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Leonardo terminou de arranjar a última caixa de carvão no canto da pequena forja que ele

tinha alugado pra começar seu novo negócio antes de limpar o suor e parar pra admirar seu
trabalho.

Ainda não estava perfeito, mas já era um bom começo.

O painel de madeira na parede tinha sido feito sobre medida por ele mesmo e deixava as
ferramentas organizadas num ar de profissionalismo agradável, o chão era de pedra escura
para que as manchas das fagulhas e fuligem ficassem disfarçados e o forno tinha sido
construído ali pelo antigo dono uns 5 anos atrás e ainda não tinha rachado nenhum tijolo, única
coisa que faltava agora era chegar a pequena bigorna, a única de suas ferramentas, além do
forno, que ele tinha comprado e não feito por si mesmo, e o espaço estaria pronto.

Como se chamado pelo destino, a porta se abriu e, carregando um anvil de metal pelo menos
3 vezes maior que o que ele tinha pedido, entrou Eric.

Por um momento Leo deu passo pra frente pra ajudá-lo antes de decidir que ia atrapalhar
mais que ajudar e deixar o Meio-Elfo negro carregar o peso sozinho. O homem podia ter uma
beleza afiada e quase delicada sobre ele, o tipo que às vezes o ameaçava deixar sem ar, mas
por baixo da camisa, Leo sabia por experiência própria, era quase puro músculo. Mesmo Eric
sendo uma cabeça mais baixo e bem menos visivelmente forte, ele conseguia levantar duas
vezes mais peso que o ferreiro sem suar.

"Você não precisava fazer isso sozinho, sabe? Eu te dei dinheiro pra contratar ajuda." Disse
num tom preocupado

Eloise entrou logo atrás de Eric carregando uma pequena caixa com mais algumas
ferramentas.

"Não liga pra ele, eu falei a mesma coisa. Ele tá querendo exibir os músculos, vai quebrar as
costas aí quero ver proteger o reino da cabeceira de uma cama."

Os cabelos verdes e pele clara parecendo refletir o sol e iluminar o interior da forja ainda mais,
ela era filha do conde da região, mas se perguntassem, Leo juraria que ela era uma princesa e
a mais linda das princesas ainda, a aparência real e delicada traída por olhos afiados
queimando com uma índole e vontade indobraveis e calos nas mãos de quem passou anos
treinando com o arco.

"Você bem que gostaria que eu ficasse preso numa cama, né?" Eric pos o peso no chão e se
esticou para relaxar os músculos do esforço. "Travadinho pra me usar e abusar."

"Pode até ser verdade." Ela se aproximou colocando a ponta do dedo contra o peito dele.
"Mas pra fazer o que eu quero, você vai precisar, mexer. as. costas." Ela deu ênfase nas três
últimas palavras batendo com o dedo e empurrando ele de leve.
Leo resolveu tomar esse momento pra interromper antes que o primeiro "trabalho" feito na
forja novinha dele não tivesse nada a ver com ser ferreiro.

"Se vocês dois estão com tanta energia assim." Ele se pôs entre os dois. "Por que não me
ajudam a arrumar as ferramentas no quadro ao invés de querer bagunçar o que eu acabei de
arrumar."

"Você vê, amor? A culpa é dessa sua namorada aí, ela que começou, debochando de mim e
depois me provocando." Deuses, Eric cruzou os braços e fez biquinho como se fosse uma
criança.

"Eu não me importo com quem começou, eu estou terminando."

"Terminando com a gente? Assim?" Eloise rebateu sem nem perder um segundo. " Sabia! Foi
só montar a forja que ele nos descarta."

"E todo aquele papo de "Não importa a distância, nós sempre seremos leais uns aos outros"
era mentira?" Eric engatou. "Você só estava usando o meu corpo pra me fazer de burro de
carga?"

"Não, eu só quis dizer que…" Leo começou a se explicar antes de ver o sorriso mal contido no
rosto dos dois. "Eu odeio vocês…"

"Mentira garotão, você nos ama." Eric puxou ele pra um beijo. "Não é?"

"Esse é meu ambiente de trabalho." Tentou protestar.

"Isso mesmo." Veio Eloise dessa vez, acariciando a sua bochecha até colocar a ponta dos
dedos contra seus lábios. " É seu né? Quer dizer que você pode fazer o que você quiser"

.
.
.

E lá se vai todo o trabalho que ele teve para organizar o lugar.

Mais tarde, já no quartinho onde ele vivia no andar de cima, Leo acordou sem um dos pesos
reconfortantes em cima do seu peito. Olhando em volta ele não demorou a encontrar Eric, sem
camisa, apoiado contra a janela e olhando o céu noturno de maneira pensativa.
Leo teve o maior cuidado pra se levantar sem acordar Eloise e foi em direção a seu
namorado, o abraçando por trás.

"No que você tá pensando?" Falou contra a nuca do meio-elfo.

"Eu queria ficar aqui pra sempre."

"Então por que não fica?"

Um momento pesado se passou antes da resposta.

"Você sabe o porquê."

"Finge que eu não sei" Ele soltou o abraço, deixando Eric se virar pra encara-lo. "Fala comigo
o que tá pesando"

" Vocês são incríveis." "Você tamb-." " Não foi isso que eu quis dizer" Leo deixou ele tomar um
momento pra organizar seus pensamentos. "Você com ser ferreiro e a Eloise com arquearia,
vocês sabem o que vocês queriam da vida desde sempre, parece. Eu não sei"
" Eu só sei…eu só sei que seja lá o que for está lá fora, a estrada está me chamando e eu
sinto que se eu não for atrás eu nunca vou estar completamente aqui com vocês. Eu vou estar
velho e rico e nobre e cercado pelas duas pessoas que eu mais amo no mundo…e eu vou
estar preso na estrada, na arena, na floresta, me perguntando o que poderia ter sido, sem
nunca realmente estar realmente aqui"

"Só isso?" Ele sabia que tinha mais.

"...Eu talvez encontre a bruxa."

"Nós estamos sozinhos aqui"

"Eu talvez encontre a…a minha mãe…Deuses! Leo. Ela me acolheu, me tirou da arena e me
ensinou a viver e por causa de mim ela foi perseguida pra fora da cidade. Eu fiz ela se revelar e
deixei ela ir sozinha, eu renunciei ela, eu chamo ela de bruxa pelo amor dos Deuses, eu não
mereço a lealdade que vocês me ofereceram, eu-"

"EU!" Exclamou alto Leo. "Eu vou parar você aqui. Você era uma criança, tá bom? Uma
criança" Ele pôs uma mão embaixo do queixo de Eric, fazendo ele erguer os olhos pra
encontrar os dele. "Você falou de você, agora, eu. Eu amo você. Esse é o começo e o fim,
entendeu? Os erros que você cometeu, foram os de uma criança e eu amo você. Quer sair
buscar seu destino, sua mãe, o unicórnio que fugiu do circo? Eu me importo de você prometer
estar seguro." Leo o beijou na testa. " E prometer voltar pra nós."

"E eu." Veio a voz de Eloise.


"Eu te acordei Elô?"

"-Quando levantou- Eu acho bobagem isso de nós sermos especiais e você não. Eu tenho os
melhores professores de arquearia desde que eu mostrei interesse quando pequena, eu fui
chamada de gênio, de prodígio e sabe o que eu acho." Ela parou um momento pra pegar a
mão do Eric e olhar nos seus olhos "Eu acho que eu sou uma piada comparada com o que
você faz com uma espada. Sabe o guarda que eu pedi pra te treinar quando você resolveu que
ia sair pelo mundo, lembra como você esmagou ele no primeiro spar de vocês? Aquele era o
capitão da guarda. Você tem um talento inato incomparável, mas mais do que isso. Você, meu
bem, é gentil e positivo tendo vivido as piores coisas que eu já vi e eu me sinto honrada de
cada segundo que você passa comigo" Ela virou seu olhar para Leo. " Que vocês passam
comigo. Eu amo vocês, sabiam? Eu não sei como, mas eu vou casar com vocês." Ela segurou
uma mão de cada um e puxou eles para um abraço, os dois tinham que se abaixar e mesmo
assim ela estava na ponta dos pés, mas ela fez funcionar."
"Então eu não quero ouvir essa bobagem de você não merece nossa lealdade ou nosso
amor ou seja lá o que você ia listar a seguir. Eu quero as mesmas promessas, segurança e que
volte e eu quero mais, eu quero que venha me ver atirar uma flecha através de cada flecha no
torneio imperial e eu quero que vocês venham me ver ganhar e, na frente do imperador, fazer o
meu pedido de vitória ser a mão de vocês, ambos, em casamento. Eu quero que você volte
como um herói tão grande e você se torne um ferreiro tão renomado que ninguém, nem mesmo
meu pai, se atreva a falar que o lugar de vocês é em qualquer lugar que não ao meu lado,
entendidos?"

Ela olhou firmemente para o olho dos dois, o momento pareceu se esticar pra sempre até que.

"Ferreiro renomado, parece difícil " Leo cedeu. "Mas sempre gostei do desafio"

"Bem." Eric sorriu." Com o maior herói do reino usando suas armas não vai ser tão difícil"

"Ata! Vai ver uma espada, brilhando de magia e ficar encantado que nem criança, sem nem
ver o sinal gigante escrito "armadilha" em cima"

"E aí eu trago ela pra você aprender a encantar coisas" Leo fez menção de interromper, mas
Eric continuou, o cortando " Sério! Minha mãe era velha, tipo, realmente velha, ela nunca me
ensinou, mas ela mencionou, "encantamentos são só…palavras escritas em runas que dão
poderes as coisas, poder real vem do que se manifesta sem falar." Não tô dizendo que vai ser
fácil, mas se eu te trouxer algo pra você aprender como funciona? Você é um gênio! Mais
brilhante aprendiz que o velho barba ruiva já teve. Se alguém pode descobrir como não
simplesmente recriar, mas fazer as próprias coisas, é você.
Pelo menos tenta? Por favor"

Leo soltou um suspiro profundo. "Tudo bem, mas se algo explodir minha forja, a culpa é sua"
"Elô paga." "Eu pago" Disseram ao mesmo tempo.

"Hey, eu me oferecer pra pagar é uma coisa, mas não vai me usar como cheque não." Elô não
conseguia conter o sorriso

"Você não vai casar comigo? Isso me faz futuro conde, o tesouro do condado é meu também"

"Eh…" O tom dela se tornou suave " Vocês vão ser meus condes…um dia."

"Um dia"

"Um dia"

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