289/ehp.1408660
 9  New York Times October 8, 2015
 10  Coop.se The Organic Effect
 11  Environmental Health Perspectives DOI:10.1289/ehp.1408197
 12  USDA.gov Pesticides
 13  EcoWatch September 8, 2015
 14  Reuters September 29, 2015
 15  Inquisitr October 3, 2015
 16  Bloomberg October 6, 2015
 17  PRI.org October 6, 2015
 18  EPA.gov EPA's Regulation of Bacillus thuringiensis (Bt) Crops
 19  Journal of Environmental Science and Health 2003 Mar;38(2):211-9.
 20  Civil Eats October 5, 2015
 21  Time October 3, 2015
 22  Reuters October 4, 2015
 23  EcoWatch October 6, 2015
 24  Consumer Reports March 19, 2015

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